quinta-feira, 5 de abril de 2018

TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM - TRABALHO COMPLETO


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE KANGONJO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE






ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM






TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM



Trabalho de pesquisa bibliográfica apresentado na disciplina de Administração em Enfermagem como requisito parcial para obtenção de notas.


O Professor: Anacleto Francisco






INTEGRANTES DO GRUPO:

1.    Ana Kiwuntu
2.    Cecília Matias Augusto
3.    Isabel Elisa António Fula
4.    João Teca Manuel
5.    Sabalo Manuel João

Sala: 26B
Período: Tarde
Grupo: 04
Ano Académico:







LUANDA
2018


SUMÁRIO










Durante toda a existência da Enfermagem, a prática profissional pode ser explicada segundo diversos enfoques. Por ser considerada ciência e arte, está sempre ligada aos mais diversos ramos do conhecimento, dentre eles, a ciência da administração contribui com uma parcela que se concretiza, principalmente, na administração do pessoal de enfermagem. Contudo, com a evolução tecnocientífica, percebeu-se a inserção do enfermeiro no campo da administração de recursos materiais, visando não tornar-se um ser burocrata, mas buscar atender ao seu produto final - o paciente - com um atendimento de qualidade.

Assim, perspectiva-se no presente estudo a abordagem da Teoria Clássica da Administração da Enfermagem.







Enquanto a administração científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a teoria clássica tomava por base a ênfase na estrutura, ou seja, considerava a organização como um todo para garantir a eficiência das partes envolvidas. A esse respeito, Arndt; Huckabay comentam que o pressuposto principal é que a administração é universal, tanto na teoria como na prática, sendo operativa em qualquer lugar. O responsável por essa corrente do pensamento administrativo foi o engenheiro de minas Henri Fayol (1841-1925), nascido em Constantinopla e falecido em Paris, cidade onde desenvolveu todos os seus princípios organizacionais e administrativos. Transformou-se num tratadista da matéria, sendo cognominado de “O pai da Administração Científica”.

As funções administrativas, para Fayol, englobam os elementos da administração, que são os seguintes:

       Planejar ou prever: é visualizar o futuro e traçar um programa de acção.
       Organizar: é constituir o duplo organismo material e social da empresa.
       Comandar: é dirigir e orientar o pessoal.
       Coordenar: é ligar, unir, harmonizar todos os esforços colectivos.
       Controlar: é verificar, de modo que tudo transcorra de acordo com as regras estabelecidas.

Além disso, Fayol tentou também definir os princípios gerais de administração, criados a partir de sua experiência, nos quais resume a arte de administrar, que consubstanciou numa lista de catorze princípios norteadores da acção dos executivos:

I.              Divisão do trabalho – consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência.
II.            Autoridade e responsabilidade – autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência; a responsabilidade é uma consequência natural da autoridade.
III.           Disciplina – aplicação, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos.
IV.          Unidade de comando – cada empregado deve receber ordens de apenas um superior.
V.           Unidade de direcção – um plano para cada grupo de actividades que tenham o mesmo objectivo.
VI.          Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais – os interesses gerais devem sobrepor-se aos interesses particulares.
VII.         Remuneração do pessoal - justiça e satisfação para os empregados e a empresa quanto à remuneração.
VIII.       Centralização – refere-se a centralização da autoridade no alto da hierarquia.
IX.          Cadeia escalar - é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo.
X.           Ordem – um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.
XI.          Equidade – amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal.
XII.         Estabilidade do pessoal – é a permanência da pessoa no cargo.
XIII.       Iniciativa – a capacidade de visualizar um plano e assegurar seu sucesso.
XIV.      Espírito de equipa – harmonia e união entre as pessoas.

Segundo Maximiano, a contribuição maior de Fayol se deu no sentido de explicar as directrizes para a estruturação da empresa, delinear os processos que definem o trabalho gerencial e propor princípios que devem orientar o comportamento gerencial. É necessário, ainda, considerar que, através da teoria clássica, Fayol formulou uma teoria organizacional, na qual concebe a organização em termos de estrutura, forma e disposição das partes.

Por sua importância, o assunto sempre foi bastante discutido por diversos estudiosos em administração. Este trabalho não tem a pretensão de aprofundar a questão. Todavia, conclui afirmando que, apesar do impacto causado sobre a organização do conhecimento administrativo e seu aproveitamento para a formação de executivos, a abordagem clássica foi extremamente voltada para a organização formal, esquecendo-se da organização informal. Essa visão mecanicista valeu-lhe o nome de Teoria da Máquina. Portanto, mesmo considerada como a base para a administração moderna, a teoria clássica revelou-se incompleta, porque visualizava a organização como se fosse um sistema fechado. As principais críticas sobre a teoria clássica concentram-se no seu carácter prescritivo e normativo e na ênfase à estrutura formal da organização.

Com relação às influências da teoria clássica sobre a enfermagem, pode-se afirmar que basicamente a estruturação dos serviços de saúde e sua forma rigidamente hierarquizada são reproduzidas na prática da enfermagem, através dos organogramas onde são expressas as linhas de subordinação. Além disso, muitos dos princípios defendidos por Fayol, por exemplo, a divisão de trabalho, disciplina, responsabilidade, subordinação, ordem e outros, foram facilmente incorporados no exercício profissional da enfermagem.


O raio de acção desses princípios atinge directamente a administração do serviço de enfermagem, desde o planeamento até a avaliação. É importante considerar os seguintes pontos:

a)    Formular planos baseados nos objectivos, na estrutura, na filosofia, nos padrões e procedimentos de trabalho previamente aceita pela organização – planejando a assistência e dirigindo os funcionários, a enfermagem está assumindo suas funções gerenciais.
b)    Compor sistematicamente todo o pessoal e suas actividades, de modo que a responsabilidade e a autoridade para funções específicas sejam definidas e possam ser delegadas.
c)    Qualificar o pessoal para execução dos planos e alcançar os objectivos propostos pelo serviço e pela organização.
d)    Utilizar a capacidade de cada pessoa eficazmente.
e)    Promover a cooperação como essencial para coordenar as actividades dos diversos departamentos e de pessoal.
f)     Obter o máximo de resultados com o mínimo de tempo, esforço, suprimento e equipamentos, através de medidas de planeamento e organização.
g)    Manter actualizados e conservados os relatórios e registos das actividades de organização.




A enfermagem é uma profissão que tem evoluído muito nos últimos anos, em decorrência do acompanhamento da tecnologia e de seu aproveitamento no desenvolvimento de sua prática profissional.

Por se constituir num conjunto de ciências humanas e sociais, buscou na administração a utilização do método científico capaz de tornar o trabalho operacionalmente racional, com o único propósito de prestar assistência ao paciente, à família e à comunidade, de modo que pudesse atender as suas necessidades.

Portanto, somente conhecendo os princípios em que se fundamentam a administração e possuindo habilidades para tomar decisões, é que o enfermeiro pode escolher o método para planejar, executar e avaliar as acções na prática do serviço de enfermagem.

Convém lembrar que as teorias da administração são universais e facilmente absorvidas em qualquer área do conhecimento. Em particular, na enfermagem, sua influência foi relevante, devido à própria natureza e filosofia do serviço de enfermagem que obrigatoriamente faz uso dos princípios administrativos propostos por Taylor, Fayol, Maslow e outros.

Dentre as inúmeras contribuições das teorias de administração para enfermagem, podem-se destacar as seguintes:

a)    Administração científica de Taylor: organização racional do trabalho.
b)    Teoria clássica de Fayol: princípios gerais de administração (planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar).
c)    Teoria das relações humanas: humanização da organização, liderança, comunicação e dinâmica de grupo.
d)    Teoria comportamental: motivação humana, estilos de administração e o processo decisório.
e)    Teoria sistémica: visão sistémica das organizações.

Por tudo isso, o enfermeiro necessita, além dos conhecimentos específicos, conhecer o processo administrativo e suas teorias, para aplicá-los nas decisões de sua competência, com habilidade, confiança em si e eficácia.

A administração pode ser considerada a base de todo o processo de enfermagem. Portanto, não é um privilégio exclusivo do gerente, mas uma função de cada componente da equipe de enfermagem distribuída gradativamente, conforme o nível de responsabilidade e hierarquia.
Em qualquer trabalho que o enfermeiro desenvolva, três factores estão presentes: Decisão, Organização e Execução.

Arndt e Huckabay lembram que a prática eficaz da administração depende de uma síntese de conhecimento das quatro escolas de pensamento administrativo, consideradas como a base da teoria em administração e aplicadas aos objectivos e problemas das acções de assistência à saúde e às áreas de interesses mais amplos nos assuntos de saúde da comunidade.


Ao longo dos anos a práxis da enfermagem tem contribuído muito para o desenvolvimento da profissão o que faz com que ela necessite do apoio de outras ciências como a administração para a sua expansão, (SOUZA; SOARES, 2006).

Segundo Souza e Soares (2006), a administração participativa no que diz respeito à democratização das tomadas de decisões, estabelece uma melhor satisfação e aumento de produtividade no trabalho.

A enfermagem busca na administração uma ciência capaz de tornar a profissão operacionalmente racional, tendo em vista que administração é defendia como um instrumento de qualquer organização e que pode ser aplicada em qualquer área, (SOUZA; SOARES, 2006).

Ao longo deste estudo vimos que o administrador tem como função: planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços de uma organização. Assim como o administrador o enfermeiro também exerce essa função no que diz respeito aos serviços de enfermagem os serviços de enfermagem, (ARONE; CUNHA, 2007).

É bem verdade que em algumas ocasiões tem sido necessário que o enfermeiro resolva questões que não são de sua responsabilidade, fazendo com que ele se sinta sobrecarregado pondo em risco a eficácia de seu trabalho, (SOUZA; SOARES, 2006).

Visando o acúmulo de responsabilidades entende-se que é necessário que o enfermeiro/ administrador na resolução de problemas busque não somente soluções imediatistas, ou seja, em curto prazo, mas também a médio e longo prazo, através de planeamento e organização evitando assim o acúmulo de situações problemáticas e o estresse e sobrecarga enfermeiro prejudicando assim seu desempenho.


O planeamento é uma técnica que tem por objectivo determinar um curso de acção ou um programa, definido por objectivos previamente traçados e prevendo as diversas etapas de execução. Ele faz parte da ciência da administração como primeiro elemento do processo administrativo, tornando-se a mais importante das funções.

No serviço de enfermagem, o planeamento está presente em todas as suas dimensões e, em especial, com certa relevância, na assistência ao paciente. O planeamento da assistência é à base das acções de enfermagem, onde se utiliza uma metodologia científica aliada ao conhecimento e a habilidade profissional, proporcionando meios para modificar a situação – problema do paciente.

Os elementos da metodologia científica utilizada no planeamento da assistência são:

a)    Identificar os problemas do paciente.
b)    Determinar prioridades, conforme evidências do desequilíbrio orgânico.
c)    Seleccionar a acção que tem maior probabilidade de resolver o problema.





Todo planeamento inicia-se com um levantamento minucioso da situação, que se denomina diagnóstico. De acordo com Kron; Gray, o diagnóstico de enfermagem deve ser a base para o planeamento das intervenções de enfermagem.

No que tange às etapas do planeamento na assistência ao paciente, os autores levam em consideração os seguintes critérios:

       Atribuir prioridades aos problemas já diagnosticados.
       Decidir os objectivos de enfermagem.
       Seleccionar acções de enfermagem apropriadas.
       Registar essas informações no plano de atendimento.


O plano é um guia dinâmico, que utiliza seus objectivos para a satisfação daqueles que necessitam dos serviços hospitalares, com alto grau de responsabilidade, organização e senso de realização por parte dos que fornecem o serviço.

A seguir, serão destacados os princípios básicos do plano de cuidados de enfermagem:

       Indicar os objectivos da intervenção de enfermagem.
       Individualizar a assistência de enfermagem.
       Proporcionar uma orientação para o cuidado centrado no paciente.
       Dar continuidade aos cuidados de enfermagem.
       Avaliar os cuidados de enfermagem.
       Desenvolver o pessoal de enfermagem.
       Facilitar a comunicação com os membros da equipe de saúde.
       Proporcionar uma orientação para supervisão.
       Facilitar o planeamento da assistência de enfermagem.

Estudar o planeamento da assistência de enfermagem é como estudar a própria essência da enfermagem. No entanto, essa abordagem exige um aprofundamento expressivo e uma busca de informações inesgotáveis no campo da literatura em enfermagem, além da própria experiência.









Este trabalho mostrou-nos que Jules Henri Fayol foi um dos principais nomes da Teoria Clássica da Administração. Ele definiu o ato de administrar como: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Para Fayol, tanto directores quanto gerentes ou supervisores desempenham actividades relacionadas às funções descritas por ele.

Ele desenvolveu a abordagem conhecida como gestão administrativa ou processo administrativo. Seu enfoque funcional baseava-se na administração como um processo de tomada de decisões.

Além disso, Fayol considerava que os gestores deveriam focar seu trabalho no estabelecimento de directrizes e de metas para os funcionários.





KURCGANT, Coordenadora Paulina, Administração em Enfermagem, São Paulo: EPU, 1991.

CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas – o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992.

MEZOMO, JC. O administrador hospitalar. São Paulo: CEDAS, 1991.

SILVA, MJP. Comunicação tem remédio - a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Gente, 1996.

2 comentários:

  1. Tem um artigo massa complementando esse tema. Dá uma olhada: https://www.admfacil.com/abordagem-classica-da-administracao/

    De repente pode servir para outras pessoas tb!! Grande abraço!

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