sábado, 23 de abril de 2016

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ACTIVIDADE ECONÓMICA - Trabalho elaborado por Vieira Miguel Manuel


REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
ESCOLA DO IIº CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO Nº 4071
PUNIV - CACUACO












INTRODUÇÃO À ECONOMIA






A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ACTIVIDADE ECONÓMICA




















LUANDA
2016


ESCOLA DO IIº CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO Nº 4071
PUNIV - CACUACO









INTRODUÇÃO À ECONOMIA

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ACTIVIDADE ECONÓMICA


Grupo nº: 04
Classe: 10ª
Curso: Ciências Económica e Jurídicas
Turma: C
Sala: 3
Período: Manhã


INTEGRANTES:

1.    Albertina Capunga Chindemba
2.    Albertina Patrícia N. Bonina
3.    Catarina André Hebo
4.    Georgina Domingos Raul
5.    Generosa Pedro
6.    Maria João Manuel
7.    Cândida de Almeida Maifuila
8.    Maria Miguel Sebastião
9.    Melita Bia Sayengue







O Docente

____________________
Lauriano da Conceição



LUANDA
2016


SUMÁRIO




 




 A Economia se desenvolveu como ciência no decorrer dos últimos 500 anos, coincidindo com o desenvolvimento das práticas comerciais e com a criação de estados-nação. Contudo, é preciso destacar que na Antiguidade, o pensamento económico começou a ser moldado, inicialmente, de forma filosófica, por exemplo, a palavra economia remonta à Grécia antiga, onde oeconomicus significava “gerenciamento das questões domésticas”. Neste contexto, os pensadores gregos Aristóteles e Platão fizeram algumas contribuições importantes para o pensamento económico.

Aristóteles (384-322 a.C.) distinguia o pensamento económico, e, porque não, as actividades económicas, em “artes naturais e não-naturais de aquisição”. Ele definiu como Aquisições Naturais actividades como agricultura, pesca e caça, enfatizando que tais actividades produzem bens para as necessidades básicas da vida. Já as Aquisições não-naturais envolvem adquirir bens além da necessidade, situação que era desaprovada por Aristóteles, assim, correlacionar esse conceito da Antiguidade com os dias actuais seria compará-los a uma espécie de consumo desenfreado.

Já Platão (427-347 a.C.), considerado o principal discípulo de Sócrates, preconiza, em seu diálogo “A República e as Leis”, sobre a “Cidade-Estado-Ideal”, no qual abordava um Estado regido por leis e a importância da especialização humana para o desenvolvimento da sociedade e a convivência harmónica entre os cidadãos. Essa abordagem, em relação à especialização humana, serviu de referência para teorias económicas posteriores.

Na Idade Média a Igreja Católica Romana exerceu grande influência no pensamento económico, com destaque para as Ideias de São Tomás de Aquino (1225-1274) em relação ao preço. Ele cunhou o termo “preço justo” como um preço em que nem o comprador nem o vendedor levam vantagem sobre o outro. Além do mais, a Igreja se apegava a textos bíblicos para condenar a cobrança de juros, que considerava como “usura”, nome dado à prática de se cobrar juros excessivos sobre empréstimos financeiros. A Igreja se baseava no Livro de Génesis, do antigo testamento da Bíblia, que dizia “comerás teu pão com o suor do teu rosto”. Dessa forma, obter lucro sem nenhum trabalho era considerado uma afronta aos preceitos católicos da época, passível de punição.

Diante do exposto, buscamos neste trabalho apresentar como a economia evoluiu como ciência e de que forma influenciou a condução das actividades comerciais ao longo dos séculos, incluindo o período recente, através de suas escolas, teorias e pensadores.






Para entendermos a dinâmica económica actual, é imprescindível observar, como estavam organizadas as sociedades do passado, ou seja, de que forma se dava a relação entre os agentes económicos[1] e como as sociedades organizavam as suas actividades de produção e distribuição de bens. Para isso retornaremos ao período entre os séculos V – XVIII d.C., observando como se desenvolveram os três principais sistemas económicos daquela época: Feudalismo, Mercantilismo e Fisiocracia.


O desenvolvimento da Economia e, em especial, das actividades comerciais, se intensifica a partir do século XV d.C., mas, desde o século IV d.C., com a decadência do Império Romano, a Europa Ocidental, notadamente França, Alemanha, Inglaterra, Países Baixos, Itália e Rússia, se organizaram em torno de um sistema económico-social chamado Feudalismo.

A derrocada do Império Romano e as invasões bárbaras deixaram como consequência cidades pouco desenvolvidas, o que estimulou a criação de comunidades agro pastoris no interior dos países, sendo muitas dessas comunidades subordinadas a um reino. Com base nesse contexto desenvolve-se o Feudalismo, que se caracterizou como uma sociedade hierarquizada baseada na figura do Suserano (em geral o Rei) e dos Vassalos (Senhores Feudais).

O Suserano doava terras aos Vassalos, que retribuíam com trabalho e fidelidade, formando comunidades de agricultores nas terras recebidas. Assim, o Suserano e os Vassalos se sustentavam por meio da produção de tais comunidades, e, em troca, forneciam protecção às comunidades contra os invasores.

A principal unidade de produção económica era o Feudo[2], que se dividia em três partes: a propriedade do Senhor Feudal, geralmente representada por um Castelo, o Manso Servil, terras arrendadas aos camponeses – os servos dos senhores feudais e o Manso comunal, bosques e florestas de livre uso. A actividade económica principal era a agricultura e as relações comerciais eram baseadas no escambo (troca de mercadorias), pois as moedas eram pouco utilizadas e a forma de produção era rudimentar, baseada no arado puxado por bois. Outra característica marcante desse modelo era a descentralização do poder, ou seja, o Vassalo administrava as questões referentes ao seu Feudo e prestava contas ao Suserano.

O Feudalismo entra em declínio a partir do século X d.C. devido ao aumento populacional e a baixa produtividade agrária dos feudos. Na Rússia o sistema perdurou até o século XX d.C., sendo extinto totalmente na Revolução Russa de 1917.





Apesar do declínio o sistema feudal conseguiu fortalecer muitas comunidades, que se transformaram em verdadeiras cidades. Dessa forma, o comércio prosperava para fora das fronteiras feudais, sobretudo no período compreendido entre os séculos XVI e XVIII d.C. Alguns fatos corroboraram para essa mudança, dentre os quais: a descoberta do ouro e sua consequente utilização como moeda o que facilitava as transacções comerciais. As grandes navegações possibilitaram a descoberta de novas rotas de comércio e a colonização de novas regiões.

Todos esses factores levaram à criação de Estados Nacionais, que tinham o Rei como detentor do poder central, enfraquecendo a influência e o poder dos senhores feudais. Diante desses fatos, é que emerge o Mercantilismo, com os seguintes dogmas:


       Acúmulo de Ouro e Prata: Os mercantilistas associavam o grau de riqueza e desenvolvimento de um país ao montante de ouro e prata que possuíam. Dessa forma, quanto maior esse montante, mais poderoso e influente seria o país;

       Nacionalismo: Os países eram estimulados a manterem uma Balança Comercial superavitária, ou seja, as exportações de bens deveriam superar as importações. Na visão mercantilista essa era uma forma de o país acumular ouro e prata, e de ampliar o seu domínio sobre os outros países. Imaginavam que o comércio internacional era estático, ou seja, havia simplesmente a transferência de riquezas entre os países, portanto, para um país ganhar o outro fatalmente deveria perder;

       Tributação e restrições: Isenção tributária para matérias-primas que não podiam ser produzidas internamente e incentivos fiscais e protecção para bens produzidos dentro do país. Havia muitas restrições às exportações de matérias-primas, com vistas a manter o custo de produção relativamente baixo;

       Colonização: Eram a favor da colonização, pois acreditavam que mantendo as colónias dependentes do país colonizador haveria facilidades para importação de matéria-prima a baixo custo e teriam o monopólio da exportação colonial;

       Oposição a pedágios: Uma prática muito comum durante o Feudalismo era a cobrança de pedágios sobre o transporte de mercadorias entre Feudos. Os Mercantilistas se opunham radicalmente a essa prática, porque elevaria os custos de produção e reduziria a competitividade das exportações;

       Forte controle central: Era necessário um forte intervencionismo estatal, sobretudo, na concessão de privilégios para os exportadores e uniformização das regras comerciais, pois durante o Feudalismo cada Feudo criava suas normas, o que era visto pelos mercantilistas como um entrave para o bom funcionamento da economia;

       População numerosa e trabalhadora: A abundância de mão-de-obra manteria baixo o custo com salários, o que permitiria menores custos de produção. A ociosidade e a mendicância por parte de pessoas aptas para o trabalho eram passíveis de punição.

Apesar dos exageros, o modelo mercantilista foi importante na transição de uma economia amonetária para uma economia monetária, pois, com a intensificação do comércio, a utilização de novos meios de pagamentos como o dinheiro e a concessão de crédito foram fundamentais para o funcionamento desse sistema.

2.2 OS GRANDES PENSADORES DA ECONOMIA E SUAS TEORIAS

De forma mais organizada, a Economia como ciência se fortaleceu no ano de 1776 com o advento da Teoria Económica Clássica, sendo que todas as teorias posteriores aprimoraram ou discordaram de seus preceitos. Em suma, se tornou referência primeira para a compreensão dos fenómenos económicos e, desta forma, partindo da Teoria Económica Clássica, seguem as contribuições dos principais teóricos da Economia.


A Teoria Económica Clássica foi muita influenciada por duas revoluções que ocorreram entre os séculos XVII e XVIII, a saber: A Revolução Cientifica que teve como precursor Isaac Newton (1642–1727) que, dentre outras coisas, apresentou uma visão estática do universo em que os corpos sempre tenderiam ao equilíbrio. Outra revolução importante que ocorreu paralelamente ao advento da Teoria Económica Clássica foi a Revolução Industrial no século XVIII, com ênfase na produção industrial, como factor indutor do crescimento económico. Os principais teóricos da Economia Clássica foram os seguintes: Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo e Jean Baptiste Say.


Considerado o fundador da escola clássica, nasceu na Escócia, estudou Filosofia, Teologia, Ciências Morais e Política em Glasgow e Oxford. Durante os seus estudos conheceu os economistas da Escola Fisiocrata, François Quesnay e Turgot que despertaram o interesse de Adam Smith pela Economia. No ano de 1776, ele lança a sua obra-prima, o livro “A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua natureza e suas causas”. O livro retrata os principais fatos que levam as nações à riqueza, ou seja, como as nações poderiam se desenvolver economicamente em bases capitalistas, com destaque para os seguintes pontos:

A Divisão do Trabalho: O trabalho deveria ser sistematizado como forma de ampliar a capacidade de produzir bens e serviços, o que na prática levava à especialização da mão-de-obra. Ele usava como exemplo a fabricação de alfinetes, que estaria dividida em dezoito operações distintas, confiadas a diferentes operários, mas cada operário era especializado em uma das etapas do processo produtivo e trabalhava de forma sequencial. Na visão de Smith, esse modelo ampliava a produtividade na medida em que o trabalhador se especializava em seus ofícios. Mas Smith enxergava um risco nesse processo: O fato de executar uma tarefa repetitiva poderia com o tempo impedir o desenvolvimento intelectual dos trabalhadores;

A Harmonia dos interesses e o governo limitado: Ressaltava que os participantes da economia tendem a ir atrás de seus próprios interesses como guiados por uma mão invisível, conforme se observa em um trecho extraído de seu livro “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nós esperamos nosso jantar, mas da consideração de seu próprio interesse”. Na prática, cada indivíduo na busca de seus próprios objectivos, seja ele empresário ou trabalhador, acabaria por beneficiar toda a economia, estimulando a competitividade entre os agentes económicos. Smith elabora sua teoria tendo como base um ambiente de concorrência. Neste sentido, criticava duramente o Mercantilismo que criava entraves para o comércio entre as nações, pois entendia que os países poderiam enriquecer-se através da parceria comercial, ou seja, defendia o livre comércio em âmbito internacional.

Em suma, Adam Smith baseou sua teoria na divisão do trabalho e na defesa do liberalismo económico, como factores que de fato promoveriam a riqueza das nações.


Inglês e teórico controverso, sacerdote da Igreja Anglicana[3], pois suas teses apresentavam algumas divergências em relação a outros precursores da Escola Clássica, mas as contribuições de Malthus perduram até os dias de hoje, com destaque para as seguintes teorias:

Teoria da População: Malthus publicou em 1798 “Um Ensaio sobre o princípio da População”, após observar que a Revolução industrial e a crença mercantilista de necessidade de uma população numerosa fizeram aumentar as desigualdades e a miséria, desta forma, ele apresentou a sua famosa Lei da População e dizia “Quando não controlada, a população aumenta em uma progressão geométrica, enquanto, os meios de subsistência aumentariam na melhor das hipóteses em progressão aritmética” (Thomas Malthus, 1798). Desta forma, a cada 25 anos a população dobraria de tamanho, ao passo que, os meios de subsistência (alimentos) aumentariam no máximo em 25%. Malthus observou que dois fenómenos contribuíam para tal fato: a chamada Lei dos Pobres de 1795 que garantia uma renda mínima aos pobres independentemente dos seus ganhos e a Lei dos Cereais de 1813, que impunha dificuldades a importação de grãos.

Referente à Lei dos Pobres, Malthus era contra a ajuda do governo aos pobres, pois entendia que a pobreza era um castigo divino e o governo nada poderia fazer contra isso. A oposição de Malthus em relação às duas leis, dos Pobres e dos Cereais, seguia uma lógica económica, pois, a renda adicional fornecida aos pobres, e a proibição de importar grãos, encareceria o preço dos alimentos, porque levaria a uma maior demanda dos pobres por alimentos associada a uma oferta limitada de grãos, tais fatos acabariam por gerar aumento dos salários e, consequentemente inflação, o que seria danoso para toda a sociedade.

Teoria da Superprodução: Entendia que os trabalhadores através dos salários não eram capazes de demandar todos os produtos produzidos, portanto, defendia que os produtores demandassem bens de capital8 como forma de ampliar a capacidade consumidora da economia e criar demanda para os excedentes de produção. Portanto, vale destacar que Malthus contribuiu significativamente através de suas teorias para o entendimento das questões pertinentes ao crescimento populacional e o seu impacto no desenvolvimento económico.


David Ricardo actuava no mercado financeiro londrino desde os 14 anos de idade. Apesar de a Escola Clássica ter Adam Smith como o primeiro precursor, foi David Ricardo que difundiu fortemente os dogmas Clássicos com algumas contribuições pessoais com destaque para as seguintes: O Valor dos bens decorre simultaneamente do trabalho humano e do capital técnico: Para produzir bens e serviços um factor fundamental era o trabalho o que Ricardo chamava de “Trabalho Incorporado”. Esse por sua vez, reunia o “Trabalho Directo”, a mão-de-obra propriamente dita, e o “Trabalho Indirecto”, contido nas máquinas e equipamentos utilizados pelos trabalhadores;

A Troca Internacional é benéfica para todas as nações: Devido às imposições da Lei dos Cereais que impunha entraves à importação de Grãos, Ricardo percebeu que a abertura do comércio poderia ser benéfica para a Inglaterra, contribuindo para a redução do preço dos grãos, pois ampliaria a oferta. Tendo como referência as idéias de livre-concorrência propostas por Adam Smith, entendia que o livre comércio seria benéfico para todas as nações, pois o país exportaria aquele bem em que possuía vantagens produtivas e importaria os bens, cuja produção era mais custosa. Para tanto, era necessário que houvesse abertura comercial entre os países.

Percebe-se que David Ricardo apresentou propostas importantes que visavam o bom funcionamento da economia e muitas dessas ideias permanecem vivas até os dias de hoje.


Francês responsável por popularizar o liberalismo de Adam Smith na França, mas ficou temporariamente ofuscado, pois Napoleão Bonaparte não era entusiasta das ideias liberais advindas da Teoria Clássica.

A grande contribuição de Jean Baptiste Say foi a chamada “Lei dos Mercados”. Para Say, o valor dos bens era formado por todos os recursos utilizados em sua produção, notadamente, trabalho que seria mensurado pelo custo com salários, capital medido pela taxa de lucro e a renda da terra. Ao se consolidar essas três variáveis seria constituído o valor de um bem. Assim como os demais clássicos, entendia que o preço final dos produtos seria definido pelos custos de produção.


A Teoria clássica foi o ponto de partida para desenvolvimento da Economia como ciência. Praticamente todas as postulações posteriores, tiveram como pano de fundo aprimoramentos ou questionamentos de sua eficácia. Para tanto, vale observar algumas contribuições, com destaque para os pressupostos de Karl Marx, Alfred Marshall, Jonh Maynard Keynes, Joseph Alois Schumpeter e Milton Friedman.


Marx nasceu em Trier, Alemanha. Estudou direito e filosofia. Propunha, sobretudo, uma reforma dos preceitos clássicos, pois acreditava que o modelo apresentava muitas contradições e que inevitavelmente seria substituído pelo socialismo. As principais críticas e considerações de Marx eram as seguintes:

Divisão do Trabalho: Modelo proposto por Adam Smith para ampliar a capacidade produtiva das Indústrias, usando como exemplo a produção de Alfinetes, Marx entendia que essa divisão sujeitava o trabalhador à máquina e às imposições do empresariado, praticamente excluindo-os do corpo social;

Marx apresentou algumas contribuições interessantes sobre a renda obtida pela utilização produtiva da terra, que ele chamou de Renda Fundiária, pois com a transição em especial na Inglaterra de uma economia agrária para uma economia industrial era comum o processo de arrendamento de terras. Ele observa que as terras poderiam gerar um diferencial em termos rendimento, que ele chamou de Renda Diferencial I: (Terras mais férteis e melhores localizadas, ou seja, próximas de um centro consumidor proporcionaria um rendimento mais elevado) e Renda Diferencial II: (Aplicações sucessivas de capital elevaria a produtividade das terras agrícolas tornando-as mais rentáveis).


Inglês, filho de um funcionário do Banco da Inglaterra, é conhecido como a principal figura da chamada Economia Neoclássica, ou seja, novos clássicos, responsáveis por aprimorarem os preceitos da Teoria Económica Clássica.

As principais contribuições: Atribuía um papel importante à demanda no processo de formação de preços e do equilíbrio de mercado, enquanto, os clássicos tendiam a analisar a economia pelo lado da oferta. Ressaltava que, à medida que um indivíduo ampliava o consumo de um determinado bem, este tenderia a se tornar menos útil, e, consequentemente, teria seu preço reduzido, mas ressaltava que esta utilidade estava ligada à disponibilidade e à importância do bem para atendimento das necessidades humanas.

Por fim, vale ressaltar que Marshall atribuiu um papel importante à taxa de juros no processo produtivo, pois à medida que houvesse uma redução da taxa de juros o investimento em bens de capital seria estimulado, ampliando a capacidade produtiva da economia, e, ocorrendo redução de tal capacidade, à medida que houvesse uma elevação da taxa de juros, o que levaria o empresário a investir em opções mais rentáveis.


Nasceu em Cambridge. É considerado como um reformista do sistema capitalista e, frequentemente citado como o maior economista do século XX. Apesar de suas idéias terem originado um novo segmento na Teoria Económica, chamado de Keynesianismo, teve como uma de suas principais referências, o Neoclássico Alfred Marshall. Keynes ganhou notoriedade ao explicar com detalhes as causas da crise de 1929 e propor soluções para ela.

O mundo capitalista até o ano de 1929, com destaque para a Inglaterra e os Estados Unidos, vivia sobre a tutela da Teoria Económica Clássica, ou seja, baixa intervenção estatal nos processos económicos com ênfase na livre concorrência de mercado e produção em larga escala. Keynes explicou de forma didáctica que a principal causa da crise de 1929 fora o excesso de produção em ritmo superior à capacidade aquisitiva dos agentes económicos. Dentre todos os dogmas de Keynes destacam-se os seguintes:

Orientação pela Demanda: A Lei de Say preconiza que toda a oferta criaria sua própria demanda. Com a crise de 1929, essa afirmativa cai por terra e Keynes afirma que a capacidade produtiva da economia deveria ser guiada pela demanda efectiva dos agentes económicos;

Instabilidade na Economia: Keynes afirmava que a economia, independente do modelo seguido, estaria sujeita a crises. Dessa forma, haveria momentos de crescimento económico elevado, precedidos de retracção económica. A retracção seria uma forma de ajuste, que seria motivada pela expectativa de queda da taxa de retorno dos empresários;

Intervenção Governamental: Keynes entendia que em momentos de crise, o governo deveria intervir na economia por meio de políticas fiscais e monetárias activas, com vistas a reorganizar a capacidade produtiva da economia.


Nasceu na província austríaca da Morávia, hoje uma região da República Tcheca e estudou direito e economia da Universidade de Viena. Era um economista de preferência diversificada, pois se utilizava de ensinamentos da escola neoclássica e alguns pensamentos de Karl Marx, apesar da aversão às suas doutrinas, ao mesmo 15 tempo, em que discordava de Keynes e David Ricardo. As grandes contribuições de Schumpeter foram as seguintes:

O Empreendedor é o revolucionário da Economia: Atribuiu um papel fundamental ao empreendedor como o agente fomentador do desenvolvimento económico, pois em sua visão, ele é o indivíduo que busca transformar o seu empreendimento em um negócio vitorioso e que a taxa de lucro seria apenas uma consequência deste sucesso;

Inovação: Segundo Schumpeter a inovação é a mola propulsora da actividade empreendedora. Esta inovação difundida por Schumpeter apresentava algumas características dentre as quais: criação de novos produtos, introdução de novos métodos de produção, abertura de novos mercados e descoberta de novas fontes de matérias-primas. Para Schumpeter a decadência da actividade empreendedora e dos processos de inovação poderia levar a queda do sistema capitalista.


Nasceu em Nova York e estudou em Chicago e Colômbia. Foi agraciado com o Nobel de Economia em 1976. Era adepto do liberalismo económico, mas as suas principais contribuições foram sobre a importância do papel da moeda na economia, com destaque para o seguinte preceito:

A Inflação e a recessão são fenómenos monetários: Quando a massa monetária supera a capacidade produtiva da economia, esse fenómeno irá gerar inflação; ao contrário, quando a disponibilidade de moeda for inferior a capacidade produtiva, a economia entrará em recessão[4].



A partir dos anos 1970, a teoria económica veio apresentando algumas transformações, após as duas crises do petróleo. Três características marcam esse período: uma consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teoria; avanço no conteúdo empírico da economia; e o desenvolvimento da informática, que permitiu um processamento de informações em volume e precisão sem precedentes.

O desenvolvimento da informática permitiu um processamento de informações em volume e precisão sem precedentes. A Teoria Económica passou a ter um conteúdo empírico que lhe conferiu uma aplicação prática maior. Por um lado, isso permite um aprimoramento constante da teoria existente; por outro, abre novas frentes importantes. Todo o corpo teórico da economia avançou consideravelmente.

Actualmente a análise económica engloba quase todos os aspectos da vida humana, sendo que o impacto desses estudos na melhoria do padrão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. O controlo e o planeamento macroeconómico nos permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas flutuações desnecessárias.

Hoje, a teoria económica caminha em muitas direcções, a exemplo da área de finanças empresariais, que era basicamente descritiva, com um baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas técnicas, econometrias, conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o comportamento dos agentes económicos revolucionou a teoria de finanças e essa revolução se fez sentir também nos mercados financeiros, com a explosão recente dos chamados mercados futuros e de derivativos.





Desde os primórdios, a Economia enquanto actividade, vem se adequando às circunstâncias. Durante a idade média, o Feudalismo com o seu método de produção comunitário foi a lógica por muitos séculos. Posteriormente na idade moderna os modelos mercantilistas e fisiocratas prevaleceram, sendo que, este enfatizava a produção agrícola, e, aquele, o comércio internacional.

Entre o século XVIII e inicio do século XX a teoria económica clássica ditou os rumos do processo produtivo, enfocando que o sucesso económico de uma nação estava pautado nos princípios da livre concorrência, tendo neste período, os seus dogmas questionados por Karl Marx que profetizou a derrocada dos preceitos capitalistas da teoria clássica. Com a crise de 1929, a teoria económica convencional foi renovada por Jonh Maynard Keynes, que propôs um papel mais activo do estado no processo económico. Outros economistas importantes como Schumpeter, que avaliou o papel do empreendedor e da inovação, e Friedman, que abordou sobre o controle monetário como variável fundamental para o bom funcionamento da economia, foram fundamentais para compreensão dos fenómenos económicos.

Por fim, há de se destacar que a economia é uma ciência mutável, pois inicialmente se preocupava com as questões domésticas. Com o passar do tempo o foco estava no processo de produção e distribuição de bens e, actualmente, se preocupa com o emprego eficaz dos recursos, que são escassos. Portanto, a economia como ciência social, se fundamenta no dinamismo das actividades económicas, e, como em um processo de “selecção natural”, se adequa às circunstâncias, com vistas a atender as necessidades humanas, que é a sua própria razão de existir.





ARAÚJO. C.R.V. História do Pensamento Económico: uma abordagem introdutória. S. Paulo, 2001.

BREU, Stanley. L. História do Pensamento Económico. 6 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2005.

DOBB, Maurice. Evolução do Capitalismo. 9 ed. Rio de Janeiro : Zahar Ed., 1983.

DROUIN. Jean. Claude. Os Grandes Economistas. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

HUNT. E.K. História do Pensamento Económico. Editora Campus. Brasília, 1994.

MARTINS. Carlos Roberto. Princípios de Economia. 4 ed. São Paulo: Thomson, 2003.

MARX, Karl. O Capital. Crítica a Economia Política. São Paulo: Abril, 1984.

SMITH. Adam. An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Nova York: G.P. 1877.

VASCONCELLOS. Marco António S. e Garcia. Manuel E. Fundamentos de Economia. Ed. Saraiva. Minas Gerais, 2003.




[1] Famílias, Governos e Empresas são os entes que interagem de forma pecuniária em um sistema económico.
[2] Terras outorgadas a um vassalo por um suserano.
[3] Religião que segue os dogmas da realeza inglesa.
[4] Retracção da Actividade Económica

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