INSTITUTO
SUPERIOR POLITÉCNICO INTERCONTINENTAL DE LUANDA
DEPARTAMENTO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA
EM ENFERMAGEM
HISTÓRIA EPISTEMOLOGIA DE ENFERMAGEM
TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE
WANDA HORTA E DO AUTO-CUIDADO DE DOROTHEA OREM
LUANDA
2018
INSTITUTO
SUPERIOR POLITÉCNICO INTERCONTINENTAL DE LUANDA
DEPARTAMENTO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA
EM ENFERMAGEM
HISTÓRIA EPISTEMOLOGIA DE ENFERMAGEM
TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE
WANDA HORTA E DO AUTO-CUIDADO DE DOROTHEA OREM
INTEGRANTES:
1. Delma Seke António
2. Dionisia Fernando
3. Dionísio Hossi
4. Edvandra Loide da Conceição
5. Elizabeth Vemba
6. Elton Pedro
7. Esperança António
Trabalho
de pesquisa bibliográfica apresentado no curso de enfermagem na disciplina de
História Epistemologia de Enfermagem, como requisito parcial para obtenção de
notas.
A Professora:
Tamara Calisto
Grupo: 02
Turma: ENFM1
Período: manhã
Sala: 11
Ano académico: 1º
LUANDA
2018
SUMÁRIO
Este trabalho visa, primeiramente,
apresentar de forma sucinta o resultado da leitura e discussão de material
sobre a Drª. Wanda de Aguiar Horta. A sua preocupação em proporcionar meios
eficientes para a recuperação do paciente, estabeleceu processos educativos
envolvendo profissionais, família, comunidade de forma abrangente e visando com
seus estudos tornar a Enfermagem uma ciência respeitada, conforme veremos mais
adiante. O envolvimento aconteceu profundamente desde o mais básico dos
procedimentos até a elaboração de conceitos merecendo maior destaque a Teoria
das Necessidades Humanas Básicas, constituindo-se assim no objectivo geral
deste trabalho. Será ainda feita uma abordagem sobre a teoria do auto-cuidado segundo
a perspectiva de Dorothea Orem.
2.1
A Wanda Horta defende a Enfermagem como uma
ciência. Uma ciência não é uma mera palavra ou fundamento, ela precisa de um
conjunto de fatos que a façam tornar-se uma verdade. Por consequência, a
ciência terá uma filosofia própria, que a sustente. A filosofia traz a busca
pela verdade, sendo que está em constante movimento, não tendo uma ideia fixa,
um conceito, fazendo pensar sobre o assunto proposto (HORTA, 1979).
Wanda Horta
(1979) observou a falta de sistematização de conhecimentos na Enfermagem o que
a fez criar a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB).
Segundo Horta
apud LEOPARDI (2006, p.191), a teoria foi criada para a prática de Enfermagem:
É
levar o ser humano ao estado de equilíbrio, ou seja, a saúde, pelo atendimento
de suas necessidades básicas, constituídas conceitualmente como problemas de
Enfermagem. O Enfermeiro tem como responsabilidade avaliar as necessidades não
cobertas por acções do próprio paciente, para supri-las com os cuidados
planejados de acordo com o grau de dependência do mesmo.
Horta (1979)
deu origem a sua teoria a partir do embasamento na teoria da Motivação Humana
de Abraham Maslow, que dividiu em cinco níveis: necessidades fisiológicas,
segurança, amor, estima e auto realização. Após Wanda compreender a teoria de
Maslow, desenvolveu a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, fundamentada em
três leis:
a)
Lei do Equilíbrio: todo o universo se mantém por
processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres;
b)
Lei da Adaptação: interacção entre os seres do
universo e seu meio externo, buscando formas de ajustamento para se manterem em
equilíbrio;
c)
Lei do Holismo: o universo é um todo, o ser
humano é um todo, a célula é um todo, esse todo não é mera soma das partes
constituintes de cada ser.
Com o embasamento
das três leis, deu origem aos pressupostos básicos da Teoria das Necessidades
Humanas Básicas:
a)
A Enfermagem respeita e mantém a unicidade,
autenticidade e individualidade do ser humano;
b)
A Enfermagem é prestada ao ser humano e não à
sua doença ou desequilíbrio;
c)
Todo cuidado de Enfermagem é preventivo,
curativo e de reabilitação;
d)
A Enfermagem reconhece o ser humano como membro
de uma família e de uma comunidade;
e)
A Enfermagem reconhece o ser humano como
elemento participante ativo do seu auto-cuidado.
Segundo Horta
(1979), nenhuma ciência pode sobreviver sem filosofia própria e assim tem de
ser a Enfermagem. Filosofia é pensar, interrogar, conhecer e questionar. Neste
caminho do pensar, acaba por surgir à ideia diante do "Ser". O Ser é
um indivíduo que engloba, características, sentimentos, ideais resultando em
uma identidade, ou seja, Ser é existir.
A Filosofia
da Enfermagem traz três Seres: O Ser-Enfermeiro, o Ser-Cliente ou Paciente e o
Ser-Enfermagem (HORTA, 1979).
O
Ser-Enfermeiro é antes de tudo um ser humano com necessidades próprias, sem se
distinguir de outros seres, sendo mais um. Este tem uma habilidade que o torna
único e cria uma identidade, a habilidade de cuidar de outros seres (HORTA,
1979).
O Ser-Cliente
Paciente é um integrante de uma família que se encontra desprovido de cuidado
próprio e necessita de outro Ser para realizar o cuidado (HORTA, 1979).
O
Ser-Enfermagem é a junção do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente/Paciente. O Ser-Enfermeiro
não é um cuidador sem alguém para cuidar, ele precisa da presença de outro Ser
para poder exercer o cuidado, a assistência, o ato de humanizar (HORTA, 1979).
Na prática do Ser-Enfermagem há uma troca mútua de conhecimentos, onde o
Ser-Enfermeiro cuida do Ser-Cliente/Paciente, ocorre uma transferência de vivencia,
de saberes e experiências.
A partir do
momento que aderimos o compromisso de cuidar do Ser-Cliente/Paciente, colocamos
nossa habilidade adquirida durante toda a formação, o que outorgou o direito de
cuidar de gente, gente aquela hospitalizada, necessitando de cuidado e atenção,
gente que cuida de gente, onde o paciente é um Ser-Humano como qualquer
enfermeiro, carregando em sua bagagem mutua de conhecimentos, experiência e
antes de mais nada sua dignidade, desta forma a partir do cuidado do
Ser-Enfermeiro com o Ser-Paciente, existe uma troca de confiança e
transparência, um crescimento pessoal, a cada cuidado prestado reflecte em uma
evolução, agregando no seu Ser.
Desta forma a
Enfermagem é uma filosofia, traz questionamentos, como também uma ciência, com
grande conhecimento e técnicas, sendo assim a Enfermagem não pode prescindir a
filosofia e a ciência, sendo elas que contribuem com seu desenvolvimento e
entendimento.
A teoria de
Horta se fundamenta em uma abordagem humanista e empírica, a partir da teoria
da motivação humana de Maslow. Admite-se o ser humano como parte integrante do
universo e desta integração surgem os estados de equilíbrio e o desequilíbrio
no tempo e no espaço.
O Ser humano: é parte integrante do
universo e, como tal, sujeito a todas as leis que o regem, no tempo e no
espaço. A dinâmica com o universo provoca mudanças que o levam a estados de
equilíbrio e desequilíbrio.
A Enfermagem: É uma ciência aplicada
que visa o reconhecimento do ser humano-cliente, que tem necessidades humanas
básicas.
Saúde-doença: é falta de equilíbrio do
ser humano com o mundo a sua volta; por consequência a saúde é estar em
perfeito equilíbrio com todo o universo.
Em 1991,
Dorothea Orem definiu o auto-cuidado na sua Teoria do Défice do Auto-cuidado de
Enfermagem. Assim, para a teórica, auto-cuidado “é o desempenho ou a prática de
actividades que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a
saúde e o bem-estar.” Este auto-cuidado é universal por abranger todos os
aspectos vivenciais, não se restringindo às actividades de vida diária e às
instrumentais. Orem desenvolveu o seu projecto em três teorias
inter-relacionadas, que são: a Teoria do Auto-cuidado, que descreve o porquê e
como as pessoas cuidam de si próprias; a Teoria do Défice de Auto-cuidado, que
descreve e explica a razão pela qual as pessoas podem ser ajudadas através da
enfermagem; e a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, que descreve e explica as
relações que têm de ser criadas e mantidas para que se produza enfermagem. (Queirós,
2010)
Orem
preconiza seis conceitos centrais e um periférico. Os seis conceitos centrais
são: auto-cuidado, acção de auto-cuidado, deficit de auto-cuidado, demanda terapêutica
de auto-cuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem. O conceito periférico
a autora denominou de factores condicionantes básicos, que é relevante para a compreensão
de sua teoria geral de enfermagem.
Para se
entender a teoria do auto-cuidado é necessário definir os conceitos relacionados,
como os de auto-cuidado, acção de auto-cuidado, factores condicionantes básicos
e demanda terapêutica de auto-cuidado. Auto-cuidado é a actividade que os
indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar.
Acção de auto-cuidado
é a capacidade do homem engajar-se no auto-cuidado. Factores condicionantes
básicos são idade, o sexo, o estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a
orientação sócio-cultural e os factores do sistema de atendimento de saúde.
Na teoria do auto-cuidado
incorpora-se o conceito dos requisitos de auto-cuidado: universais,
desenvolvimentais e desvio de saúde. Os requisitos universais são comuns aos
seres humanos, auxiliando-os em seu funcionamento, estão associados com os
processos da vida e com a manutenção da integridade da estrutura e do
funcionamento humano.
Os requisitos
desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças que
surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem quando
o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação.
Os requisitos
para o auto-cuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência
médica adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados de
condições e estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e
conscientização de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do auto-conceito
(e da auto-imagem) na aceitação de si como estando num estado especial de
saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados patológicos,
bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos médicos, num
estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo.
Os requisitos
de auto-cuidado são: manutenção e ingesta suficiente de ar, água e alimento; a
provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de um equilíbrio
entre actividade e descanso, entre solidão e interacção social; a prevenção de
riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção do funcionamento
e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o potencial humano, limitações
humanas conhecidas e o desejo de ser normal.
O deficit de auto-cuidado
ocorre quando o ser humano se acha limitado para prover auto-cuidado
sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem. Constitui a essência da
teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita apontar a necessidade de
enfermagem.
Justifica-se
quando o indivíduo acha-se incapacitado ou limitado para prover auto-cuidado
contínuo e eficaz. A teorista identifica cinco métodos de ajuda, no deficit de auto-cuidado:
Agir ou fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente),
proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se
tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou actuais de acção, ensinar o
outro.
Dividida em
sistema totalmente compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de
si mesmo, e a enfermeira o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele.
Sistema parcialmente compensatório, quando a enfermeira e o indivíduo
participam na realização de acções terapêuticas de auto-cuidado. O sistema de
apoio-educação é quando o indivíduo necessita de assistência na forma de apoio,
orientação e ensinamento.
A enfermeira
é uma profissional treinada e experiente que pode proporcionar cuidados de
enfermagem para pessoas que necessitam de cuidados especiais beneficiando-as.
Os quatro
principais conceitos dessa teoria são: ser humano, saúde, sociedade e
enfermagem em seu trabalho. O ser humano se diferencia dos outros seres vivos
porque tem a capacidade de reflectir sobre si mesmo e o ambiente que o cerca.
Quanto ao
conceito de saúde, sustenta a definição da Organização Mundial de Saúde, como
estado mental e social e não apenas a ausência de doença ou da enfermidade.
A saúde tem
por base a prevenção da saúde incluindo a promoção e manutenção da saúde, o
tratamento da doença e prevenção de complicações. Ou seja, a prevenção
primária, a secundária e terciária, respectivamente. No seu conceito de
sociedade, destaca que actualmente acredita-se que as pessoas adultas sejam responsáveis
por si e pelo bem-estar de seus dependentes.
Na enfermagem
em seu trabalho, a enfermeira é a profissional que poderá ajudar o indivíduo,
promovendo interacção mútua através da consulta de enfermagem, abordagem com a
família envolvendo-a no tratamento, reuniões de grupos, orientando-os e
levando-os a aprenderem como realizar práticas de auto-cuidado.
A teoria
geral de Orem proporciona a visão do fenómeno da enfermagem permitindo que a
enfermeira juntamente com o indivíduo implementem acções de auto-cuidado
adaptadas de acordo com as suas necessidades de maneira que a relação de ajuda
se expresse no diálogo aberto e promova o exercício do auto-cuidado.
Partindo-se
da aceitação do conceito de enfermagem proposto por Wanda Horta, que traduz os
princípios que norteiam sua teoria, e após a análise de cada um deles, pode-se
concluir que, a intervenção de enfermagem baseada nas necessidades humanas
básicas afectadas do ser humano, levam em conta cada um dos princípios e que
estes centralizam-se no de que "todo cuidado de enfermagem é preventivo,
curativo e de reabilitação", sendo que os cinco princípios propostos pela
teoria guardam estreita relação entre si.
Quanto ao
auto-cuidado, podemos concluir que, as teorias existem para a promoção de
mudança na prática profissional, possibilitam criar novas pesquisas para serem
aplicadas na prática e remodelar as estruturas de regras e princípios. O
trabalho de Orem tem contribuído para o aprendizado do auto-cuidado na prática
de enfermagem. Entretanto, a enfermeira deve reflectir juntamente com a cliente
qual o seu papel no processo do auto-cuidado na tentativa de não direccionar a
prática sem a participação desta. Deve reforçar ainda seu engajamento no planeamento
da assistência de enfermagem, considerando-a como um ser com capacidade
criativa e reflexiva que pode optar e decidir o que é melhor para si.
HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de enfermagem. 13. ed. São Paulo: EPU, 1979.
LEOPARDI, M. T. Teoria e método em assistência em enfermagem. 2. ed. Florianópolis:
Soldasoft, 2006.
MELEIS, Aíàf Ibrahim. Testes
de teorias de enfermagem: processos conceituais e empíricos. In: Simpósio
Brasileiro de Teorias de Enfermagem. Florianópolis, 1985. Anais .
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina 1985. p. 317-340.
Queirós, P. J. (2010). Autocuidado, transições e bem-estar. Revista de
Investigação em Enfermagem. 21. 5 – 7.
Orem, D. E. (2001).
Nursing: Concepts of practice (6th ed.). St. Louis, MO: Mosby.