ÍNDICE
A filosofia africana é aquela que envolve temas africanos
(tais como percepções distintamente africanas, personalidade etc.) ou utiliza
métodos que são distintamente africanos.
A filosofia africana é qualquer filosofia praticada por
africanos ou pessoas de origem africana, ou outros envolvidos no campo de
filosofia africana.
Filosofia africana é usada de diferentes maneiras por
diferentes filósofos. Embora africanos filósofos gastam seu tempo fazendo o
trabalho nas mais diversas áreas, tais como a metafísica, epistemologia,
filosofia moral e filosofia política, uma grande parte da literatura é retomada
com um debate sobre a natureza da filosofia Africano si mesmo e se ele de fato
existe.
Filosofia é essencialmente uma actividade reflexiva.
Filosofar é reflectir sobre a experiência humana para responder algumas
questões fundamentais a seu respeito. Quando o ser humano reflecte buscando a
si mesmo ou o mundo que o cerca, ele está tomado pelo “espanto” e essas
questões fundamentais surgem na sua mente.
Platão tem o mesmo ponto de vista na República quando diz
que não há outro ponto de partida para filosofia que este, o “espanto”.
Portanto, o primeiro passo para a actividade filosófica é o “espanto” que
acompanha a experiência humana consigo e com o mundo ao seu redor. Este espanto
abre caminho para algumas questões fundamentais, eis o segundo passo.
O terceiro passo é tomado quando o ser humano começa a
reflectir sobre estas questões fundamentais na busca de respostas. Neste
estágio, o homem em questão está filosofando, se ele registar suas reflexões
temos por escrito um trabalho filosófico.
A filosofia pode partir de aspectos da subjectividade ou
de aspectos da objectividade. Os primeiros filósofos gregos partiram da
objectividade. Afinal, eles foram impactados pelo “espanto” enquanto observavam
o mundo ao seu redor. Eles ficaram espantados e interessados por duas coisas.
Primeiro, eles estavam muito impressionados com a
diversidade e a unidade presentes no universo. Eles observaram que as coisas ao
seu redor eram incrivelmente diversas; mas, ao mesmo tempo eles também
observaram que existia uma unidade básica no interior de toda essa diversidade.
Segundo, eles estavam maravilhados pelo fato das coisas
se transformarem no mundo. Eles anunciaram que as coisas estão constantemente
se transformando; mas, ao mesmo tempo eles observaram que existia uma continuidade
básica no meio dessas mudanças. Daí, eles observaram que o universo combinava
unidade com diversidade e continuidade com mudanças. Este foi o fenómeno
estabelecido pelos primeiros filósofos gregos como objecto de investigação.
Portanto, as maravilhas do universo físico levaram os primeiros filósofos
gregos à filosofar. De fato, fenómenos como a imensidão do espaço, a imensidão
do universo, a incrível variabilidade das coisas, a ideia de tempo, a
ininterrupta transformação do mundo ao nosso redor, a continuidade presente
nessas mudanças, a unidade básica no meio da diversidade, as estações do ano,
os corpos celestes e seus movimentos circulares, o céu estrelado, o sol, a lua,
etc., têm motivado profundas reflexões filosóficas sobre o mundo.
Infelizmente, devido a ausência de registos escritos nos
últimos tempos, as reflexões filosóficas de pensadores africanos não têm sido
preservadas efectivamente.
De fato as reflexões filosóficas de pensadores africanos
não foram preservadas ou transmitidas através de relatos escritos; a verdade é
que esses filósofos permanecem desconhecidos para nós.
Porém, isso não significa que eles não tenham existido;
nós temos fragmentos de suas reflexões filosóficas e suas perspectivas foram
preservadas e transmitidas por meio de outros registos escritos como mitos,
aforismos, máximas de sabedoria, provérbios tradicionais, contos e,
especialmente, através da religião.
Isto quer dizer que apresentado na forma escrita, o
pensamento pode ser entendido como um sistema, não somente como um conhecimento
transmitido de uma geração para outra. Além das mitologias, máximas de sabedoria
e visões de mundo, o conhecimento pode ser preservado e reconhecido na organização
político-social elaborada por um povo. São esses os meios através do qual as
reflexões e perspectivas dos filósofos africanos têm sido preservadas e
transmitidas para nós na África.
Portanto, estas reflexões e pontos de vista têm
transformado, ao longo dos anos durante o processo de transmissão, parte do
modo de vida africano, da cultura e património africanos. Porém, os autores de
perspectivas originais e individuais permanecem desconhecidos para nós. Ainda
que nós saibamos que essas perspectivas têm sido fruto de profundas e
interessantes reflexões de alguns pensadores africanos no passado.
Onde há fumaça, deve existir fogo. Mesmo quando o fogo
não pode ser visto. Os fragmentos das reflexões filosóficas, ideias e visões de
mundo transmitidas para nós por intermédio de aforismos, máximas de sabedoria,
através de provérbios, contos, organizações político-sociais, por meio de
doutrinas e práticas religiosas não podem vir do nada. Eles são evidências de
profundas reflexões filosóficas de alguns talentosos pensadores que eram
filósofos africanos no passado, os africanos contemporâneos de Sócrates,
Platão, Aristóteles, Kant, Hegel etc.
Nós sabemos que não há algo como consciência colectiva ou
consciência comunitária no sentido estrito do termo. Por consciência entendemos
sempre uma consciência individual e pensamentos sempre são de indivíduos. A
expressão “pensamento colectivo” não pode significar outra coisa além de
pensamento de indivíduos numa comunidade.
A filosofia tradicional africana surgiu a partir de
pensadores individuais, filósofos que reflectiram sobre questões fundamentais
que surgiram da experiência humana. Professor Wiredu diz que elas são
propriedades de todos; mas, isso não que elas foram produzidas por todos.
Pensamentos e ideias transmitidos por pensadores eventualmente se transformam
em propriedade comum. Mas, isto não significa que esses pensamentos não tenham
sido elaborados por autores individuais.
A filosofia africana não deve ficar restrita à filosofia
tradicional, devemos incluir filósofos africanos contemporâneos como Kwame
Nkrumah, Leopold S. Senghor, Nyerere e Kwasi Wiredu. Os três primeiros são
pessoas públicas que têm contribuído imensamente com a filosofia política
africana contemporânea, o último nome, Kwasi Wiredu, é um filósofo académico,
professor de filosofia. Sem dúvida, existem outros filósofos em departamentos
de filosofia por toda a África.
A filosofia na África tem uma história rica e variada,
que data do Egito pré-dinástico, continuando até o nascimento do cristianismo e
do islamismo. Sem dúvida, foi fundamental a concepção do "Ma'at", que
traduzido, significa aproximadamente "justiça", "verdade",
ou simplesmente "o que é certo". Uma das maiores obras de filosofia
política foi o Maxims de Ptah-Hotep, que foi empregado nas escolas egípcias
durante séculos.
Filósofos egípcios antigos deram contribuições
extremamente importantes para a filosofia helenística, filosofia cristã e
filosofia islâmica.Na tradição helênica, a influente escola filosófica do
neoplatonismo foi fundada pelo filósofo egípcio Plotino, no terceiro século da
era cristã.
Na tradição cristã, Agostinho de Hipona foi uma pedra angular
da filosofia e da teologia cristã. Ele viveu entre os anos 354 a 430, e
escreveu a sua obra mais conhecida "Cidade de Deus", em Hipona,
actual cidade argelina de Annaba. Ele desafiou uma série de ideias de sua idade
incluindo o arianismo, e estabeleceu as noções básicas do pecado original e da
graça divina na filosofia e na teologia cristã.
Na tradição islâmica, Ibn Bajjah filosofou junto com
linhas neoplatônicas no século XII. O sentido da vida humana, de acordo com
Bajjah, era a busca da felicidade, e essa felicidade verdadeira só é atingida
através da razão e da filosofia, até mesmo transcendendo os limites da religião
organizada.
Ibn Rush filosofou segundo as linhas aristotélicas,
estabelecendo a escolástica do Averroísmo. Notavelmente, ele argumentou que não
haviam conflitos entre a religião e a filosofia, uma vez que existem diversos
caminhos para Deus, todas igualmente válidas, e que o filósofo está livre para
tomar o caminho da razão, enquanto as pessoas comuns só eram capazes de tomar o
caminho dos ensinamentos repassados a eles.
Ibn Sab'in discorda dessa ideia, alegando que os métodos
da filosofia aristotélica eram inúteis na tentativa de entender o universo,
porque elas não reflectem a unidade básica com Deus e consigo mesma, de modo que
o verdadeiro entendimento necessário requer métodos diferentes de raciocínio.
Houve também filosofia pré-modernista na África
Subsaariana. O ganês Anton Wilhelm Amo é um importante representante. Ele foi
levado pela Companhia das Índias Orientais para a Europa, onde adquiriu
diplomas nas áreas da medicina e da filosofia, chegando a leccionar na
Universidade de Jena.
Em termos de filosofia política, a independência da
Etiópia e o exercício da independência dos nativos africanos frente ao
colonialismo europeu serviram como gritos de guerra no final do século XIX e
início do século XX, e foram determinantes para os movimentos de independência
de grande parte dos países africanos durante o século XX.
O filósofo queniano Henry Odera Oruka distinguiu o que
ele chama de quatro tendências na filosofia africana moderna: etnofilosofia,
sagacidade filosófica, filosofia ideológica nacionalista e filosofia
profissional.
Mais tarde, Oruka adicionaria mais duas categorias: a
filosofia literária/artística, que teve representantes como Ngugi wa Thiongo,
Wole Soyinka, Chinua Achebe, Okot p'Bitek, e Taban Lo Liyong; e a filosofia
hermenêutica.
Maulana Karenga é um dos principais filósofos. Ele
escreveu um livro de 803 páginas intitulado "Maat, o ideal moral no Egito
Antigo".
As principais correntes da filosofia africana são:
Panafricanismo, negritude, etnofilosofia, filosofia da libertação.
O pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de
todos os povos de África como forma de potenciar a voz do continente no
contexto internacional. Relativamente popular entre as elites africanas ao
longo das lutas pela independência da segunda metade do século XX, em parte
responsável pelo surgimento da Organização de Unidade Africana, o
pan-africanismo tem sido mais defendido fora de África, entre os descendentes
dos escravos africanos que foram levados para as Américas até ao século XIX e
dos emigrantes mais recentes.
Eles propunham a unidade política de toda a África e o
reagrupamento das diferentes etnias, divididas pelas imposições dos
colonizadores. Valorizavam a realização de cultos aos ancestrais e defendiam a
ampliação do uso das línguas e dialectos africanos, proibidos ou limitados
pelos europeus.
A teoria pan-africanista foi desenvolvida principalmente
pelos africanos na diáspora americana descendentes de africanos escravizados e
pessoas nascidas na África a partir de meados do século XX como William Edward
Burghardt Du Bois e Marcus Mosiah Garvey, entre outros, e posteriormente levados
para a arena política por africanos como Kwame Nkrumah. No Brasil foi divulgada
amplamente por Abdias Nascimento.
Normalmente se consideram Henry Sylvester Williams e o
Dr. William Edward Burghardt Du Bois como os pais da Pan-Africanismo. No
entanto, este movimento social, com várias vertentes, que têm uma história que
remonta ao início do século XIX. O Pan-Africanismo tem influenciado a África a
ponto de alterar radicalmente a sua paisagem política e ser decisiva para a
independência dos países africanos. Ainda assim, o movimento tem conseguido
dois dos seus principais objectivos, a unidade espiritual e política da África,
sob o pretexto de um Estado único, e pela capacidade de criar condições de
prosperidade para todos os africanos.
Negritude, foi o nome dado a uma corrente
literária que agregou escritores negros francófonos e também uma ideologia de
valorização da cultura negra em países africanos ou com populações
afro-descendentes expressivas que foram vítimas da opressão colonialista.
Considera-se geralmente que foi René Maran, autor de
Batouala, o precursor da negritude. Todavia, foi Aimé Césaire quem criou o
termo em 1935, no número 3 da revista L'étudiant noir ("O estudante
negro").
O termo etnofilosofia tem sido usado para designar as
crenças encontradas nas culturas africanas. Tal abordagem trata a filosofia
africana como consistindo em um conjunto de crenças, valores e pressupostos que
estão implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana e como
tal, é visto como um item de propriedade comum. Um dos defensores desta proposta
é Placide Tempels, que argumenta em filosofia bantu que a metafísica do povo
Bantu são reflectidas em suas linguagens. Segundo essa visão, a filosofia
africana pode ser melhor compreendido como surgindo a partir dos pressupostos
fundamentais sobre a realidade reflectida nas línguas da África.
A Filosofia da Libertação é uma Filosofia
Latino-americana que nasceu como movimento filosófico na América Latina, inclusive
foi o primeiro movimento que problematizou a possibilidade de uma Filosofia
Latino-Americana e por isso, há uma discussão se a Filosofia Latino-Americana
só o é, se Filosofia da Libertação.
O Movimento se mostra, notadamente entre os anos 1960 e
1970 (há controvérsias sobre a data), nasce como correlato filosófico da
Teologia da Libertação, Pedagogia do Oprimido, Psicologia da Libertação,
Sociologia da Libertação, Direito da Libertação (Direito Alternativo),
Antropologia da Libertação, Economia da Libertação...
Tem como um de seus momentos marcantes a publicação em
1968 da obra Existe uma filosofia da nossa América, pelo peruano Augusto
Salazar-Bondy. Em seu texto (não traduzido para o português), o autor faz um
apanhado histórico e defende uma tese que afirma a inexistência de uma
filosofia propriamente latino-americana. Em resposta, o mexicano Leopoldo Zea
publica, em 1969,
O autor mais destacado desta corrente filosófica é
indubitavelmente Enrique Dussel, filósofo argentino naturalizado mexicano e
autor de uma vasta obra que partiu, nos anos 1970, de uma transição da teologia
para a filosofia da libertação, chegando actualmente a sua obra mais madura no
campo da Ética e da Filosofia Política.
Ao realizar este trabalho, fiquei a saber melhor sobre a
filosofia africana e suas principais correntes. Filosofia africana é usada de
diferentes maneiras por diferentes filósofos.
Infelizmente, devido a ausência de registos escritos nos
últimos tempos, as reflexões filosóficas de pensadores africanos não têm sido
preservadas efectivamente.
KIZERBO,
Joseph.– Introdução: As tarefas da História na África. In: História da África
Negra – Volume 1, Portugal: Biblioteca Universitária – Publicações Europa-América,
2009.
HEGEL
(G.W.F.), La philosophie de l´histoire, Paris, Le Livre de Poche, 2009. (Versão
Traduzida em português).
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Philosophy and an African Culture, Cambridge University Press, 1980.
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Bertrand
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MANCE,
Euclides André. As Filosofias e a Temática de Libertação – IFIL- Instituto de
Filosofia da Libertação - Uma Introdução Conceitual às Filosofia da Libertação.
Curitiba, IFIL - Revista de Filosofia – Ano I, Nº 1, 2000.
trabalho bem revisado
ResponderExcluirTens sido uma grande ajuda na elaboração dos meus trabalhos.
ResponderExcluirObrigado
Óptima ajuda, pois tem sido grande ajuda na elaboração dos meus trabalhos, e acredito que não só para mim, mas sim para muitos.
ResponderExcluirO trabalho foi bem feito, gostei de facto...
ResponderExcluirAjudou bastante
ResponderExcluirsegunda 09/09/2019
ResponderExcluirporque não pode ser copiado
ResponderExcluirporque não pode ser copiado
ResponderExcluirporque não pode ser copiado
ResponderExcluirporque não pode ser copiado
ResponderExcluirO trabalho está muito bem feito. Numa leitura bem atenta aprendi muito no que diz respeito à Filosofia africana.
ResponderExcluirNa verdade o trabalho foi exelente
ResponderExcluirEsta bem explicito me ajudou muito
ResponderExcluirObrigado pela obra,ajudou-me bastante e continuem assim.
ResponderExcluirObrigado
ResponderExcluirGrata pelo trabalho facilitou muito á minha percepção
ResponderExcluirTrabalho bem elaborado facilitou a percepção de muitos de nós
ResponderExcluirGostei bastante,bom trabalho
ResponderExcluirMuito rico em conteúdo, gostei de ver e aprender
ResponderExcluir