INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
TERAPÊUTICA II
ANAMNESE
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
TERAPÊUTICA II
ANAMNESE
INTEGRANTES
─
Engrácia
Lando Canda Xona
Trabalho
de pesquisa bibliográfica apresentado ao Curso de Enfermagem na disciplina de terapêutica
II como requisito parcial para obtenção de notas.
Orientadora: Kenguibeni
Ester António
LUANDA
2016
SUMÁRIO
Falar da
anamnese é o nosso principal objectivo neste trabalho, de acordo com os dados
colhidos, o termo anamnese é de origem grega e significa recordar. Clinicamente
deve ser entendido como a história evolutiva da doença, desde suas manifestações
inicias de uma doença até o estágio de evolução do momento do exame. É
necessário que haja uma comunicação agradável e tranquila entre o paciente e o profissional
da saúde de forma que o diagnóstico da doença seja totalmente esclarecido e
tratável da melhor forma possível. A finalidade da anamnese está voltada para a
obtenção de todas as informações, presentes e passadas, que possam ser úteis na
elaboração do diagnóstico, prognóstico e planeamento terapêutico.
O
interrogatório de pacientes (anamnese) é um método adoptado desde a Grécia
Clássica; tal prática já visava naquela ocasião, aliviar o sofrimento das
pessoas enfermas. Mas, foi apenas no último século, que a anamnese e o exame
físico, nos moldes que conhecemos, foram recomendados com interesse diagnóstico.
Embora os
termos “sinal/sintoma” também sejam conhecidos dos médicos desde a Antiguidade,
foi somente no século XIX, que tornou-se claro o seu carácter respectivamente, objectivo
e subjectivo. Até esta ocasião os diagnósticos eram completamente empíricos e
baseados nas crenças gregas de que toda doença era um simples desequilíbrio
entre os quatro humores (bile amarela, bile negra, sangue e fleuma).
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No tempo de
Hipócrates (460-375 a.C.) a inspecção e a palpação dos pacientes, entretanto,
já faziam parte do exame dos doentes. Com estas técnicas de exame os gregos
antigos descreveram pacientes com icterícia, relacionaram-na com o aumento do
fígado que em geral, se apresentava duro e irregular. Foi Hipócrates quem
estudou as febres reconhecendo-a como sinal de doença.
Avanços espectaculares
nas ciências básicas (fisiologia, patologia, farmacologia e microbiologia)
observadas no final do século XIX promoveram o desenvolvimento de novas
estratégias clínico - laboratoriais que, associados aos novos métodos de imagem,
impulsionaram a medicina que hoje conhecemos e praticamos.
Lembramos
finalmente que este método actual de abordagem diagnóstica, que procuraremos
apresentar aqui, continua fundamentado, acima de tudo, numa colecta sistemática
de dados através da anamnese, associada a um exame físico cuidadoso, que
engloba todos os recursos disponíveis a beira do leito (inspecção, palpação, percussão
e ausculta).
A anamnese é
de fundamental importância para a relação médico-paciente. É indispensável que
ela seja realizada com uma linguagem compreensível para o paciente. Não se
deve, portanto, utilizar termos médicos específicos e se em algum momento, o
médico perceber que o paciente pode não ter entendido o que foi dito, é importante
tentar reformular a pergunta ou reexplicar o que foi dito. Algumas patologias
têm denominações populares, por exemplo: o paciente pode conhecer palpitação
como “batedeira”. Deve-se ter isso sempre em mente durante a anamnese para que
não se percam dados importantes.
Na tentativa
de auxiliar o paciente a relatar sua história, o médico pode fazer uso de
alguns artifícios – facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação,
interpretação e empatia – e sempre demonstrar que está realmente atento ao
relato do paciente.
Alguns pontos
devem sempre ser lembrados:
─
É no primeiro contacto que reside a melhor
oportunidade para se fundamentar uma boa relação entre o médico e o paciente.
Perdida essa oportunidade, sempre existirá um hiato intransponível entre um e
outro.
─
Conhecer e compreender as condições culturais do
paciente representa uma ajuda inestimável para se reconhecer a doença e
compreender o paciente.
─
Perspicácia e tacto são qualidades
indispensáveis para a obtenção de dados sobre doenças estigmatizantes ou
distúrbios que afectam a intimidade da pessoa.
─
Deve-se ter sempre o cuidado de não sugestionar
o paciente fazendo perguntas que nascem de idéias preconcebidas.
─
O tempo reservado para a anamnese distingue o
médico competente do incompetente; o último tende a transferir para os instrumentos
e para o laboratório a responsabilidade do diagnóstico.
─
Sintomas mais bem investigados e compreendidos
abrem caminho para um exame físico objectivo. Isso poderia ser anunciado de
outra maneira: “só se acha o que se procura e só se procura o que se conhece”.
─
A causa mais frequente de erro no diagnóstico é
uma história clínica mal colhida.
─
Após a obtenção, as queixas devem ser elaboradas
mentalmente pelo médico, de modo a se encontrar o desenrolar lógico dos
acontecimentos.
─
Os dados fornecidos pelos exames complementares
nunca corrigem as falhas e as omissões cometidas na anamnese.
─
Somente a anamnese permite ao médico uma visão
do conjunto do paciente, habilidade indispensável para prática de uma medicina
humana.
A anamnese
começa com a apresentação e identificação do médico ao paciente. O profissional
deve se apresentar ao paciente, explicar o objectivo da anamnese, falar sobre o
tempo de duração e pedir permissão para gravar a conversa. É importante chamar
o paciente sempre pelo nome, demonstrando atenção, interesse e respeito.
Depois de se
apresentar, o médico inicia a anamnese questionando o motivo que fez o paciente
procurar assistência médica. Sempre deve se seguir a ordem de perguntas abertas
(elas dão liberdade para uma resposta ilimitada), seguidas por perguntas
fechadas (que limitam a resposta a um sintoma, mas ainda com certa liberdade
para a quantidade de informação), e finalizar com perguntas fechadas
(específicas e com uma única possibilidade de resposta). Perguntas compostas,
ou seja, duas ou mais perguntas feitas sem tempo de o paciente responder a cada
uma delas; e perguntas induzidas, que incluem uma possibilidade de resposta na
pergunta, devem ser sistematicamente evitadas, a fim de manter a qualidade da
entrevista.
─
Esfigmomanómetro
─
Termómetro
─
Estetoscópio
─
Espátulas de Madeira
─
Lanterna
─
Oftalmoscópio
─
Martelo De Percussão
─
Fita Métrica
─
Diapasão 128 Hz
─
Otoscópio
─
Luvas / Óculos Protectores
─
Lápis (Marca Pele)
Esta parte
consiste em perguntas fechadas como nome completo, sexo, local e data do
nascimento, estado civil, profissão, religião e endereços passado e actual.
A queixa
principal é o motivo que levou o paciente a procurar o médico. Devem-se
repetir, se possível, as expressões utilizadas pelo paciente. Não se deve
aceitar “rótulos diagnósticos”, mas esclarecer que sintoma o levou a procurar o
médico. Aceitar “rótulos diagnósticos” pode ser um risco, pois pode haver
alguma doença subjacente que não é devidamente explorada, por exemplo: se um
paciente diz que tem hemorróidas e o médico simplesmente aceita, ele pode
deixar de investigar um possível cancro de reto.
É a
chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Deve-se investigar todos os sintomas
mencionados na queixa principal, estabelecer a cronologia dos eventos e a
relação entre os sintomas.
As perguntas
imprescindíveis na investigação de cada um dos sintomas são:
§
Quando o sintoma se iniciou;
§
Como se iniciou (se súbito ou insidioso, se teve
factor desencadeante, etc.);
§
Como foi sua evolução (quais as modificações do
sintoma do seu início até o momento da anamnese);
§
Intensidade (se possível, graduar);
§
Frequência e ritmicidade com que ele aparece
(quantas vezes ao dia ou ao mês, verificando se há relação com o horário do dia
ou estação do ano, por exemplo, e se é rítmico ou cíclico);
§
Intervalo entre os episódios do sintoma;
§
Duração;
§
Factores de melhora, desde medicamentos até
pequenos procedimentos realizados pelo paciente para aliviar o sintoma;
§
Factores de piora, como estresse, posição do
corpo, exercício físico, entre outros;
§
Sintomas associados, por exemplo, febre,
náuseas, cefaleia, etc.
Alguns
sintomas têm dados específicos que devem ser pesquisados, como localização,
irradiação e carácter, no caso da dor; método de aferição, na febre, etc.
Apesar de os sintomas serem investigados separadamente, esses sintomas são
inter-relacionados, fazem parte de uma só história, e devem ser vistos como um
todo.
Após
finalizar a história mórbida actual, o médico deve sintetizar o relato do paciente,
o que demonstra atenção e possibilita ao paciente acréscimos ou correcções em
algum dado importante.
Nesse
momento, deve-se perguntar sobre a família, educação e trabalho do paciente,
destacando-se os seguintes aspectos:
§
Composição familiar e relacionamento entre os
membros da família;
§
Grau de escolaridade;
§
Actividades desenvolvidas no trabalho e
relacionamento com colegas;
§
Grau de satisfação (inclusive financeira).
Inclui-se
neste momento o questionamento sobre os pontos de apoio – positivo e negativo –
do paciente, ou seja, pessoas para quem o paciente conta notícias boas ou
ruins; e sobre a sobrecarga da doença na vida do paciente, cuidando para não
induzir nem interpretar ao formular a pergunta.
Inicia-se com
as doenças mais comuns da infância, passando depois para as doenças da vida
adulta. O médico pode citar algumas doenças típicas da infância, como varicela
(catapora, na linguagem leiga), coqueluche (tosse comprida), difteria (crupe),
parotidite (caxumba), sarampo, rubéola, etc.
Deve-se
investigar ainda, se não mencionado pelo paciente, alergias (a alimentos, drogas
ou outras substâncias), cirurgias (incluindo a data, o tipo de cirurgia, o diagnóstico
que justificou a cirurgia e o hospital em que foi realizada), traumatismos (acidentes
e suas consequências), internamentos anteriores (incluindo o motivo da internação,
data e duração) e transfusões sanguíneas, entre outras informações.
É
imprescindível pesquisar o estado de saúde geral da família do paciente, para
ter-se um panorama geral das doenças mais prevalentes neste nicho, em especial
as doenças de carácter hereditário, como hemofilia, anemia falciforme e câncer.
Deve-se questionar especificamente determinadas doenças, por causa de sua
prevalência, como diabetes mellitus,
hipertensão arterial sistémica, câncer, tuberculose e cardiopatia. Não se deve
esquecer de perguntar se mais alguém na família apresenta ou apresentou
sintomatologia semelhante àquela que o paciente está apresentando.
Aqui estão
incluídos questionamentos sobre habitação, alimentação, actividade física e
consumo de bebidas alcoólicas, cigarro e drogas. É importante ter cuidado ao
investigar o consumo de álcool, cigarro ou drogas, assim como não demonstrar preconceito
ou repressão, para que o paciente se sinta desinibido e converse sobre o assunto.
Quando o paciente responde afirmativamente para algum desses hábitos, deve-se
tentar estabelecer a quantidade e o tempo de consumo. Se o paciente interrompeu
o uso, deve-se questionar também quando parou de usar.
Além disso,
faz-se nesse momento a pesquisa epidemiológica do paciente, questionando se ele
tem conhecimento ou se já residiu em lugares endémicos para doença de Chagas,
esquistossomose e/ou AIDS. O paciente pode conhecer essas doenças por outras
denominações, como barriga-d’água ou lagoa de coceira para esquistossomose, e
para explicar a doença de Chagas pode ser citado o vector, o barbeiro. Para
AIDS, é importante questionar se o paciente conhece e faz uso dos métodos de
prevenção. Caso o paciente não conheça essas doenças, é necessário explicá-las
e reforçar a prevenção.
Na revisão de
sistemas, pesquisam-se diferentes sintomas em todo o corpo do paciente, que
podem passar despercebidos. É de extrema importância, pois o paciente pode não
lembrar de tudo ou não considerar determinados sintomas relevantes, deixando de
mencioná-los e também porque ele (a) poder ter outras queixas, não menos
importantes, que também poderão ser resolvidas.
A revisão de
sistemas consiste em questionar um ou dois sintomas de cada parte do corpo, nos
diversos aparelhos/sistemas. Nos órgãos dos sentidos, um dos questionamentos
deve sempre ser sobre sua função. A função mental também pode ser pesquisada
nesse momento da anamnese, perguntando-se sobre a memória e a atenção, por
exemplo.
Ao se questionar
sobre aparelho genito-urinário, pode-se investigar a vida sexual do paciente,
perguntando sobre desejo sexual, número de parceiros e queixas durante a
relação sexual, como dor ou impotência. Tanto no sistema gastrointestinal como
no genitourinário, devem-se investigar os hábitos intestinais e génito-urinários:
frequência, aspecto (coloração, odor, consistência), volume das fezes e da
urina. Se surgir alguma queixa, esta deve ser interrogada como uma história da
moléstia actual.
Pôde-se
notar, com base no conteúdo apresentado, que a anamnese é o núcleo em torno do
qual se desenvolve a relação médico-paciente, que, por sua vez, é o principal
pilar do trabalho do médico. Viu-se ainda que sintomas bem investigados e mais
bem compreendidos abrem caminho para um exame físico objectivo, o que poderia
ser anunciado de outra maneira: só se acha o que se procura e só se procura o
que se conhece.
A anamnese
orienta o estabelecimento da hipótese diagnóstica que será convertida, por meio
de exames complementares, necessários e suficientes, no diagnóstico definitivo,
base do planeamento terapêutico. Há muitas doenças cujos diagnósticos são
feitos quase exclusivamente pela história, como, por exemplo, a enxaqueca, a epilepsia
e a angina do peito, isso sem falar dos transtornos psíquicos, cujo diagnóstico
apoia-se integralmente na anamnese.
Por fim,
conclui-se que somente a anamnese torna possível que o médico tenha uma visão
de conjunto do paciente, indispensável para a prática de uma medicina humana,
ou seja, uma medicina de excelência.
BARROS, VAN
DA COSTA Examinando pacientes - A Anamnese,
2004, disponível em: http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1332097453Anamnese.pdf
BATES, B.;
BICKLEY, L.S.; HOEKELMAN, R.A. Propedêutica
Médica, 6 ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1998.
PORTO, C.C. Semiologia Médica, 4 ed. Guanabara
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PORTO, Celmo
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