quarta-feira, 19 de setembro de 2018

TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA HORTA E DO AUTO-CUIDADO DE DOROTHEA OREM - BY VIIERA MANUEL


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERCONTINENTAL DE LUANDA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM










HISTÓRIA EPISTEMOLOGIA DE ENFERMAGEM









TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA HORTA E DO AUTO-CUIDADO DE DOROTHEA OREM


















LUANDA
2018
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERCONTINENTAL DE LUANDA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM






HISTÓRIA EPISTEMOLOGIA DE ENFERMAGEM




TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA HORTA E DO AUTO-CUIDADO DE DOROTHEA OREM





INTEGRANTES:

1.    Delma Seke António
2.    Dionisia Fernando
3.    Dionísio Hossi
4.    Edvandra Loide da Conceição
5.    Elizabeth Vemba
6.    Elton Pedro
7.    Esperança António

Trabalho de pesquisa bibliográfica apresentado no curso de enfermagem na disciplina de História Epistemologia de Enfermagem, como requisito parcial para obtenção de notas.

A Professora: Tamara Calisto

Grupo: 02
Turma: ENFM1
Período: manhã
Sala: 11
Ano académico:






LUANDA
2018

SUMÁRIO








Este trabalho visa, primeiramente, apresentar de forma sucinta o resultado da leitura e discussão de material sobre a Drª. Wanda de Aguiar Horta. A sua preocupação em proporcionar meios eficientes para a recuperação do paciente, estabeleceu processos educativos envolvendo profissionais, família, comunidade de forma abrangente e visando com seus estudos tornar a Enfermagem uma ciência respeitada, conforme veremos mais adiante. O envolvimento aconteceu profundamente desde o mais básico dos procedimentos até a elaboração de conceitos merecendo maior destaque a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, constituindo-se assim no objectivo geral deste trabalho. Será ainda feita uma abordagem sobre a teoria do auto-cuidado segundo a perspectiva de Dorothea Orem.







2.1
A Wanda Horta defende a Enfermagem como uma ciência. Uma ciência não é uma mera palavra ou fundamento, ela precisa de um conjunto de fatos que a façam tornar-se uma verdade. Por consequência, a ciência terá uma filosofia própria, que a sustente. A filosofia traz a busca pela verdade, sendo que está em constante movimento, não tendo uma ideia fixa, um conceito, fazendo pensar sobre o assunto proposto (HORTA, 1979).

Wanda Horta (1979) observou a falta de sistematização de conhecimentos na Enfermagem o que a fez criar a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB).

Segundo Horta apud LEOPARDI (2006, p.191), a teoria foi criada para a prática de Enfermagem:

É levar o ser humano ao estado de equilíbrio, ou seja, a saúde, pelo atendimento de suas necessidades básicas, constituídas conceitualmente como problemas de Enfermagem. O Enfermeiro tem como responsabilidade avaliar as necessidades não cobertas por acções do próprio paciente, para supri-las com os cuidados planejados de acordo com o grau de dependência do mesmo.

Horta (1979) deu origem a sua teoria a partir do embasamento na teoria da Motivação Humana de Abraham Maslow, que dividiu em cinco níveis: necessidades fisiológicas, segurança, amor, estima e auto realização. Após Wanda compreender a teoria de Maslow, desenvolveu a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, fundamentada em três leis:

a)    Lei do Equilíbrio: todo o universo se mantém por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres;
b)    Lei da Adaptação: interacção entre os seres do universo e seu meio externo, buscando formas de ajustamento para se manterem em equilíbrio;
c)    Lei do Holismo: o universo é um todo, o ser humano é um todo, a célula é um todo, esse todo não é mera soma das partes constituintes de cada ser.

Com o embasamento das três leis, deu origem aos pressupostos básicos da Teoria das Necessidades Humanas Básicas:

a)    A Enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano;
b)    A Enfermagem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou desequilíbrio;
c)    Todo cuidado de Enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação;
d)    A Enfermagem reconhece o ser humano como membro de uma família e de uma comunidade;
e)    A Enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo do seu auto-cuidado.


Segundo Horta (1979), nenhuma ciência pode sobreviver sem filosofia própria e assim tem de ser a Enfermagem. Filosofia é pensar, interrogar, conhecer e questionar. Neste caminho do pensar, acaba por surgir à ideia diante do "Ser". O Ser é um indivíduo que engloba, características, sentimentos, ideais resultando em uma identidade, ou seja, Ser é existir.

A Filosofia da Enfermagem traz três Seres: O Ser-Enfermeiro, o Ser-Cliente ou Paciente e o Ser-Enfermagem (HORTA, 1979).

O Ser-Enfermeiro é antes de tudo um ser humano com necessidades próprias, sem se distinguir de outros seres, sendo mais um. Este tem uma habilidade que o torna único e cria uma identidade, a habilidade de cuidar de outros seres (HORTA, 1979).

O Ser-Cliente Paciente é um integrante de uma família que se encontra desprovido de cuidado próprio e necessita de outro Ser para realizar o cuidado (HORTA, 1979).

O Ser-Enfermagem é a junção do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente/Paciente. O Ser-Enfermeiro não é um cuidador sem alguém para cuidar, ele precisa da presença de outro Ser para poder exercer o cuidado, a assistência, o ato de humanizar (HORTA, 1979). Na prática do Ser-Enfermagem há uma troca mútua de conhecimentos, onde o Ser-Enfermeiro cuida do Ser-Cliente/Paciente, ocorre uma transferência de vivencia, de saberes e experiências.

A partir do momento que aderimos o compromisso de cuidar do Ser-Cliente/Paciente, colocamos nossa habilidade adquirida durante toda a formação, o que outorgou o direito de cuidar de gente, gente aquela hospitalizada, necessitando de cuidado e atenção, gente que cuida de gente, onde o paciente é um Ser-Humano como qualquer enfermeiro, carregando em sua bagagem mutua de conhecimentos, experiência e antes de mais nada sua dignidade, desta forma a partir do cuidado do Ser-Enfermeiro com o Ser-Paciente, existe uma troca de confiança e transparência, um crescimento pessoal, a cada cuidado prestado reflecte em uma evolução, agregando no seu Ser.

Desta forma a Enfermagem é uma filosofia, traz questionamentos, como também uma ciência, com grande conhecimento e técnicas, sendo assim a Enfermagem não pode prescindir a filosofia e a ciência, sendo elas que contribuem com seu desenvolvimento e entendimento.


A teoria de Horta se fundamenta em uma abordagem humanista e empírica, a partir da teoria da motivação humana de Maslow. Admite-se o ser humano como parte integrante do universo e desta integração surgem os estados de equilíbrio e o desequilíbrio no tempo e no espaço.

O Ser humano: é parte integrante do universo e, como tal, sujeito a todas as leis que o regem, no tempo e no espaço. A dinâmica com o universo provoca mudanças que o levam a estados de equilíbrio e desequilíbrio.

A Enfermagem: É uma ciência aplicada que visa o reconhecimento do ser humano-cliente, que tem necessidades humanas básicas.

Saúde-doença: é falta de equilíbrio do ser humano com o mundo a sua volta; por consequência a saúde é estar em perfeito equilíbrio com todo o universo.


Em 1991, Dorothea Orem definiu o auto-cuidado na sua Teoria do Défice do Auto-cuidado de Enfermagem. Assim, para a teórica, auto-cuidado “é o desempenho ou a prática de actividades que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar.” Este auto-cuidado é universal por abranger todos os aspectos vivenciais, não se restringindo às actividades de vida diária e às instrumentais. Orem desenvolveu o seu projecto em três teorias inter-relacionadas, que são: a Teoria do Auto-cuidado, que descreve o porquê e como as pessoas cuidam de si próprias; a Teoria do Défice de Auto-cuidado, que descreve e explica a razão pela qual as pessoas podem ser ajudadas através da enfermagem; e a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, que descreve e explica as relações que têm de ser criadas e mantidas para que se produza enfermagem. (Queirós, 2010)

Orem preconiza seis conceitos centrais e um periférico. Os seis conceitos centrais são: auto-cuidado, acção de auto-cuidado, deficit de auto-cuidado, demanda terapêutica de auto-cuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem. O conceito periférico a autora denominou de factores condicionantes básicos, que é relevante para a compreensão de sua teoria geral de enfermagem.


Para se entender a teoria do auto-cuidado é necessário definir os conceitos relacionados, como os de auto-cuidado, acção de auto-cuidado, factores condicionantes básicos e demanda terapêutica de auto-cuidado. Auto-cuidado é a actividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar.

Acção de auto-cuidado é a capacidade do homem engajar-se no auto-cuidado. Factores condicionantes básicos são idade, o sexo, o estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sócio-cultural e os factores do sistema de atendimento de saúde.

Na teoria do auto-cuidado incorpora-se o conceito dos requisitos de auto-cuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. Os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em seu funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a manutenção da integridade da estrutura e do funcionamento humano.

Os requisitos desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças que surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem quando o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação.

Os requisitos para o auto-cuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência médica adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do auto-conceito (e da auto-imagem) na aceitação de si como estando num estado especial de saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo.

Os requisitos de auto-cuidado são: manutenção e ingesta suficiente de ar, água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de um equilíbrio entre actividade e descanso, entre solidão e interacção social; a prevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o potencial humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal.





O deficit de auto-cuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado para prover auto-cuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem. Constitui a essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita apontar a necessidade de enfermagem.

Justifica-se quando o indivíduo acha-se incapacitado ou limitado para prover auto-cuidado contínuo e eficaz. A teorista identifica cinco métodos de ajuda, no deficit de auto-cuidado: Agir ou fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou actuais de acção, ensinar o outro.


Dividida em sistema totalmente compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de si mesmo, e a enfermeira o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele. Sistema parcialmente compensatório, quando a enfermeira e o indivíduo participam na realização de acções terapêuticas de auto-cuidado. O sistema de apoio-educação é quando o indivíduo necessita de assistência na forma de apoio, orientação e ensinamento.

A enfermeira é uma profissional treinada e experiente que pode proporcionar cuidados de enfermagem para pessoas que necessitam de cuidados especiais beneficiando-as.

Os quatro principais conceitos dessa teoria são: ser humano, saúde, sociedade e enfermagem em seu trabalho. O ser humano se diferencia dos outros seres vivos porque tem a capacidade de reflectir sobre si mesmo e o ambiente que o cerca.

Quanto ao conceito de saúde, sustenta a definição da Organização Mundial de Saúde, como estado mental e social e não apenas a ausência de doença ou da enfermidade.

A saúde tem por base a prevenção da saúde incluindo a promoção e manutenção da saúde, o tratamento da doença e prevenção de complicações. Ou seja, a prevenção primária, a secundária e terciária, respectivamente. No seu conceito de sociedade, destaca que actualmente acredita-se que as pessoas adultas sejam responsáveis por si e pelo bem-estar de seus dependentes.

Na enfermagem em seu trabalho, a enfermeira é a profissional que poderá ajudar o indivíduo, promovendo interacção mútua através da consulta de enfermagem, abordagem com a família envolvendo-a no tratamento, reuniões de grupos, orientando-os e levando-os a aprenderem como realizar práticas de auto-cuidado.

A teoria geral de Orem proporciona a visão do fenómeno da enfermagem permitindo que a enfermeira juntamente com o indivíduo implementem acções de auto-cuidado adaptadas de acordo com as suas necessidades de maneira que a relação de ajuda se expresse no diálogo aberto e promova o exercício do auto-cuidado.














Partindo-se da aceitação do conceito de enfermagem proposto por Wanda Horta, que traduz os princípios que norteiam sua teoria, e após a análise de cada um deles, pode-se concluir que, a intervenção de enfermagem baseada nas necessidades humanas básicas afectadas do ser humano, levam em conta cada um dos princípios e que estes centralizam-se no de que "todo cuidado de enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação", sendo que os cinco princípios propostos pela teoria guardam estreita relação entre si.

Quanto ao auto-cuidado, podemos concluir que, as teorias existem para a promoção de mudança na prática profissional, possibilitam criar novas pesquisas para serem aplicadas na prática e remodelar as estruturas de regras e princípios. O trabalho de Orem tem contribuído para o aprendizado do auto-cuidado na prática de enfermagem. Entretanto, a enfermeira deve reflectir juntamente com a cliente qual o seu papel no processo do auto-cuidado na tentativa de não direccionar a prática sem a participação desta. Deve reforçar ainda seu engajamento no planeamento da assistência de enfermagem, considerando-a como um ser com capacidade criativa e reflexiva que pode optar e decidir o que é melhor para si.







HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de enfermagem. 13. ed. São Paulo: EPU, 1979.

LEOPARDI, M. T. Teoria e método em assistência em enfermagem. 2. ed. Florianópolis: Soldasoft, 2006.
MELEIS, Aíàf Ibrahim. Testes de teorias de enfermagem: processos conceituais e empíricos. In: Simpósio Brasileiro de Teorias de Enfermagem. Florianópolis, 1985. Anais . Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina 1985. p. 317-340.

Queirós, P. J. (2010). Autocuidado, transições e bem-estar. Revista de Investigação em Enfermagem. 21. 5 – 7.

Orem, D. E. (2001). Nursing: Concepts of practice (6th ed.). St. Louis, MO: Mosby.








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