Matéria baseada no manual de apoio de Física do 10º Ano.
Na Biofísica a
Bioenergética seria o estudo quantitativo da tradução de energia que ocorre em
Células vivas e da natureza e também a função do processo químico que fundamentam
essas traduções. A Bioenergética está relacionada com o processo catabólico.
A
Bioenergética, em termos da Biologia podemos afirmar que significa energia da
vida pós também é responsável por armazenamento de sentimentos que desde muito
cedo escondido. Exemplo: a nossa respiração.
O nosso
cérebro também é responsável na maneira como conseguimos expressar diferentes
sentimentos no nosso corpo.
A
bioenergética é essencial e dedica-se em vários estudos de processos químicos
que tornam possível a vida da célula do ponto de vista energético.
PRODUÇÃO E MOBILIZAÇÃO DE ATP
A energia
luminosa ou a energia química dos compostos orgânicos não pode ser utilizada
diretamente pela célula. Parte dessa energia é incorporada numa fonte de
energia química diretamente utilizável, designada por ATP que significa
Adenosina trisfosfato.
Uma molécula de ATP é formada por:
• Adenina-base azotada
• Ribose-açúcar com 5 carbonos
• 3 Grupos Fosfátos-Compostos
Inorgânicos
Trifosfáto de
adenosina simplesmente ATP: é um nucleótido responsável pelo armazenamento de
energia em suas ligações químicas. Está constituido por adenosina e nucleótido
associada a 3 radicais Fosfáto conectado em cadeia. A energia é armazenada nas
ligações entre fosfátos.
O ATP armazena
energia proveniente da respiração celular e da fotossíntese, para o consumo
imediato. A molécula actua como uma moeda celular, ou seja é uma forma
conveniente da transformação da energia. Ela pode ser utilizada em diversos
processo biológicos tais como:
Transporte
activo de moléculas, síntese e secreção de substâncias, locomoção e divisão
celular, entre outros nao pode ser escutada seu uso é imediato, a energia pode
ser estucada na forma de carboidratos.
As principais
formais de produção do ATP são Fosforilação oxidativa e a fotofosforilação. Um
radical fosfato inorgânico (PI) é adicionada a uma molécula de ADP que significa
(Adenosina Difosfato) utilizando energia proveniente de decomposição da glicose
( na fosforilação oxidativa ou da luz na fosforilação. Existem enzimas
especializadas no rompimento desta mesma ligação libertando fosfato e energia
utilizada) nos processos celulares gerando novamente moléculas de ATP. Em
certas ocasiões, o ATP é degradado até sua forma mais simples, o AMP (Adenozina
Monofosfato) libertando 2 fosfato e uma quantidade maior de energia.
O corpo humano
adulto produz o seu próprio peso de ATP a cada 24 horas, porem consumidos
outros tanto mesmo período se anergia gerada na queimada glicose nao fosse
armazenada em molécula de ATP provavelmente as células seriam rapidamente
destruída pelo calor gerado.
PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS
Na plantas
superior as folhas são os órgãos fotossintéticos mais importantes.
Na maioria das
células das folhas encontra-se grande densidade cloroplastos e, consequentemente,
uma grande quantidade de fotossintéticos, por esta razão, as folhas são, de um
modo geral, os principais órgãos fotossintéticos.
SEPARAÇÃO DE PIGMENTOS
FOTOSSINTETICOS
Vimos que na
separação de pigmentos fotossintéticos, podemos ver alguns materiais que são:
·
Folhas de espinafres ou de
urtigas
·
Funil
·
Placa de petri
·
Acetona
·
Vareta
·
Papel de filtro
·
Almofariz
·
Área Ffina
·
Tesoura.
Podemos ver
como elas são procedidas:
1. Corte
as folhas em pedaços para dentro do almofariz, junte a área e esmague com o
pilão;
2. Adicione
um pouco de acetona, agita com a vareta e filtro;
3. Verta
o filtrado para uma caixa de petri, introduza nesse filtrado um rectângalo de
papel de filtro dobrado em ângulo;
4. Aguarde
alguns minutos, observe o papel do filtro e registe as alterações que verificares.
Nas
experiencia realizada a acetona funciona como solvente, extraindo os pigmento
dos cloroplastos, constitui-se assim uma solução de clorofila bruta. Quando se introduz a o papel de filtro nesta
solução, o solvente sob capilaridade, transportando os pigmentos.
Esse
pigmentos, devido a solubilidade diferencial, ficam depositados a diferentes
níveis e, como tal, separados. Ao fim de alguns tempos consegue-se oberservar
de baixo para cima diferentes pigmentos constituinte da clorofila bruta:
·
Clorofila b, de cor verde-amarelada;
·
Clorofila a, de cor verde-intensa;
·
Xantofilas, de cor amarela;
·
Carotenos, de cor alaranjada.
CAPTAÇÃO DA ENERGIA LUMINOSA
A energia
radiante do Sol é formada por radiações de diferentes comprimentos de ondas,
constituindo os aspectos solar. Os olhos humanos captam apenas um pequeno
conjunto dessas radiações, que formam a luz branca ou a luz visível, cujos
comprimentos de onda variam entre os 380 e os 750 nanómetros (nm).
É possível
decompor a luz branca nas suas radiações constituintes. Basta fazer passar a
luz através de um prisma óptico e recebem num ecrã o chamado espetro da luz
visível que é constituído pelas cores do arco-íris: vermelho, alaranja,
amarelo, azul, verde e violeta.
Nas plantas
existem dois grandes grupos de pigmentos fotossintéticos que observam a energia
luminosa. Sãs as Clorofilas e os carotenoides.
A luz que
incide sobre as folhas pode seguir diferentes percursos. Uma parte é imediatamente
refletida, outra é observada e outra ainda atravessa, sendo transmitida.
As clorofilas
observam, principalmente, as radiações do espectro visível de comprimentos de
ondas correspondentes ao azul-violeta e ao vermelho-alaranjado. As radiações
com comprimentos de onda correspondente à zona verde do espectro não são absorvidas.
São refletidas e daí vemos as folhas com cores verdes. Carotenoides observem
radiações de comprimentos de ondas correspondentes, aproximadamente à faixa
violeta-azul do espectro.
Engelmann, em
1981, utilizando o espectro da luz branca, efectou uma experiencia que permitiu
estabelecer essa relação.
Engelmann
observou que as bactérias utilizadas se aglomeravam mais densamente nas zonas
do filamento de espirogira que recebiam radiações correspondentes às faixas
vermelhas-alaranjada, bem como as faixas azul-violetas. Essa distribuição
evidencia que nessas zonas há maior libertação de oxigénio, sendo oxigénio um
dos produtos da fotossíntese as sua maior ou menos libertação revela a maior ou
menos intensidade fotossintética.
MECANISMO DA FOTOSSÍNTESE
A fotossíntese
é um processo complexo cujo conhecimento tem constituído um desafio para
inúmeros investigadores desde há séculos.
Dentre os
problemas abordados pelos investigadores pode referir-se:
-
Qual
a proveniência do oxigénio libertado? Tem origem na água? Provém do oxigénio de
carbono?
-
Os
mecanismos fotossintéticos dependem todos diretamente da energia luminosa?
Van Niel, um dos primeiro investigador a
estudar aspectos comparativos em fotossíntese, trabalhou com algumas bactérias
sulfurosas e verificou o seguinte:
·
Essas bactérias são anaeróbias;
·
Utilizam no processo
fotossintético sulfereto de hidrogénio (H2S) em vez de água;
·
Na presença da luz, sintetizam
compostos orgânicos e libertam enxofre.
Com base neste
dados, a equação que traduz o processo fotossintético nestas bactérias é:
|
|
A partir desta
comparação, Van Niel propôs o seguinte raciocínio: como na actividade
fotossintética destas bactérias a ruptura da molécula de sulfureto de
hidrogénio é efectuada em presença da
luz, então, no caso da fotossíntese das plantas, a luz também interfere na
ruptura da molécula de água em hidrogénio e oxigénio, o qual é libertado.
Na hipótese de
Van Niel, o oxigénio libertado na fotossíntese tem, portanto, origem na água e
não no dióxido de carbono. Em 1941, foram feitas experiências no sentido de
testar esta hipótese.
Os resultados
da experiência referida foram concludentes quanto à origem do oxigénio,
resolvendo definitivamente uma polémica que há muito se arrastava. Como contra
prova poder-se-ia ter colocado a alga Chlorella em água normal (H216O),
fornecendo-se dióxido de carbono marcado com 18O. Se o oxigénio
libertado provém da água, nesta experiência deve libertar-se 16O e
não 18O. O resultado desta contraprova mostrou que, durante a
fotossíntese, o oxigénio que se liberta provém da água e não do dióxido de
carbono.
Relativamente
ao processo fotossintético, muitos outros problemas foram sendo solucionados
devido ao contributo de numerosas experiências.
Experiências de Calvin e de Gaffron
1- No
início da década de 40, Calvin e os seus colaboradores colocaram suspensões de
algas verdes, do género Chlorella, num meio contendo dióxido de carbono, em que
o carbono era radiactivo (14C02). Por métodos apropriados
verificaram que as substâncias orgânicas sintetizadas eram radiactivas.
2- Em
1951, Gaffron e os seus colaboradores introduziram numa suspensão de algas,
fortemente iluminada, dióxido de carbono radiactivo (14C02).
Após uma permanência de 10 minutos à luz, colocaram essa suspensão de algas na
obscuridade. Verificaram que o dióxido de carbono continuava a ser absorvido
durante 15 a 20 segundos. Se a iluminação prévia não tiver ocorrido, ou se ela
tiver sido reduzida, não há formação de substâncias orgânicas.
Os resultados
da segunda experiência vieram revelar que a captação do dióxido de carbono que
intervém na formação de substâncias orgânicas continua a realizar-se durante algum
tempo na obscuridade se, previamente, houver um período de iluminação suficiente.
No entanto, se a iluminação prévia não tiver ocorrido, não há formação de substâncias
orgânicas.
Estes
resultados sugerem que a luz é necessária para iniciar o processo fotossintético,
o qual poderá depois continuar durante alguns segundos, mesmo na sua ausência.
Pode admitir-se então que a fotossíntese compreende duas fases sucessivas: uma
cujas reações dependem da luz e outra que compreende reacções que não dependem
da luz.
Fase
dependente da luz - ocorrem várias reacções fotoquímicas:
·
A energia luminosa é captada
pelos pigmentos fotossintéticos, provocando a excitação dos centros de reacção
dos fotossistemas.
·
Verifica-se a dissociação da água
em oxigénio e hidrogénio - fotólise da água:
·
O hidrogénio que se liberta na
fotólise da água, após uma série de reacções complexas, vai reduzir uma
molécula transportadora, o NADP+ (nicotinamida adenina dinucleótido fosfatada),
que se transforma em NADPH.
·
Ocorre a fosforilação de ADp,
formando-se o ATP, processo que se designa por fotofosforilação.
Fase não dependente da luz
- é incorporado o dióxido de carbono, sendo utilizada a energia química do ATP
e do NADPH, provenientes. da primeira fase, na síntese de moléculas orgânicas.
Embora se
considerem classicamente as duas fases da fotossítese, sabe-se hoje que nem
todas as reacções da primeira dependem directamente da luz e que algumas
enzimas que intervêm na segunda têm de ser activadas, previamente, pela luz.
Após a
abordagem global do processo fotossintético que acabámos de considerar, vamos
agora, para cada uma das fases, tratar o processo mais pormenorizadamente.
Faremos referência especial às transformações químicas e às estruturas do
cloroplasto onde ocorrem essas reacções, procurando responder às seguintes
questões:
- Como é transformada a energia luminosa em energia
química?
- Como é utilizada a energia química na síntese de
substâncias
orgânicas?
REACÇÕES QUE ENVOLVEM A MEMBRANA
DOS TILACÓIDES
A captação da
energia luminosa e a sua conversão em energia biologicamente utilizável requer
estruturas organizadas. Estas estruturas podem ser consideradas a vários
níveis, desde, por exemplo, o arranjo dos pigmentos nos fotossistemas aos
tilacóides, aos cloroplastos e à própria folha.
Através do
microscópio electrónico constata-se a existência de dois tipos de fotossistemas
na membrana dos tilacóides: fotossistema I e fotossistema II.
Estes
fotossistemas distinguem-se pelos respectivos pigmentos dos seus centros de
reacção.
O centro de
reacção do fotossistema I é referido como P700 e o centro de reacção
do fotossistema II é referido por P680 (P significa pigmento e 700
e 680 são relativos aos comprimentos de onda das radiações absorvidas
pelos respectivos centros de reacção). Os fotossistemas captam energia
luminosa; os centros de reacção são excitados pela luz e emitem fluxos de
electrões. Os fluxos de electrões passam através de uma cadeia de
transportadores e vão condicionar a fosforilação de ADP.
Atendendo ao
modo como ocorrem esses fluxos de electrões, a fotofosforilação de ADP pode
classificar-se de duas maneiras: fotofosforilação acíclica e fotofosforilação
cíclica.
Fotofosforilação Acíclica
Nos processos de fotofosforilação
acíclica intervêm o fotossistema I e o fotossistema II.
As reacções
químicas da fotossíntese iniciam-se quando os fotossistemas I e os fotossistemas
II captam energia luminosa e a transferem para a clorofila a dos respectivos centros
de reacção. A clorofila a dos
centros de reacção fica excitada, perdendo electrões que são transferidos para
determinados aceptores.
As
transformações que ocorrem na fotofosforilação acíclica podem sequenciar-se do
seguinte modo:
- A energia
luminosa é captada pelos pigmentos do fotossistema I e do fotossistemall que a
transferem para a clorofila a dos respectivos centros de reacção.
- A clorofila a do centro de reacção de cada
fotossistema fica excitada e perde electrões que são transferidos para uma
cadeia de transportadores. A clorofila a
fica oxidada e os receptores electrónicos ficam reduzidos (reacção de
oxirredução).
- A energia
luminosa transforma-se em energia química no momento em que um electrão é
transferido da molécula de clorofila a para a molécula de uma substância
aceptora de electrões.
- Os electrões
que abandonam o centro de reacção do fotossistema II vão percorrer uma cadeia de transportadores, ao longo da
qual o nível energético dos electrões vai decaindo, sendo finalmente aceites
pela clorofila a oxidada do centro de reacção do fotossistema I. Deste modo, a
clorofila a deste centro de reacção readquire os electrões que perdeu quando
excitada pela luz.
- Durante o
fluxo eletrónico dá-se a fosforilação de ADP, que passa a ATP.
- Na
fosforilação de ADP intervêm complexos enzimáticos, ATP-sintetases, localizados,
tal como os fotossistemas, na membrana dos tilacóides.
- Os electrões
cedidos pela clorofila a do fotossistema I vão ser recebidos por um aceptor
electrónico, sendo transferidos, depois, através de transportadores de
electrões, para o NADP+, que fica reduzido.
- Como recupera o fotossistema II os electrões
perdidos?
- A redução de fotossistemall é feita
através dos electrões provenientes da fotólise da água, os quais vão ser
recebidos por um aceptor e transferidos para o centro de reacção do
fotossistema II.
A água é, assim, o dado r electrónico
primário. Os electrões, após terem percorrido várias cadeias de transportadores,
passando sucessivamente pelo centro de reacção do fotossistema II e pelo centro
de reacção do fotossistema I, vão reduzir o NADP+.
- Os protões
provenientes da fotólise da água, juntamente com os electrões provenientes da
cadeia transportadora, vão participar na redução do NADP+.
FOTOFOSFORILAÇÃO CÍCLICA
Existe um segundo processo de transporte
de electrões que põe em jogo apenas o fotossistema I.
- o fotossistema I capta a energia
luminosa e transfere-a para a clorofila a do respectivo centro de reacção.
- A clorofila a, fotoexcitada, perde
electrões que são transferidos ao longo de uma cadeia de transportadores.
- A transferência de energia que ocorre
nas reacções de oxirredução ao longo da cadeia transportadora de electrões é,
em parte, utilizada na fosforilação de ADP.
- Os electrões retornam ao centro de
reacção do mesmo fotossistema, o fotossistema 1- fluxo cíclico de electrões.
As moléculas
intervenientes no fluxo acíclico e no fluxo cíclico de electrões encontram-se
localizadas nas membranas dos tilacóides. Essas moléculas incluem os pigmentos
fotossintéticos dos fotossistemas I e II, os aceptores e transportadores de
electrões, bem
como complexos
enzimáticos como ATPsintetases, ao nível dos quais se forma ATP.
Reacções Ao Nível Do Estroma
No sentido de
descobrirem o trajecto seguido pelo dióxido de carbono absorvido pelas plantas,
Calvin e os seus colaboradores, de 1946 a 1953, efectuaram uma série de investigações.
Estes
investigadores conseguiram:
I -
Identificar diferentes passos de fixação do carbono radiactivo.
II - Verificar
que o carbono radiactivo aparecia integrado em moléculas de glicose 30 segundos
depois de se ter iniciado a fotossíntese.
III-
Identificar os compostos intermediários, bem como a sua relação com as fontes
de energia química gerada durante a fase dependente da luz, interrompendo o
processo em intervalos de tempo definidos.
- O ciclo de
Calvin inicia-se pela combinação de dióxido de carbono com um composto de cinco
átomos de carbono - ribulose difosfato
(RuDP) -, originando um composto instável com seis átomos de carbono. Este
composto desdobra-se imediatamente em duas moléculas com três átomos de carbono
- ácido fosfoglicérico (PGA).
- O ácido
fosfoglicérico é fosforilado pelo ATP e reduzido pelo NADPH, dando origem ao aldeído fosfoglicérico (PGAL).
- O aldeído
fosfoglicérico vai seguir dois caminhos diferentes: uma parte vai regenerar a
ribulose monofosfato, o resto é utilizado para diversas sínteses no estroma, entre
as quais se destaca a síntese de glicose.
- Por cada
seis moléculas de dióxido de carbono que entram no ciclo formam-se doze
moléculas de PGAL, das quais dez vão regenerar a ribulose, restando duas para
formar, por exemplo, uma molécula de glicose. Neste conjunto de reacções são
utilizadas dezoito moléculas de ATP (três por cada ciclo) e doze moléculas de
NADPH (duas por cada cicio).
ACTIVIDADE FOTOSSINTÉTICA E
OUTRAS BIOSSÍNTESES
Embora se
considere essencialmente como produto final da fotossíntese a glicose, outros
compostos orgânicos podem ser sintetizados a partir de alguns dos compostos
intermediários do ciclo de Calvin. Entre esses produtos podem destacar-se
aminoácidos, ácidos gordos, glicerol e lípidos.
O aldeído
fosfoglicérico (PGAL), molécula com três carbonos (3 C), para além de intervir
na regeneração de ribulose monofosfato, está na base da formação de diversos
compostos orgânicos essenciais às células das plantas.
FOTOSSÍNTESE E PRODUÇÃO DE
COMPOSTOS ORGÂNICOS
Material:
- Vaso com pelargónio
em que as folhas têm rebordo esbranquiçado
- Papel de
estanho
-Tina
- Gobelé
- Placa de
aquecimento
- Placa de
Petri
-Água
-Álcool
- Água iodada
Modo de proceder:
1 - Coloque o vaso de pelargónio num
ambiente sem luz, durante 36 horas.
2 - Cubra então uma das folhas do
pelargónio com papel de estanho e exponha a planta à luz solar durante umas
horas.
3 - Retire o papel de estanho e corte
essa folha, bem como uma outra que não tenha sido coberta,
4 - Mergulhe as duas folhas em água
fervente, durante cinco minutos.
5 -Introduza as folhas em álcool em
ebulição, aquecido em banho-maria, até ficarem descoradas.
6 - Coloque as duas folhas numa placa de
Petri contendo água iodada.
Na actividade realizada foi detectado
amido apenas nos órgãos expostos à luz e nas zonas que possuíam cloroplastos.
- O amido é um polissacarídeo resultante
da polimerização de numerosas moléculas de glicose, cada uma das quais é
formada a partir de duas moléculas de aldeído fosfoglicérico (PGAL)
O amido fica
temporariamente nas folhas, sendo hidrolisado durante a noite. Os produtos resultantes
da hidrólise são transportados, após algumas transformações, para outros órgãos
da planta.
- Uma
quantidade considerável de glicose é utilizada na produção de celulose, a molécula
orgânica mais abundante nas plantas. A parte restante pode ser armazenada sob a
forma de substâncias de reserva em diferentes órgãos, como folhas, caules,
frutos e sementes.
- A síntese de
lípidos é também realizada a partir do PGAL, verificando-se diversas reacções
químicas que conduzem à formação de glicerol e de ácidos gordos.
- Parte do
PGAL permite também a formação de certos compostos intermediários que, reagindo
com o amoníaco proveniente de nitratos absorvidos do meio pela planta, constituem
aminoácidos.
- Outras
moléculas intermediárias do ciclo de Calvin, como o ácido fosfoglicérico (PGA).
podem igualmente intervir na síntese de biomoléculas importantes.
Cerca de 50
dos produtos orgânicos constituídos na fotossíntese são consumidos pelas
plantas no metabolismo celular.
FACTORES QUE INTERFEREM NA
ACTIVIDADE FOTOSSINTÉTICA
Qualquer
variação relativa aos intervenientes no processo fotossintético influencia, logicamente,
a intensidade desse processo. Assim, por exemplo, a quantidade de água, a
variação da intensidade luminosa, a quantidade de dióxido de carbono, a própria
temperatura, fazem variar a intensidade da fotossíntese.
A intensidade
fotossintética pode ser avaliada pela quantidade de oxigénio libertada ou pela
quantidade de dióxido de carbono absorvida por unidade de tempo.
Variação da actividade fotossintética com a
intensidade luminosa
Colocou-se um
dispositivo exposto a um foco luminoso, fazendo-se variar, em diferentes
momentos, a distância desse foco ao dispositivo.
Os resultados
da experiência apresentada permitem inferir que, para as intensidades luminosas
consideradas, a actividade fotossintética aumenta em função dessas intensidades
luminosas.
Os resultados
de várias experiências relativas à variação da actividade fotossintética com a
intensidade luminosa permitem concluir que, para intensidades luminosas pouco
elevadas, a actividade fotossintética aumenta quando aumenta a intensidade
luminosa. Porém, constata-se que a partir de um dado valor (variável de acordo
com as espécies), a intensidade fotossintética estabiliza mesmo que a
intensidade luminosa aumente.
QUIMIOSSÍNTESE
Existem seres
vivos que conseguem reduzir o dióxido de carbono sem utilizar a energia
luminosa. São os seres quimioautotróficos. também chamados seres
quimiossintéticos:
Em 1890,
Winogradsky verificou que a oxidação do amoníaco existente no solo liberta
energia. Partindo deste conhecimento, admitiu que bactérias do solo pudessem
oxidar compostos azotados neles existentes, utilizando a energia transferida
para reduzir o CO2 e formar substâncias orgânicas. Essas bactérias
foram designadas por bactérias nitrificantes.
O diagrama da
figura traduz, de um modo muito simples, processos em que intervêm as bactérias
consideradas.
Tal como na
fotossíntese, podem distinguir-se na quimiossíntese duas etapas. Na primeira há
a oxidação de substratos minerais. Dessa oxidação resulta um fluxo de electrões
e de protões proveniente do substrato considerado, formando-se um composto
redutor, o NADPH, e moléculas de ATP, para as quais é transferida parte da
energia mobilizada.
Na segunda
etapa, equivalente à fase química da fotossíntese, ocorre a redução de dióxido
de carbono, o que conduz à síntese de substâncias orgânicas.
As bactérias
nitrificantes são seres quimioautotróficos. São quimiossintéticos porque
utilizam a energia resultante da oxidação de compostos químicos e autotróficos
porque a fonte de carbono é um composto mineral, o dióxido de carbono ou o
monóxido de carbono. No fundo dos oceanos existem também bactérias quimioautotróficas.
As água
emitidas por fontes hidrotermais, localizadas junto de dorsais oceânicas, são
ricas em H2S e em bactérias termo-resistentes. Estas bactérias são
capazes de incorporar o dióxido de carbono para a síntese de moléculas
orgânicas, utilizando a energia química resultante da oxidação do sulfureto de
hidrogénio. São bactérias "sulfo-oxidantes" e quimioautotróficas.
Apesar de o
processo quimiossintético representar uma pequena fracção do processo de
produção de compostos orgânicos, as bactérias quimiossintéticas desempenham
actividades importantes na biosfera, nomeadamente na manutenção da fertilidade
dos solos, através da sua intervenção na reciclagem de compostos azotados.
RESPIRAÇÃO E FERMENTAÇÃO
A formação de
moléculas de ATP, fonte imediata de energia para as células, ocorre, como já
vimos, ao nível da fotossíntese. Mas é a oxidação de moléculas orgânicas que
garante a renovação constante de ATP nas células de todos os seres vivos.
Apesar de uma
célula ser capaz de degradar variadas moléculas orgânicas, é a glicose o
principal composto orgânico utilizado como fonte de energia química.
Entre as
diversas vias catabólicas responsáveis pela transferência de energia de compostos
orgânicos para moléculas de ATP, vamos considerar os processos de respiração
aeróbia e de fermentação.
Desde o século
passado muitas investigações têm sido levadas a cabo, permitindo um esclarecimento
cada vez maior dos processos catabólicos considerados. A actividade
experimental que lhe propomos baseia-se numa experiência efectuada por Pasteur,
no século XIX.
MULTIPLICAÇÃO DE LEVEDURAS EM
CONDIÇÕES AERÓBIAS E EM CONDIÇÕES ANAERÓBIAS
Material
- Garrafas-termo de 1/2 L
- Rolhas perfuradas: umas com dois
orifícios e outras com três
- Termómetros
- Gobelés
- Tubos de vidro dobrados como mostra a
figura [401
- Pipetas
- Varetas de vidro
- Microscópio
- Lâminas e lamelas
- Suspensão de leveduras
- Solução de glicose a 30
-Água de cal
Modo
de proceder:
Realize a montagem de dois dispositivos
experimentais, conforme os representados.
1 - Coloque no interior de cada garrafa
solução de glicose até cerca de metade da altura.
2 - Junte 100 ml da suspensão de
leveduras depois de a agitar, misturando-a com uma vareta de vidro.
3 - Retire uma gota e observe ao
microscópio com grande ampliação.
4 - Procure contar o número de leveduras
no campo do microscópio.
5 - Tape as garrafas com as rolhas
perfuradas.
6 - Registe a temperatura observada nos
termómetros.
7 - Ao fim de 48 horas, repita as
observações efectuadas inicialmente e com os resultados preencha uma tabela
como a seguinte.
As leveduras
são fungos unicelulares que se multiplicam rapidamente quando as condições do
meio lhes são propícias. A multiplicação das leveduras necessita de energia,
que provém da degradação da glicose. Parte dessa energia dissipa-se sob a forma
de calor, o que determina a elevação da temperatura observada nos termómetros,
e a restante é utilizada não só para a sobrevivência das leveduras como também
para a sua multiplicação. Na garrafa 8, a multiplicação das leveduras foi mais
activa, o que implicou uma maior mobilização de energia.
- Na ausência
de oxigénio, ou seja, em anaerobiose, além do dióxido de carbono forma-se
álcool etílico (etanol). Este é um composto orgânico ainda muito rico em
energia potencial que não foi mobilizada, não sendo, portanto, utilizada pelas
leveduras. O conjunto de reacções ocorridas designa-se por fermentação alcoólica e verifica-se num meio desprovido de
oxigénio.
- Em
aerobiose, os produtos finais são moléculas simples - dióxido de carbono e
água. As leveduras aproveitam mais energia proveniente da degradação da glicose
e daí o aumento muito mais significativo da quantidade de leveduras. O processo
designa-se por respiração aeróbia e
verifica-se em presença de oxigénio.
As equações
químicas A e B representadas e referentes à respiração aeróbia e à fermentação
consideram apenas os reagentes e os produtos finais de sequências de reacções
catabólicas complexas.
GLICÓLISE, UMA ETAPA COMUM À
FERMENTAÇÃO E À RESPIRAÇÃO
Ainda que a
descoberta da glicólise se tenha verificado em 1897, a investigação bioquímica
deste processo, ao longo do nosso século, tem vindo a permitir uma compreensão
cada vez mais clarificada. da sequência de fenómenos que nela ocorrem.
A análise de
um diagrama simplificado ajuda a compreender a sequência de reacções basilares
da glicólise.
A glicólise é
uma via catabólica na qual se podem considerar duas fases:
·
Primeira
fase - engloba as reacções pelas quais a
glicose é transformada em duas moléculas de aldeído fosfoglicérico (PGAL). É de
salientar a ocorrência de duas fosforilações, ou seja, a ligação de dois
fosfatos provenientes de duas moléculas de ATP à molécula de glicose. Estas
reacções convertem a molécula estável de glicose numa molécula reactiva de
frutose-difosfato. A molécula de frutose- difosfato desdobra-se em duas
oléculas de aldeído fosfoglicérico (PGAL) com três carbonos cada uma.
·
Segunda
fase - é constituída pelas reacções em que
duas moléculas de aldeído fosfoglicérico são transformadas em duas moléculas de
ácido pirúvico, produto final da glicólise. É de salientar a oxidação de cada
molécula de aldeído fosfoglicérico (PGAL) por desidrogenação, isto é, por
remoção de dois átomos de hidrogénio (2 e- + 2H+). Os
dois hidrogénios vão de imediato reduzir a molécula da coenzima NAD+
(nicotinamida adenina dinucleótido), formando NADH + H+.
As moléculas
de NADH são moléculas de elevado nível energético. Parte da energia mobilizada
pela oxidação do composto AH2, no caso da glicólise o PGAL, é
transferida para o NADH.
Ocorre também
nesta fase a síntese de quatro moléculas de ATP.
Uma vez que
foram utilizadas duas moléculas de ATP para a fosforilação e activação da
glicose, o rendimento energético da glicólise é apenas de 2 ATP por molécula de
glicose. As reacções da glicólise ocorrem no hialoplasma, pois é nele que se
localizam as enzimas que catalisam as diversas reacções.
O rendimento
energético da glicólise é muito pequeno comparado com a energia total da
glicose.
Duas moléculas
de ATP correspondem apenas a cerca de 14 kcal/mole, enquanto que se a glicose
em laboratório for completamente oxidada, formando H2O e CO2,
liberta, sob a forma de calor, 686 kcal/mole.
Assim, as
moléculas de ATP formadas directamente na glicólise representam apenas cerca de
2% da energia total da glicose. São as duas moléculas de NADH, e especialmente
as duas moléculas de ácido pirúvico, que contêm a maior parte da energia química
inicialmente presente na glicose.
O
aproveitamento da energia contida no ácido pirúvico depende da organização
estrutural das células e da existência ou não de oxigénio no meio.
DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO PIRÚVICO EM
CONDIÇÕES AERÓBIAS
Grande número
de seres vivos é capaz de aproveitar, com certa eficácia, a energia do ácido
pirúvico. Este composto, em presença do oxigénio livre, entra numa sequência de
reacções enzimáticas que permitem a sua completa oxidação, originando-se
compostos
muito simples
- CO2 e H2O.
- Qual a importância do oxigénio na respiração?
- De onde provém o dióxido de carbono?
Uma
investigação experimental simples pode fornecer alguns dados para responder a
estes problemas.
RESPIRAÇÃO CELULAR
- Tubos de ensaio
- Tina de dissecção
- Tesoura
- Bisturi
- Pinça
- Gobelé
- Bico de Bunsen
- Suportes para tubos de ensaio
- Solução de Ringer
-Água de cal
- Azul-de-metileno
- Azeite
-Algodão
- Material biológico sugerido (mexilhão,
amêijoa, nabo)
Modo
de proceder:
1 - Numere os tubos de ensaio de 1 a 3.
2 - Coloque em cada um dos tubos solução
de Ringer até 2/3 de altura e adicione três ou quatro gotas de
azul-de-metileno.
3 - Ao tubo 2 adicione uma amêijoa ou
mexilhão vivos (sem concha) ou uma porção de nabo.
Ao tubo 3 adicione o mesmo tipo de
material biológico, mas previamente cozido.
4 - Deite em todos os tubos um pouco de
azeite para formar uma camada isoladora à superfície.
5 - Coloque os tubos numa tina com água
tépida, durante uma hora.
6 - Observe e registe as alterações que
notar.
7 - Sabendo que o azul-de-metileno se
pode apresentar sob duas formas - oxidado (azul) ou reduzido (incolor) procure
interpretar os resultados obtidos.
8 - Nas células o oxigénio desempenha
uma função idêntica à do azul-de-metileno nesta experiência.
Durante a
respiração, as células vivas libertam CO2 gasoso que pode ser
detectado através da turvação de água de cal. Esse CO2 resulta da
reacção de descarboxilação de compostos orgânicos por acção de enzimas
específicas - as descarboxilases.
Simultaneamente,
ocorrem reacções de oxidação por desidrogenação, do substrato, catalisadas por
desidrogenases. A presença do hidrogénio pode ser detectada experimentalmente,
utilizando uma substância que facilmente se combine com ele. Na experiência foi
utilizado o azul-de-metileno.
O azul-de-metileno
pode encontrar-se sob duas formas: oxidado (cor azul) ou reduzido (incolor).
Quando se introduz um tecido vivo numa solução diluída de azul-de-metileno
(azul), verifica-se que a solução, passado algum tempo, fica descorada, isto é,
o azul-de-metileno fica reduzido. Durante a respiração, compostos orgânicos são
oxidados, sendo o hidrogénio recebido por um aceptor, que neste processo experimental
foi o azul-de-metileno.
Com um tecido
morto por fervura, não há redução do azul-de-metileno, pois o calor desnatura
as desidrogenases que catalisam as oxidações. Nas condições naturais da célula
viva, o oxigénio desempenha a função do azul-de-metileno na experiência, ou
seja, é o aceptordo hidrogénio, formando com ele água.
Estes
fenómenos são realizados ao longo de cadeias de reacções complexas, controladas
por enzimas, havendo, simultaneamente, um aproveitamento progressivo de energia
que vai sendo transferida.
Vai
considerar-se o processo de degradação do ácido pirúvico em aerobiose.
O ácido
pirúvico proveniente da glicólise entra na mitocôndria, onde vai participar
numa série de reacções complexas. Por cada molécula de glicose degradada
formam-se duas moléculas de ácido pirúvico, como já vimos, experimentando cada
uma delas igual processamento.
Em termos
muito gerais, nas células eucarióticas podem considerar-se três fases fundamentais
na degradação do ácido pirúvico em condições aeróbias:
·
formação de acetil-CoA;
·
ciclo de Krebs ou ciclo do ácido
cítrico;
·
fosforilação oxidativa.
Tal como já se
procedeu com a glicólise, vamos pormenorizar cada uma das etapas da degradação
do ácido pirúvico em aerobiose.
Formacão de acetil-coenzima A
Na formação de acetil-coenzima A ocorre
um conjunto de reacções através do qual cada molécula de ácido pirúvico é
descarboxilada e oxidada devido a um complexo multienzimático. Estas reacções
ocorrem na matriz mitocondrial.
O CO2 difunde-se e é
libertado, enquanto o hidrogénio vai reduzir uma molécula de NAD+,
formando NADH. O radical oxidado com dois átomos de carbono ligados à coenzima
A constitui acetil-CoA.
Ciclo
do ácido cítrico ou ciclo de Krebs
O ciclo do ácido cítrico é também
conhecido por ciclo de Krebs, como homenagem ao bioquímico alemão Hans Krebs. Foi ele que,
na década de 30, investigou a sequência de reacções desse ciclo, pelo
que recebeu o prémio Nobel, .
O ciclo do
ácido cítrico consiste numa série de reacções metabólicas que ocorrem ao nível
da matriz mitocondrial nas quais intervém a acetil-CoA.
Cada ciclo de
Krebs inicia-se com a formação de ácido cítrico (composto com 6 C), que resulta
da reacção de uma molécula de acetil-CoA (2 C) com um composto com 4 C (ácido
oxaloacético). Em seguida desencadeia-se uma série de reacções quimicas, entre
as quais se podem salientar:
·
duas descarboxilações, sendo
removidas duas moléculas de CO2. Os dois carbonos que fazem parte
destas moléculas provêm da acetil-CoA que entra no ciclo de Krebs;
·
quatro oxidações do substrato,
removendo-se oito hidrogénios (8 e- + 8 H+). Seis dos
hidrogénios vão reduzir três moléculas de NAD+, formando-se 3 NADH,
e os outros dois hidrogénios vão reduzir uma molécula de outro transportador de
hidrogénio, o FAD (flavina adenida dinucleótido), formando FADH2.
Durante um
ciclo de Krebs, apenas se constitui uma molécula de ATP. No final de cada ciclo
regenera-se ácido oxaloacético, com-posto com 4 C, podendo iniciar-se um novo
ciclo.
Uma vez que
por cada molécula de glicose se constituem duas moléculas de ácido pirúvico e,
consequentemente, duas moléculas de acetil-CoA.
O ciclo de
Krebs ocorre apenas em condições aeróbias, isto é, em presença do oxigénio,
embora nesta fase o oxigénio não seja directamente utilizado.
Transporte de electrões e fosforilação oxidativa
Nas etapas
anteriores da respiração o rendimento em termos de moléculas de ATP, por cada
molécula de glicose, é:
·
duas moléculas de ATP na
glicólise;
·
uma molécula de ATP em cada ciclo
de Krebs.
Contudo,
ocorre uma série de oxidações, por desidrogenação de compostos orgânicos, quer
durante a glicólise quer na formação de acetil-CoA e ainda no ciclo de Krebs.
Os hidrogénios removidos desses substratos reduzem moléculas transportadoras,
as coenzimas NAD+ e FAD, constituindo-se moléculas de elevado nível
energético - NADH e FADH2. Todas essas moléculas transportam
hidrogénios, que vão ser dissociados pela acção de enzimas localizadas na
membrana interna da mitocõndria: os electrões são transferidos ao longo de
cadeias de transportadores - cadeias respiratórias - e os protões são
libertados.
Muitos
transportadores de electrões de cada cadeia respiratória são proteínas ligadas
a coenzimas que podem aceitar e ceder electrões, participando assim em reacções
de oxirredução.
A primeira
molécula de uma cadeia respiratória recebe hidrogénios do NADH, ficando este na
forma oxidada, NAD+. Os electrões fluem através dos vários
transportadores. De entre esses transportadores podem destacar-se os citocromos
(cit.) que se distinguem por meio de letras.
Do último
transportador os electrões fluem para o oxigénio, o qual capta um par de iões H+
da matriz, formando-se água. O oxigénio é, portanto, o aceptor final dos
electrões na respiração aeróbia. Por cada conjunto de duas moléculas de NADH é
reduzida uma
molécula de O2,
formando-se duas moléculas de água.
Os diferentes
transportadores de uma cadeia respiratória estão inseridos na membrana interna
das mitocôndrias, existindo muitas cadeias respiratórias numa só mitocôndria.
A disposição
das moléculas transportadoras de electrões na membrana interna condiciona o
fluxo dos electrões. Cada transportador tem maior afinidade para os electrões
do que o transportador anterior, de modo que o fluxo de electrões é
unidireccional no sentido do oxigénio.
O fluxo de
electrões através das cadeias respiratórias mobiliza muita energia. Se essa
energia fosse transferida toda de uma só vez, seria suficiente para destruir a
célula e dissipar-se-ia sob a forma de calor. Mas não é isso que acontece, pois
os electrões ao serem transferidos vão passando para níveis energéticos
sucessivamente mais baixos, havendo uma transferência gradual de energia.
Parte da
energia transferida vai permitir a síntese de moléculas de ATP.
Por cada
molécula de NADH, cujos electrões são transferidos para uma cadeia respiratória
ao nível do primeiro transportador, formam-se três moléculas de ATP.
Por cada
molécula de FADH2 cujos electrões entram na cadeia respiratória a um
nível energético mais baixo, originam-se duas moléculas de ATP.
Pelo facto da
produção de ATP estar associada a fenómenos de oxirredução, o processo é
designado por fosforilação oxidativa.
Investigações
com mitocôndrias permitiram concluir que a síntese de ATP ocorre ao nível de
esferas pedunculadas da membrana interna das mitocôndrias observáveis ao
microscópio electrónico.
As estruturas
pedunculadas observadas são ATPsintetases, ao nível das quais se forma ATP.
Além da
ATPsintetase, mais de uma centena de enzimas estão envolvidas no processo de
respiração aeróbia, umas inseridas na membrana interna, outras na matriz mitocondrial.
BALANÇO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO
Considerando
as substâncias que se vão formando nas diferentes etapas da respiração aeróbia,
pode finalmente efectuar-se o balanço energético dessa via catabólica. Salvaguarda-se
que o rendimento possa ser parcialmente afectado pelas necessidades energéticas
da célula.
Parte da
energia quimica armazenada na molécula de glicose é transferida para moléculas
de ATP, sendo a restante dissipada sob a forma de calor.
UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO PIRÚVICO EM CONDIÇÕES
ANAERÓBIAS
Muitos
organismos, particularmente microrganismos que vivem em meios onde o oxigénio é
quase ou completamente ausente, obtêm energia por processos anaeróbios. A
fermentação é um dos processos catabólicos que ocorrem na ausência de oxigénio.
As leveduras, como vimos, podem viver na presença de oxigénio, realizando
respiração aeróbia. Contudo, na ausência de oxigénio realizam o processo de
fermentação. Existem diversos tipos de fermentação. Consideraremos apenas a
fermentação alcoólica e a fermentação láctica. Esses dois processos iniciam-se
pela glicólise, de modo idêntico ao que acontece com a respiração aeróbia.
Os produtos
finais da fermentação alcoólica e da fermentação láctica diferem em função das
reacções que ocorrem durante a degradação do ácido pirúvico.
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
Na fermentação
alcoólica, após a glicólise o ácido pirúvico é desdobrado em etanol. Neste
processo ocorre a descarboxilação do ácido pirúvico, originando-se um composto
com dois átomos de carbono - o aldeído acético -, que, por redução, origina o
etanol, regenerando-se consequentemente NAD+.
FERMENTAÇÃO LÁCTICA
Na fermentação
táctica, o ácido pirúvico, resultante da fase glicoltica, experimenta uma
redução, combinando-se com o hidrogénio transportado pelo NADH, que se forma na
glicólise. Origina-se ácido táctico ficando a coenzima NAD+ oxidada
livre para outras reacções de desidrogenação.
A fermentação
alcoólica é largamente utilizada na indústria de álcool, na produção de cerveja
e na vinicultura. As leveduras que intervêm no processo de transformação do
sumo de uvas em vinho encontram-se na casca das bagas.
No fabrico do
pão ocorre também uma fermentação alcoólica, na qual intervêm leveduras que
fazem parte do fermento de padeiro. O álcool evapora-se facilmente e o dióxido
de carbono, constituindo bolhas, torna a massa mais fofa. É o chamado «levedar»
do pão. A fermentação táctica, que ocorre em diversos microrganismos, é
responsável pelo azedar e coalhar do leite, fenómenos que se devem à presença
de ácido táctico, que, alterando o pH do meio, provoca a coagulação das
proteínas. Daí a sua importância na indústria de lacticínios.
Nas células
musculares humanas, durante um exercício físico intenso, pode ocorrer fermentação
táctica além de respiração aeróbia, sintetizando-se assim um maior número de
moléculasde ATP.
É O ácido
láctico que causa as dores musculares que ocorrem, por vezes, após um exercício
físico intenso.
FERMENTAÇÃO E RESPIRAÇÃO -
ASPECTOS COMPARATIVOS
Foram
considerados os principais processos implicados na síntese de ATP a partir de
moléculas orgânicas.
Fermentação e
respiração são dois processos que mobilizam energia potencial de moléculas
orgânicas, transferindo-a para moléculas de ATP.
O ATP é
produzido no hialoplasma de todas as células durante o processo glicolítico,
comum à fermentação e à respiração. É também produzido nas mitocôndrias, por
via aeróbia, em reacções do ciclo de Krebs e, principalmente, durante a
fosforilação oxidativa.
O rendimento
energético da fermentação e da respiração é, no entanto, diferente.
Durante a
fermentação sintetizam-se quatro moléculas de ATP na fase glicolítica. Uma vez
que são utilizadas duas moléculas de ATP na activação da glicose, o rendimento é,
portanto, de duas moléculas de ATP.
Na respiração,
para além das duas moléculas de ATP, como rendimento da glicólise,
sintetizam-se mais 34 ou 36 moléculas devido aos processos que ocorrem após a
formação do ácido pirúvico. Os produtos finais da respiração, CO2 e
H2O, são moléculas simples com pouca energia potencial, ao contrário
do etanol, produto final da fermentação alcoólica, que é um composto de elevada
energia potencial.
Sabendo que na
síntese de uma molécula de ATP se transferem cerca de 7 kcal, as células, na
fermentação, aproveitam cerca de 14 kcal da energia potencial da glicose, sendo
o rendimento energético de cerca de 2%. Na respiração a eficácia do processo é
muito superior. Assim, 38 ATP x 7 kcal = 266 kcal. O rendimento energético é de
cerca de 40%. A energia restante é libertada sob a forma de calor ou fica
retida nos produtos finais, não sendo mobilizada.
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