INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
INFLUÊNCIA GENÉTICA DO COMPORTAMENTO
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
INFLUÊNCIA GENÉTICA DO COMPORTAMENTO
INTEGRANTES
─
Osvaldo Faustino Paulino Faria
─
Sahara Francisco Inácio João
Grupo nº: 04
Sala: 19
Turma: PGM
Período: Manhã
Ano: Iº
Trabalho de pesquisa
bibliográfica apresentado ao curso de Pedagogia na disciplina de Anatomia e
Fisiologia Humana como requisito parcial para obtenção de notas.
Orientadora:
LUANDA
2016
Agradecemos em primeiro lugar a Deus que nos deu vida e saúde e fez com
que a realização deste trabalho fosse uma realidade, em segundo lugar aos
nossos pais, esposas e esposos e em geral a todas as pessoas que têm directa ou
indirectamente nos apoiado.
A genética comportamental é uma
das crescentes áreas da biologia que tem causado impacto, mudanças sociais e
uma nova óptica no entendimento de diversos comportamentos. Outra área da
biologia que vem tratando do comportamento dos indivíduos que vivem em
sociedade com a primazia genética como o parâmetro evolutivo decisivo para o
comportamento é a Sociobiologia. O objectivo deste trabalho foi abordar a
idéias e propostas no que tange a Genética do Comportamento. Para abordagem
deste tema foram realizadas buscas de artigos em bases electrónicas, livros, e
revistas científicas. Os principais comportamentos em destaque neste estudo foram
os relacionados ao alcoolismo, fidelidade conjugal, homossexualismo e suicídio.
A importância da abordagem deste tema é devido às semelhanças nos estudos
comportamentais por essas áreas, porém elas são distintas ao justificar certas acções,
sendo uma temática polémica e confusa.
Palavras-chave: Genética. Evolução. Comportamento humano.
SUMÁRIO
A genética é considerada uma ciência multi e interdisciplinar. Dentro de
uma análise histórico-evolutiva, conhecer seus avanços torna-se preponderante
para uma visão valorativa das etapas e descobertas. Em uma perspectiva
científica compreender sua influência em certos campos do saber já é uma
obrigação, mesmo para aqueles que discordam se é que existe, perante a
necessidade da sua actuação.
Uma das crescentes áreas da genética é a relacionada ao comportamento,
que visa compreender os mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos em
diversos comportamentos, tanto animal quanto o de seres humanos. Nosso material
genético é incrivelmente complexo assim como em inúmeras vezes complexas são as
atitudes humanas. Em razão disso, os estudos genéticos que visem o entendimento
comportamental requer atenção especial, e cuidado às suas afirmativas.
Outra área que aborda certos hábitos sociais admitindo a possibilidade de
encontrar a resposta na biologia humana (genética), é a sociobiologia que
estuda o comportamento animal de vertebrados e invertebrados, como abelhas,
formigas, seres humanos etc. E afirma que os seres são regidos por uma lei
comum que orienta os comportamentos dos seres que vivem em sociedade (MORRIS,
1975; SILVA, 1993).
É o conjunto dos genes que caracterizam a uma espécie. O genoma é responsável
de que um ser humano seja diferente de um cão, ou de uma bactéria. O genoma
dirige o desenvolvimento humano desde a fase do óvulo fecundado até a vida adulta.
A cada célula do corpo contém o genoma completo: a diferença entre umas e
outras células deve-se a que uns genes estão activos e outros não.
Elemento de uma célula, unidade básica da herança, particularmente
visível no núcleo da mesma no momento da divisão celular. A cada cromossomo
está formado por uma única macromolécula de DNA associado a proteínas.
Constam fundamentalmente de DNA e proteínas do tipo histonas e contêm os
genes, isto é, a informação genética que rege o desenvolvimento, o funcionamento
e a reprodução dos seres vivos individuais. Todas as células de uma espécie
animal e vegetal têm um número fixo de cromossomos, por exemplo, no ser humano
são 46, excepto as reprodutoras (gametos) que têm a metade.
As anomalias no número de cromossomos, provocadas por defeitos de
herança, podem dar local a doenças genéticas, como o mongolismo.
É um fragmento da fibra de DNA, uma sessão característica de um cromossomo
que contém as instruções para fabricar uma proteína específica. Entre o 2% e o
3% dos biliões de pares de bases são genes, as instruções activas codificadas para
fazer as proteínas que se precisam para construir: tecidos, ossos, músculos e
todas as células humanas. As proteínas são a expressão da mensagem genética e
delas depende a totalidade dos caracteres de um ser vivo.
O gene está formado por correntes de nucleótidos, a cada um dos quais
consta de uma molécula de ácido fosfórico, uma base nitrogenada (adenina, guanina,
citosina ou timina) e um açúcar (pentosa).
Grupos de três letras formam aminoácidos, vinte diferentes blocos de construção
usados em uma ordem de combinações para produzir proteínas (como a keratina do
cabelo e a hemoglobina do sangue). Um gene codifica a síntese de uma proteína,
a cada um de cujos aminoácidos fica codificado por uma sequência de três bases
nitrogenadas, telefonema triplete.
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Códigos especiais assinalam o princípio e o final de cada gene. A cada um
dos caracteres do ser humano (a cor do cabelo ou dos olhos, a forma do
esqueleto, a tendência à obesidade, a alergia ao pólen das flores) está
determinado por um gene. Na maioria das espécies, os indivíduos herdam os genes
de seus progenitores, o que significa que para a cada carácter possuem dois
genes ou informadores, o do pai e o da mãe.
Quando estes genes, que se denominam alelos, são iguais, se diz que o
indivíduo é de raça pura para um determinado carácter; quando os alelos são diferentes,
se diz que o indivíduo é de raça híbrida.
Neste último caso, um dos genes alelos, chamado dominante, se manifesta e
desloca ao outro, chamado recesivo.
É o material que forma os cromossomos e que governa o crescimento e a
reprodução da célula. É um dos ácidos nucléicos mais importantes, responsável
pela transmissão dos caracteres hereditários através da reprodução de quase
todos os organismos vivos.
A base da Genética Moderna teve início com monge austríaco Gregor Mendel
(1822-1884), que propôs baseados em seus próprios experimentos através de cruzamentos
de variadas ervilhas que cultivava em seu próprio jardim do mosteiro, duas
importantes leis da hereditariedade. Dentre uma das quais mostrou ser em geral
para os organismos diplóides, porém seus estudos foram ignorados pela comunidade
científica da época e somente foi valorizado 34 anos após sua publicação
(GRIFFITHS et al., 2002).
O botânico holandês Hugo De Vries juntamente com Correns e
Tschermak-Seysenegg, redescobriram as leis proposta por Mendel através de
experimentos independentes, mas mantiveram os créditos ao monge. Por meio de
seus experimentos realizados com ervilhas Mendel percebeu que existem factores
específicos que são passados de progenitor a prole. Também observou que
determinados factores ocorrem, em pares, onde os descendentes recebem um de
cada genitor.
Muitos dos mistérios da hereditariedade passaram a ter significados. Características
transmitidas de geração em geração são dominantes, outras características que
surgem espontaneamente ou muitas das vezes pulam uma ou mais gerações podem ser
consideradas recessivas (SNUSTAD & SIMMONS, 2001; GRIFFITHS et al., 2002;
WATSON, 2005).
Em 1884, com a morte de Mendel, diversos cientistas usando melhores
recursos ópticos para estudar a fundo a arquitectura celular mencionaram pela
primeira vez o termo “cromossomos” para a descrição de finos corpos e compridos
existentes no interior do núcleo da célula. Mas somente alguns anos mais tarde
(por volta de 1902) associaram os estudos de Mendel com os cromossomos.
Ao estudar cromossomos de gafanhoto Walter Sutton percebeu a semelhança
dos factores proposto por Mendel em seus emparelhamentos de ervilhas. O
espermatozóide do gafanhoto possui apenas um conjunto de cromossomos não dois.
Isso era idêntico ao que Mendel observara nas células espermáticas das ervilhas,
que também só portava uma cópia dos factores. Estava claro que os factores de
Mendel, agora denominados genes, tinham de estar nos cromossomos (SNUSTAD &
SIMMONS, 2001).
Com a redescoberta dos estudos realizados por Mendel e os avanços científicos
decorrentes de seus trabalhos surgiu o interesse nas implicações sociais da
genética. Baseado na teoria da selecção natural de Darwin que afirma que a
força é o verdadeiro estopim para determinar o destino de todas as variações genéticas
na natureza, os homens já na sua antiguidade passaram a aplicar esse mesmo
raciocínio aos seres humanos, perceberam que as classes menos favorecidas
estavam se reproduzindo mais do que a classes respeitadas, logo os genes
considerados “ruins” estariam aumentando gradativamente na população humana.
Francis Galton, baseando-se no livro A origem das espécies de seu primo
Darwin, iniciou a verdadeira cruzada social e genética, em 1883 dando origem ao
movimento conhecido por Eugenia. Galton introduziu o termo eugenia para descrever
a aplicação a seres humanos. Com os anos a eugenia passou a ser vista de outra
forma, passou a denominar a “evolução humana controlada” onde seus seguidores
acreditavam que tomando decisões conscientes de quem deveria ou não ter filhos,
seriam capazes de impedir a reprodução das famílias pertencentes às classes
inferiores onde as taxas de reprodução dessas classes eram caracteristicamente
maiores do que das classes médias superiores (WATSON, 2005).
Com a descoberta do Ácido Desoxirribonucleico (DNA), considerando o ponto
central de informações sobre os seres humanos, tivemos enormes avanços na ciência,
inclusive na cura e melhor conhecimento de algumas doenças. Tal descoberta se
deu no ano de 1953, pela equipe médica formada pelos Dr. Francis Crick, James
Watson e Maurice Wilkins da Universidade de Cambridge. Deste momento histórico
até então, passamos a conviver com a evolução, quase que diária, da medicina biogenética,
a qual se pauta em critérios de ética visando a oferecer melhores condições de
vida para inúmeras pessoas, com o mapeamento desse material genético humano
(LEÃO, 2009).
O conceito básico e clássico para a compreensão de gene é uma região funcional
do DNA contidos nos cromossomos, cujo papel é codificar proteínas e que
controla característica hereditária (GRIFFTHS et al., 2002). Contudo,
nem sempre um carácter hereditário é determinado por um único gene, pois,
podemos tê-lo determinado por um conjunto de genes agrupados, os supergenes.
Também um efeito fenotípico determinado por um gene pode ser modificado por
outros genes situados em outros loci, o que é conhecido como epistase;
ou ainda um gene pode afectar mais de um carácter (efeito pleiotrópico).
Quando se trata de comportamento não é um único gene que determina as acções
e sim a influência de vários genes (interacção génica), no entanto as experiências
individuais e factores ambientais são capazes de modular os genes.
É comum ouvirmos nas conversas principalmente entre familiares o seguinte:
“esse menino é inteligente como pai; essa menina tem um génio forte
igual da avó”, porém até onde os genes influenciam no comportamento? Será que
nossas atitudes são programadas antes de nascermos?
Conforme Brunoni (2009), o papel dos genes na formação do nosso sistema
nervoso central é preponderante, mas não absoluto quando se trata de desenvolvimento
mental. Outros factores entram em interacção, como os ambientais, os educativos
e os socioculturais.
Mas as repostas para essas e outras perguntas tem provocado debates e
reflexões, especialmente quando há divulgação das pesquisas que relacionam a
pré-disposição genética e o comportamento humano.
Um exemplo de pesquisa tendenciosa por conduzir a ambiguidade de pensamentos,
porém mais relativa a “destino” genético, foi realizada por Buss (1994), que
chegou a conclusão que há uma forte tendência genética masculina na infidelidade
conjugal, o que poderia justificar a inevitabilidade para essa atitude.
A genética do comportamento não pode ser confundida com determinismo
genético, ou seja, certos comportamentos são preditos e inevitáveis apesar da capacidade
cognitiva do indivíduo; a sua “natureza” poderá conduzir a contrariedade das
suas vontades.
Interessantemente a dualidade entre “natureza” e “capacidade racional”,
foi tratada há alguns séculos pelo apóstolo cristão Paulo que diz “Porque
nem mesmo compreendo o meu modo próprio de agir, pois não faço o que prefiro e
sim o que detesto... Desventurado homem que sou! Quem me livrará do
corpo desta morte?” (Romanos 7:15,24). Em outra parte do livro sagrado dos
cristãos, a bíblia (Jeremias 17:9) diz “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”. Para os cristãos a
crença em Deus ajuda a controlar certas atitudes ou uma mudança total de
hábito.
No entanto, há aqueles que não possuem essas crenças, são em livros, na
maioria deles de auto-ajuda que procuram entender o seu “eu”. Em casos mais
complexos, às vezes, por questões de incómodo pessoal e familiar, há procura e
a necessidade da actuação do profissional, psicólogo e psicoterapeuta.
Há vários comportamentos que são intrigantes desafios para o entendimento
como: anorexia, ortoroxia, transtorno bipolar, entre outros. Na questão
psicológica e genética o homossexualismo talvez seja o mais polémico,
principalmente pelas controvérsias religiosas, culturais e científicas. Ainda
mais que no presente século (XXI) a dita opção sexual é sempre motivo de
grandes debates, principalmente quando abordados em programas televisivos ou de
rádio, há sempre grande audiência quando o tema está em destaque.
Segundo Heilig (2008), o álcool promove seus efeitos utilizando a rede neural
que tem receptores naturais para o ópio, pois produzimos naturalmente substâncias
semelhantes ao ópio, chamadas endorfinas, onde as mesmas estão relacionadas aos
eventos de prazer. O álcool vicia porque estimula essa rede, e através dessa
ligação foi possível descobrir uma substância, o Naltrexone, que bloqueia essa
rede e torna a bebida pouco prazerosa, porém quando utilizado no tratamento
para alcoolismo o efeito terapêutico dessa substância ocorreu apenas em alguns
pacientes, logo a chave para essa resposta individual ao medicamento é a
genética.
No entanto, não é vicioso lembrar, por mais que a genética possua o objectivo
da herança biológica, transmissão dos caracteres morfológicos, fisiológicos e
até comportamentais para gerações seguintes e mantendo-se como ciência
multidisciplinar, merece destacar que apesar da inevitável influência dos
genes, não se pode considerar como factor determinante para o comportamento (excepção
as mutações cromossómicas, especialmente numéricas), pois o código genético não
é um controlador ou programador de nosso comportamento. Sabe-se que as
experiências individuais e socioculturais contribuem na formação pessoal.
A sociobiologia acredita que o indivíduo que está inserido em uma
sociedade possui a capacidade de aumentar sua sobrevivência e reprodução como
já acontece desde os primórdios e cada vez mais se evolui.
Fundada pelo Biólogo Edward Wilson na década de 70 nos Estados Unidos sua
especialidade era o comportamento de insectos sociais, mas no lançamento do seu
livro, “Sociobiology: The New Synthesis”, base da sua
teoria, ele abordou todo o comportamento animal (HICKMAN et al., 2004).
Edward Wilson, actualmente professor da Haward, foi influenciado por
vários pesquisadores dentre eles o trabalho de Konred Lonrenz na década de 30
do século XX, por suas pesquisas no campo dos estudos do comportamento animal,
a entologia (SILVA, 1993).
Na época do lançamento das idéias de Wilson, seu maior opositor era o brilhante
biólogo Lewontim que se considerava Marxista (WALLACE, 1985). Após sua declaração,
partindo da premissa comum entre os geneticistas comportamentais que trabalhavam
com os animais, menos com os seres humanos, onde os genes influenciavam directamente
o comportamento, Wilson provocou ataques surpreendentes.
“Os
detractores argumentavam que, se nosso comportamento é geneticamente controlado
em qualquer grau, então nos falta liberdade de escolha precisamente naquele
mesmo grau. Se nossa liberdade é limitada, nós somos, por definição, imutáveis
em certa medida; segue-se que a sociedade humana não pode ser muito alterada
por programas culturais ou pela mudança social. E, se isso é verdade, onde vai
ficar a ideologia marxista, com seus esquemas de moldagem social, sua crença na
“perfectibilidade” do homem, sua presunção de que a melhora da sociedade é
dependente de uma mudança fundamental do indivíduo?” (WALLACE, 1985).
Os defensores da sociobilogia consideravam que ela seria o fruto da
colisão espectacular de quatro ciências, a Etologia, a Teoria Sintética
(neodarwinismo), Genética e a Ecologia (CHRISTEN, 1979). Segundo Silva (1993),
diz que a sociobiologia tem como perspectiva básica de que existam leis comuns
orientando o comportamento do ser humano e de outros animais.
Um dos argumentos determinista genético da sociobiologia, por exemplo, é
a questão da protecção materna dos animais. Boa parte das fêmeas não protege
seus filhos motivados pelo amor, pois não possuem capacidade cognitiva, e sim
há uma protecção instintiva. Para os sociobiólogos da mesma forma são os seres
humanos com a capacidade racional os pais não amam os seus filhos e sim os
genes contidos neles (WALLACE, 1975; SILVA, 1993).
A interpretação da Sociobiologia sobre organização social do ser humano,
não é diferente ao de outros grupos que vivem em sociedade. A análise precisamente
coloca-se como se tudo fosse muito óbvio, o que é incorrecto. Ao mesmo tempo a
sociobiologia admite que os factores ambientais influenciem na dinâmica do
comportamento das espécies. Vários trabalhos são publicados anualmente no “Sociobiology”,
pela universidade Estadual da Califórnia (SOCIOBIOLOGY, 2010).
A homossexualidade é explicada em razão, que os primeiros pais no passado
não aceitavam, pois reduziriam o processo reprodutivo de seus descendentes,
portanto, era contra a norma reprodutiva e foi rotulado como indesejável
(WALLACE, 1985; SILVA, 1993).
Até mesmo a questão de estética questiona-se: a preocupação de estar bem
arrumado é para se sentir bem, ou para causar atracção para o sexo oposto? O
cérebro humano, conforme a teoria da evolução que é a base da sociobiologia,
cresceu sob a pressão da selecção natural, então, opiniões estéticas e morais
podem ter sua origem neste mecanismo adaptativo. Portanto, os argumentos
sociobiologistas explicam que tudo o que fazemos é por questões reprodutivas,
que são determinadas geneticamente (HICKMAN et al., 2004).
Apesar do descrédito, e o possível desconhecimento das idéias sociobiologistas
de algumas comunidades académicas, a sociobiologia tem os seus seguidores,
ainda que sejam seguidores inconscientes.
O cérebro funciona de forma orquestrada, ou seja, certos processos funcionam
de forma independente, como na orquestra, porém o resultado depende do conjunto
de funcionamento.
Nosso sistema nervoso é dividido em Sistema nervoso central (SNC) engloba
o encéfalo e medula espinhal, e Sistema nervoso periférico (SNP), nervos e glânglios
(BRANDÃO, 2008).
O sistema nervoso é a base para a nossa capacidade de perceber,
adaptar-nos e interagir com o mundo ao nosso redor. É o meio pela qual
recebemos, processamos e, então, respondemos á informação oriunda do ambiente
(STERBERG, 2000).
A Psicologia sempre esteve dividida em dois grandes campos para explicar
a personalidade do homem: a hereditariedade e o meio ambiente.
Temos os olhos verdes da nossa mãe, e as sardas do nosso pai, mas onde
fomos buscar o talento para cantar? Aprendemos através dos nossos progenitores
ou foi pré-determinado pelos nossos genes? Embora seja claro que as características
físicas são hereditárias, as águas genéticas tornam-se um pouco mais turvas
quando se trata de um comportamento individual, inteligência e personalidade.
Em última instância, o velho argumento da natureza versus genética nunca foi
realmente ganho. Nós ainda não sabemos quanto do que somos é determinado pelo
nosso DNA e quanto pela nossa experiência de vida, mas sabemos que ambos desempenham
um papel.
Podemos definir Hereditariedade, portanto, como o somatório de todas as
características contidas no núcleo das células gaméticas, transmitidas a um
indivíduo durante a fecundação. Podendo os descendentes ocultar ou manifestar
as características herdadas, inscritas no material genético, mais precisamente
pela expressão génica dos cromossomos (molécula portadora dos caracteres biológicos
de um ser vivo ou até mesmo um vírus).
Quando não expressa a característica, não significa dizer que foi apagado
do genoma (conjunto de cromossomos de uma espécie), típico da população, ou
seja, um indivíduo portador de um genótipo qualquer, mesmo tendo seu gene inactivo,
transmite aos seus descendentes um fenótipo que ficou escondido na geração
parental.
O meio social – família, grupos e cultura a que se pertence – desempenha
um papel determinante na construção da personalidade. A personalidade forma-se
num processo interactivo com os sistemas de vida que a envolvem: a família, a
escola, o grupo de pares, o trabalho, a comunidade…
Uma personalidade é marcada por todo o processo de socialização em que a
família, sobretudo nos primeiros anos, assume um papel muito importante, pelas
características e qualidade das relações existentes e pelos estilos educativos.
Na actualidade, embora não se ignore a existência da influência genética,
os defensores da teoria da educação acreditam que, em última análise, a mesma
isolada não tem grande relevância – que os nossos aspectos comportamentais têm
apenas origem a factores ambientais de nossa educação. Estudos sobre o comportamento
infantil realçam a importância da influência do meio ambiente.
Há quem defenda que o nosso desenvolvimento é influenciado sobretudo pelo
meio, ou principalmente pela hereditariedade. Porém, a hereditariedade não pode
exprimir-se sem um meio apropriado, assim como o meio não tem qualquer efeito
sem o potencial genético.
A forma como nos comportamos nasceu connosco, ou terá sido desenvolvida
ao longo do tempo em resposta às nossas experiências?
Pesquisadores envolvidos em ambas as teorias (hereditariedade vs meio)
concordam que a ligação entre um gene e o comportamento não é o mesmo que
“causa e efeito”. Enquanto um gene pode aumentar a probabilidade de nos comportarmos
de uma maneira particular, não faz as pessoas actuarem, o que significa que
continuamos a ter de escolher quem vamos ser quando crescermos.
Por tudo isto, podemos afirmar que a hereditariedade e o meio interagem,
determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a
inteligência, a afectividade, etc.
O ser humano tem a liberdade para pensar criticar e decidir, mesmo assim,
pode torna-se preso às suas teorias ou teorias de outros reduzindo sua
liberdade. Ainda acreditando que esteja livre, ou seja, por mais aparente o seu
estado racional coloca-se na escravidão das idéias. Manter o equilíbrio é o
grande desafio, pois em quase em tudo há contradições. Avançamos
consideravelmente nas pesquisas comportamentais em seus aspectos psicológicos,
genéticos, neurológicos e sociais, todavia a liberdade de pensar e as variáveis
mudanças sejam elas físicas, sociais, entre outras, trazem constantes novidades
e sempre trará.
A genética do comportamento, como vimos, busca compreender os mecanismos
genéticos e neurobiológicos que participam significativamente do comportamento
animal e do homem. No entanto, deixa claro que ela não é o destino, pois,
mostra a importância de factores ambientais.
É importante ressaltar que ciência não é uma pessoa jurídica que tem um
representante respondendo por ela. Muito pelo contrário, a visão em único tema
é abrangente, onde vários autores argumentam. O que comanda é o grau de coerência
nas pesquisas. Vale ainda lembrar que em cada época, há uma realidade. Aquilo
que possivelmente hoje é considerado como “certo” no meio científico,
futuramente poderá ser deixado de lado.
Diante do exposto, apesar da contrariedade de idéias, sabemos que divergências
fazem parte do nosso quotidiano principalmente na ciência. O interessante delas
é a sua contribuição para a não estagnação há mediocridade de pesquisa,
“forçando” o contínuo aprofundamento técnico e filosófico, e de maneira
especial para o avanço nas pesquisas no tema abordado neste trabalho.
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