quarta-feira, 16 de setembro de 2015

RELAÇÃO TRABALHO SAÚDE MENTAL - Trabalho Completo by Vieira Miguel Manuel

INSTITUTO SUPERIOR DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS


                                            




RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE MENTAL










MARIA FERNANDA CABRAL PASCOAL



















LUANDA
2015

     
INSTITUTO SUPERIOR DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS








RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE MENTAL









MARIA FERNANDA CABRAL PASCOAL





Projecto apresentado ao Curso de Gestão de Recursos Humanos como requisito parcial ao desenvolvimento da Monografia.

Orientador: Dr. Samuel Wassuca “PhD”
 
 














LUANDA
2015


Dedico este projecto à minha família pela fé e confiança demonstrada, dedico também aos meus amigos pelo apoio incondicional e, de uma forma geral, aos meus professores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar, em fim, dedico este projecto à todos que de alguma forma ou outra tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido.

 




Agradeço inicialmente a Deus, primeiro pela oportunidade de ter realizado este trabalho e, segundo, por me tornar capaz de seguir em frente nesse projecto.

Agradeço também a minha família pelo incentivo e colaboração, principalmente nos momentos de dificuldade que inevitavelmente tenho enfrentado.

Agradeço também ao Dr. Samuel Wassuca pela sua capacidade intelectual e simplicidade, auxiliando-me pela informação passada quanto ao método de elaboração do presente projecto. Sou-lhe muito grata por este gesto de carinho e dedicação que, até certo ponto, transformou-me em outra pessoa.

Aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem comigo nesta caminhada tornando-a mais fácil e agradável, assim como também divertida no sentido positivo.

A todos que contribuíram directa ou indirectamente, para que esse objectivo torna-se realidade, o meu mais sincero muito obrigado!

 



O presente estudo tem como objectivo investigar a saúde mental no trabalho na contemporaneidade. Pretendemos examinar as diferentes repercussões psíquicas que o trabalho pode provocar nos sujeitos-trabalhadores e os possíveis papéis que a Gestão de Pessoas, com suas potencialidades e limitações, pode assumir neste contexto. Para isso dividimos esta investigação em três partes. Na primeira parte pretendemos examinar o stress no trabalho, na segunda parte abordaremos o tema da síndrome de burnout e por fim investigaremos alguns estudos da Psicopatologia do Trabalho e da Psicodinâmica do Trabalho.

Palavras-Chaves: Saúde Mental; Trabalho; Stress; Psicopatologia do Trabalho;



 



The present study aims to investigate the mental health at work nowadays. We intend to examine different psychological effects that work can cause the subject-workers and the possible roles that the Personnel Management, with its potential and limitations, can assume in this context. For that divided this research into three parts. In the first part we intend to examine work stress in the second part will cover the topic of burnout syndrome and finally investigate some psychopathology studies of Labour and work psychodynamics.

Key Words: Mental Health; work; stress; Psychopathology of work;

 


SUMÁRIO





 



As sociedades passam na contemporaneidade por aceleradas mudanças, trazendo repercussões nos mais diversos âmbitos da vida. Se no passado havia uma estabilidade respaldada pelos valores da tradição, seja no plano religioso, familiar e laboral, o que vemos agora é uma reviravolta. Os referidos valores sofrem uma implosão a cada instante, levando o sujeito ora à surpresa diante do novo e inesperado, ora à perplexidade diante da enxurrada destas mudanças a que se vê submerso diante da velocidade a que a todo momento este mesmo “novo” se torna velho, defasado, anacrónico. Somando-se a esta situação, vive-se na actualidade uma crise económica mundial instalada no segundo semestre do ano de 2008. Com a consequência da mesma muitas empresas faliram ou se fundiram a outras, provocando assim um índice de demissões significativamente aumentado. Em paralelo a esta ocorrência, e por extensão a ela, a abertura de novas vagas também sofreu um acentuado declínio.

Frente a toda esta situação o trabalhador enfrenta na actualidade um crescente desafio, o de enfrentar uma grande e crescente pressão psíquica em seu trabalho. Embora esta pressão não seja exclusiva do momento actual, é notório seu incremento a partir das últimas décadas, onde um cenário de diversas inovações implantadas no plano da tecnologia e das comunicações num mundo cada vez mais globalizado acaba por provocar também uma série de ajustes no campo do trabalho.

Tais ajustes são gerados e, ao mesmo tempo são consequência, de toda uma ampla e complexa redefinição do mercado de trabalho — uma delas a implantação da Gestão de Pessoas — bem como das qualificações a que o trabalhador precisa ter para ser absorvido por este mesmo mercado. Estas redefinições acabam assim por promover mudanças nas condições e organizações do trabalho, e ao fazê-lo acarretam consequências para a saúde mental do trabalhador.

É de salientar de antemão que A relação de saúde mental e trabalho é definida como “a inter-relação entre o trabalho e os processos saúde-doença, cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos fenómenos mentais, mesmo quando sua natureza seja eminentemente social”.

A discussão sobre saúde mental e trabalho está formulada sob diversas perspectivas. Algumas dão ênfase aos processos psíquicos do sujeito ao desenvolver uma tarefa, sua motivação e satisfação no trabalho. Outras partilham do pressuposto de que o trabalho é factor constitutivo. A importância de pesquisas relacionadas à saúde mental e trabalho está no fato delas poderem se traduzir em políticas de saúde e de assistência podendo trazer melhores garantias de acesso aos direitos sociais dos trabalhadores acometidos por adoecimento ocupacional.

Saúde do Trabalhador é o conjunto de conhecimentos de diversas disciplinas que aliado às condições e organização do trabalho estabelecem uma nova forma de compreensão entre saúde – trabalho e propõe atenção, ou seja, prevenção, cura e reabilitação à saúde dos trabalhadores.

Sendo ele sujeito activo do processo saúde – doença e não apenas objecto desta atenção.

Mesmo com as novas tecnologias no mundo do trabalho, na qual temos uma maior produção em menor tempo, o trabalhador continua de certa forma alienado vendendo sua força de trabalho. Outras mudanças surgem no âmbito do trabalho, a globalização, comunicação instantânea, empresas virtuais, etc., gerando experiências traumáticas aos trabalhadores, trazendo complicações à sua saúde.


A constante pressão a que o trabalhador é submetido na actualidade em seu trabalho, ameaçado por todas as mudanças no plano das condições e organização do trabalho, o faz sentir-se a todo momento sobressaltado. No plano da saúde mental estas pressões acabam por produzir repercussões, todas elas serão estudas no presente trabalho.










·         Identificar os factores de risco que o desconforto no trabalho pode contribuir numa organização;
·         Mostrar a inter-relação existente entre o trabalho e a saúde mental;
·         Caracterizar as acções do RH na prevenção do desconforto laboral.


Sabe-se que o sofrimento mental interfere na capacidade produtiva das pessoas e em alguns momentos pode tornar difícil seu convívio com os outros; mas isto não significa que elas se tornem definitivamente incapazes de gerir os debates de normas exigidas para toda actividade, em especial a actividade de trabalho. Entender melhor como essas pessoas se colocam no trabalho, em actividade, pode ajudar no entendimento do que sejam os sofrimentos mentais e compreender melhor o que é o trabalho e o lugar que ele ocupa ou poderia ocupar na vida de todos os seres humanos (Zambroni-de-Souza,2006).

A literatura internacional aponta que os desempregados e suas famílias têm pior saúde mental quando comparados com os que estão trabalhando (Brown & Harris, 1978; Bebbington et al., 1981; Bartley et al., 1992; Jenkins et al., 1997). Sem sombra de dúvidas, a saúde mental preexistente é um factor importante na determinação dos que conseguem e mantêm os seus empregos – “the healthy worker effect” (Lahelma, 1992), mas os estudos longitudinais de indivíduos saudáveis que vivenciaram o desemprego (Banks & Jackson, 1982; Morrell et al., 1994; Ferrie et al., 1995) têm confirmado os seus efeitos adversos para a saúde mental e a recuperação da saúde com a volta ao emprego. Portanto, o estudo da Relação do Trabalho e Saúde mental, torna-se importante a ser estudo visto que afecta vários sectores da vida humana.


Como hipóteses este trabalho apresentou três circunstâncias:



A metodologia utilizada pelo presente trabalho foi a da revisão bibliográfica e estudo de conceitos. Privilegiou-se uma dimensão reflexiva e crítica.

































































Recomendo com base nos problemas que os trabalhadores podem enfrentar que a gestão de pessoas posiciona-se tanto ideologicamente quanto na prática do quotidiano laboral do lado desta promoção da saúde — por exemplo, criando e difundindo programas de Qualidade Vida no Trabalho (QVT) e fora dele, que não esteja voltado exclusivamente às condições de trabalho, mas que contemple sobretudo aos aspectos da organização do trabalho, e que, por fim, não esteja atrelado ao incremento da produtividade. Se este incremento vier é resultado do aumento da qualidade de vida e não sua causa, isto é, seu motor — a qual deve incluir necessariamente a atenção à saúde mental de cada e ao mesmo tempo de todos sujeitos. Esta compreensão tem como fundamento uma bússola, inegociável, o da ética nas organizações.

Recomendo ainda que em razão das novas metas a serem alcançadas e dos planos de carreiras impostos, a insegurança e o sofrimento do empregado em seu ambiente de trabalho chamam atenção e exigem alteração normativa e novas estratégias empresarias, que foquem o ser humano trabalhador e não somente o lucro.

O foco deve ser a prevenção de tais males, visando a melhoria da condição de trabalho, e não a exploração máxima da força de trabalho. As condutas empresárias, por sua vez, devem visar a garantia a saúde do trabalhador.


De acordo com o Ministério da Saúde (2001, p. 162) as acções organizacionais para prevenção dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, baseiam-se em procedimentos da vigilância dos agravos à saúde e, dos ambientes e condições de trabalho. Portanto, sugiro aos Gestores de Recursos Humanas (Incluindo futuros gestores de RH):

·         O gestor de RH deve incluir a participação dos trabalhadores nas decisões que os envolvam, inclusive os dos níveis gerenciais; política essencial para a implantação de medidas correctivas e de promoção da saúde, que envolvam modificações na organização do trabalho;

·         O gestor de RH deve fazer uma análise completa do local de trabalho, avaliar os factores biopsicossociais, para compreender as razões pelas quais um determinado funcionário poderia desenvolver uma doença mental relacionada ao trabalho, conquanto outro ou outros, submetido às mesmas condições, não apresentasse esse potencial de risco.

·         O gestor de RH no acto de recrutamento e selecção de pessoal deve avaliar factores ligados ao relacionamento interpessoal e intrapessoal. Muito embora não possa prever acontecimentos futuros, redundantes das características individuais, dos traços de personalidade, da história de vida, e do modo dos indivíduos lidarem com acontecimentos rotineiros no ambiente de trabalho, todo o processo de recrutamento deve ser tangenciado por medidas cautelares, assentadas na descrição de função de cada novo funcionário.





CAMARGO, Duílio Antero de; NEVES, Sérgio Nolasco Hora das (2004) Transtornos Mentais, Saúde Mental e Trabalho. In: Série Saúde Mental e Trabalho. Volume III. São Paulo, Ed. Casa do Psicólogo.

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