sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O USO RACIONAL E IRRACIONAL DOS MEDICAMENTOS - Trabalho de Ética


INSTITUTO MÉDIO PRIVADO DE SAÚDE – DAPAJAK





ÉTICA





O USO RACIONAL E IRRACIONAL DOS MEDICAMENTOS




INTEGRANTES DO GRUPO 04:

1.      Mateus Silvano Lucas
2.      Teresa Fernando
3.      Judith Eduardo
4.      Josefa Catala Luís
5.      Lucinda Alberto
6.      Maria Fernando dos Santos
7.      Tamázia Dinis Tchuca
8.      Luísa dos Santos
9.      Elma Sumbo

Curso: Farmácia
Classe: 11ª
Período: Manhã
Sala: 05
Turma: B5FM





O DOCENTE

____________________
ÁLVARO VICENTE




LUANDA
2018
SUMÁRIO






Em 1977, com a introdução do conceito de medicamentos essenciais, os países começaram a se preocupar com a promoção do uso racional de medicamentos, motivados pela publicação de documentos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (LAING, 2003).

A promoção do uso racional de medicamentos é um dos grandes destaques desta política, pois o processo indutor do uso irracional e desnecessário de medicamentos e o estímulo à automedicação, presentes na sociedade brasileira, são factores que promovem um aumento na demanda por medicamentos, requerendo, necessariamente, a promoção do seu uso racional mediante a reorientação destas práticas e o desenvolvimento de um processo educativo, tanto para a equipe de saúde quanto para o usuário.

Numa perspectiva de indução ao consumo para obter lucro, cada vez mais, a relação entre o farmacêutico e os usuários de medicamentos torna-se apenas uma relação de negócios. O conhecimento do farmacêutico em relação aos medicamentos é substituído pelas bulas. E, numa época que exige temporalidades curtas porque “tempo é dinheiro”, o atendimento tem que ser rápido e ágil para que se venda mais num menor tempo (SEVALHO, 2003). Além disso, complementa Sevalho, na medida em que a perspectiva social da compreensão da doença está ausente, ou depreciada, a antiga relação terapêutica farmacêutico/paciente torna-se desnecessária (SEVALHO, 2003).

Diante deste cenário, a presença do farmacêutico no momento da dispensação, torna-se imprescindível para a promoção do uso racional de medicamentos. Segundo a OMS, o farmacêutico é o profissional com melhor capacitação para conduzir as acções destinadas à melhoria do acesso e promoção do uso racional dos medicamentos (OMS, 1988).

Assim sendo, este trabalho se propõe a analisar o uso racional de medicamentos, a importância da prescrição e da dispensação do medicamento, bem como a presença do farmacêutico neste processo, com isso contribuir para a promoção do uso racional de medicamentos e na formação dos profissionais farmacêuticos.





O uso racional de medicamentos é definido como o processo que compreende a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (BRASIL, 1998). Este conceito abrange desde a prescrição, dispensação até a farmacoterapia adequada e seguida pelo paciente.

Dispensação é o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma receita elaborada por um profissional autorizado. Nesse ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interacção com outros medicamentos, o reconhecimento de reacções adversas potenciais e as condições de conservação dos produtos (BRASIL, 1998).

A partir deste conceito, observa-se que o farmacêutico é indispensável no momento da dispensação, de forma que com a sua orientação pode-se promover o uso racional de medicamentos. A dispensação faz parte do processo de atenção à saúde e deve ser considerada como uma acção integrada do farmacêutico com os outros profissionais da saúde, em especial, com os prescritores.

Alguns factores responsáveis pela má prescrição tem sido identificados, tais como deficiência de formação, a incapacidade de perceber a importância da profissão, a falta de identificação de erros, e o grande arsenal de opções terapêuticas (WEINGART, 2000; DEAN, 2002; BARBER, 2003).

Relatos de estudantes de medicina mostram que eles não se sentem preparados para prescrever (PEARSON, 2002; COMMBES, 2008). Esses dados nos mostram a falha na de educação na prescrição nos cursos de graduação e de pós-graduação.

Somando-se a estes factores, temos a propaganda de medicamentos, que tem sido um estímulo frequente para o uso inadequado dos mesmos, sobretudo, porque tende a ressaltar os benefícios e omitir ou minimizar os riscos e os possíveis efeitos adversos, dando a impressão, especialmente ao público leigo, que são produtos inócuos, influenciando-os a consumir como qualquer outra mercadoria (AQUINO, 2008)

Para agravar ainda mais esta situação, tem-se a utilização crescente da Internet para disseminar propaganda para os consumidores, muitas delas assumindo uma forma menos explícita já que tentam dar a impressão de que são instrumentos educativos ou de informação, objectivando promover a saúde, desta forma estimulando o consumo de medicamentos, e muitos destes são vendidos pela internet, sem prescrição médica e nenhuma orientação (BARROS, 2004).

Os usuários de múltiplas drogas, os ex-pacientes que se tornam dependentes e permanecem fazendo uso de medicamentos, mesmo depois de terem concluído o tratamento, e as pessoas que preferem a comodidade de receber produtos em casa e a preços baixos são os alvos do “cibertráfico” (BRANDÃO, 2004).

Vale lembrar que a ausência de serviço de farmácia adequado, que zele pelo uso racional de medicamentos em parceria com os demais serviços e profissionais do sistema de saúde, constitui um problema importante de saúde pública (BRANDÃO, 2004).

Para o farmacêutico moderno, é essencial ter conhecimento, atitude e habilidade que permitam ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir mais com o paciente e a comunidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, em especial, no que se refere à optimização da farmacoterapia e o uso racional de medicamentos (MARIN , 2002).


A análise da prescrição é uma das etapas mais importantes na promoção do uso racional de medicamentos, visto que neste momento, o farmacêutico irá verificar tudo o que está direccionado ao paciente, e assim poderá orientá-lo da melhor maneira possível. Deve-se observar a legalidade e a legibilidade da prescrição. A legibilidade de uma prescrição é obrigatória. Tentar deduzir a escrita de um profissional é um exercício arriscado que pode ser causa de erros de medicação podendo gerar danos ao paciente, inclusive, dependendo da medicação e do paciente, até mesmo o seu óbito (GALATO, 2008).

Para avaliar uma prescrição é necessário saber a quem ela está direccionada. A forma de identificar esta informação pode ser através de perguntas, tais como: “Esta medicação é para você?”, ou “O senhor é o Fulano? (nome escrito na prescrição)”, quando a resposta for negativa deverá ser investigada a relação entre o comprador e o paciente, identificando se a pessoa que está adquirindo o medicamento é o cuidador (indivíduo responsável pelos cuidados à saúde), uma pessoa próxima ao paciente (familiar), ou apenas alguém que está fazendo um favor ao mesmo. Esta informação é imprescindível para obter informações que possibilitem avaliar a aplicabilidade do medicamento (pela indicação) e a posologia (pelas características do paciente: idade, peso, doenças etc.) (GALATO, 2008).

Se o comprador for o próprio paciente ou seu cuidador essas informações serão mais facilmente adquiridas e apresentarão maior confiabilidade, permitindo uma análise mais adequada dos medicamentos da prescrição e, consequentemente, maior possibilidade de identificar possíveis problemas (BERGUILLOS MORETÓN, 2003; COHEN, 1999). Chamar o paciente pelo nome é uma das formas de estabelecer mais facilmente uma ralação terapêutica de confiança com o paciente (BERGER, 2005).

A data da prescrição também é uma informação muito importante, pois esta pode inviabilizar a prescrição, de forma que a data poderá indicar a continuidade de um tratamento ou a reutilização de uma prescrição, o que a torna neste último caso, sem sentido quando não expresso pelo prescritor. Um exemplo desta última situação é uma prescrição de antibiótico realizada há dois meses devido ao diagnóstico de uma infecção nesse período e que apenas agora esteja sendo aviada.

Na etapa de finalização do processo de dispensação reforça-se a importância de enfatizar as informações adicionais ao tratamento do paciente, o que compreende além das orientações não-farmacológicas, a educação em saúde. O profissional, muitas vezes, omite essas informações por esquecimento ou deficiência em seus conhecimentos sobre a doença, além de que, em alguns casos, estas orientações são desconhecidas ou mesmo banalizadas pelos pacientes. Por isso, o profissional farmacêutico deve-se manter sempre actualizado sobre as doenças e os medicamentos (PETTY, 2003).

Quando identificadas dificuldades no paciente em compreender as informações repassadas, as mesmas poderão ser orientadas na forma escrita, sendo algumas vezes, auxiliadas por pictogramas (GALATO, 2006).


Martins e Sampaio (2008) consideram que o uso irracional de medicamentos atinge altos índices em diversos países, podendo acarretar riscos directos e indirectos à população. O acesso aos medicamentos no Brasil, apesar de ser restrito, atinge a quinta colocação no mercado mundial, sendo o seu consumo alto em praticamente todas as faixas etárias.

Cella e Almeida (2012) afirmaram ser importante que as farmácias, juntamente com os profissionais farmacêuticos, estimulem o uso racional de medicamentos, processo este que envolve a utilização de produtos eficazes, seguros, na posologia adequada e a um preço acessível. Neste contexto e conforme já vimos anteriormente, o farmacêutico deve ter conhecimento e capacidade para tomar as decisões mais adequadas em relação à utilização de medicamentos.

Para Rigo e Nishiyama (2005), a formação e a manutenção de um serviço de qualidade contribuirá para minimizar os potencias danos dos medicamentos. Ainda, os autores consideram que há a necessidade que se utilizem medicamentos com maior racionalidade, bem como que as expectativas e preocupações do paciente sejam levadas em conta quando decisões terapêuticas são tomadas. Para os autores, alcançar isso seria servir à saúde pública e alimentar o senso de confiança dos pacientes nos medicamentos que utilizam, fato que estenderia a confiança no serviço de saúde em geral, e utilizando-se da farmacovigilância, segundo os autores, será mais possível cumprir essas expectativas.

Na visão de Caneca Pereira (2006), actualmente, um dos grandes desafios nesta área é conseguir sensibilizar os profissionais de saúde no sentido de participar activamente dos programas de farmacovigilância, para que através de notificações voluntárias sejam efectuadas a detecção, avaliação compreensão e prevenção dos riscos de efeitos adversos aos medicamentos.

Conforme a visão de Cella e Almeida (2012), as informações fornecidas pelos profissionais de saúde ao paciente são essenciais para o uso racional de medicamentos. Ainda, consideram que o profissional farmacêutico necessita estar comprometido para poder sugerir um médico ao paciente quando julgar que a automedicação não é adequada. Tal acção irá contribuir para diminuir a automedicação e os problemas relacionados.

Segundo destacado por Rigo e Nishiyama (2005) deve-se investir em farmacovigilância, uma vez que as notificações constituem o principal objecto de trabalho, sendo responsabilidade compartilhada entre instituições notificadoras, profissionais de saúde e usuários de medicamentos. É necessário salientar que o êxito de um sistema de farmacovigilância depende da notificação voluntária de reacções adversas pelos profissionais de saúde, por isso deve-se manter continuamente estímulo a esta prática.

Segundo Cella e Almeida (2012), a escolha da terapêutica pode ser caracterizada como o ponto de partida para que o tratamento seja eficaz e que o uso de medicamento seja racional. A seguir, o médico deve prescrever um medicamento que seja seguro, segundo seus conhecimentos e capacidades. Por outro lado, uma prescrição inconveniente pode levar a um tratamento não garantido.

Para Trento et al. (2014), a prescrição de um antimicrobiano sem uma indicação precisa, pode levar ao desenvolvimento da resistência bacteriana. Salienta-se que para que ocorra o uso racional do medicamento, além do profissional que prescreve, é responsável também o farmacêutico que realiza a dispensação e o usuário do medicamento.

Neste contexto, é necessário antes de tudo que a pessoa esteja realmente necessitando do medicamento, para que, então, o médico faça uma boa prescrição de acordo com as normas de eficácia e segurança da terapêutica.


De acordo com a OMS, os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicação em seres humanos e o segundo lugar nos registos de mortes por intoxicação.

Beckhouseret al. (2010) afirmaram que, conforme a OMS, automedicação consiste na selecção e utilização de medicamentos isentos de prescrição (sem tarja) no intuito do tratamento de doenças autolimitadas ou seus sintomas, como acção de autocuidado.

Cella e Almeida (2012) também citaram que a automedicação é a escolha e o uso de medicamentos isentos de prescrição para tratar sintomas ou problemas de saúde, podendo ser praticada de outras formas, como utilizar receituário antigo, interromper ou prolongar a dosagem e/ou tempo de tratamento e dividir os medicamentos com os demais membros da família.

Oliveira e Pereira (2012) apontaram a automedicação como o consumo de medicamentos industriais ou caseiros, com o objectivo de tratar, aliviar os sintomas ou doenças percebidas, no intuito de promover a saúde, dispensando a orientação adequada de um profissional.

Para Beckhouseret al. (2010), a automedicação é caracterizada como sendo a iniciativa de um sujeito ou de seu responsável em usar um medicamento que poderá vir a trazer benefícios no tratamento de doenças ou alívio imediato de seus sintomas.

Oliveira e Pereira (2012) citaram que, na maioria das vezes, a automedicação é realizada sem nenhum aconselhamento adequado, o que pode acarretar em danos para a saúde.

Na visão de Flores e Mengue (2005), o fácil acesso a medicações e a baixa frequência do uso de recursos não farmacológicos para o manejo de problemas médicos contribui para esse consumo elevado de medicamentos.
Segundo Beckhouseret al. (2010), entre as principais formas pelas quais pode-se praticar a automedicação, pode-se citar a aquisição de medicamentos sem receita, o compartilhamento dos medicamentos com outros integrantes da família ou círculo social, a reutilização de sobras de medicamentos de tratamentos anteriores e a utilização de antigas prescrições. Ainda, outras formas para a realização da automedicação seria o descumprimento da prescrição, prolongando ou interrompendo precocemente o tratamento indicado. Destaca-se, ainda, que esta prática é influenciada por amigos, familiares e balconistas de farmácia.

Segundo destacado por Azevedo e Medeiros (2008), o consumo de medicamentos passou a representar nas últimas décadas um complexo problema de saúde pública, atingindo uma grande parcela da população.

Outro agravante é o padrão de consumo de medicamentos em Angola que é fortemente influenciado pela falta de controlo em toda a cadeia de disponibilização, desde a produção até a comercialização, levando ao consumo abusivo e irracional de produtos de venda livre e mesmo dos que necessitam de receituário médico.

Sabe-se que, conforme apontado por Bortolonet al. (2008), o medicamento ocupa papel central na busca pela recuperação da saúde e elemento essencial das práticas profissionais. A disponibilidade desses produtos pode satisfazer as expectativas dos usuários, mas deve ser considerada pelos profissionais de saúde como uma ferramenta adicional, acessória às medidas de carácter preventivo e de promoção da saúde da população.

Para Cella e Almeida (2012), as classes de medicamentos de maior risco, no que concerne a automedicação, que estão entre os causadores de intoxicações são os antigripais, os benzodiazepínicos, os antiinflamatórios e os antidepressivos.


Os antimicrobianos são considerados compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o crescimento ou causar a morte de fungos ou bactérias. Podem ser classificados de acordo com a sua potência. Os antibióticos bactericidas causam a morte da bactéria, e os bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento microbiano (WALSH, 2003).

Haraguchi (2013) aponta que os antimicrobianos constituem a classe de medicamentos mais prescritos. São empregados com diversas finalidades nas infecções e profilaxia de infecções. Porém, devido a factores como, prescrição inadequada de antimicrobianos; uso abusivo ou indiscriminado destes fármacos; globalização, facilitando a transmissão de patógenos resistentes; falta de um sistema efectivo de vigilância epidemiológica de resistência bacteriana, propiciaram o desenvolvimento de cepas resistentes de diversos microrganismos patogénicos aos antimicrobianos.

A prescrição de um antimicrobiano sem uma indicação precisa pode levar ao desenvolvimento da resistência bacteriana, o que pode contribuir inclusive para o óbito do usuário. Desta forma, a prescrição racional e responsável dos antimicrobianos ultrapassa a dimensão individual do profissional que prescreve, sendo uma responsabilidade também, do farmacêutico que faz a sua dispensação e do usuário do medicamento (TRENTO et al, 2014). A resistência bacteriana gera diversas consequências, tais como, o aumento do custo e do tempo de tratamento, a utilização de medicamentos mais caros e até mais tóxicos; aumento do tempo de hospitalização; isolamento do paciente; aumento da frequência e da gravidade das infecções hospitalares e aumento da taxa de mortalidade associada a este tipo de infecção (GURGEL e CARVALHO, 2008).

Os antimicrobianos devem ser comercializados apenas com receita médica e uma das vias deve ficar obrigatoriamente retida no estabelecimento. As prescrições médicas possuem validade de dez dias e devem estar escritas em letra legível e sem rasuras e conter nome do remédio ou da substância, dosagem ou concentração, forma farmacêutica, quantidade, posologia, dados completos do paciente, além de nome, registo profissional e endereço completo com telefone do médico, que deve assinar o documento. Todas as receitas devem, ainda, ser escrituradas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, as infecções causam 25 % das mortes em todo mundo e 45 % em países menos desenvolvidos. O uso de antimicrobianos para essas situações tem magnitude calculada (HOLLOWAY, 2003).

       Mais de 50 % das prescrições se mostram inapropriadas,
       2/3 dos antibióticos são usados sem prescrição médica em muitos países,
       50 % dos consumidores compram medicamento para um dia,
       90 % compram-no para período igual ou inferior a 3 dias,
       + de 50 % do orçamento com medicamentos são destinados aos antimicrobianos.

Segundo Feitosa (2006), o uso correcto do medicamento optimiza sua eficácia, segurança e diminui a necessidade de antibióticos mais potentes, consequentemente, minimiza os gastos com medicamentos e reduz a resistência bacteriana. No tratamento de uma infecção com um antimicrobiano, a escolha, a dosagem, a via de administração e o tempo de tratamento, podem representar a eficiência da terapêutica. Mas nem sempre é possível definir o agente etiológico e o consequente antibiograma, portanto a escolha do antibiótico deve considerar o local de acção, a flora bacteriana normal, os prováveis agentes etiológicos, perfil de sensibilidade, resistência dos microrganismos aos agentes antimicrobianos e o custo dos mesmos (BISSON, 2003).

A resistência aos antibióticos é causada pela mutação espontânea e recombinação de genes que ocorre durante a reprodução bacteriana, o que gera cepas com variabilidade genética sobre a qual os fármacos passam a não exercer actividade sobre os microrganismos. Salienta-se que a resistência se manifesta porque o genoma bacteriano é extremamente dinâmico (MOTA, et al., 2005). O usuário é o principal responsável pela disseminação dos genes de resistência, seja por uma atitude inconsequente ou pela falta de informação, o que faz o uso irracional de antimicrobianos ter aumentado nos últimos anos (DEL FIOL, et al., 2010).

Uma vez seleccionado o antimicrobiano e prescrito pelo profissional responsável, cabe ao farmacêutico a orientação e acompanhamento na administração do mesmo, proporcionando maior segurança e eficiência na terapêutica (BISSON, 2003).

No momento que os pacientes receberem suas medicações e o farmacêutico orientar quanto ao uso correcto das mesmas, sobre a dose de administração e duração que foi prescrita, haverá consequentemente uma adesão ao tratamento e obviamente uma redução no uso inadequado dos medicamentos, incluindo os antimicrobianos, reduzindo assim a resistência aos antibióticos.


Nas últimas décadas, a sociedade moderna vem se destacando pelo consumo acentuado de medicamentos, seja em virtude do crescimento populacional, ou dos avanços da ciência e/ou da expansão da indústria (RODRIGUES, 2009). O aumento do consumo reflecte na ascensão do desperdício. O desperdício de medicamentos tem várias causas, dentre as quais se destacam: a dispensação de medicamentos além da quantidade exacta para o tratamento do paciente, a interrupção ou mudança de tratamento, a distribuição aleatória de amostras grátis; e o gerenciamento inadequado de estoques de medicamentos por parte das empresas e dos estabelecimentos de saúde (ANVISA, 2012).

Grande parte da população angolana possui medicamentos em sua residência, acumulando-os de forma a constituir o que se pode denominar de “farmácia caseira” (estoque domiciliar). Estes resultam das sobras de tratamentos finalizados, dos que são comprados em quantidades desnecessárias e são guardados para serem utilizados futuramente.

Segundo Bueno, Weber e Oliveira (2009), as farmácias caseiras como são conhecidas, geralmente contém algumas fórmulas reservadas às emergências (analgésicos, antitérmicos e antigripais), vendidos sem receita médica. Entretanto, também é muito comum conter sobras de medicamentos que necessitam de prescrição (antibióticos, corticóides, entre outros) para um possível consumo posterior, podendo ficar armazenados até a expiração da sua data de validade. Muitos desses produtos são descartados no lixo doméstico ou na rede de esgotos, gerando problemas ambientais e de saúde de pública.

As causas do excedente de medicamentos merecem ser tratadas com a devida atenção, uma vez que, esses não terão outro destino senão o descarte. A destinação final dos medicamentos é tema relevante na saúde pública devido às diferentes propriedades farmacológicas dos medicamentos, que, inevitavelmente, se tornarão resíduos e não poderão mais ser utilizados (FALQUETO; KLIGERMAN; ASSUMPÇÃO, 2006).

A informação quanto ao procedimento correcto de descarte de medicamentos não utilizados ou vencidos é desconhecida por grande parte da população (VERRORAZZI; VENAZZI, 2008). De acordo com pesquisa realizada por Ueda et al. (2009), percebe-se que grande parte da população não tem informação quanto aos procedimentos e conduta adequada para o descarte de tais produtos, e quanto ao impacto que o descarte inadequado desses pode gerar ao meio ambiente, inclusive ao próprio ser humano.

A eliminação inadequada é realizada pela maioria das pessoas por falta de informação, orientação e divulgação por parte dos poderes públicos sobre os danos causados pelos medicamentos ao meio ambiente e por carência de postos de colecta (PINTO, 2014).

Práticas inadequadas de descarte podem originar danos ambientais e à saúde pública, podendo ocasionar impactos ambientais proeminentes, afectando diversos ecossistemas (Melo et al., 2005). A resistência bacteriana é outro problema de saúde pública, ambiental e mundial, que limita o tratamento de infecções em razão ao surgimento de bactérias resistentes aos antibióticos e interfere no equilíbrio dos ecossistemas, que poderá ser em decorrência tanto pelo mau uso dos antimicrobianos quanto pelo descarte das eventuais sobras no ambiente (ALVARENGA; NICOLETTI, 2010).

Os medicamentos vencidos e descartados são considerados resíduos, que apresentam riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Entre os diversos riscos associados ao descarte incorrecto de medicamentos vencidos estão: contaminação do solo, da água, e dos alimentos; intoxicação de animais e de pessoas, em especial aos grupos de pessoas carentes e crianças mais expostas, como é o caso dos frequentadores de aterros sanitários ou dos lixões que reutilizam medicamentos vencidos e descartados. O descarte incorrecto de medicamentos vencidos também é considerado uso irracional de medicamentos, segundo Carneiro (2011).

Para Bueno et al. (2009), o consumidor é de fundamental importância para a solução do problema, mas para que este papel seja exercido de forma consciente e absoluta faz-se necessária a implantação de políticas públicas de educação, juntamente com conscientização ambiental e o acesso à informação correcta de eliminação desses produtos, para que assim, possa exercer de forma plena a defesa da sustentabilidade.

Considerando-se que a incineração é actualmente a maneira indicada para o destino e diminuição do volume de medicamentos inutilizados, como método de evitar que estes sejam descartados indevidamente no ambiente, causando danos ambientais, é fundamental que esteja associada a um sistema avançado de depuração de gases, evitando assim a emissão de gases tóxicos na atmosfera (ALVARENGA; NICOLETTI, 2010).

O Ministério da Saúde e o Ministério do Meio Ambiente, órgãos responsáveis pela normatização do descarte de medicamentos, em Angola, devem fornecer instrumentos para que os autores envolvidos em atividades que geram resíduos dessa natureza possam dar-lhes a disposição final adequada. Todavia, até o presente momento, os processos de tratamento e de disposição final dos resíduos não são claramente definidos e verifica-se ainda uma ausência de orientação técnico-científica consolidada na legislação angolana.

A constatação da falta de orientação e a má aderência por parte dos usuários enfatizam a importância da formação de programas de recolhimento de medicamentos em desuso e campanhas de conscientização visando à orientação da população quanto ao uso e ao descarte correcto dos medicamentos, favorecendo assim ao uso racional dos mesmos.


O aconselhamento ao paciente é um dos instrumentos essenciais para a realização da Atenção Farmacêutica, sendo imprescindível o desenvolvimento das habilidades de comunicação, para assegurar a boa relação farmacêutica – usuário.

Feitosa (2006) afirma que, com a prática da atenção farmacêutica e a carência da população de um farmacêutico muito actuante em defesa do uso racional dos medicamentos, surge uma oportunidade ímpar para o desempenho de seu papel perante a sociedade. Faz parte de suas atribuições a promoção da saúde, principalmente através da disposição de um serviço de farmácia com qualidade (e neste aspecto incluem-se orientação e o acompanhamento farmacêutico) e, da educação em saúde, de fácil acesso à população.

Oliveira e Pereira (2012) acreditam que a presença do farmacêutico é de extrema importância, pois ele tem a noção exacta de suas competências, seus limites como profissional da saúde e é um conhecedor dos medicamentos. Neste processo, assumindo a atitude correcta no momento oportuno e avaliando a situação de cada cliente/paciente, conduzindo-o a uma consulta médica ou em caso de urgência a um hospital e até mesmo de volta a sua casa com a medicação correcta em mãos.

O papel do farmacêutico também consiste na informação quanto ao uso correcto da medicação, acondicionamento das drogas, duração do tratamento e avaliação da prescrição, visando a não ocorrência de factores que possam prejudicar a saúde ou o tratamento do paciente, bem como o controle dos riscos, de modo a se evitarem possíveis morbidades e/ou mortalidades.


O panorama de utilização irracional de medicamentos, em especial a automedicação no público infantil, só poderá ser revertido com campanhas educativas voltadas à população em todos os seus níveis e faixas etárias.

Assim sendo, para o farmacêutico moderno é essencial ter conhecimentos, atitudes e habilidades que permitam ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir mais com o paciente e a comunidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, em especial no que se refere à optimização da farmacoterapia e o uso racional de medicamentos.

De fato, a atenção farmacêutica precisa ser praticada com mais ênfase para diminuir os riscos da automedicação e garantir um tratamento com acompanhamento e supervisão de um profissional da saúde habilitado a lidar com medicamentos.

A conclusão que chegamos é que o medicamento, para muitas pessoas, é visto como a solução dos problemas, a partir dele não existirá mais doença, entretanto, a população desconhece, que o que vai diferenciar o medicamento do veneno, é a dose. Muitas pessoas fazem uso de medicamentos, sem nenhuma orientação, tomam quando sentem dor, e param de tomar quando a dor cessa, outros tomam quantas vezes acham que devem tomar, e muitas vezes, associam a outros medicamentos e até mesmo a bebidas alcoólicas. Desta forma, podem aparecer os efeitos indesejáveis, ou até mesmo, uma intoxicação medicamentosa.

O que vemos na realidade são pessoas altamente influenciáveis, que se deixam levar pela indicação de um amigo, vizinho, parente, entre outros, bem como sofrem a influencia das propagandas, que fazem a alusão da cura como num passe de mágica.

A sociedade deve ser conscientizada sobre o uso racional de medicamentos, os males que o uso irracional pode causar, para isso deve-se fazer campanhas conscientizadoras, palestras educativas, uma maior fiscalização dos conselhos de farmácia para exigir a presença do farmacêutico no estabelecimento, além disso, alertar e conscientizar os balconistas que medicamento não é qualquer mercadoria, que se utilizado de forma incorrecta pode levar a morte, e que a empurroterapia (que consiste em vendedores oferecerem/indicar medicamentos similares no lugar dos remédios de marca, ou dos genéricos, para ganhar comissão dos seus fabricantes) pode trazer graves consequências para o usuário.

Outro factor importante é a orientação farmacêutica no momento da dispensação, de forma que, se o farmacêutico estiver presente, pode-se evitar o uso irracional do medicamento, combater a automedicação, desta forma, promover o uso racional de medicamentos.








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MOTIVAÇÃO DOS CLIENTES INTERNOS COMO FERRAMENTAS DE CRESCIMENTO EMPRESARIAL


PRÉ-PROJECTO






MOTIVAÇÃO DOS CLIENTES INTERNOS COMO FERRAMENTAS DE CRESCIMENTO EMPRESARIAL





Autor: Mateus Gaspar Pascoal
Licenciatura: Gestão de Administração Pública
Orientador: Msc. Eliseu Van-Dúnem Botélio








LUANDA, 2018



Devido à complexidade no actual mundo competitivo das organizações tornou-se evidente a necessidade da busca e aplicação de forma estruturada de pro-gramas internos de qualificação dos colaboradores e ferramentas de integração entre sectores por parte das empresas para ganhos qualitativos no clima organizacional, no sentido de fomentar melhoria nos relacionamentos com o cliente externo.

Entende-se que quando existe um foco maior por parte dessas empresas em programas voltados para a mudança de uma determinada cultura, programas que comunicam uma nova visão da empresa, sendo implantada uma base de valores sólida e consistente, possibilitam modificar as atitudes dos funcionários.

Um programa de marketing interno nas organizações é importante e, consequentemente, a motivação como estratégia de marketing interno também, porque se constituiu em um processo cujo foco é o comprometimento dos funcionários e a sintonia das pessoas que trabalham na empresa, e o principal benefício que se busca é o fortalecimento e construção de relacionamentos, compartilhando os objectivos da empresa e fortalecendo estas relações. As empresas precisam antes de qualquer coisa convencer o seu público inter-no a comprar o seu produto e quando isso acontece, a relação entre cliente, produto/serviço e colaborador fica muito mais fácil e natural.

Hoje as empresas reconhecem que para se obter melhores resultados é necessário desenvolver projectos de dentro para fora das organizações. A par-tir dessa nova necessidade foi criado o endomarketing, novo tipo de marketing para valorizar o cliente interno com acções de marketing eticamente direccionadas a esse público. Através da técnica utilizada pelo endomarketing as empresas conseguem captar as necessidades, desejos e anseios de seus colaboradores e com isso buscar a satisfação para dentro da organização, fazendo com que ocorra o comprometimento, ou seja, a fidelização deste funcionário, que irá focar suas acções no cliente externo.



Para o presente estudo, temos como problema: como é que a motivação dos clientes internos pode se caracterizar como uma ferramenta de crescimento empresarial?





·                  Demonstrar que o Endomarketing é a ferramenta administrativa mais utilizada e com melhores resultados para as empresas obterem melhorias em seus ambientes internos, maior produtividade e melhor comunicação com seus colaboradores, gerando um ciclo que se renova constantemente de acordo com as necessidades e interesses.


·        Analisar o factor o cliente interno a contribuir no crescimento de uma empresa;
·        Identificar a motivação como ferramenta de sucesso e crescimento empresarial para garantir a sustentabilidade da empresa.


1.    A sobrevivência de uma organização está atrelada ao acto de satisfazer os desejos e necessidades de seus clientes. Quando estes se encontram “insatisfeitos ou descontentes” começa-se perder o encanto frente aos mesmos.
2.    Numa organização cada departamento deve trabalhar em sincronia, para assim melhor identificar as deficiências e lacunas presentes em suas rotinas. E este processo se dá primeiramente observando e avaliando os clientes internos da empresa.

2. 

Interesse

Este trabalho auxilia no entendimento da importância e da necessidade da implantação dessa ferramenta administrativa no quotidiano empresarial e algumas funções exercidas. Trazendo pesquisas sobre autores e desenvolvedores de novas ideias e métodos para se implantar o Endomarketing.

Sendo o funcionário o principal cliente de uma organização, o conceito do não relacionamento entre directoria e colaboradores é equivocado. Sendo necessária total integrabilidade entre as partes para satisfazer necessidades individuais e pessoais. Construindo forte união para a realização dos objectivos e suprindo as demandas de mercado. E o Endomarketing auxilia também em pesquisas de desenvolvimento e levantamentos de dados com demonstrações de resultados ordenando prioridades.

Relevância Social

A nível social, a motivação dos clientes internos aumenta a demanda quer a nível qualitativo e quantitativo, permite à sociedade escolher qual a política ideal a ser implementada pela direcção da organização.

Relevância Científica/Académico

Nesta perspectiva, visa velar pelo lado académico e profissional dos trabalhadores, tendo em conta os objectivos pretendidos pela organização.





Relevância Empresarial

Neste âmbito, a empresa cresce pois em termos de concorrência consegue afirmar-se no mercado com os seus clientes e possibilita a diversificação do produto da empresa, garantindo o futuro empresarial.


O presente estudo está limitado sob a análise da importância da liderança no desenvolvimento empresarial no âmbito da realidade vivida nas empresas angolanas.


Motivação: Refere-se a um impulso que faz com que as pessoas ajam para atingir seus objectivos. A motivação envolve fenómenos emocionais, biológicos e sociais e é um processo responsável por iniciar, direccionar e manter comportamentos relacionados com o cumprimento de objectivos.

Cliente: O termo cliente permite fazer alusão à pessoa que tem acesso a um produto ou serviço mediante pagamento. A noção tende a ser associada a quem recorrer ao produto ou serviço em questão com assiduidade, ainda que também existam os clientes ocasionais (ou pontuais). Dependendo do contexto, a palavra cliente pode ser usada como sinónimo de comprador (a pessoa que compra o produto), utilizador (a pessoa que utiliza o serviço) ou consumidor (quem consome um produto ou serviço).





Na actual conjuntura económica, social e política, as empresas necessitam dispor de melhor aproveitamento e eficiência em seus processos; para que desta forma consigam atingir o tão desejado e esperado nível de satisfação frente aos clientes por elas atendidos. O alto nível de competitividade que o mercado vem vivenciando e requerendo, demonstra que as empresas precisam adaptar-se; moldar-se e em muitas instâncias inovar em seus segmentos de actuação para assim conseguirem se manter competitivas e lucrativas no mundo dos negócios.

Raras são as organizações que se dão conta dos riscos acarretados pela vulnerabilidade dos seus activos humanos, visto que os sistemas contábeis não captam os ganhos ou prejuízos decorrentes do maior ou menor grau de motivação das pessoas no trabalho. A desmotivação para o trabalho é um problema que afecta muitos trabalhadores, independente do status que ocupam na organização e reflectem fatalmente no objectivo de satisfazer o cliente externo.

Existem dois tipos de clientes, o interno e o externo, e é interessante que se entenda a diferença de cada um deles, já que os dois são fundamentais para o bom desempenho da organização. Os clientes externos são facilmente identificados como os clientes da organização a qual se pertence, objectivo maior do processo produtivo.

Os clientes internos são, de acordo com Azevedo (2002) todos os colaboradores da empresa, do dono ao operário ou atendente. A motivação do cliente começa com a empatia de quem o atende. Vai muito além de se colocar o foco no cliente, mas sim de se adoptar o foco do cliente.



O recurso essencial para a criação de riqueza é a informação, o conhecimento. E quem detêm o conhecimento e a informação são as pessoas (BEKIN, 2004). A partir dessa afirmação, o autor enfatiza a valorização das pessoas as colocando como responsáveis pela eficiência dentro da organização. Caso a empresa não forneça subsídios para que seus funcionários – detentores do conhecimento e executores dos planos estratégicos – desenvolvam, da melhor forma, suas habilidades e aptidões, provavelmente não terá da parte deles o esforço e a motivação que constituem para a mesma um fator de diferenciação de mercado.

A formulação da estratégia empresarial se baseia fundamentalmente nas dimensões dos seus recursos humanos. Estes podem constituir uma vantagem estratégica a ser intensamente aproveitada ou uma fragilidade empresarial a ser corrigida com maior rapidez possível (CHIAVENATO, 1992).

A empresa deve ter a visão de que seus clientes internos exercem grande influência nos resultados organizacionais e deve, portanto, montar sua política considerando também as expectativas deles. Segundo Chiavenato (2008), a partir da estratégia empresarial, a formulação da estratégia de recursos humanos deve expressar tanto as necessidades presentes e futuras dos negócios da empresa, como as demandas individuais das pessoas que participam desses negócios.

É fato indiscutível que as pessoas são diferentes. Elas têm preferências, hábitos, princípios e formas diferentes de se satisfazer. De acordo com Chiavenato (1992), o desempenho de cada pessoa está fortemente relacionado com suas aptidões e habilidades. Porém, o bom desempenho requer muito mais que simples aptidões e habilidades. Requer também motivação para trabalhar. O bom desempenho depende de quão motivado está o empregado.

gado. Uma característica imprescindível ao administrador é a habilidade de identificar o que satisfaz ou não os seus liderados. Não significa identificar o que ele deseja, mas sim, o que é capaz de desenvolver as suas potencialidades ao máximo. Para tanto, é necessário ter uma visão mais abrangente do ser humano. Segundo Fromm (1996) o homem é um sistema – semelhante ao sistema ecológico ou político, o sistema do corpo ou da célula, ou um sistema social ou uma organização. Ao analisá-lo compreendemos que não se constitui de um sistema mecânico, tendo comportamento bem mais complexo e variável.


Desde os primeiros tempos das organizações, as pessoas vêm sendo tratadas como recursos a ser administrados. De acordo com Dutra (2002), apesar de grandes transformações na organização da produção, os conceitos sobre gestão de pessoas e sua transformação em práticas gerenciais têm ainda como principal fio condutor o controle sobre as pessoas.

Num contexto em que as expectativas dos clientes internos em relação à organização e ao trabalho que executam têm sido cada vez mais exigentes, há a necessidade de novas formas de gestão de pessoas por parte das organizações. Algumas das premissas que orientam estas tendências são:

·         O desenvolvimento organizacional está intimamente ligado à capacidade de desenvolver e pessoas e receber delas contribuições que, por sua vez, trarão desenvolvimento ao seu trabalho. Este desenvolvimento deve ser efectuado considerando-se a individualidade de cada um;
·         A gestão de pessoas deve ser considerada de uma maneira holística, cujas práticas de condução devem atender, ao mesmo tempo, às expectativas da empresa e das pessoas. Só assim será possível a manutenção de uma relação recíproca entre ambas;
·         A gestão de pessoas deve dar à empresa a visão de contribuição de cada indivíduoü e a retribuição que pode ser dada pela empresa aos mesmos.

Dadas essas premissas, pode-se considerar a importância da gestão de pessoas dentro da organização. De acordo com Dutra (2002), a gestão de pessoas é um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo.




O termo endomarketing simboliza acções de marketing, voltadas para o interior da empresa. Esse sentido de interiorização vem do termo “endo”, originário da palavra grega “éndon” que significa: “dentro de” ou “o movimento de algo que caminha dentro para si mesmo” (BEKIN, 2004, p.04).

Na década de 50, no período pós-guerra, que o endomarketing surge no mundo inteiro. Para Brum (1998), trata-se de uma decorrência da necessidade de se motivar pessoas para os programas de mudança que começaram a ser implementados. Segundo Brum (2005, p.29), o melhor caminho para a motivação é a capacidade que algumas empresas têm de passar aos seus funcionários mensagens inspiradoras e serem coerentes ao fazer isso.

Endomarketing nada mais é que um conjunto de acções e instrumentos que, sistemáticos e integrados, vendem uma mesma ideia ou um mesmo conceito ao público interno, assim Eles devem sentir-se satisfeitos com seu ambiente de trabalho e com os relacionamentos com seus colegas de trabalho em todos os níveis hierárquicos, bem como com seu relacionamento com seu empregador como uma organização (GRONROOS, 2003). O Endomarketing contribui decisivamente para a formação de um ambiente empresarial favorável ao uso do conhecimento e aos valores compartilhados por todos os que compõem a organização, do topo à linha de frente.

A chave para eficiência encontrada por empresários está na valorização das pessoas, no poder gerencial descentralizado, na capacidade de decisão rápida, em uma organização de trabalho que privilegie a coesão interna e a circulação de informações vinculadas à realidade de mercado.




No intuito de mensurar e diagnosticar o nível de satisfação no atendimento prestado pelos colaboradores aos clientes de uma empresa e identificar o grau de motivação e comprometimento dos mesmos será feito um plano de pesquisa, para colectar os dados sobre o público-alvo do estudo e descrever os aspectos que envolvem tal público, teve como técnica de colecta de dados o uso de questionários.

A colecta de dados será realizada através de dois instrumentos que compreenderão dez questões cada um, ficando aberto para manifestações dos clientes e funcionários com sugestões de melhorias e reclamações e um instrumento que compreenderá seis questões, também ficando aberto para posicionamento e acções da direcção da empresa. Em seguida, a análise dos dados receberá tratamento quali-quantitativo através dos instrumentos de pesquisa.

A partir das informações que serão obtidas através do questionário de avaliação, dos pontos positivos e negativos da empresa e observação da metodologia empregada pela empresa sobre a qualidade nos serviços prestados e a motivação dos clientes, buscar-se-á diagnosticar e contribuir com dicas e sugestões que possibilitem uma melhor forma de trabalho, a fim de uma melhor qualidade nos produtos e serviços.


A população-alva da pesquisa será os funcionários, a direcção e os clientes da empresa (que será estudada) que entram na loja no período de tempo em que será realizada a pesquisa.

A pesquisa possibilitará conhecer os factores onde a empresa estará acertando e onde estará errando, podendo traçar planos e metas para os próximos períodos.





A colecta de dados se dará na primeira etapa em um contacto com a direcção da empresa, onde será apresentado e explicado o projecto de pesquisa, para a devida autorização e em seguida aplicado o questionário aos directores.

Na segunda etapa, o contacto será com os funcionários, explicando e entregando o questionário para que cada um responda e logo após coloque dentro do envelope, que posteriormente será aberto no momento de classificação das respostas.

Na terceira etapa, o contacto será com os clientes que entram na loja, onde será realizada a pesquisa propriamente dita, explicando o projecto e realizando a entrevista com as pessoas que estiverem de acordo em participar desta pesquisa. Após esta fase, as informações obtidas serão classificadas e analisadas recebendo tratamento quali-quantitativo através dos instrumentos de pesquisa.


Os dados serão colhidos através de um questionário, conforme mostrado no ponto anterior, que vai ser informatizada no programa Microsoft Office: Word 2007, PowerPoint e Excel 2007, o que permitirá apresentá-los em forma de gráficos.




AZEVEDO, S. C. Guia valor económico de marketing para pequenas e médias empresas. São Paulo: Globo, 2002.

BEKIN, S. F. Endomarketing: Como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

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BRUM, A. M. Endomarketing: como estratégia de gestão. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 2005.

CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando Pessoas: o passo decisivo para a administração participativa. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1994, 1992.

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DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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GRONROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

KOTLER, P.; KELLER, K.L. Administração de Marketing. 12.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006.

PINHEIRO, D.; GULLO, J. Fundamentos do Marketing. Belo Horizonte, Atlas, 2011.

SANTOS, J.J. Encantar o cliente dá lucro: Revolucione sua empresa e ame os seus clientes: factores primordiais de diferenciação dos concorrentes. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1995.




Apêndice 01: Questionário

1.   
Encontra-se globalmente satisfeito com a organização onde trabalha?

Insatisfeito

Satisfeito
Muito Satisfeito
2.    Considera que os seus superiores hierárquicos (intermédios e de topo) usam dos meios disponíveis para motivar o seu desempenho?

 


Sim
Não

3.    Cada pessoa tem as suas necessidades. Ninguém melhor que nós próprios para saber o que nos motiva e nos deixa satisfeitos. Perante o reconhecimento das diferenças, desafio-o a apresentar sugestões que, no seu entender, possam contribuir para uma maior e motivação. (Tente enunciar ideias simples e claras a fim de facilitar o tratamento dos dados).

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