INTRODUÇÃO
ÓSCAR Bento RIBAS nasceu em Luanda, 17 de
Agosto de 1909 - 19 de Junho de 2004. É filho de Arnaldo Gonçalves Ribas,
natural de Guarda-Portugal, e de Maria da Conceição Bento Faria, natural de
Luanda-Angola. Após ter concluído os estudos primários em Luanda, frequenta
então o Seminário e conclui o 5º ano no Liceu Salvador Correia de Luanda. Após
uma estada em Portugal onde frequenta um curso comercial, empregar-se na
Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade de Luanda.
Viveu em Novo Redondo, actual Sumbe, e
Benguela, Ndalantando e Bié. Considerado fundador da ficção literária, Óscar
Ribas iniciou a sua actividade literária ainda estudante do Liceu.
Dentro de todos os aspectos tende-se em
analisar generalidades descritas no estudo da obra do autor Óscar Ribas Ilundo
- Espírito e Ritos de Angola.
RESUMO
ILUNDO - ESPÍRITO E RITOS DE ANGOLA
VIDA
E OBRAS DE ÓSCAR R1BAS
Como dissemos anteriormente, Óscar Ribas
nasceu a 17 de Agosto de 1909, em Luanda. Filho de pai português, Arnaldo
Gonçalves Ríbas, e de mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria.
Cedo nasceu-lhe o bicho da escrita criativa,
ainda adolescente, - conforme ele conta ao investigador francês Michel Laban:
"Desde muito novo senti em mim o prurido de escrever, mas desde muito novo
mesmo( ... ) talvez (pelos meus) catorze anos( ... ). E depois, comecei a
escrever os meus primeiros trabalhos literários - considero-os como voos - são
uns ensaios, uns voos literários: um livrinho - o primeiro - "Nuvens que
passam", uma coisinha pequena, tinha talvez dezoito anos".
Fez os estudos primários, secundários e
liceiais em Luanda, onde conclui o 5º ano no Liceu Salvador Correia, depois de
ter frequentado o liceu-seminário durante dois anos.
" Quando fui para o Liceu Salvador
Correia- recorda- tinha já concluído o segundo ano das cadeiras de francês e
inglês, que eram do seminário. Aí as lições eram diárias. Eram duas horas por
dia. Fiquei com grandes conhecimentos. Eu com , o segundo ano do Seminário, de
francês, sabia tanto como um aluno do sétimo ano de Liceu".
Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte
para terra natal do seu progenitor, Guarda, Portugal, em companhia dos pais,
onde estuda aritmética comercial. De regresso a Angola ingressa para o
funcionalismo público, trabalhando na Fazenda. Onde acaba por largar o emprego,
em virtude do pai ter sido colocado em Novo Redondo, actual Sumbe, província do
Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é novamente transferido para Benguela. Óscar Ribas
acompanha a família para as terras das "acácias rubras",
integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e apre(
e)ndendo a realidade( cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas.
Aos 36 anos, o decano dos escritores
angolanos, perde a visão, passando o seu irmão a registar para o papel aquilo
que ele ditava.
Do reviver da experiência benguelense, onde o
convívio com os diversos extractos sociais, particularmente gente menos
favoreci da nasce "Ecos da minha terra - dramas angolanos", em 1952.
Da vivência no planalto de Benguela conta em entrevista a Michel Laban: "
... Lavadeiras, cozinheiras, criados ... E lá estava eu a dançar com eles. Isto
tudo fez-me bem porque contactei directamente, não me afastei. Enfim
gostava". De resto, vívência com gente humilde, depositários fiéis dos
"usos e costumes" do seu povo que animavam o seu projecto estético-
literário, o que só viria a ser vantajosa para a sua actividade de escritor, de
recolha etnográfica e de recriação do imaginário angolano, particularmente da
região kimbundu - sua zona de origem. Além do título acima referenciado consta
da bibliografia do autor: "Nuvens que passam(novela), 1927, "Resgate
duma falta”{novela], 1929, "Flores e espinhos. Lirismo, ensaios e
contos" (1948.esgotado), "Uanga"(romance,1951), "Missosso-
Literatura Tradicional Angolana", 3 tomos, primeira edição 1961.
"Sunguilando. Contos tradicionais", 1 ª edição, 1967,
"Alimentação regional angolana, lª ed. 1974, Izomba. "Tudo isso
aconteceu. Romance auto-biográfico" (1975), "Cultuando as musas (poesia),
1995, e "Dicionário de regionalismos angolanos", 1997.
O falecido professor Manuel Ferreira, um dos
mais destacados divulgadores das literaturas africanas de língua portuguesa, na
sua obra "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa" (Ática,
1987) teceu os seguintes comentários:
"A sua longa carreira de escritor, veio
a bipartir-se na investigação etnográfica ou etnológica, que é das mais
fecundas de Angola, e na ficção. ( ... ) Acontece, porém, que toda a sua obra
romanesca é repassada pela intervenção de etnógrafo, facto que, do ponto de
vista das exigências da estrutura literária, não favorece muitos dos seus
textos ficcionais dada a marcada e persistente intenção de explicar,
antropologicamente, determinados tipos de comportamento social, de carácter
profano ou mítico. Seja como for, a sua obra literária, como Uanga, não deve
ser ignorada. E bem destacada deverá ser ainda a sua obra de etnólogo, exemplo,
e bem rico, para o conhecimento do angolano que sofreu a assimilação ou a
aculturação".
Ainda a propósito da sua obra de escritor e
etnográfo, o professor Pires Laranjeira escreve: "Óscar Ribas( ... ) é um
narrador que se apropriou das tradições orais em quimbundu, e também da
sociedade crioulizante, sobretudo da região de Luanda, e as transformou em
histórias(contos, romance) com sabor etnográfico, permanecendo como um
documentalista dos dramas angolanos da gente negra, ao modo dos primeiros livros
de Castro Sorornenho". Pires Larangeira sublinha ainda que" Cordeiro
da Mata, Óscar Ribas, Geraldo Bessa Victor e Castro Soromenho dedicaram-se a
estudar e recolher elementos do saber africano das regiões que melhor
conheceram. ( ... ) O Óscar Ribas permaneceu como um 'documentador de tradições
minguantes', optando por um estilo popular, bastante oralizado, como que tocado
pela imperfeição, na linha de António de Assis Júnior e, depois da
independência, de Uanhenga Xitu, que se opõe. de certo modo, ao conceito de
literatura de tradição escrita ocidental. O narrador é sempre um documentador
que conhece bem o que relata, mas que se sente algo distanciado das tradições
residuais ou dos atavismos que observa e transmite."
O poeta e ensaísta angolano Mário António(1932-1989)
escrevia em 1968: "Óscar Ribas apareceu nas letras angolanas numa fase
marasmática correspondente à liquidação de uma tradição local de actividade
intelectual, recordada com saudade. O surto literário, com projecção no meio
dos "filhos do país", vindo da segunda metade do século XIX, tivera
seu último qualificativo representante em António Assis Júnior o escritor
angolano surge como um elo necessário entre essa tradição em perigo de se
obliterar e os anseios de afirmação literária das gerações mais novas da sua
terra. Esta é a primeira justificação do lugar que por direito, Óscar Ribas
adquiriu na literatura angolana".
Numa clara alusão à sua condição de invisual,
Mário António destaca: "( ... ) Óscar Ribas realiza - talvez pela contingência
da dura adversidade da sua vida - essa meta de toda a actividade literária: a
profissionalização do escritor".
Referindo-se propriamente à sua obra, o
ensaísta sublinha que" os diálogos dos seus contos baseados na tradição
popular - particularmente de “A praga", por sinal galardoado, em momento
de felicidade judicativa, num concurso de literatura africana realizado na
Inglaterra - são sem dúvida, no conjunto das literaturas africanas expressas em
idiomas europeus, o caso mais espantoso de preservação, através do veículo
literário escolhido, da carga psicológica, do carácter vital próprio de uma
cultura e de um modo de ser. Essas páginas devem ser consideradas como um guia
por quantos se queiram aproximar da expressão literária do Homem Negro",
CRONOLOGIA
DE SUAS OBRAS
As suas primeiras publicações são duas novelas:
Nuvens que passam
em 1927 Resgate de uma falta em 1929.
Em 1950 pública: Flores e espinhos Uanga e em 1952 Ecos
da minha terra.
Em toda a produção
literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma propensão pouco comum
entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores. Revela-se
profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião
tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu. Destas preocupações
resultam a sua bibliografia dos anos 60:
• Ilundo
- Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975);
• Missosso
3 volumes (1961,1962,1964);
• Alimentação
regional angolana (1965);
• Izomba
- Assocíatívismo e recreio (1965);
• Sunguilando
- Contos tradicionais angolanos (1967,1989)
• Kilandukiiu
- Contos e instantâneos (1973);
• Tudo
isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975);
• Cultuando
as musas - poesia (1992);
• Dicionário
de Regionalismos angolanos.
Õscar Ribas foi por
diversas vezes distinguido com prémios e títulos
honoríficos:
• Prémio
Margaret Wrong (1952),
• Prémio
de Etnografia do Instituto de Angola (1959),
• Prémio
Monsenhor Alves da Cunha (1964).
Quanto
a títulos, com que foi agraciado:
• Membro
titular da Sociedade brasileira de Folk-lore (1954),
• Oficial
da Ordem do Infante do governo português (1962),
• Medalha
Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968),
• Diploma
de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura ( 1989).
RESENHA
DA OBRA
Título: Ilundo
Subtitulo: Espiritos e Ritos Angolanos
Obra Publicada com base na edição de 1989
Deposito legal: 4711/2009 em Lisboa
Nesta obra Ilundo que é uma palavra da língua
Kírnbundo, que significa montanha. A obra foi dividida em cinco partes.
1ª
Parte é a
dedicatória, na qual ele tratou do passamento físico da sua esposa.
2ª
Parte os
esclarecimentos ou introdução; onde o autor tratou da religião tradicional
angolana. Sintetizou os privilégios dos quatro sacerdotes, que o mais poderoso
era o Quimbanda que não se limitava em adivinhar e curar, também se, alargava
ao domínio de os resultados e era altamente considerado o seu tempo.
Quimbanda significa, médico tradicional,
homem que tem por objectivo promover o bem; segundo essa obra. Ao passo em que
o feiticeiro, por natureza do seu carácter exclusivamente se consagrar a
destruir a felicidade alheia. Nesta obra, o autor diz ainda que nem todo
quimbanda aceita matar sobretudo injustamente.
Nesta obra predomina o género literário narrativa.
Digo assim porque a página 41 e 50 dessa mesma obra, ele descreve a diferença
entre quimbanda com o feiticeiro. O narrador intromete-se na narrativa, dá
opiniões e exprime estado de alma. Está envolvido dentro da história a emoção,
aparece ao longo do discurso.
Na
3ª Unidade
Iniciação do Xingulador. Pg 52. O autor
tratou dos rituais de evocação de espíritos denominada dissaquela na Língua
Kímbundo, A afeição de alma de parente que fora vítima de crime originalmente
designada por Mukua- Kítuxí ou pessoa de geração que se dedicava a compra e
venda de escravo.
4ª
Unidade
Cerimonialismo do Xinguilador
Ele continua com os contos ou uma narração da
religião tradicional angolana, estabelece a diferença entre os rituais, embora
assente nos mesmos fundamentos nem sempre apresentam a uniformidade quer na
concepção da mesma liturgia, não apenas de região para região mas até de vários
ocultistas. A função expressiva ou a
conotação, atribui as apalavras de sentido não correspondem ao seu significado
real ou ao seu próprio sentido.
RESUMO
DA OBRA
Porque Escreveu o autor?
Segundo o próprio Ribas em meio a esse
significativo manancial cultural dos povos angolanos, se tornava necessário a
obra para de um lado conhecer suas mactrizes orais, mas por outro, era preciso
se afastar dos feiticeiros ou do feitiço do ocultismo; ou de acordo com a sua
visão, Angola, devia deixar de ser uma sociedade negra inculta. Ideia esta
também presente, por exemplo, em seu romance Wanga.
Embora tenha vivido até 2004 Ribas teve sua
escrita, sua forma de pensar marcada principalmente pelos textos históricos; da
primeira metade do século XX. Período em que positivamente o evolucionismo
ainda influenciaram muitas visões e conceitos não só em Angola mas em outras
parte do mundo.
CONCLUSÃO
Com base ao trabalho feito, concluímos que:
Óscar Ribas( ... ) é um narrador que se apropriou das tradições orais em quimbundo,
e também da sociedade crioulizante, sobretudo da região de Luanda, e as
transformou em histórias(contos, romance) com sabor etnográfico, permanecendo
como um documentalista dos dramas angolanos da gente negra, ao modo dos
primeiros livros de Castro Soromenho. Óscar Ribas apareceu nas letras angolanas
numa fase marasmática correspondente à liquidação de uma tradição local de
actividade intelectual, recordada com saudade.
Enfim, importa destacar que o autor tem no
prelo "Temas da vida angolana", "Eu e a minha vida
literária", "Novamente as musas" (poesia), e um outro intitulado
"Contos e outros temas dedicados aos animais.
BIBLIOGRAFIA
─
Livro
de literatura angolana - Bio quem - União dos escritores angolanos.
─
Livro
Ilundo - Espírito e Ritos de Angolano
gostei
ResponderExcluirGostei bastante.
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