INTRODUÇÃO
A linguagem documental formal é comummente
utilizada pela comunicação organizacional e constitui um dos elementos
auxiliares em tomada de decisão, registo e coordenação sistemática de actividades,
construção da realidade, identidade e planeamento das organizações.
Este trabalho tem como os principais objectivos:
1- Possibilitar o desenvolvimento de habilidades, em
escrita, para a construção da história, garantia de direitos e deveres,
institucionalização e exercício de papel político na sociedade;
2 – Facilitar a captação de recursos e formação de
parcerias das organizações, devido às exigências formais de financiadores e
parceiros governamentais e não governamentais;
3 – Aproximar os conhecimentos do Secretariado às
comunidades de práticas sociais, na tentativa de disseminar técnicas e
ferramentas de assessoria, não somente em ambientes organizacionais
economicamente favorecidos, como também em organizações de caráter e formação
social e política.
ATA
O que é?
Ata é um documento usado para relatar todas os
acontecimentos, discussões, propostas, votações e decisões ocorridas numa
sessão, reunião, assembleia, congresso, evento, etc...
Como fazer?
v A ata deve ser redigida em linguagem
corrente, sem parágrafos, a fim de impedir a introdução de modificações e
alterações indevidas;
v Não deve apresentar rasuras nem emendas;
v Nos casos de erro ou esquecimento de algo
importante no momento em que você estiver escrevendo-a, basta escrever a
palavra digo seguida da forma correcta;
Ex: ....e foram traídos, digo, trazidos para a assembleia....
v Quando as falhas e erros só forem percebidas
após a redacção da ata, você deve utilizar a expressão em tempo, seguida da correcção;
Ex: Em tempo: na décima sétima linha desta ata, onde
lê-se “foram escolhidos os representantes”, leia -se “foram escolhidos 2 (dois)
representantes”.
v É melhor que os números sejam escritos por
extenso em parênteses, para que não ocorram dúvidas ou falsificações;
Ex: sortearam-se 3 (três) vagas no curso de capacitação.
v No caso de importância em dinheiro, é
necessário escrever assim:
Ex: Kz 13.500,00 (treze mil e quinhentos Kwanzas)
v Não devemos usar abreviaturas;
Ex: SSA. para dizer Salvador.
v Quando se tratar de reuniões ou assembleias
previstas em estatutos e regulamentos, a ata será lavrada (escrita) em livro
próprio, com as páginas do livro enumeradas e autenticadas pelo responsável;
v Usamos letras maiúsculas para escrever as
iniciais das seguintes palavras e expressões:
Assembleia Geral Ordinária, Assembleia Geral
Extraordinária, Reunião da Diretoria,
Reunião do Conselho, Presidente, Mesa, Livro de Presença,
Edital;
v Quando o responsável por escrever a ata não
encontra-se na reunião ou assembleia, os participantes da sessão escolhem entre
os presentes, pessoas que escreverão a ata;
Ex: ...para esta Reunião da Directoria, não estando
presente o encarregado de redigir “ad hoc” a ata, (“ad doc” expressão do latim
que quer dizer “para isto” ou “para esta reunião”) foi eleito pelos membros de directoria presentes,
João Silva que substituirá o encarregado, especialmente nesta reunião.
v A redacção da ata obedece a seguinte sequência:
a) Dia, mês, ano, hora e local da reunião ou evento;
b) Nomeação das pessoas presentes, com suas qualificações
e cargos;
c) Referência ao modo utilizado para a convocação da
reunião ou assembleia (se foi edital, aviso, comunicado, carta);
d) Referência à abertura dos trabalhos pelo presidente,
que geralmente, lê a ata da reunião anterior para que sejam feitas as correcções
ou alterações de acordo com a vontade dos participantes;
e) Registo do cumprimento da pauta ou ordem do dia
(assuntos a serem discutidos), seguindo a descrição fiel e resumida de todas as
ocorrências e das decisões que tiverem
sido discutidas e adoptadas pela maioria dos
participantes;
f) Fecho, contendo os seguintes dizeres:
Ex: Nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente
ata que vai assinada por mim, secretário ad hoc que a redigiu e lavrou, pelo
Presidente que dirigiu os trabalhos e pelos que estiveram presentes na
qualidade de participantes da Sessão (reunião, assembleia, etc).
h) As assinaturas devem ser colocadas logo após a última
palavra do texto, para não deixar espaço livre.
OBS¹: além desse modelo tradicional de ata em
algumas ocasiões de carácter menos oficial e solene é possível adotar a Ata-Síntese.
OBS²: é comum que todos os presentes assinem todas
as páginas da Ata.
ATESTADO
O que é?
É um documento em que se confirma ou assegura a
existência ou inexistência de uma situação de direito, de que temos
conhecimento, referente a alguém, ou sobre um fato e situação. É dizer por escrito,
afirmando ou negando, que determinada coisa ou algum fato referente a alguém corresponde
à verdade e assim responsabilizar-se, ao assinar o documento.
Como fazer?
v O Atestado, geralmente, é fornecido por
alguém que exerce posição de cargo superior ou igual ao da pessoa que está
pedindo o atestado;
v O papel do atestado deve conter carimbo ou
timbre da entidade que o expede;
v O atestado costuma ser escrito em atendimento
à solicitação do interessado;
v A redacção de um atestado apresenta a
seguinte ordem:
a) Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;
b) Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser
escrito no final, após a assinatura) e o nome e identificação da pessoa que
solicitou;
c) Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o
que se está confirmando ou negando;
d) Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.
AVISO
O que é?
É um documento escrito por meio do qual as empresas e
instituições transmitem informações,
ordens, convites, notificações a empregados ou a
terceiros com quem elas tenham interesse em comum.
Como fazer?
v Deve ser escrito em papel timbrado (com a
marca da instituição);
v Deve conter apenas o teor da comunicação. O
conteúdo deve ser escrito em linguagem e objectiva, para que não haja dúvidas
quanto à interpretação;
v Sua estrutura é bem simples:
a) Título, que é a palavra AVISO (em letras maiúsculas);
b) Indicação da pessoa a quem se destina o aviso;
c) Texto contendo a mensagem;
d) Fecho simples (dispensável conforme o caso);
e) Local e data;
f) Assinatura, nome e qualificação (cargo) ou
identificação do responsável.
CARTA
O que é?
A CARTA é a forma escrita mais comum de comunicação entre
as pessoas. Ela é o documento utilizado nas empresas, instituições e órgãos e,
também, por pessoas físicas, a fim de tratar de interesses comuns. Esta também
é conhecida como “Carta Comercial”.
Como fazer?
O que se pretende com uma carta comercial é provocar uma
pronta resposta para o assunto nela tratado, mesmo que seja uma resposta
contrária aos interesses de quem a escreveu.
A carta tem a estrutura similar à do Ofício, porém ela é
mais utilizada na iniciativa
privada, associações, instituições e escritórios de profissionais
liberais, enquanto que o Ofício e Memorando são utilizados no serviço público.
v Os componentes básicos de uma carta são:
a) Timbre (logomarca);
b) Tipo e número à esquerda e no alto da página (não são
obrigatórios);
c) Local e data (Á direita, na mesma altura do tipo e do
número);
d) Nome do destinatário e endereço;
e) Vocativo (pronome de tratamento);
f) Texto (contendo a introdução e desenvolvimento do
assunto);
g) Fecho;
h) Assinatura de quem remete;
i) Nome e cargo abaixo da assinatura, se for o caso.
ATENÇÃO:
v Actualmente é comum não utilizar espaços
(recuos) no inicio de parágrafos.
v Costume colocar, no final, à esquerda da
única ou última página, as letras iniciais do autor do documento (letra
maiúscula) e as de quem o dactilografou ou digitou (letra minúscula), separadas
por barra.
v Usa-se a abreviatura REF ou Ref.
(referência), colocada um pouco antes do vocativo, à direita do papel, para
indicar o resumo do que vai ser tratado.
v A carta pode conter parágrafos numerados para
melhor indicar o assunto. Quando digitada em computador as margens da carta ou
de qualquer outro documento devem ser de: inferior 2,5; direita 2,5; superior
3,5; esquerda 3,5,
CERTIFICADO
O que é?
É o documento que dá testemunho de ato ou fato. Ele é
diferente de Certidão, pois a certidão é uma cópia, resumida ou integral, de
algum registo escrito já existente.
É importante saber que os seguintes documentos: atestado,
certificado e declaração têm semelhanças, tanto na finalidade, quanto na forma.
A diferença é que o Atestado é expedido em favor de alguém; a Declaração e o
Certificado são emitidos em relação a alguém, podendo, ou não, ser-lhes
favoráveis.
Como fazer?
A sequência de redacção do Certificado é esta:
a) Título, isto é, a palavra “CERTIFICADO” (em
maiúsculas);
b) Nome e identificação da autoridade que o emite (também
podem ser expressos no final, após a assinatura);
c) O Texto é sempre resumido e preciso, contendo apenas o
que se está certificando (que inicia por “certifico ou certificamos”).
d) Assinatura, nome e cargo ou função de quem certifica.
CONVITE
O que é?
É um instrumento de comunicação escrita por meio do qual
se chama, convoca ou solicita o comparecimento de alguém a algum local, em
horário marcado, e com finalidade determinada.
Como fazer?
v A redacção deste documento limita-se a dizer
o essencial:
a) Nome do órgão, instituição ou pessoa que convida;
b) Formulação do convite;
c) Nome dos convidados;
d) Indicação do evento;
e) Dia, hora e local em que o evento ocorrerá.
v Nos convites de cerimonias de casamento,
formatura e outros do género, o nome dos convidados só constam escrito no
envelope.
v O Convite deve ser redigido em papel timbrado
quando for emitido por entidade,
Instituições e/ou empresas.
CURRICULUM
VITAE
O que é?
É um documento em que devem constar dados e informações
pessoais e profissionais de alguém que quer se apresentar e dizer quem é, o que
sabe fazer e a experiência que já adquiriu. Tem por objectivo qualificar uma
pessoa perante empresa, instituição e outros, a fim de contratado, promovido ou
prestigiado profissionalmente.
Existem dois tipos básicos de currículo, a depender de
seus objectivos e destinações:
a) Currículo Académico – voltado para a área
universitária e para as actividades de cultura, de uma maneira geral;
b) b) Currículo Profissional - para o ingresso no mercado
de trabalho. Este, geralmente, é mais resumido, enxuto e objectivo, do que o
currículo académico.
Como fazer?
O currículo profissional deve ser redigido de forma
clara, objectiva e com boa apresentação gráfica para provocar o interesse de
quem irá lê-lo ou avaliá-lo. Deve limitar-se aos seguintes itens, nas seguintes
sequências:
a) Titulo CURRICULO ou CURRICULUM VITAE (em maiúsculas);
b) Dados Pessoais - nome, idade, estado civil, endereço e
telefone;
c) Formação ou escolaridade – devem ser escritos em ordem
decrescente (do mais recente para o mais antigo);
d) Experiências profissionais – devem ser escritas em
forma decrescente (do mais recente para o primeiro);
e) Outras informações;
f) Local e data.
v Recomenda-se não colocar números de
documentos de identidade, CPF, título de eleitor ou carteira de trabalho, etc,
nem anexar suas respectivas cópias e assinar o currículo.
PETIÇÃO
O que é?
É uma solicitação ou pedido em documento escrito que se
encaminha a autoridade administrativa ou judicial. Na área jurídica, é o
documento com o qual se formula o pedido, de reivindicação ou de defesa do
direito de alguém, dirigido ao juiz competente para julgá-lo.
Como fazer?
v Por se tratar de um documento muito empregado
na área jurídica, é indicado que o requerente ou peticionário reforce a
quantidade e a força dos dispositivos legais que apresenta para justificar seu
pedido;
v Basicamente, a Petição tem a mesma estrutura
do Requerimento. Apenas não é usada no final do texto a expressão “Nestes
termos, pede deferimento” como no requerimento.
v Entre a invocação (pronome de tratamento) e o
inicio do texto, o peticionário deve deixar um espaço de sete linhas, se for
manuscrito ou de sete espaços duplos, se for dactilografado ou digitado, para
que a autoridade responsável forense aplique seu despacho;
v É comum que as petições sejam lavradas em
papel timbrado do advogado no qual contenha seu nome e endereço, número da OAB,
dentre outras informações.
Acompanhado, quando for o caso, de procuração passada ao
advogado pelo peticionário
(requerente);
v O documento deve apresentar a seguinte
estrutura:
a) Invocação (pronome de tratamento devido, nome da
autoridade e do cargo por ela
exercido), no alto do papel;
b) Texto, contendo inicialmente o nome, dados pessoais de
identificação do requerente e, em seguida, a exposição do pedido com as
alegações que o fundamentam (se forem muitas é indicado numerá-las);
c) Fecho, utilizando-se apenas a expressão “Pede
deferimento”;
d) Local e data;
e) Assinatura do peticionário.
PROCURAÇÃO
O que é?
É o instrumento no qual pessoa física ou jurídica concede
poderes competentes a outra pessoa, física ou jurídica, a fim de que essa
última trate, de assuntos do seu interesse e em seu nome.
Como fazer?
·
Quem
concede os poderes é chamado “outorgante”, “mandante” ou “constituinte”;
·
Quem
recebe os poderes e chamado de “outorgado”, “mandatário” ou “constituído”;
·
Trata-se
de um mandato que pode ser conferido por instrumento público, isto é, em
cartório de notas e ofícios; ou por instrumento particular, reconhecendo-se em
cartório, quando for necessária, as firmas dos outorgantes;
·
Quando
expedida por instrumento público, os cartórios adotam um formato próprio, já
que se trata de um documento que tem fé pública. Geralmente fornecem traslados
(cópias) aos interessados;
·
O
termo “ad judicia” significa conceder poderes a advogado para atuar nas
diversas instancias jurídicas, em defesa dos interesses do outorgante;
·
Na
essência e na estrutura a sequência é a seguinte:
a) Título, ou seja, a palavra PROCURAÇÃO escrita em
maiúsculas, no alto da folha;
b) Nome e qualificação (cargo, função, profissão) do
outorgante;
c) Nomeação e constituição do outorgado, seguida de seu
nome e qualificação;
d) Indicação dos poderes conferidos pelo outorgante ao
outorgado, para a prática dos actos que se fizerem necessários ao cumprimento
do mandato (documento), acrescentando-se, ou não, a faculdade de substabelecer
(transferir poderes), no todo ou em parte, o mandato a terceiros;
e) Prazo de validade para o exercício da procuração. Se
não for expressa a validade, considera-se por tempo indeterminado o exercício
dos poderes. Isto pode acarretar problemas, caso haja a hipótese de cassar
(extinguir) os poderes do outorgado;
f) Local e data;
g) Assinatura e nome do outorgante.
REQUERIMENTO
O que é?
É todo pedido escrito encaminhado a uma autoridade do
serviço público, solicitando alguma providência, reconhecimento ou a atribuição
de um direito apresentando, argumentos para fundamentá-lo.
Como fazer?
·
Quando
o requerimento é feito por várias pessoas, recebe o nome de “abaixo-assinado”;
·
É
impróprio utilizar um requerimento para fazer um pedido dirigido a chefes, directores,
ou gerentes, da área privada ou de instituições que não sejam públicas. Nesses
casos o instrumento adequado é a carta;
·
Sua
linguagem deve ser clara e objectiva, devendo evitar argumentos sentimentais;
·
Não
deve-se utilizar formas de saudações à autoridade, quer no inicio ou no final
do documento para não confundir um pedido justificável com adulação;
·
Deve-se
deixar, entre a invocação e o inicio do texto, um espaço de sete linhas (se for
escrito à mão) e de sete espaços-duplos (se for digitado ou datilografado), a
fim de que a autoridade coloque seu despacho;
·
Em
qualquer hipótese a estrutura deste documento é a seguinte:
a) Invocação - nome da autoridade e do cargo por ela
exercido, precedido da competente forma de tratamento, no alto do papel;
b) Texto, contendo inicialmente o nome, dados pessoais de
identificação do requerente e, em seguida, a exposição do pedido com os
argumentos que o fundamentam. Se existir muitos argumentos, estes devem ser
numerados;
c) Fecho, utilizando-se, apenas, a expressão “Nestes
termos” (em uma linha) e “pede deferimento” (na linha logo abaixo);
d) Local e data;
e) Assinatura do requerente.
ELEMENTOS
DE REDAÇÃO
O texto de um documento deve possuir as seguintes
qualidades primordiais:
·
Clareza:
consiste em não deixar margem a dúvidas ou interpretações equivocadas de duplo
sentido;
·
Concisão:
é expor o assunto em poucas palavras, mas com exactidão objectivando não cansar
àquele que lerá o documento;
·
Propriedade
de Termos: é o mesmo que usar a palavra adequada para a ideia que se pretende
expor;
·
Ordem
Directa na Frase: é ordenar a frase de forma à evitar a inversão de palavras
que podem mudar o sentido do texto;
·
Coesão:
amarração de palavras, frases e parágrafos dando uma forma lógica, ordenação
temporal ou sequencial ao conteúdo do documento.
Para redigir-se bem um documento a fim de obter o
resultado desejado é preciso:
1) Saber o tipo e formato do documento que é adequado à
ocasião e será redigido;
2) Conhecer suas características e elementos básicos;
3) Ter noção do que pretende transmitir.
CONCLUSÃO
Os elementos citados são essenciais para a
elaboração de um documento, são capaz de surtir o efeito esperado, pois um
documento bem redigido pode transmitir ou garantir direitos, oficializar e dar visibilidade
às acções da organização, ajudar com o acompanhamento protocolar e avaliação
dos processos organizacionais, como também pode colaborar com a construção
histórica da instituição.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Presidência da República. Manual de redacção da
presidência da República. Brasília, 2003
PEIXOTO, F. Balthar. Redacção na Vida Profissional: sectores
público e privado. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Colecção Ferramentas
SANTOS, Íris Gomes. Anotações em sala de aula das
disciplinas Redacção Empresarial I e II. Salvador: UFBA, 2003
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