quarta-feira, 17 de junho de 2015

LITÍASE DA VESÍCULA - Trabalho elaborado e organizado por Vieira Miguel Manuel

ÍNDICE












Distúrbios do trato biliar afectam uma porção significativa da população mundial. Mais de 95% das doenças do trato biliar são atribuíveis à litíase da vesícula biliar. De acordo com a evolução clínica, informações de exames de imagem ou anatomopatológicos, a litíase vesicular poderá se apresentar como: colecistite aguda, colecistite crónica ou assintomática, a qual se define pela presença de cálculos vesiculares não associados à sintomatologia ou à história de dor biliar, independente da presença ou não de sintomas inespecíficos como flatulência, intolerância a alimentos gordurosos e dispepsia.

A vesícula biliar é um órgão oco de formato semelhante a um ovo alongado. Localiza-se na face inferior do fígado e serve para armazenar e concentrar a bílis produzida nesta glândula e para a enviar para o intestino no período de digestão dos alimentos. A litíase da vesícula, que é o tema e abordagem no presente trabalho, consiste na presença de um ou vários cálculos (vuigo "pedras") dentro da mesma.





Os cálculos biliares são estruturas semelhantes a pedras que se formam no interior da vesícula biliar, uma bolsa onde se acumula a bílis. A bílis é um líquido produzido pelo fígado, que se acumula na vesícula entre as refeições e que é, posteriormente, encaminhada para o duodeno através das vias biliares para ajudar a digestão. Os sais da bílis facilitam a digestão das gorduras. A bílis é também uma via de eliminação de alguns resíduos do organismo como o colesterol e a bilirrubina (formada em consequência da destruição dos glóbulos vermelhos). Os cálculos biliares formam-se na vesícula biliar quando as partículas de colesterol ou de bilirrubina se agregam e associam a sais de cálcio, formando uma massa sólida. Esta pedra aumenta de tamanho à medida que é banhada pelo líquido biliar, de modo semelhante ao que acontece quando se forma uma pérola no interior de uma ostra.

Na maior parte das vezes, os cálculos biliares não causam sintomas ou problemas. Os cálculos biliares de pequenas dimensões podem sair da vesícula e conduzidos pela via biliar, serem eliminados do organismo através dos intestinos. No entanto, os cálculos biliares podem causar sintomas se ficarem presos na saída estreita da vesícula biliar ou nos canais que drenam até ao duodeno. Depois das refeições, especialmente das refeições com um conteúdo elevado de gordura, os músculos finos da parede da vesícula biliar contraem-se para ajudar a libertar a bílis para o intestino. Se a vesícula biliar se contrair contra um cálculo, ou se este bloquear a saída de líquido, impedindo-o de ser drenado livremente, pode originar-se uma dor forte e contínua.

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Podem surgir problemas mais graves se um cálculo entrar nas vias biliares mas não conseguir alcançar o duodeno. Neste caso, o cálculo pode causar uma obstrução, com acumulação de bílis na vesícula biliar e no fígado. Quando um cálculo bloqueia a saída da vesícula, esta fica distendida, inflamada e dolorosa (colecistite). Uma vez que o aparelho digestivo se encontra contaminado por bactérias, o líquido bloqueado pode conduzir a uma infecção muito grave (colangite). Se o cálculo biliar se alojar na zona terminal das vias biliares pode bloquear igualmente a drenagem de enzimas digestivas do pâncreas, o que pode conduzir a uma inflamação deste órgão (pancreatite).


Os cálculos biliares são muito comuns, ocorrendo numa em cada cinco mulheres por volta dos 60 anos de idade e sendo duas vezes mais frequentes nas mulheres do que nos homens. Os cálculos biliares ocorrem mais frequentemente nas pessoas idosas, nas pessoas com excesso de peso e nas que perdem peso subitamente. A sua ocorrência é igualmente mais provável nas mulheres que estiveram expostas a níveis mais elevados de estrogénios ao longo da vida, por terem tido múltiplas gravidezes, tomarem contraceptivos orais ou efectuarem terapêutica hormonal de substituição depois da menopausa.


A maior parte dos cálculos são de colesterol; formam-se quando a bílis está muito concentrada com colesterol ou a vesícula não esvazia adequadamente. Pensa-se que os cálculos resultem de um desequilíbrio nos diversos componentes da bílis, em especial quando esta contém demasiado colesterol ou demasiados pigmentos biliares.

Outra das causas para a formação de cálculos é o mau funcionamento da vesícula biliar, com um esvaziamento lento ou incompleto durante a digestão. Podem ainda formar-se cálculos de diferente composição, por exemplo de bilirrubina, em certas doenças e situações.

Os principais factores de risco para a formação de cálculos biliares são a obesidade, a dieta com excesso de gorduras animais e poucos vegetais e fruta, a falta de exercício físico, a perda rápida de peso que ocorre em alguns tratamentos da obesidade, longos períodos de jejum, uso de hormonas e contraceptivos.

Outros factores de risco para a litíase são a idade (mais de 60 anos), género feminino, litíase em familiares, gravidez, diabetes, anemias hemolíticas e cirrose do fígado.


80% das pessoas com litíase biliar não apresenta sintomas e não necessita de tratamento. Quando os cálculos biliares causam sintomas, o doente pode referir:

Dores abdominais, nos quadrantes superiores do abdómen, mais frequentemente do lado direito. A dor provocada pela litíase biliar é geralmente uma dor mantida, com uma duração que pode variar entre 15 minutos e várias horas de cada vez que ocorre.

Sensibilidade às refeições com um conteúdo elevado de gorduras. As gorduras desencadeiam uma contracção da vesícula biliar e podem agravar a dor. Eructações, flatulência, náuseas ou diminuição do apetite.

Ocasionalmente, os cálculos biliares causam complicações mais graves, incluindo uma pancreatite ou infecções na vesícula ou nas vias biliares. Se ocorrer um destes problemas, o doente pode apresentar febre, dores abdominais mais intensas ou icterícia (uma coloração amarela da pele e das escleróticas).


A maior parte dos cálculos biliares não são visualizados nas radiografias simples, mas podem ser facilmente observados numa ecografia. Os cálculos biliares são muito comuns, mas não causam sintomas na maior parte das pessoas. Se o individuo apresentar sintomas que não são muito típicos de litíase biliar, mesmo que se verifique a presença de cálculos na vesícula biliar numa ecografia ou numa tomografia computorizada, pode ser difícil determinar se estes estão na origem das queixas. Se os sintomas forem típicos de litíase biliar, o médico irá provavelmente recomendar a instituição de tratamento.

Se um cálculo estiver a obstruir a drenagem de bílis, a ecografia pode revelar a presença de uma dilatação das vias biliares. O médico pode ainda pedir análises para avaliar uma eventual lesão do fígado ou do pâncreas.


Os cálculos biliares de menores dimensões por vezes fluem para fora da vesícula biliar espontaneamente e são eliminados nas fezes. As crises de cólica biliar podem acalmar espontaneamente se os cálculos que estão a provocar os sintomas mudarem de posição dentro da vesícula ou da via biliar. No entanto, a maioria dos doentes, cujos cálculos biliares causam sintomas, irá necessitar de uma intervenção cirúrgica para curar o problema ou irá continuar a apresentar sintomas até a vesícula biliar ser removida. Mesmo quando uma crise de cólica biliar desaparece espontaneamente, os sintomas irão recorrer dentro de dois anos em cerca de dois terços das pessoas não tratadas.


De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, estes são os mais comuns:

- Obesidade
- Alimentação rica em gorduras animais e pobre em vegetais e fruta
- Falta de exercício físico
- Perda rápida de peso
- Longos períodos de jejum
- Toma de hormonas e contraceptivos
- Idade (mais de 40 anos)
- Sexo feminino
- Litíase em familiares
- Gravidez
- Diabetes
- Anemias hemolíticas
- Cirrose do fígado


É menos provável que se formem cálculos biliares se evitar o excesso de peso. Se costuma fazer dieta, procure evitar perdas de peso muito rápidas, tais como dietas com uma restrição para menos de 500 calorias por dia.

Os contraceptivos orais e os estrogénios podem aumentar a probabilidade de formação de cálculos biliares. Pondere a possibilidade de evitar estes medicamentos se já apresentar outros factores de risco para esta doença. Os grupos de alto risco para a litíase biliar incluem: os índios americanos, os hispânicos, as pessoas com anemia de células falciformes (drepanocitose) e as mulheres que tiveram múltiplas gravidezes.


A litíase biliar requer tratamento apenas se for sintomática.

Actualmente em quase 90% dos doentes submetidos a tratamento para a litíase biliar, é realizada uma cirurgia que se denomina colecistectomia laparoscópica. Neste procedimento, os cirurgiões fazem pequenas incisões na parede abdominal por onde introduzem os instrumentos, realizando cirurgia videoassistida. Numa das incisões introduzem o laparoscópio uma câmara que permite ao cirurgião observar o que está a fazer durante a operação através da visualização num ecrã de vídeo. Utilizando pequenos instrumentos que são colocados através de outras pequenas incisões, o cirurgião é capaz de mobilizar e dissecar a vesícula, bem como remover líquido ou cálculos para a desinsuflar. Em seguida, a vesícula pode ser removida através de uma das incisões na parede abdominal. Os doentes recuperam muito rapidamente de uma cirurgia laparoscópica, uma vez que as feridas cirúrgicas são muito pequenas.

Alguns doentes necessitam que a vesícula biliar seja removida por cirurgia convencional, através de uma incisão maior, denominada colecistectomia aberta. Nesta intervenção cirúrgica, é realizada uma incisão diagonal sobre área da vesícula biliar e o cirurgião remove este órgão utilizando a visualização directa em vez de uma câmara. Esta abordagem é preferencial nas pessoas que apresentam cicatrizes abdominais significativas devido a cirurgia prévia ou que apresentam um risco mais elevado de complicações durante a intervenção. Para algumas pessoas que são muito obesas, uma colescistectomia aberta é mais fácil de executar do ponto de vista técnico. Em cerca de 5% dos casos um cirurgião pode iniciar uma intervenção laparoscópica mas optar em algum momento por converter numa colecistectomia aberta por razões técnicas.

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Quando os cálculos se encontram situados na via biliar principal pode ser necessário um tratamento adicional. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é um procedimento realizado para visualizar a abertura da via biliar principal ao nível do duodeno. Na CPRE, o médico utiliza instrumentos em miniatura através de um endoscópio que é inserido pela boca, à semelhança do que acontece na endoscopia digestiva alta. Neste procedimento, o gastroenterologista pode extrair um cálculo da via biliar ou pode alargar a parte inferior da via biliar para que os cálculos possam passar para o intestino espontaneamente.

Nas pessoas sem condições para uma intervenção cirúrgica, pode ser administrado um medicamento oral denominado ácido ursodesoxicólico para ajudar a dissolver os cálculos. Este tratamento requer geralmente pelo menos seis meses antes de obter resultados, apenas é eficaz em cerca de 50% dos doentes e se forem micro cálculos. Quando o medicamento é suspenso, os cálculos biliares têm tendência a recorrer. Duas outras formas de destruir os cálculos biliares incluem a utilização de ondas de choque (litotrícia) ou a dissolução dos cálculos com solventes injectados directamente na vesícula biliar por meio de uma agulha. A cirurgia é fortemente preferida em relação a estes tratamentos, uma vez que é provável que os cálculos se voltem a formar se a vesícula biliar não for removida.






De acordo com o exposto acima cheguei à conclusão que A litíase (pedra) da vesícula biliar é uma doença comum do aparelho digestivo, sendo que a maioria das pessoas não desenvolvem sintomas ou complicações da doença. Vimos também que a razão exacta para o desenvolvimento da litíase ainda é desconhecida, entretanto vários factores de risco estão envolvidos, entre eles: pessoas com mais idade, história familiar, obesidade, maior número de filhos e perda rápida de peso.







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