ÍNDICE
Neste
trabalho discutiremos as abordagens inatista e ambientalista que fazem parte de
diferentes concepções de desenvolvimento do homem e do modo que ele chega a
“conhecer”. Tais abordagens, como em qualquer estudo científico, dependem da
visão de mundo existente em uma determinada situação histórica e caminham
conforme a realidade. E depois de analisamos as posições inatista e
ambientalista, especialmente da forma que foram vividas e incorporadas,
discutiremos a concepção interacionista, buscando não apenas elucidar
equívocos, como também propor uma nova posição em função de uma amplitude maior
no que diz respeito às contribuições que trará à atuação do professor em sala
de aula.
Vemos
que existem diferentes concepções de crianças e de adolescentes que se fazem
distintas a partir de diferentes pontos de vista teóricos e que acabam por
contribuir para formar múltiplos conceitos desses grupos referidos. Assim, é
importante que pensemos melhor sobre quais são e como se construíram as
diferentes concepções de infância e de adolescência na nossa sociedade, pois, o
comportamento humano pode se modificar em função da observação de como agem
outras pessoas que acabam se tornando modelos a serem copiados. Quando tais
comportamentos são reforçados, a tendência será a de imitação e quando são
punidos, tende-se a evitá-los.
O
trabalho está estruturado por uma capa, índice, introdução, 8 páginas de
desenvolvimento, conclusão e bibliografia, o trabalho como um todo, está
estruturado por 11 páginas.
Behaviorismo
Também
conhecido como comportamentalismo, é uma área da psicologia, que tem o comportamento como objeto de estudo.
Cognitivo
Em
Psicologia cognitivo significa: aquele que faz referência aos mecanismos
mentais presentes na percepção, no pensamento, na memória e na resolução de
problemas.
Empregou-se
pesquisa essencialmente bibliográfica, em meio impresso e digital, pela
consulta a livros e sites, sobre a
concepção no âmbito da psicologia.
Os
cientistas e os filósofos criaram abordagens denominadas inatistas que valorizam
os fatores endógenos e as abordagens ambientalistas que dão atenção especial à
ação do meio e da cultura sobre a conduta humana.
A
visão de desenvolvimento enquanto processo de apropriação pelo homem da
experiência histórico-social é relativamente recente. Durante longos anos, o
papel da interação de fatores internos e externos no desenvolvimento não era
destacado. Enfatizava-se ora os primeiros, ora os segundos. (DAVIS, 1994, p.26)
O
inatismo e o ambientalismo são teorias psicológicas formuladas acerca da
constituição do psiquismo humano. Elas vêm revelar diferentes concepções das
dimensões biológicas e culturais do indivíduo assim como a forma que ele
aprende, se desenvolve e as possibilidades de ação na educação.
A
abordagem Inatista traz a concepção de que a prática pedagógica não advém de
circunstâncias contextualizadas, ela baseia-se nas capacidades básicas do ser
humano. Ou seja, a personalidade, a forma de pensar, seus hábitos, seus
valores, as reações emocionais e o comportamento são inatos, isto é, nascem com
o indivíduo e seu destino já vem pré-determinado.
Os
eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais ou importantes para o
desenvolvimento.
Segundo
Rousseau, a natureza, dizem-nos, é apenas o hábito. Que significa isso? Não há
hábitos que só se adquirem pela força e não sufocam nunca a natureza? É o caso,
por exemplo, do hábito das plantas, cuja direção vertical se perturba. Em se
lhe devolvendo a liberdade, a planta conserva a inclinação que a obrigam a
tomar; mas a seiva não muda, com isto, sua direção primitiva; e se a planta
continuar a vegetar, seu prolongamento voltará a ser vertical. O mesmo acontece
com os homens.
Nesta
teoria, a prática escolar não importa e nem desafia o aluno, já que está
restrito àquilo que o educando já conquistou. O desenvolvimento biológico é que
é determinante para a aprendizagem. O processo de ensinar e aprender só pode
acontecer à medida que o educando estiver maduro para aprender. A educação terá
o papel de aprimorar o educando.
Na
concepção inatista, a prática pedagógica não tem origem contextualizada, daí a
ênfase no conceito de educando em geral. Os postulados inatistas justificam
práticas pedagógicas espontaneístas, do reforço das características inatas,
onde o sucesso escolar está no educando e não na escola.
A
abordagem ambientalista, também chamada de behaviorista ou comportamentalista,
privilegia a experiência como fonte do conhecimento e formação de hábitos,
atribuindo um grande poder ao ambiente no desenvolvimento e na constituição das
características humanas. Preocupa-se em explicar o comportamento humano através
da observação, descartando a análise de aspectos da conduta humana como
raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre outros.
Destaca
e valoriza a importância de medir, testar, comparar, experimentar e controlar o
comportamento do educando e sua aprendizagem. O homem é concebido como um ser
plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes
no meio em que se encontra.
Esta
concepção é inspirada no empirismo, que é uma corrente filosófica, que enfatiza
a experiência sensorial objetiva e neutra no conhecimento da realidade humana.
Watson e Pavlov trouxeram grande contribuição ao pensamento comportamentalista,
mas a criação da teoria e dos princípios foi de responsabilidade do americano
Burruhs Skinner, o grande defensor da posição ambientalista. Ele se propõe a
construir uma ciência do comportamento. O ambiente para ele é muito mais
importante do que a maturação biológica. São os estímulos presentes numa dada
situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento.
Tais
estímulos controlam o comportamento fazendo com que aumente ou diminua a
frequência com que ele aparece, ou faz com que ele desapareça ou só apareça em
situações consideradas adequadas ou ainda, faz com que o comportamento se
refine e aprimore, etc. Daí o motivo pelo qual se atribui à concepção ambientalista
uma visão do indivíduo enquanto ser extremamente reativo à ação do meio.
Mudanças
no comportamento podem ser provocadas de diversas maneiras. As consequências
positivas provocam um aumento na frequência com que o comportamento aparece e
são chamadas de reforçamento. Já as consequências negativas levam a uma
diminuição na frequência com que certos comportamentos ocorrem, recebem o nome
de punição.
Por
exemplo, se após arrumar os seus brinquedos (comportamento), a criança ouvir
elogios de sua professora (consequência positiva) ela procurará deixar os
brinquedos arrumados mais frequentemente, porque associa os comportamentos.
Mas, se cada vez que um garoto jogar uma bola (comportamento) e quebrar o vidro
da janela e for obrigado a pagar por ela (consequência negativa), tomará mais
cuidado ao jogá-la novamente.
Já
quando há um comportamento inadequado e é desejável que ele seja eliminado do
repertório de comportamentos de uma pessoa, usa-se a extinção, onde é
imprescindível quebrar a ligação que se estabeleceu entre o comportamento
indesejável e algumas consequências do mesmo, sendo necessário que seja
retirado do ambiente as consequências que o mantém. Por exemplo, quando uma
criança faz bagunça na sala de aula, chamando a atenção da professora, mas esta
mostrasse indiferente ao comportamento da criança, provavelmente a criança
parará de fazer bagunça. Este comportamento será extinto por ter deixado de
promover o aparecimento de determinadas consequências, no caso, a atenção da
professora.
O
comportamento humano pode se modificar em função da observação de como agem
outras pessoas que acabam se tornando modelos a serem copiados. Quando tais
comportamentos são reforçados, a tendência será a de imitação e quando são punidos,
tende-se a evitá-los.
Na
visão ambientalista, a atenção de uma pessoa é função das aprendizagens que
realizou ao longo de sua vida em contato com estímulos reforçadores ou
punitivos relativos aos seus comportamentos anteriores. O comportamento é
sempre o resultado de associações estabelecidas entre algo que provoca (um
estímulo antecedente) e algo que o segue e o mantém (um estímulo consequente).
A
generalização é o fenômeno que estabelece a associação de um comportamento a um
determinado estímulo, que tende a reaparecer quando estiverem presentes
estímulos semelhantes.
Por
exemplo, na aquisição da linguagem pela criança, as palavras tornam-se a base
para generalizações e, além da criança perceber semelhanças entre estímulos e a
generalizar comportamentos, ela também aprende a discriminar estímulos a partir
das suas diferenças.[1]
Portanto,
na visão ambientalista, a aprendizagem pode ser entendida como o processo pelo
qual o comportamento é modificado como resultado da experiência e para que ela
ocorra é preciso que se considere a natureza dos estímulos presentes na
situação, o tipo de resposta que se espera obter, o estado físico e psicológico
do organismo e aquilo que resultará da própria aprendizagem como, mais
conhecimentos, elogios, prestígio, notas altas, etc.
A
ênfase da visão ambientalista está em proporcionar novas aprendizagens através
da manipulação dos estímulos que vêm antes e depois do comportamento,
fazendo-se necessário uma análise profunda da forma como os indivíduos atuam em
seu ambiente, identificando os estímulos que provocam o aparecimento do
comportamento e as consequências que o mantém.
Esta
análise é chamada de análise funcional do comportamento. Em sala de aula, as
teorias ambientalistas têm sua importância no planeamento de ensino, quando na
organização das condições para que a aprendizagem ocorra, no esclarecimento dos
objetivos instrucionais e operacionais, na sequência das atividades que levarão
aos objetivos propostos e nos reforçadores que serão utilizados.
Nesta
concepção, o papel do professor é valorizado, o que na abordagem inatista havia
sido minimizado. O professor pode lançar mão de vários artifícios como elogios,
notas, “pontos positivos” para entrega de lições ou até lições caprichadas,
para reforçar positivamente os comportamentos esperados.
Por
outro lado, há críticas quanto à concepção ambientalista, no sentido de não
haver lugar para a criação de novos comportamentos, pelo excessivo diretivismo
por parte do adulto (professor). Deixou-se de usar e valorizar situações onde a
aprendizagem podia acontecer de forma espontânea, principalmente nos momentos
onde a cooperação entre as crianças acontece, com o objetivo de alcançar um fim
comum.
Enfim,
a educação foi sendo entendida como tecnologia, deixando de lado a reflexão
sobre a sua prática, exigindo do professor um profundo conhecimento dos fatores
a serem considerados num planeamento de ensino, porém tal conhecimento ficava
apenas no papel, ou seja, fazia-se a programação da aula como uma atividade
meramente formal, colocando-se os projetos de aula num padrão determinado,
esquecendo-se da atividade cognitiva de pesquisa ação das condições de
aprendizagem.
A
principal crítica que se faz à concepção ambientalista é quanto à concepção de
homem como ser passivo face ao ambiente, no sentido de poder ser manipulado e
controlado pela simples alteração das situações em que se encontram, não
havendo espaço para a criação de novos comportamentos. Não há preocupação em
explicar os processos através dos quais a criança raciocina e a forma como ela se
apropria do conhecimento.
Segundo os interacionistas, o organismo e o meio
exercem ações recíprocas, ou seja, um influencia o outro acarretando mudanças
sobre o indivíduo. Eles discordam das teorias inatistas por desprezarem o papel
do ambiente e das concepções ambientalistas por ignorarem fatores maturacionais.
É na interação da criança com o mundo físico e
social que características deste mundo vão sendo conhecidas e assim ela poderá,
através de sua ação sobre ele, ir construindo seus conhecimentos.
Portanto, a concepção interacionista de
desenvolvimento acredita na idéia de interação entre o organismo e o meio, na
qual resulta a aquisição de conhecimentos, como um processo construído pelo
indivíduo que dura a vida toda.
As experiências anteriores servirão de base para
novas construções de conhecimentos, que não serão adquiridos passivamente, mas
sim graças às pressões do meio sobre o indivíduo e a relação que o mesmo
estabelece com o ambiente numa determinada situação.
O bebê constrói suas características, ou seja, seu
modo de agir, pensar, sentir e sua visão de mundo, através da interação com
outras pessoas, adultos e crianças. Podemos destacar duas correntes teóricas
que defendem a visão interacionista de desenvolvimento: a elaborada por Piaget
e seus seguidores e a defendida por teóricos soviéticos, em especial por
Vygotsky.
A seguir, serão analisadas estas duas correntes,
onde serão apontadas suas semelhanças e suas diferenças.
Piaget
(18961980), biólogo por formação, no entanto, teve antecedentes intelectuais no
campo da filosofia, da psicologia, da matemática, da lógica e da física. Além
da biologia, dedicou-se a pesquisar a gênese (nascimento) e a formação do
conhecimento. Escreveu em seu livro Biologia e Conhecimento (1973:314) que, “a
inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações
sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas”.
Tal
afirmação pode nos causar estranheza, pois Piaget é criticado por “desprezar” o
papel dos fatores sociais no desenvolvimento humano, o que seria injusto acreditarmos,
pois na verdade, ele não se deteve longamente sobre a questão, situando as
influências e determinações da interação social sobre o desenvolvimento da
inteligência. As poucas referências que colocou sobre este assunto, são de suma
importância, tanto para a sua teoria quanto para o tema em si.
Segundo
Piaget:
“Se
tomarmos a noção social nos diferentes sentidos do termo, isto é, englobando
tanto as tendências hereditárias que nos levam à vida em comum e à imitação,
como as relações “exteriores” (no sentido de Durkheim) dos indivíduos entre
eles, não se pode negar que, desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual
é, simultaneamente, obra da sociedade e do indivíduo”. (PIAGET,1973, p.242)
Piaget
considerou então que se estudasse profundamente a maneira pela qual as crianças
constroem as noções fundamentais de conhecimento lógico, assim como as de
tempo, espaço, objeto, causalidade, etc., poderia compreender a origem e
evolução do conhecimento humano.
A
princípio, Piaget trabalhou com Binet e Simon, psicólogos franceses que, em
1905, elaboraram um instrumento para medir a inteligência das crianças frequentadoras
das escolas francesas – o teste de inteligência BinetSimon – que foi o primeiro
teste destinado a “medir” a idade mental de um indivíduo.
Piaget
passa a se interessar pelas respostas erradas das crianças nos testes, ressaltando
que as crianças só erravam porque as respostas eram analisadas a partir do ponto
de vista do adulto, ou seja, era preciso considerar que as respostas infantis
tinham uma lógica própria e, portanto, não poderiam ser consideradas como
erradas antes de serem analisadas segundo a idade da criança.
Mediante
isto, Piaget concebeu então, que a criança possui uma lógica de funcionamento
mental que difere qualitativamente da lógica do funcionamento mental do adulto.
A
partir daí, Piaget passa a investigar como e através de quais mecanismos a
lógica infantil se transforma em lógica adulta, ou seja, como a criança
aprende, como o conhecimento progride dos aspectos mais inferiores aos mais
complexos e rigorosos, iniciando por uma concepção de desenvolvimento
envolvendo um processo contínuo de trocas entre o organismo e o meio ambiente.
Sempre
pesquisando assuntos diversos, Piaget abriu um campo novo em seus estudos
interdisciplinares, a Epistemologia Genética, que procura desvendar os processos
fundamentais da formação do conhecimento, através da experimentação e da observação.
Assim:
Epistemologia = saber, ciência, conhecimento
Gênese =
início
A
Epistemologia Genética elucidará em que condições se desenvolve a inteligência.
Talvez o mais conhecido da obra de Piaget sejam as idéias sobre os estágios de
desenvolvimento da inteligência, tendo como ponto central a epistemologia.
O
Equilíbrio é a base da teoria de Piaget. Para ele, todo organismo vivo procura
agir, mantendo um estado de equilíbrio ou adaptação com seu meio, no intuito de
superar perturbações na relação que ele estabelece com esse meio. O processo
constante e dinâmico da busca do organismo a um equilíbrio novo e superior é
chamado de equilibração majorante.
Nos
sistemas cognitivos, as reequilibrações podem levar a estados de equilíbrio
considerados como estados de qualidade melhor que o anterior.
O
equilíbrio cognitivo busca sempre estados mais complexos, que se caracterizam
pela manutenção de uma ordem estrutural e funcional em um sistema aberto, nos
quais a interação pode ser mais rica, realizando então uma criação de
estruturas ao invés de sua destruição.
Equilibração
é um fator essencial para o desenvolvimento cognitivo. Para uma melhor
compreensão, devemos relacionar o termo a três fatores clássicos:
·
Ao que é inato, hereditário;
·
As influências do ambiente
físico, a experiência externa;
·
A transmissão social, os efeitos
de influências sociais.
Para
Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes
desequilíbrios e equilibrações. O surgimento de uma nova possibilidade orgânica
no indivíduo ou alguma mudança que ocorra no meio ambiente, por pequena que
seja, provoca a quebra do estado de repouso entre o organismo e o meio,
causando um desequilíbrio.
Dois
mecanismos entram em ação, na busca de um novo estado de equilíbrio:
assimilação e acomodação.
O próprio
Piaget define a assimilação como:
“...uma
integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais
ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o
estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se
à nova situação”. (PIAGET, 1996:13)
Assimilação
é a compreensão do mundo pelo sujeito através de interpretações. Segundo nossas
concepções, diante de qualquer situação nova, levantamos as hipóteses possíveis
à sua interpretação, dentro do presente contexto de nossa inteligência. Todas
as idéias, do sujeito e dos outros, tendem a ser explicadas, a princípio, pelo
próprio sujeito segundo seus esquemas ou estruturas cognitivas construídas até
então.
O
sujeito está em constante assimilação, ou seja, quando o sujeito passa por
novas experiências, vendo e ouvindo, tenta adaptar esses novos estímulos às
estruturas cognitivas que já possui até aquele momento, ocorrendo a
incorporação, o entendimento desta situação, sem necessariamente implicar
modificação interior nas concepções de nossos esquemas cognitivos. O sujeito
age apropriando-se do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado
próprio.
Segundo
Wadsworth (1996), assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa
integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas
cognitivas prévias.
Piaget diz:
...pela
assimilação, quando o sujeito age sobre o objeto este não é absorvido pelo
objeto, mas o objeto é assimilado e compreendido como relativo às ações do sujeito...
desde as coordenações mais elementares encontramos na assimilação uma espécie
de esboço ou prefiguração do julgamento: o bebê que descobre que um objeto pode
ser sugado, balançado ou puxado se orienta para uma linha ininterrupta de
assimilação, que conduzem até as condutas superiores, que usa o físico quando
assimila o calor ao movimento ou uma balança a um sistema de trabalhos
virtuais. (PIAGET,1973:69)
Porém,
quando o sujeito se depara com uma característica da experiência que contradiz
suas hipóteses possíveis de interpretação, uma situação nova poderá provocar
perturbações. Um exemplo poderia ser a criança, quando na fase silábica do
processo de alfabetização, escreve pato com duas letras: PT e pede que alguém
leia e lê-se: PT, ou até, depois de algum tempo ela não consegue mais ler o que
escreveu.
O
próprio Piaget define a acomodação como: “Chamaremos acomodação (por analogia
com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de
assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) aos quais se
aplicam”. (PIAGET, 1996:18).
A
acomodação acontece quando não existe uma estrutura cognitiva que assimile um
novo estímulo, uma nova informação, em função das particularidades desse novo
estímulo e, diante disto, ou cria-se um novo esquema ou então um esquema já
existente é modificado, resultando em qualquer das duas situações, em uma
mudança na estrutura cognitiva. Portanto, a acomodação, não é determinada pelo
objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este objeto para tentar
assimilá-lo.
Ocorrida
a acomodação na tentativa do sujeito assimilar o estímulo novamente, uma vez
modificada a estrutura cognitiva, tal estímulo poderá prontamente ser assimilado,
ou seja, cria-se um novo esquema encaixando o novo estímulo ou modificasse um
já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele.
WADSWORTH
(1996:7) diz: "A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança
qualitativa), e a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa);
juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas
cognitivas."
O
equilíbrio entre a assimilação e a acomodação é chamado de adaptação. A
aprendizagem ocorre através deste equilíbrio.
De
acordo com a abordagem do conteúdo apresentado acima, podemos resumir de uma
forma simples que cada uma das teorias do desenvolvimento que analisamos,
apoiam-se em diferentes concepções de homem e do modo como ele aprende. Essas
teorias dependem, também, da visão de mundo existente em determinada situação.
A
teoria Inatista do Desenvolvimento é uma teoria baseada na crença de que as
características e capacidades básicas de cada ser humano (personalidade,
valores, comportamento, formas de pensar etc) são inatas. Ou seja, já estariam
praticamente prontas no momento do nascimento ou potencialmente definidas e na
dependência do amadurecimento para se manifestar. O ser humano já nasce pronto.
A
teoria ambientalista, também chamada behaviorista ou comportamentalista,
atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas,
privilegiando a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos
de comportamento; preocupa-se em explicar os comportamentos observáveis do
educando, desprezando a análise de outros aspectos da conduta humana tais como:
o raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre
outros.
E
por fim, As teorias interacionistas do desenvolvimento apoiam-se na idéia de
interação entre o organismo e o meio. Nessa teoria, a criança é concebida como
um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando
ativamente com objetos e pessoas. Essa interação com o ambiente faz com que
construa estruturas mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar.
Sabemos
que por trás de toda ação pedagógica há sempre uma concepção de
ensino-aprendizagem que a sustenta. A ação do alfabetizador, portanto, não é
neutra, por mais que ele não tenha consciência das ideias que servem de base
para a sua prática. É necessário, assim, conhecer bem essas concepções para
entender o porquê das diferentes formas de alfabetizar, bem como as teorias que
as fundamentam.
Uma
vez que a que fomos designados a efectuar foi-nos proveitoso no desenvolvimento
dos nossos conhecimentos, sugerimos ao nosso querido e estimado professor que
nos transmita mais conhecimentos que nos ajudarão entender cada vez mais os
diferentes processos ligados ao desenvolvimento perspicaz.
Recomendamos
a todos os leitores deste trabalho, por se considerar uma assunto importante
para cada um de nós, que deem mais do que a costumeira atenção às informações
existente nele, visto que aborda um importante tema no estudo da Psiclogia.
BARROS, J.
& BARROS, A. (1996). Psicologia da educação escolar I. Coimbra: Almedina
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& BARROS, A. (1999). Psicologia da educação escolar II (2º ed.). Coimbra:
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