INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO E
ADMINISTRAÇÃO
SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA
TERESA DA CONCEIÇÃO MIGUEL
CAMBINZA
LUANDA
2015
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO E
ADMINISTRAÇÃO
SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA
TERESA DA CONCEIÇÃO MIGUEL
CAMBINZA
|
LUANDA
2015
AGRADECIMENTOS
Este
trabalho foi realizado com o contributo de várias pessoas, sem o qual não teria
sido possível a sua realização. Por esse motivo, manifesto o meu agradecimento.
Ao
meu Professor, Lando Marcelo, pelo apoio prestado e pelos conselhos úteis que
me deu.
A
todas as pessoas que directa ou indirectamente colaboraram comigo na realização
do trabalho, cedendo dados e informações, contribuindo com a sua experiência
pessoal e profissional ou com palavras de incentivo.
Aos
meus familiares e amigos, pela compreensão da minha indisponibilidade em virtude
do tempo que abdiquei de estar com eles, em prol da realização do trabalho.
No
presente estudo no âmbito do curso de Ciência de Gestão e Administração na Disciplina
de Introdução ao Direito vou falar acerca de um tema bastante pertinente
"A Sinistralidade Rodoviária". A sinistralidade rodoviária é fruto,
entre outros, do aumento da circulação de veículos na rede viária e da
reincidência de práticas de condução desadequadas. As suas causas estabelecem-se
numa dinâmica em que intervêm quatro factores inter-relacionados, homem,
veículo, via e ambiente, sendo que, apesar dos acidentes rodoviários ocorrerem
um pouco por todo o território, são registados com maior incidência em
determinados troços das principais vias de comunicação. Assim, esta temática
constitui uma preocupação crescente da sociedade actual uma vez que o número de
vítimas resultantes dela se tem verificado bastante elevado, sendo cada vez
mais um requisito indispensável para a população. Com este estudo pretendeu-se
identificar os meios existentes
para reduzir a sinistralidade rodoviária. No que refere a metodologia
científica, inicialmente procedeu-se à análise de documentos (da qual foi
extraída alguma da bibliografia contida neste trabalho), obras de autores de
referência nas matérias versadas, trabalhos científicos, legislação e sites de
Internet. Foram ainda realizadas entrevistas fornecida pelo Comando de Divisão
de Cacuaco – Secção de Trânsito, na pessoa do Inspector Neto Sebastião Nunes e
do Chefe Moniz. O trabalho encontra-se dividido em três fases, que são:
Introdução do trabalho; Enquadramento teórico ou revisão da literatura e
algumas conclusões.
PALAVRAS-CHAVE: Sinistralidade
Rodoviária, Homem, Via, Veículo, Ambiente.
In the present study in the context of the course of
administration and management in the Discipline of introduction to the Right will
I talk about a topic very relevant "The Road Accidents". The road
accidents is the result, among others, of the increase in the movement of
vehicles on the road network and of recurrence of inappropriate driving
practices. Its causes are established in a dynamic in which they intervene qua
tro interrelated factors, man, vehicle, track and environment, being that, despite
of road accidents occur a little throughout the territory, are recorded with
greater incidence in certain sections of the main communication routes. Thus,
this topic is a growing concern of the current society since the number of
victims resulting from it has verified quite high, being increasingly an
indispensable requirement for the population. This study aimed to identify the
existing means to reduce road accidents. In that regard the methodologies
followed scientific, initially by analysis of documents (of which was removed
some of the bibliography contained in this work), works of reference authors in
matters versed, scientific work, legislation and Internet sites. Discussions
were also held supplied by command of Division of Cacuaco - Section of Transit,
in the person of the Inspector Neto Sebastião Nunes and Chief Moniz. The work
is divided into three phases, which are: the introduction of work; theoretical
frame or review of the literature and some conclusions.
KEYWORDS: Road
accidents, Man, Track, cars, Environment.
SUMÁRIO
A
sinistralidade rodoviária é um tema cada vez mais actual, devido à crescente
necessidade de utilização das vias de comunicação para as deslocações diárias
quer laborais quer de lazer. o meio privilegiado para estas viagens continua a
ser o automóvel, pelo que a sinistralidade relativa a estes veículos costuma
ser o tópico mais abordado na comunicação social, desviando a atenção de meios
alternativos onde a segurança é também uma preocupação.
A
via pública é um meio onde circula, a par dos peões, toda uma panóplia de
veículos para além do automóvel, e a sinistralidade rodoviária é uma fatalidade
que os afecta a todos.
Um
crescente número de pessoas tem vindo a optar pela motorizada como o seu meio
eleito para os percursos quotidianos, por vários motivos: a actual conjectura
económica, que não permite a todos uma utilização regular do carro, onde os
custos com seguros e combustíveis ultrapassam os orçamentos para transportes;
as preocupações ambientais, que derivam das grandes emissões poluentes dos
automóveis.
A
sinistralidade rodoviária é um grave problema cuja complexidade não se fica
pelos automóveis ligeiros. Ainda assim, existem diversos meios para a reduzir.
A
escolha deste tema para a realização do trabalho deveu-se a vários factores,
todos eles com especial relevância.
Pois,
a sinistralidade rodoviária é um dos maiores flagelos em Angola, não só pelo
número de mortos que provoca diariamente, como pelos danos que provoca na sociedade
e, pelos elevadíssimos custos económicos associados a este problema que todos
os dias nos persegue.
O
tema, “Sinistralidade Rodoviária”, tem uma grande abrangência, daí a
necessidade de delimitá-lo.
Assim
procurou direccionar-se o trabalho para um propósito: Quais os meios existentes
para reduzir a sinistralidade rodoviária?
De
acordo com a problemática formulada temos como hipóteses:
− Evitar
o consumo de bebidas alcoólicas pode contribuir na redução das sinistralidade
rodoviárias.
− Má
formação de condutores em Angola causam acidentes graves.
Para
a realização deste trabalho foram definidos objectivos, que serão a orientação,
o caminho a seguir para a concretização e a conclusão do mesmo.
·
O principal objectivo do trabalho é
fazer uma análise e uma discussão das medidas existentes e que poderiam ser
implementadas de forma a reduzir a sinistralidade rodoviária.
Para
dar resposta ao objectivo geral, definiu-se um conjunto de objectivos
específicos. Estes objectivos visam por um lado o enquadramento do problema
para perceber o seu contexto e, por outro, alcançar metas parcelares tendo em
vista a resposta global ao problema. Assim, são objectivos específicos:
·
Caracterizar a sinistralidade
rodoviária;
·
Caracterizar a sinistralidade
rodoviária em Angola (Luanda-Cacuaco);
·
Definir acidente de viação;
·
Caracterizar o ambiente rodoviário;
Ao
falar de sinistralidade rodoviária estamos a falar de sistro que acontecem na
via, ou seja, sinistralidade rodoviária é um facto involuntário que ocorre na
via pública com a participação de pelo menos um veículo em movimento, pessoa e
animais que resultam em danos ou materiais.
Mesmo
antes da invenção e proliferação do automóvel com meio de transporte mais usado
diariamente, a via pública sempre se caracterizou por um local de azáfama, já
que é usada pelas pessoas para se deslocarem entre locais, preferencialmente no
menor tempo possível. Assim, com o desenvolvimento dos meios de transporte, não
só a velocidade dos veículos mas também o número de utilizadores aumentou
largamente, trazendo mais situações de risco para todos - os condutores dos
veículos mais volumosos, os peões.
Podemos,
então, considerar que a sinistralidade rodoviária se relaciona directamente com
o utente, a infra-estrutura e o veículo, e as relações que estes estabelecem
entre si. Na perspectiva do utente, quando este incorre em comportamentos de
risco, põe em causa a sua vida e a de outros, contribuindo para um aumentar da
insegurança na via pública. Ocorrem frequentemente em Angola casos relacionados
com o abuso no consumo de substâncias, nomeadamente do álcool, que por atacarem
as faculdades mentais e motoras do condutor o levam a conduzir com menos
cuidado, levando a situações de acidente, já que este tipo de produto aumenta
significativamente o tempo de reacção na estrada. Um outro factor para o qual
inclusivamente o Código da Estrada alerta é o estado psicológico e de saúde do
utente da via, já que interferem com a sua capacidade de juízo factual e
condição física capaz de operar maquinaria pesada como o carro.
Por
outro lado, no que toca à via de comunicação, o utente pouco mais pode fazer do
que escolher uma ou outra estrada devido às condições que acredita serem
melhores numa ou noutra. A condição em que as vias se encontram afecta a
circulação e é uma causa forte para a ocorrência de sinistros. Estes podem ser
consequência de más condições de visibilidade, devido a iluminação pública
defeituosa, do piso, quando o pavimento (geralmente o alcatrão) se encontra num
mau estado de conservação e manutenção ou mesmo de características impostas
pela topografia do local, que pode forçar a que a estrada tenha curvas de tal
forma apertadas que impeçam a boa visibilidade ou variações súbitas de
inclinação com a mesma consequência.
Ainda
assim, cada um pode fazer uma escolha sobre um painel mais variado no que toca
à opção do veículo. Dentro dos automóveis, existe uma grande variedade de produtos,
os quais o condutor deve estudar de forma a proceder à opção que traga mais
segurança não só para si mas também para os outros. Os diferentes carros
diferem, por exemplo, no número de airbags, dispositivo essencial para prevenir
o agravamento das consequências de acidentes. Quanto à prevenção, a tecnologia
de sensores de distância e velocidade é hoje cada vez melhor, podendo
proporcionar alertas e modificações no comportamento mecânico do veículo para
evitar situações graves. Ainda assim, é da responsabilidade do condutor uma
manutenção consciente, metódica e regular do estado do veículo, uma vez que
factores como a pressão do óleo, quantidade de combustível, desgaste dos pneus
ou alinhamento da direcção podem ditar o sim ou não da ocorrência de um
acidente rodoviário.
Como
é referido por Leal, Varela e Sousa (2008), entende-se por “trânsito” a
possibilidade de aumentar a disponibilidade de transportar pessoas e
mercadorias, bem como de reduzir as distâncias e rentabilizar cada vez mais o
tempo. Contudo, com o aparecimento da motorização, não foram só aspectos
positivos que surgiram (melhoria na qualidade de vida, na facilidade de
transporte de diversas mercadorias, na velocidade de deslocação e na
globalização de culturas e economias), a essa motorização vieram aliados também
diversos problemas, nomeadamente ao nível da poluição sonora e ambiental, da
falta de escoamento (principalmente nos meios urbanos), do excesso de tráfego nas
cidades (que origina congestionamentos) e, principalmente, dos acidentes de
viação (Smeed apud Silva, 2008, p.4).
Existem
vários tipos de acidentes, mas o acidente rodoviário distingue-se dos demais,
em primeiro lugar, pelo elemento roda, inerente a certos veículos. Para Germano
Marques da Silva (1996, p.47), veículo rodoviário é o “veículo com rodas apto e
destinado a circular habitual ou eventualmente nas rodovias e cuja condução e
circulação estão consequentemente sujeitas à disciplina estradal”. O conceito
de acidente de viação é definido por vários autores de diferentes maneiras, e
importa aqui fazer referência a algumas. Segundo Vives in Leal et. al (2008),
“o acidente é um acontecimento fortuito ou eventual que altera a ordem das
coisas e que involuntariamente origina danos às pessoas ou objectos.”
Vários
autores consideram o acidente rodoviário como um facto casual, aleatório, resultante
da interacção da actividade humana sobre o veículo num determinado ambiente, no
qual influem múltiplos factores. No entanto, existem muitos acidentes que “não
são casuais e que resultam de actos voluntários ou pelo menos negligentes”
(Silva, 1996, p.13).
No
que diz respeito às consequências, podem classificar-se os diferentes tipos de
acidentes de viação como acidentes com vítimas, acidentes apenas com danos
materiais e acidentes com vítimas e com danos materiais. Os acidentes com
vítimas caracterizam-se como sendo acidentes dos quais resulte pelo menos uma
vítima, sendo que esta pode ser classificada como ferido grave (vítima de
acidente cujos danos corporais obriguem a um período de hospitalização superior
a 24 horas), ferido leve (todas as vítimas que não são consideradas como ferido
grave ou vítima mortal), ou vítima mortal (vítima de acidente cujo óbito ocorra
no local do evento, no seu percurso até a unidade de saúde, ou na própria
unidade de saúde até 30 dias) (ANSR, 2008, p.3).
A
condução automóvel é uma actividade bastante complexa que envolve aspectos psicológicos
(cognitivos, comportamentais e afectivos), sócio – culturais e ambientais. Na
condução automóvel estamos em permanente diálogo e intercâmbio com o meio envolvente
e são necessárias constantes tomadas de decisões por parte do condutor. Neste
sentido, a situação de condução envolve necessariamente três elementos em
interacção, que constituem o sistema rodoviário: a via (incluindo as condições
ambientais) o veículo e o homem (Pinto, 2006, p.111). Se o acidente rodoviário
é uma disfunção neste sistema de interacção, então, procurar as causas dos
acidentes passará igualmente por procurar saber as causas desta disfunção
(Pinto, 2006, p.119).
Contudo,
o valor entre os referidos elementos não é igual nem proporcional, pelo que, é
aqui que os investigadores assumem um papel preponderante na descoberta da verdade
ao determinarem com exactidão esses valores e qual o grau de influência de cada
um dos elementos no acidente. Segundo o Manual de Teoria de Investigação de
Acidentes da GNR (2008), “ a via existe para o veículo e este para o homem, que
transporta” pois “os dois primeiros factores, de carácter material, são apenas
um “meio” ao serviço do homem, que os “utiliza” o que revela já aqui uma
tendência para afirmar que o homem é o principal responsável pela disfunção do
sistema. “Os dois primeiros factores são essencialmente fruto da tecnologia e o
factor preponderante é o homem, ou seja, aquele que pode fazer uso daqueles
factores materiais, que o mesmo produz”, pelo que recai sobre o homem a decisão
de adequar ou não o seu comportamento no sentido de utilizar esses factores da
melhor forma.
Depois
do exposto, sentiu-se a necessidade de aprofundar um pouco mais a abordagem a
cada um dos elementos que constituem o ambiente rodoviário.
Como
já se vê, a via e os factores ambientais associados não são os principais responsáveis
pelos acidentes rodoviários, correspondendo a cerca de 12% a 34% dos acidentes
de viação. Os principais problemas adjacentes à rede viária prendem-se com o facto
de se verificar uma desproporção das suas condições relativamente ao progresso
técnico sofrido pelos veículos, pois foram desenhadas e construídas para
veículos de baixa velocidade, reduzida carga e pequenas dimensões, que hoje em
dia se tornam insuficientes e perigosas para a circulação moderna (Leal, et
al., 2008).
Segundo
Montoro et al. (2000, p.42), a via e os factores ambientais estão divididos em
duas vertentes tendo em conta a sua influência relativa e inconstante,
nomeadamente os elementos inalteráveis ou referentes à via e as condicionantes
de natureza alterável ou relativas ao ambiente. Nos elementos inalteráveis ou
referentes à via estão incluídos as vias propriamente ditas, tendo em conta o
pavimento, a inclinação, as condições físicas e o número de faixas de rodagem,
e o ambiente físico envolvente e circundante à via que inclui os sinais
rodoviários, os painéis publicitários, a iluminação, as árvores e gradeamentos,
os muros e as barreiras protectoras.
Referentes
aos elementos condicionantes de natureza alterável ou relativas ao ambiente
destacam-se factores ambientais como chuva, neve, nevoeiro, vento e gelo, e
factores acidentais ou obstruções temporárias, como acidentes de viação, obras,
avarias de veículos na via e objectos caídos na via (Montoro et al., 2008,
p.42-43).
No
que respeita ao veículo, este possui características próprias que condicionam a
sua performance: antiguidade e estado de conservação e manutenção, potência de
motor, travões, sistema de segurança, volume, tipo de carroçaria, entre muitos
outros aspectos. Devido à sua diversidade, podemos ainda dividi-los em tipos:
veículos ligeiros de transporte de passageiros ou de mercadoria, veículos
pesados de transporte de passageiros ou de mercadorias e os veículos de duas
rodas, com ou sem motor.
Apesar
de o veículo não ser a principal causa de acidentes rodoviários, segundo a ENSR
(2008, p.59), existe uma preocupação em: melhorar as condições do parque
automóvel, dar formação técnica e profissional na área da segurança rodoviária,
estender as Inspecções Obrigatórias aos ciclomotores, motociclos, triciclos e
quadriciclos, e sensibilizar os condutores para a importância do controlo de
determinados sistemas de segurança dos veículos.
No
que respeita à segurança do veículo, Aparício et al. in Leal et al. (2008) faz referência
a dois tipos de segurança: a segurança activa que é “o conjunto de condições
técnicas que contribuem para evitar ou minimizar os actos e comportamentos
inseguros do condutor, e do próprio veículo, susceptíveis de causar acidentes”
(iluminação, sinalização, etc.) e a segurança passiva que consiste no “conjunto
de condições técnicas que têm como finalidade evitar ou minimizar os danos
produzidos a pessoas ou objectos transportados no veículo, ou aqueles com os
quais este possa interagir quando tem lugar um acidente” (cinto de segurança,
apoio de cabeça, AIR-BAG, etc.).
Segundo
o mesmo autor, na investigação do acidente de viação, os órgãos do veículo que
são analisados com maior cuidado por se considerarem vitais na incidência
desses mesmos acidentes, são os pneus, o sistema de iluminação, o sistema de
travagem e o sistema de iluminação de estrada e da sinalização. Os veículos
implicados em acidentes têm que ser examinados pelo investigador com uma
múltipla finalidade: comprovar se o estado anterior deficiente ou defeituoso de
algum dos seus elementos de segurança activa contribuiu para a produção do
acidente; fazer uma ideia de como terá ocorrido o acidente observando os danos
existentes nos veículos e/ou pessoas, confrontando uns e outros; comprovar
quais os danos anteriores ao acidente e quais os danos que se produziram em
consequência do acidente; comprovar que partes dos veículos causaram as lesões
nas pessoas e porquê, bem como, comparar as lesões das pessoas com os danos dos
veículos e verificar-se se adequam; comprovar outros dados ou elementos que
ajudarão à reconstituição do acidente.
É
importante referir que o “Homem” no sistema rodoviário é o utente da via,
podendo ser o condutor ou o peão. Sendo o Homem o elemento mais complexo e o
que deve controlar todo o sistema de condução, são da sua responsabilidade,
como condutor em interacção com o meio: as capacidades perceptivas e de atenção
necessárias; a tomada de decisões e a execução dos comportamentos decididos
(dependente do grau de experiência do condutor); as capacidades de resposta às
necessidades de controlo da condução (relacionado com o estado físico e
psíquicos do condutor e, também, aspectos ergonómicos).
Os
estudos realizados sobre a causalidade da sinistralidade rodoviária apontam os
factores humanos como os seus principais responsáveis. Posto isto, existe a
necessidade de tentar diminuir este facto, sendo assim fundamental o
conhecimento das causas da falha humana. Segundo Leal, et al. (2008), as causas
podem ser: físicas ou somáticas, ou seja, que afectam o corpo do condutor
(náuseas, doenças, diabetes, etc.); psíquicas, que afectam a mente do condutor
(falta de concentração ou atenção, doenças mentais, etc.); falta de
conhecimentos, experiência ou perícia.
Muitos
estudos já foram feitos para apurar as principais causas da sinistralidade rodoviária
e, em todos eles, a conclusão a que se chega é idêntica. Tendo por base o estudo
Tri-level Study, que foi realizado na Universidade de Indiana nos EUA,
elaborado por Treat et al. in Pinto (2006, p.120) no ano de 1977, podemos
concluir que 93% (provável) a 71% (certo) dos acidentes analisados tiveram como
causa o factor humano, já os factores ambientais e referentes à via foram causa
de 34% (provável) a 12% (certo) dos acidentes e, por fim, e muito menos
significativas, foram as causas referentes aos veículos, que apenas foram
responsáveis por 13% (provável) a 4,5% (certo) dos acidentes analisados.
Com
naturalidade se aceita que cerca de 90% dos acidentes rodoviários têm como causa
o factor humano. Porém, existem muitos acidentes que não têm apenas uma causa
mas sim múltiplas causas, em que o factor humano não deixa de ser preponderante.
O mesmo estudo, revela que apenas 57% dos acidentes analisados tiveram como
causa somente o factor humano e que este, conjugado com os restantes factores,
tivera 92,6%. Neste sentido, e tendo o elemento humano como centro da causalidade
da sinistralidade rodoviária, era de prever uma segurança rodoviária baseada na
reeducação dos utentes da estrada. No entanto, tem-se verificado uma crescente
abordagem mais centrada nas questões de engenharia “uma vez que é facilmente
constatável ser mais fácil mudar as vias rodoviárias e os veículos do que mudar
o comportamento humano directamente” (Andrey apud Pinto, 2006, p.121).
Das diversas causas da sinistralidade
apontamos as seguintes:
a) Uso
de telemóvel no exercício da condução;
b) Negligência
dos peões (Travessia em lugares impróprio sem respeitar a sinalização);
c) A
falta de destreza;
d) A
sonolência;
e) A
Fadiga;
f) O
estado da via;
g) A
má formação dos condutores;
h) O
alcoolismo e outras drogas;
i) A
emoção e outras.
Angola
ocupa a quinta posição na taxa de sinistralidade rodoviária a nível da região
da SADC, apresentando 23,1 por cento de casos, segundo o relatório de Análise
Global da Sinistralidade – 2009/2014 elaborado pela Direcção Nacional de Viação
e Trânsito (DNVT).
O
sistema rodoviário no município de Cacuaco esta caracterizado principalmente em
dois períodos manha e tarde das 05h30 as 09h00 e as 15h00 as 19h00,por uma
única via de traficablidade, conhecida como estrada nacional nº l00 comporta
com algumas ruas conhecidas e adjacentes que compõe o total sistema rodoviário
do município, as mesma vão formando os entroncamentos que servem de acesso a
via principal o interior do bairro e vice-versa.
Transito
totalmente fluido em toda extensão do território implica dizer que mesmo esta
facilitado em termos de via, isto pela construção de infra-estrutura
rodoviária, engenharia e feitura de formas a facilitar o tráfego rodoviário sem
muitos constrangimentos visíveis. Embora no que diz respeito a engenharia do
trânsito temos em falta muitos elementos, começando pelas principais formas de
sinalização vertical e horizontal. Marcas do pavimento, e sinalização não
adequada.
No
que diz respeito a construção de uma via devemos facilitar a chamada circulação
dos utentes da mesma que resume-se em veículos e pedestres (peões) mais pela
caracterização que' se faz, estão facilitados os condutores e os respectivos
veículos esquecendo o outro utente que e o peão.
Existem
pontos permanentes de maior regularização e fiscalização que de certa forma são
pontos de contracção de grandes massas populacionais a que pertence ao município
a existência de paragens de táxis, moto táxis e também transportes públicos urbanos,
como os auto carros e que a forma de regularização do transito é rigorosa, há a
carga e descarga de passageiros e cargas, os maus estacionamentos por parte dos
veículos, o atravessamento desordenado, considerado um dos pontos críticos a
nível territorial, a destacar Vila Sede, Tecnocarro, Cimangola, Vidrul, Posto
Policial do Kifangondo, considerados como principais pontos aonde os
reguladores de trânsito estão com maior frequência locais estes que a
canalização é feita com maior rigor.
Por
outra via temos a existência de alguns factores que intervém no comportamento
do trânsito rodoviário, como sendo a travessia dos peões desordenadamente,
trabalhadores de limpeza urbana, centos comerciais, veículos de transportes de
mercadoria "Camiões" que fazem carga e descarga de mercadoria,
escolas junto das vias de tráfego rodoviário, o lixo consequente mente a ma
colocação dos contentores e em locais inadequados nas bermas, passeios e ate no
eixo das vias como na rua da Kianda e em alguns locais da Av. Ngola Kiluange.
Nos
pontos permanentes de regularização a atitude proactiva do Agente regulador de
trânsito de ter o principio de antecipação na selecção dos veículos de
transportes de maças (povo) para fazer circular o escoamento sobre o transito
urbano, isto refere-se no asseguramento dos efectivos nos pontos de
estrangulamento, tendo a característica geométrica da via pelo agente já com um
estudo completo e apreciação da via.
A
regularização intermitente ocorre quando a situação do tráfego urbano sofre
alguma alteração, devido a presença de individualidades para os locais
conhecidos para o desenvolvimento de algumas actividades temos a citar o marco
Histórico 4 de Fevereiro, administração Municipal, Complexo Paciência
Sacriberto e a regularização do trânsito é rigorosa mediante escoltas para o
encaminhamento das respectivas entidades, que para estes locais em que se
desenvolvem tais actividades, corte do trânsito e organização nos pontos de
estacionamento nos mesmos locais.
Destacamos
também os locais de regularização intermitente, como Vila Sede, Tecnocarro.
Posto policial do Kifangondo e em algumas ocasiões a Vidrul, nas proximidades
da 41ª Esquadra e nas proximidades do Cemitério 14, a existência de barreiras
nocturnas e diurnas, radares em pontos escolhidos e identificados como o Posto
policial do Kifangondo 300 metros antes e nas proximidades da 41ª esquadra,
locais estes que os automobilistas tendem a aumentar a velocidade.
RUAS/AVENIDAS
|
ACIDENTES
|
MORTOS
|
FERIDOS
|
ESTRADA Nº 100
|
32
|
07
|
23
|
VILA-SEDE
|
26
|
14
|
04
|
INTERIOR DO KICOLO
|
07
|
04
|
11
|
INTERIOR DA MALUECA
|
08
|
02
|
06
|
INTERIOR DA BOA ESPERANÇA
|
04
|
11
|
07
|
INTERIOR DA VIDRUL
|
62
|
23
|
14
|
VIA EXPRESSA
|
09
|
04
|
04
|
ESTRADA DA FUNDA
|
05
|
04
|
0
|
TOTAL
|
153
|
65
|
69
|
Dados
fornecidos pela Divisão de Trânsito de Cacuaco no período de 01 à 20 de
Setembro de 2015.
NATUREZA
|
ACIDENTES
|
MORTOS
|
FERIDOS
|
Colisões entre Veículos
|
32
|
07
|
23
|
Colisões entre Veículos e Motociclos
|
26
|
14
|
04
|
Colisões contra obstáculo Fixo
|
07
|
04
|
11
|
Despistes
|
08
|
02
|
06
|
Colisões entre Motociclos e ciclos motores
|
04
|
11
|
07
|
Atropelamentos
|
62
|
23
|
14
|
Capotamentos
|
09
|
04
|
04
|
Incidentes
|
05
|
04
|
00
|
Choque entre Motociclos e Locomotiva
|
00
|
00
|
00
|
Colhimento contra locomotiva
|
00
|
00
|
00
|
TOTAL
|
153
|
65
|
69
|
Dados
fornecidos pela Divisão de Trânsito de Cacuaco no período de 01 à 20 de
Setembro de 2015.
de
uma forma resumida podemos constatar que durante o período em análise, a secção
de acidentes da divisão Cacuaco, tomou conhecimento de um total de 153 acidentes
de viação, que resultaram em 65 mortos, 69 feridos, que por natureza foram: 62
Atropelamentos, 32 colisões entre veículos automóveis, 26 choques entre
veículos automóveis e motociclos. Ciclomotores, 09 capotamentos, 08 despiste,
07 choques contra obstáculo fixo, 04 choque entre motociclos 05 incidentes.
As
consequências dos acidentes prendem-se sobretudo com a ocorrência de danos
materiais, nos próprios veículos, nas infraestruturas rodoviárias e áreas
adjacentes e com a ocorrência de danos pessoais, vítimas mortais, feridos
graves e feridos leves.
a) Sensibilizar
a população, uma vez que a polícia é um parceiro e sozinho não consegue
solucionar ou fiscalizar todas a áreas, por isso, todos somos chamados a mudar
de mentalidade.
b) É
urgente que se insira nos currículos escolares matérias sobre a sinistralidade
rodoviária.
c)
Criar medidas de prevenção e contenção
rodoviária (o uso de radares, alcoolímetro, barreiras policiais, Operações Stop
e outros).
O
aparecimento do veículo a motor foi um dos maiores contributos para o desenvolvimento
da sociedade e do mundo. Contudo, a este enorme contributo, vieram aliados
graves problemas que afectam directamente a sociedade, pelas mortes e danos
irreparáveis decorrentes dos acidentes de viação, e o meio ambiente, pela
poluição que originam.
Para
além de representar elevadíssimos custos monetários e de deixar milhões de
pessoas incapacitadas por ano, a sinistralidade rodoviária é actualmente, uma
das maiores causas de morte no mundo e estima-se que os números desse enorme
flagelo aumentem nos próximos anos.
E
após o levantamento feito no período de 01 de Setembro à 20 de Setembro de 2015,
conclui que o município de Cacuaco, em função do seu posicionamento geográfico,
é um dos municípios com uma taxa de sinistralidade elevada, sobre tudo na
estrada número 100, em que o maior número de sinistralidade ocorre normalmente
no período das 05 horas às 90 horas e das 15 às 19 horas, conforme consta nos
dados estatísticos apresentados ao longo do desenvolvimento do presente
trabalho.
Nunes,
Neto Sebastião & Moniz: Comando de Divisão de Cacuaco – Secção de Trânsito,
Luanda-Cacuaco, 2015
Comunidade
Europeia. (2003). Programa de Acção Europeu para a Segurança Rodoviária.
Bruxelas: Comissão Europeia.
ENSR,
(2008). Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária 2008-2015. Acedido em 12 de
Janeiro, 2009, em http://www.ansr.pt/Default.aspx?tabid=220
Leal,
A.P., Varela, L.F., Sousa, M.O. (2008). Manual Teórico de Investigação de Acidentes
de Viação. s.l.: Secção de Investigação Criminal da Brigada de Trânsito da
Guarda Nacional Republicana. Documento não publicado.
Organização
Mundial de Saúde. (2004). A segurança rodoviária não é acidental. Suíça:.
Organização Mundial de Saúde.
Organização
Mundial de Saúde. (2007). Centro de prensa: Las colisiones en las vías de
tránsito.
VV.AA
(2003). Plano Nacional de Prevenção Rodoviária. Lisboa: Comissão Técnica
Coordenadora.
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