terça-feira, 13 de março de 2018

HÁBITOS E COSTUMES DO POVO AMBUNDU - BY VIEIRA MIGUEL MANUEL


REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COLÉGIO HORIZONTE VISUAL











TRABALHO DE FORMAÇÃO DE ATITUDES INTEGRADORA (FAI)













HÁBITOS E COSTUMES DO POVO AMBUNDU













LUANDA
2018



COLÉGIO HORIZONTE VISUAL








TRABALHO DE FORMAÇÃO DE ATITUDES INTEGRADORA (FAI)




HÁBITOS E COSTUMES DO POVO AMBUNDU





Trabalho de pesquisa bibliográfica apresentado na disciplina de FAI como requisito parcial para obtenção de notas.



Integrantes do Grupo:

1.    Fátima Gonçalves Conceição
2.    Fernandes Manuel
3.    Francisca Alberto Armando
4.    Inês Fernando Diogo
5.    Manuel Gomes Muginga
6.    Nazaré Domingos Alfredo

Grupo nº: 01
Classe: 10ª
Sala: 06
Período: Manhã

O Professor

_________________
Martinho Gunga




LUANDA
2018
SUMÁRIO







Falar de hábitos e cultura do povo Ambundo ou Mbundo é o principal objectivo do presente trabalho. Entretanto, Angola é um país onde existe uma variedade de hábitos e costumes culturas oriundo de povos de várias etnias, desde as danças, a música, a língua, gastronomia, vestimentas etc.

É de se destacar que a esmagadora maioria dos angolanos, perto de 90%, é de origem bantu. O principal grupo étnico bantu é o dos ovimbundos que se concentra no centro-sul de Angola e se expressa tradicionalmente em umbundo, a língua nacional com maior número de falantes em Angola.

Por seu lado, os ambundos, falando kimbundu, a segunda língua nacional com mais falantes, estabelecem-se maioritariamente na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. O Kimbundo é uma língua com grande relevância, por ser a língua tradicional da capital e do antigo reino dos N'gola. Legou muitas palavras à língua portuguesa e importou desta, também, muitos vocábulos.


Os Mbundu (também conhecidos por Ambundos ou Quimbundos) são um grupo étnico banto que vive em Angola, na região da sua capital Luanda e em grande parte do centro do país. São o segundo maior grupo étnico angolano.

Os Mbundu falam kimbundu ou mbundu e são um povo dominante na região da capital angolana e do interior de Angola, mais precisamente nas províncias do Bengo, Kwanza Norte, Malange e nordeste do Kwanza Sul.

Apesar de os portugueses terem travado relações comerciais com os Mbundu, logo após a sua chegada ao reino do Kongo, a partir da altura em que estabeleceram uma colónia permanente em Luanda, no ano de 1576, como base para o comércio de escravos, houve revoltas constantes contra a ocupação dos portugueses na região, sendo a mais famosa a encabeçada pela Rainha N'Ginga.

A grande maioria dos mais de 4 milhões de escravos traficados para o estrangeiro entre os séculos XVI e XIX era mbundu, já que este foi o único grupo étnico a ser controlado na sua totalidade pelos portugueses.

O desenvolvimento da cidade de Luanda como capital e principal centro industrial levou a que grandes migrações de mbundu se deslocassem para a capital, terminando na construção de imensos musseques nos arredores da cidade e levando a que, por causa da pesada presença dos portugueses e do grande número de mestiços lusófonos, o português se sobrepusesse à língua nativa, levando a que ainda hoje, muitos mbundu só saibam falar o português.

O primeiro antepassado dos Mbundu, Ngola Mussuri, vivia em Tandjimi Milumbu, região próxima do alto Zambeze. O povo de Ngola era caçador e guerreiro que fundia o ferro para as suas flechas, e só usavam armas de madeira e pedra. Um dia Ngola decidiu deixar a sua terra. Destruiu o acampamento e partiu em direcção ao mar para o oeste. Ao longo do caminho deixou grupos que se fixaram e fundaram aldeias.

Quando atingiu o Kuanza seguiu o seu curso até à costa de Luanda. Durante muito tempo Ngola fixou-se na planície de Luanda. Enquanto aí esteve, encontrou o povo de Bembo Calamba, um ferreiro, que viera para Luanda com seus homens e gados. Ngola Mussuri aprendeu como se fundia e forjava o ferro, e como se faziam panelas e se tecia. A mulher de Bembo Calamba, Ngombe-dia-Nganda, ensinou ao povo de Ngola a agricultura e a criação de Gado.

Os homens de Ngola casaram com as filhas de Ngombe, que foram as mães dos clãs mbundo. Ngola Mussuri começou a trocar os instrumentos de metal por comida. Quando uma grande fome atingiu os Mbundu ele compartilhou a sua riqueza, e em agradecimento o povo tornou-o rei. Mussuri casou com uma mulher Ngana Inene, que não teve filhos mas teve filhas, Nzunda-dia-Ngola, Tumba-dia-Ngola e uma terceira cujo o nome se ignora.

Quando Mussuri envelheceu, foi morto por um escravo ambicioso que se apoderou do seu reino. Mas tarde, contudo, a filha de Mussuri, Nzunda, retornou os seus direitos e governou os Mbundu. Quando ela morreu sem filhos o poder passou para o marido da sua irmã. Ele era um grande caçador e guerreiro chamado Ngola Kiluanji Kia Samba. O filho deste caçador, também chamado Ngola Kiluanji, fundou a dinastia dos Ngola, que governou o nascente reino do Ndongo no século XVI.

Os resultados da guerra foram prejudiciais a todos os tipos de comércio, todo mundo corria perigo e nos primeiros anos do século XVII, os portugueses foram obrigados a abrirem uma conversa sobre a paz em Luanda, com os Kimbundos dos Ndongo. Ai apareceu à figura de Nzinga pela primeira vez na vida dos lusitanos, Nzinga – rainha Ginga dos documentos da época – embaixadora plenipotenciária de seu tio, o ngola. A Africana mostrou-se esperta na arte da diplomacia e mais tarde nas artimanhas da guerra.

Ela com habilidade conquistou na mesa de negociação quase tudo que o Ndongo havia perdido na guerra. Morrendo o ngola, ela quebrou as regras de sucessão e subiu ao poder. Exigiu então dos portugueses os que haviam sido acordados no tratado.

Os portugueses preocupados com a possível aliança entre holandeses e o manikongo, não deram importância às exigências de Nzinga, que de imediato, rearticulou uma poderosa frente de batalha composta de yagas, quimbares, cativos fugidos, kongos e até holandeses. Ocupou o reino de Mtamba e reforçou suas tropas. Os portugueses desesperaram. Os holandeses abandonaram Luanda. Portugal voltou às negociações.

Inúmeros historiadores apresentam Nzinga como um exemplo de mulher combatente, no entanto é bom frisar que ela foi sempre um expoente de uma elite senhorial envolvida no tráfico escravista. Sua resistência visava manter o monopólio das rotas escravistas.

Estabelecida à paz, Nzinga estreitou seus contatos com os negreiros portugueses. Convertida à monogamia (era casada com inúmeros esposos) e ao catolicismo como nome de Ana de Souza, guardou até a morte o poder e o prestígio que o comércio negreiro lhe assegurou.


A região à volta da Capital (A-ngoleme) do Ndongo foi descrita como sendo fértil e populosa. Numerosas palmeiras forneciam vinho, óleo, e frutos, bem como materiais de construção para casas e acampamentos. Enquanto os homens estavam na guerra, as mulheres ocupavam-se no cultivo de terra e pastando gado, porcos, cabras, carneiros, cãs e galinhas. As principais colheitas eram milho-miúdo, feijão, inhame, rábanos e eventualmente bananas. Eram muito apreciados ovos e o mel mas o leite não era usado.

Caçavam pássaros, lebres, ratos, cobras, hipopótamos e crocodilos para a sua alimentação, mas a pesca parece ter pouca importância. Realizavam em todo país mercados diário para a troca de produtos alimentares. A moeda aceite no Ndongo era o Sal-gema. Este sal era trazido das minas de Kisama em quadrado de três palmos de largura. Com três deles comprava-se uma cabra e 14 ou 15 eram o preço de um boi ou vaca. Seis galinhas ou três galos, eram vendidos por um bloco de sal.

O acampamento onde Ngola vivia era grande e complexo com uma paliçada exterior de árvores e palmeiras plantadas com pequenos intervalos e ligados por ramos. O primeiro pátio era usado quando rei recebia os seus súbditos ou quando ou quando aplicava sentenças judiciais aos criminosos. Atrás deste pátio havia outros pátios e passagens, até ao centro do complexo onde vivia o rei e recebia os seus conselheiros e nobres mais próximos.

Ngola costumava estar sentado entre os seus cortesãos bebendo vinho de palmeira por um chifre que ele enchia com que retirava de uma cabaça grande. Ser convidado a beber vinho com o rei era a maior honra.


De acordo com a pesquisa feita, chegamos conclusão unânime de que Ambundo ou Mbundo é o único grupo angolano que, ao longo dos trezentos anos de presença portuguesa, nesta zona do continente, se deixou assimilar à cultura europeia, desempenhando um papel preponderante na penetração do interior do país. Os Kimbundu eram essencialmente comerciantes, sobretudo, em consequência, da sua participação no comércio de escravos e como intermediários de outras actividades comerciais.



CAVAZZI DE MONTECUCCOLO, Pe. João António (1622-1692). Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola (2 vols.). Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965.

DIAS, Gastão Sousa. Heroismo e lealdade: quadros e figuras da Restauração em Angola. Lisboa: Agência Geral das Colónias, 1943. 95 p.

GONÇALVES, Domingos. Notícia Memorável da vida e acçoens da Rainha Ginga Amena, natural do Reyno de Angola. Lisboa: Oficina de Domingos Gonçalves, 1749.

MELLO, António Brandão de. Breve história da rainha Zinga Mbandi, D. Ana de Sousa. in: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, série 63, nº 3 e 4 (1945), p. 134-146.

MILLER, Joseph C., Kings and kinsmen: early Mbundu states in Angola, Oxford, England: Clarendon Press, 1976

PARREIRA, Adriano. Economia e sociedade em Angola na época da rainha Jinga: século XVII. Lisboa: Editorial Estampa, 1997. 247 p. ISBN 972-33-1260-3



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