INSTITUTO SUPERIOR DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS
RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE MENTAL
MARIA FERNANDA CABRAL PASCOAL
LUANDA
2015
INSTITUTO SUPERIOR DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS
RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE MENTAL
MARIA FERNANDA CABRAL PASCOAL
|
LUANDA
2015
Dedico este projecto à minha família pela fé e confiança
demonstrada, dedico também aos meus amigos pelo apoio incondicional e, de uma
forma geral, aos meus professores pelo simples fato de estarem dispostos a
ensinar, em fim, dedico este projecto à todos que de alguma forma ou outra
tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido.
Agradeço inicialmente a Deus, primeiro pela oportunidade
de ter realizado este trabalho e, segundo, por me tornar capaz de seguir em
frente nesse projecto.
Agradeço também a minha família pelo incentivo e
colaboração, principalmente nos momentos de dificuldade que inevitavelmente
tenho enfrentado.
Agradeço também ao Dr. Samuel Wassuca pela sua capacidade
intelectual e simplicidade, auxiliando-me pela informação passada quanto ao
método de elaboração do presente projecto. Sou-lhe muito grata por este gesto
de carinho e dedicação que, até certo ponto, transformou-me em outra pessoa.
Aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas
difíceis, pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por
estarem comigo nesta caminhada tornando-a mais fácil e agradável, assim como
também divertida no sentido positivo.
A todos que contribuíram directa ou indirectamente, para
que esse objectivo torna-se realidade, o meu mais sincero muito obrigado!
O presente estudo tem como objectivo investigar a saúde
mental no trabalho na contemporaneidade. Pretendemos examinar as diferentes
repercussões psíquicas que o trabalho pode provocar nos sujeitos-trabalhadores
e os possíveis papéis que a Gestão de Pessoas, com suas potencialidades e limitações,
pode assumir neste contexto. Para isso dividimos esta investigação em três
partes. Na primeira parte pretendemos examinar o stress no trabalho, na
segunda parte abordaremos o tema da síndrome de burnout e por fim
investigaremos alguns estudos da Psicopatologia do Trabalho e da Psicodinâmica
do Trabalho.
Palavras-Chaves: Saúde Mental; Trabalho; Stress; Psicopatologia do
Trabalho;
The present study
aims to investigate the mental health at work nowadays. We intend to examine
different psychological effects that work can cause the subject-workers and the
possible roles that the Personnel Management, with its potential and
limitations, can assume in this context. For that divided this research into
three parts. In the first part we intend to examine work stress in the second
part will cover the topic of burnout syndrome and finally investigate some
psychopathology studies of Labour and work psychodynamics.
Key Words: Mental Health; work; stress;
Psychopathology of work;
SUMÁRIO
As sociedades passam na contemporaneidade por aceleradas
mudanças, trazendo repercussões nos mais diversos âmbitos da vida. Se no
passado havia uma estabilidade respaldada pelos valores da tradição, seja no
plano religioso, familiar e laboral, o que vemos agora é uma reviravolta. Os
referidos valores sofrem uma implosão a cada instante, levando o sujeito ora à
surpresa diante do novo e inesperado, ora à perplexidade diante da enxurrada
destas mudanças a que se vê submerso diante da velocidade a que a todo momento este
mesmo “novo” se torna velho, defasado, anacrónico. Somando-se a esta situação,
vive-se na actualidade uma crise económica mundial instalada no segundo
semestre do ano de 2008. Com a consequência da mesma muitas empresas faliram ou
se fundiram a outras, provocando assim um índice de demissões
significativamente aumentado. Em paralelo a esta ocorrência, e por extensão a
ela, a abertura de novas vagas também sofreu um acentuado declínio.
Frente a toda esta situação o trabalhador enfrenta na actualidade
um crescente desafio, o de enfrentar uma grande e crescente pressão psíquica em
seu trabalho. Embora esta pressão não seja exclusiva do momento actual, é notório
seu incremento a partir das últimas décadas, onde um cenário de diversas
inovações implantadas no plano da tecnologia e das comunicações num mundo cada
vez mais globalizado acaba por provocar também uma série de ajustes no campo do
trabalho.
Tais ajustes são gerados e, ao mesmo tempo são
consequência, de toda uma ampla e complexa redefinição do mercado de trabalho —
uma delas a implantação da Gestão de Pessoas — bem como das qualificações a que
o trabalhador precisa ter para ser absorvido por este mesmo mercado. Estas redefinições
acabam assim por promover mudanças nas condições e organizações do trabalho, e
ao fazê-lo acarretam consequências para a saúde mental do trabalhador.
É de salientar de antemão que A relação de saúde mental e
trabalho é definida como “a inter-relação entre o trabalho e os processos
saúde-doença, cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos fenómenos
mentais, mesmo quando sua natureza seja eminentemente social”.
A discussão sobre saúde mental e trabalho está formulada
sob diversas perspectivas. Algumas dão ênfase aos processos psíquicos do
sujeito ao desenvolver uma tarefa, sua motivação e satisfação no trabalho.
Outras partilham do pressuposto de que o trabalho é factor constitutivo. A
importância de pesquisas relacionadas à saúde mental e trabalho está no fato
delas poderem se traduzir em políticas de saúde e de assistência podendo trazer
melhores garantias de acesso aos direitos sociais dos trabalhadores acometidos
por adoecimento ocupacional.
Saúde do Trabalhador é o conjunto de conhecimentos de
diversas disciplinas que aliado às condições e organização do trabalho
estabelecem uma nova forma de compreensão entre saúde – trabalho e propõe
atenção, ou seja, prevenção, cura e reabilitação à saúde dos trabalhadores.
Sendo ele sujeito activo do processo saúde – doença e não
apenas objecto desta atenção.
Mesmo com as novas tecnologias no mundo do trabalho, na
qual temos uma maior produção em menor tempo, o trabalhador continua de certa
forma alienado vendendo sua força de trabalho. Outras mudanças surgem no âmbito
do trabalho, a globalização, comunicação instantânea, empresas virtuais, etc.,
gerando experiências traumáticas aos trabalhadores, trazendo complicações à sua
saúde.
A constante pressão a que o trabalhador é submetido na actualidade
em seu trabalho, ameaçado por todas as mudanças no plano das condições e organização
do trabalho, o faz sentir-se a todo momento sobressaltado. No plano da saúde
mental estas pressões acabam por produzir repercussões, todas elas serão estudas
no presente trabalho.
·
Identificar os factores
de risco que o desconforto no trabalho pode contribuir numa organização;
·
Mostrar a
inter-relação existente entre o trabalho e a saúde mental;
·
Caracterizar as acções
do RH na prevenção do desconforto laboral.
Sabe-se que o sofrimento mental interfere na capacidade produtiva
das pessoas e em alguns momentos pode tornar difícil seu convívio com os
outros; mas isto não significa que elas se tornem definitivamente incapazes de
gerir os debates de normas exigidas para toda actividade, em especial a actividade
de trabalho. Entender melhor como essas pessoas se colocam no trabalho, em actividade,
pode ajudar no entendimento do que sejam os sofrimentos mentais e compreender
melhor o que é o trabalho e o lugar que ele ocupa ou poderia ocupar na vida de
todos os seres humanos (Zambroni-de-Souza,2006).
A literatura internacional aponta que os desempregados e
suas famílias têm pior saúde mental quando comparados com os que estão
trabalhando (Brown & Harris, 1978; Bebbington et al., 1981; Bartley et al.,
1992; Jenkins et al., 1997). Sem sombra de dúvidas, a saúde mental preexistente
é um factor importante na determinação dos que conseguem e mantêm os seus
empregos – “the healthy worker effect” (Lahelma, 1992), mas os estudos
longitudinais de indivíduos saudáveis que vivenciaram o desemprego (Banks &
Jackson, 1982; Morrell et al., 1994; Ferrie et al., 1995) têm confirmado os seus
efeitos adversos para a saúde mental e a recuperação da saúde com a volta ao
emprego. Portanto, o estudo da Relação do Trabalho e Saúde mental, torna-se importante
a ser estudo visto que afecta vários sectores da vida humana.
Como
hipóteses este trabalho apresentou três circunstâncias:
A metodologia utilizada pelo presente trabalho foi a da
revisão bibliográfica e estudo de conceitos. Privilegiou-se uma dimensão
reflexiva e crítica.
2.3.2 Sofrimento Criativo e
Sofrimento Patogénico
Recomendo com base nos problemas que os trabalhadores
podem enfrentar que a gestão de pessoas posiciona-se tanto ideologicamente
quanto na prática do quotidiano laboral do lado desta promoção da saúde — por
exemplo, criando e difundindo programas de Qualidade Vida no Trabalho (QVT) e
fora dele, que não esteja voltado exclusivamente às condições de trabalho, mas
que contemple sobretudo aos aspectos da organização do trabalho, e que, por
fim, não esteja atrelado ao incremento da produtividade. Se este incremento
vier é resultado do aumento da qualidade de vida e não sua causa, isto é, seu
motor — a qual deve incluir necessariamente a atenção à saúde mental de cada e
ao mesmo tempo de todos sujeitos. Esta compreensão tem como fundamento uma bússola,
inegociável, o da ética nas organizações.
Recomendo ainda que em razão das novas metas a serem
alcançadas e dos planos de carreiras impostos, a insegurança e o sofrimento do
empregado em seu ambiente de trabalho chamam atenção e exigem alteração
normativa e novas estratégias empresarias, que foquem o ser humano trabalhador
e não somente o lucro.
O foco deve ser a prevenção de tais males, visando a
melhoria da condição de trabalho, e não a exploração máxima da força de
trabalho. As condutas empresárias, por sua vez, devem visar a garantia a saúde
do trabalhador.
De acordo com o Ministério da Saúde (2001, p.
162) as acções organizacionais para prevenção dos transtornos mentais e do
comportamento relacionados ao trabalho, baseiam-se em procedimentos da
vigilância dos agravos à saúde e, dos ambientes e condições de trabalho.
Portanto, sugiro aos Gestores de Recursos Humanas (Incluindo futuros gestores
de RH):
·
O gestor de RH deve
incluir a participação dos trabalhadores nas decisões que os envolvam, inclusive
os dos níveis gerenciais; política essencial para a implantação de medidas correctivas
e de promoção da saúde, que envolvam modificações na organização do trabalho;
·
O gestor de RH deve
fazer uma análise completa do local de trabalho, avaliar os factores biopsicossociais,
para compreender as razões pelas quais um determinado funcionário poderia desenvolver
uma doença mental relacionada ao trabalho, conquanto outro ou outros, submetido
às mesmas condições, não apresentasse esse potencial de risco.
·
O gestor de RH no
acto de recrutamento e selecção de pessoal deve avaliar factores ligados ao
relacionamento interpessoal e intrapessoal. Muito embora não possa prever
acontecimentos futuros, redundantes das características individuais, dos traços
de personalidade, da história de vida, e do modo dos indivíduos lidarem com
acontecimentos rotineiros no ambiente de trabalho, todo o processo de
recrutamento deve ser tangenciado por medidas cautelares, assentadas na
descrição de função de cada novo funcionário.
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