sexta-feira, 2 de novembro de 2018

CLAUDE LÉVI-STRAUSS - Trabalho de Antropologia





O termo “estrutura” se tornou a noção central de várias correntes do pensamento. Ele passou a ser empregado na biologia, quando Fontenelle o usou ao se referir sobre a disposição dos órgãos; na linguística, por Vaugelas, sobre a distribuição das palavras na oração. Mas é Ferdinand Saussure que elaborou a essência da concepção estrutural com a noção de “sistema”. Para ele, a língua é um sistema no qual o valor de um termo resulta da presença simultânea de outros. Além disso, as partes do sistema devem ser consideradas em sua solidariedade sincrónica, isto é, em um dado momento do tempo, não em sua evolução histórica. A partir daí, o estruturalismo estendeu-se a todos os domínios das ciências humanas. Papel importante nesse sentido teve Claude Lévi-Strauss, nascido na Bélgica em 1908, que passa assim a ser o objectivo do presente estudo a análise da vida e obra de Claude Lévi-Strauss.



Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, a 28 de Novembro de 1908. Antropólogo e etnólogo, fundador do estruturalismo, linha que revolucionou a abordagem sobre as relações sociais e cujos estudos tiveram bases no Brasil. Filho de pais judeus e franceses.

Em 1927 Estudou Direito na Faculdade de Paris, até ser admitido na Sorbonne, onde se graduou em Filosofia, em 1931. Em 1948 concluiu o doutorado com a tese “As Estruturas do Parentesco”. Durante dois anos leccionou Filosofia no Lycée Victor-Duruy de Mont-deMarsan. Nessa época fazia parte do círculo intelectual do filósofo Jean-Paul-Sartre.

Em 1934, recebeu o convite do director da Escola Normal Superior de Paris, para integrar a missão universitária francesa no Brasil, como professor visitante de Sociologia, na recém-criada Universidade de São Paulo. De 1935 a 1939 leccionou na Universidade de São Paulo. Durante essa época realizou pesquisas de campo com os índios no Estado de Mato Grosso e na Amazônia, período decisivo para despertar sua vocação etnográfica.

De volta a Paris, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, foi convocado em 1939, obtendo dispensa no ano seguinte por conta de sua ascendência judaica. Depois da guerra e de um breve período como refugiado nos Estados Unidos, Lévi-Strauss defendeu na Sorbonne, em 1948, a tese ‘As Estruturas Fundamentais de Parentesco’, publicada um ano depois e responsável por modificar de maneira definitiva o estudo das Ciências Humanas.

Em 1949, foi nomeado subdirector do Museu do Homem e, em 1950, como diretor de estudos na Escola Prática de Altos Estudos.

Depois, foi nomeado professor no Collège de France, onde exerceu como catedrático de antropologia social, cátedra que ocupou de 1959 e até aposentadoria, em 1982.

Lévi-Strauss transformou a etnologia contemporânea e elaborou um método original, reunindo o método estrutural e a contribuição da psicanálise para interpretar os mitos, descobrir os grandes sistemas de pensamento e explicar o funcionamento social.

Este foi o método usado para estudar a organização social dos indígenas no Brasil e do norte e sul da América. Foi vital seu encontro em 1941 com o linguista americano Roman Jakobson, após o que decidiu aplicar o estruturalismo aos fenómenos humanos, começando pelo parentesco.

A partir das observações feitas no Brasil, Lévi-Strauss, propôs as relações de filiação e residência como novos eixos para analisar o homem em sua esfera social. Levou em conta mitos, organização familiar e hábitos alimentares, entre outros aspectos. Pelo estudo, as diferentes culturas não se criariam por obra do acaso, mas, sim, obedeceriam a uma ordem. As contribuições mais decisivas do seu trabalho podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.

Em 1955, com a publicação de ‘Tristes Trópicos’, Lévi-Strauss ampliou seu pensamento para além dos círculos académicos. O livro é considerado sua autobiografia intelectual. "Sua obra é indissociável de uma reflexão sobre nossa sociedade e seu funcionamento. Tem um enfoque ecológico, antecipado, do mundo e dos indivíduos", escreve seu biógrafo, Denis Bertholet. Suas reflexões influenciaram várias gerações de intelectuais: como funciona uma sociedade, o que é uma cultura, como trabalha o espírito humano, são algumas das questões que tentou responder a partir das suas experiências de etnólogo. Suas respostas apaixonaram as ciências sociais e humanas durante o período áureo do estruturalismo, do qual ele é o principal representante.

Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa. Entre suas obras destacam-se ‘Tristes Trópicos’, ‘Estruturas Elementares do Parentesco’, ‘Antropologia Estrutural’ I e II, e ‘O Pensamento Selvagem’. No Brasil, a Professora Beatriz Perrone Moisés fez a tradução, para o português, de alguns livros importantes do antropólogo, como ‘Olhar, Escutar, Ler’, ‘Antropologia Estrutural’, ‘A Origem dos Modos à Mesa’ e ‘O Cru e o Cozido’. Claude Lévi-Strauss continua vivo. Sua obra é imperecível.

Recebeu diversas premiações, foi eleito Doutor Honoris Causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Montreal, México, Havard, entre outras. Foi considerado o mestre da Antropologia Moderna. Em 1982 se aposentou do Collège de France, época em que dirigia o Laboratório de Antropologia Social.


O estruturalismo opõe-se ao empirismo, para quem o objecto tem significado por si só. Para o estruturalismo, um fato isolado não possui significado. Lévi-Strauss exemplifica com os vocábulos fromage, cheese, queijo que, a princípio, se referem à mesma realidade. Mas para o francês, fromage indica um gosto picante; para o inglês, cheese quase não tem gosto e para o brasileiro queijo dá a ideia de um gosto salgado. Esse é o carácter relativo dos elementos da estrutura.

Para Lévi-Strauss, a estrutura é um sistema de relações que compõe a sociedade. A noção de estrutura social se refere aos modelos construídos a partir da realidade. Esses modelos podem ser conscientes ou inconscientes. Essa diferença influi na hora de apreender a estrutura profunda. Quanto mais nítida é a estrutura aparente, mais difícil é apreender a estrutura profunda, por causa dos modelos conscientes que estabelecem uma distância entre observador e objecto em uma investigação etnológica. Essa distância garante a objectividade ao impedir que preconcepções reduzam o objecto e, ao mesmo tempo, permite uma comunicação, pois, se a estranheza entre o observador e seu objecto é total, então objecto se torna refratário à investigação. Assim, a objectividade não é apenas distância, mas também uma reciprocidade entre observador e observado.

Lévi-Strauss encontrou uma identidade entre as leis do mundo e as do pensamento. Com os mitos ocorreria o mesmo que com a linguagem: o sujeito que aplicasse conscientemente as leis fonológicas e gramaticais no discurso acabaria perdendo o fio as ideias. Do mesmo modo, o exercício do pensamento mítico exige que suas propriedades permaneçam escondidas. A análise dos mitos, assim, não pretende mostrar como os homens pensam, mas como os mitos se pensam nos homens.


O carácter abstracto das pesquisas estruturais e o carácter individualizado da observação etnográfica correspondem a duas etapas da pesquisa. No nível da observação, a regra diz que todos os fatos devem ser descritos e estruturados em si mesmos. Já a análise estrutural vai descrever redes de relações que terão prioridade em relação aos termos.


O modelo é essencial para a compreensão da realidade etnográfica. Lévi-Strauss introduz uma distinção entre os modelos que se dá em função do valor que é dado a cada elemento da estrutura. Nesse sentido, a estrutura é apenas um sistema de relações, não um conjunto de elementos. Por isso a investigação antropológica se apoia na relação recíproca dos elementos, pois os elementos podem variar, mas a relação é constante. A estrutura apresenta um carácter abstracto e, por isso, o modelo torna-se aplicável a qualquer ordem de fenómenos e passa a se caracterizar por sua transponibilidade (ou tradutibilidade) de fenómenos para outra. Do ponto de vista metodológico, é assim, possível uma relação interdisciplinar entre as ciências.

Ao examinar grupos culturais da América Tropical, Lévi-Strauss busca elucidar a proibição do incesto. A proibição torna possível a coexistência ao levar um indivíduo a reivindicar uma mulher de outra família – relação exogâmica, que seria o núcleo originário de todas as formas de intercâmbio. Por ser universal, a proibição do incesto está ligada à natureza, e, por ser uma regra, liga-se à cultura. A origem da proibição não está nem na natureza nem na cultura; a origem é a passagem da natureza à cultura.

Lévi-Strauss distingue três níveis da comunicação social: comunicação de mensagens (como a linguagem); comunicação de mulheres (formas de organização de parentesco e de intercâmbio matrimonial); e comunicação de bens (a economia). Esses sistemas são regidos por regras inconscientes. Elas pertencem a um nível onde a subjectividade passa a ser activa em função do seu relacionamento com o outro. O objectivo da Etnologia é trazer à luz as leis universais que ligam o sujeito com sujeito e sociedade com sociedade. Por exemplo, a fonologia ressaltou a necessidade de se passar de estudo dos fenómenos conscientes da linguagem ao dos inconscientes e a necessidade de descobrir o conjunto de leis universais da comunicação linguística.


TRISTES TRÓPICOS: Mais que um livro de viagem, é um clássico da etnologia (1955). Além de trazer detalhes pitorescos das sociedades indígenas do Brasil, o livro discute as relações entre Velho e Novo Mundo e o significado da civilização e do progresso. Lévi-Strauss desloca parâmetros consagrados e questiona viajantes e cientistas. O mundo dos cadiuéus, bororos, nhambiquaras e dos tupi-cavaíbas revelam seus próprios estilos e linguagens.

ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL: Publicada em 1958, a obra reúne artigos que propõem um empréstimo das teorias estruturalistas de Roman Jakobson, linguista que Lévi-Strauss conheceu nos EUA, para renovar o método antropológico. Ela se divide em cinco partes: Linguagem e parentesco; Organização social; Magia e religião; Arte; e Problemas de método e de ensino. A obra será lançada pela Cosac Naify no dia 11.

O SUPLÍCIO DO PAPAI NOEL: Um obra lançada pela editora Cosac Naify em 1952. Lévi-Strauss parte da queima de um boneco de Papai Noel em Dijon, França, em 1951, para analisar, por meio da antropologia estrutural, o significado das festas de fim de ano, a comercialização das datas tradicionais e a influência norte-americana nesse processo.

MITOLÓGICAS: Composta por quatro obras - O Cru e o Cozido (1964), Do Mel às Cinzas (1967), A Origem dos Modos à Mesa (1968) e O Homem Nu (1971) - a série analisa 813 mitos de diferentes povos indígenas do continente americano.

DE PERTO E DE LONGE: Em entrevista para o filósofo Didier Eribon em 1988, o antropólogo faz um balanço sobre sua história pessoal, formação intelectual e conceitos-chave de sua teoria.

HISTÓRIA DE LINCE: Segundo Lévi-Strauss, essa obra (1991) é a última incursão pela mitologia americana. Questões presentes em sua produção de mitólogo são retomadas e esclarecidas.

SAUDADES DO BRASIL: Obra de 1994 reúne fotografias feitas entre 1935 e 1939. Lévi-Strauss se deu conta que poderia descrevê-las, localizando-as no tempo e no espaço, com auxílio da memória afetiva. SAUDADES DE SÃO PAULO, de 1996, também tem um depoimento em que se revisitam imagens de uma cidade onde o gado convivia com carros e bondes.

OLHAR, ESCUTAR, LER: De 1993, é escrita em tom de conversa, inteiramente dedicada à arte.

O PENSAMENTO SELVAGEM: No livro, de 1962, ele focaliza um traço universal do espírito humano - o pensamento selvagem que se desenvolve tanto no homem antigo como no contemporâneo.

O antropólogo Claude Levi-Strauss deixou diversas obras, conforme citado acima, dedicou sua vida a elaboração de modelos baseados na linguística estrutural, na teoria da informação e na cibernética para interpretar as culturas, que considerava como sistemas de comunicação, deixando contribuições fundamentais para o progresso da Antropologia Social, morreu na noite de sábado, 31 de Outubro de 2009.




De acordo com o estudo feito, concluímos que as pesquisas de Claude Lévi-Strauss iniciadas a partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objectos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano. Lévi-Strauss não vê o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.






CUNHA, Tito Cardoso. Antropologia e filosofia: ensaios em torno de Lévi-Strauss / Tito Cardoso e Cunha. Coimbra: Almedina, 2002.

LEACH, Edmund. Lévi-Strauss, antropólogo y filósofo: l oso y el barbero / Claude Lévi-Strauss. Barcelona: Editorial Anagrama,[1970]

LEACH, Edmund. Levi-Strauss. [Paris] : Seghers, 1970.

LÉVI-STRAUSS, Claude. A oleira ciumenta / Claude Lévi-Strauss ; trad. José António Braga Fernandes Dias. Lisboa : Edições 70, 1987.

LÉVI-STRAUSS, Claude. A via das máscaras / Claude Lévi-Strauss ; trad. Manuel Ruas; rev. Wanda Ramos. Ed. revista e aumentada e acompanhada de três Excursões. Lisboa: Editorial Presença, imp. 1981.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes tropiques / par C. Levi-Strauss. Paris: Librairie Plon, 1955.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Vida e obra. São Paulo: Abril Cultural (Col. Os Pensadores), 1980.

MAUSS, Marcel. Sociologie et Anthropologie / par Marcel Mauss ; précédé d'une introd. a l'oeuvre de Marcel Mauss par Claude Lévi-Strauss. Paris : Presses Universitaires de France, 1950.




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