INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO E
ADMINISTRAÇÃO
A PROSTITUIÇÃO
PETERSON EDUARDO BALTAZAR JOÃO
LUANDA
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM GESTÃO E
ADMINISTRAÇÃO
A PROSTITUIÇÃO
PETERSON EDUARDO BALTAZAR JOÃO
|
LUANDA
2015
PETERSON
EDUARDO BALTAZAR JOÃO
A PROSTITUIÇÃO
Este pré-projecto foi julgado e aprovado
para a obtenção do grau de Licenciatura, no Curso de Ciência de Gestão e
Administração, do Departamento de Ciências Humanas.
Luanda, 31
de Outubro de 2015
Lando
Marcelo
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
PRESIDENTE:
____________________________________________________________
PRIMEIRO
VOGAL: _______________________________________________________
SEGUNDO
VOGAL: _______________________________________________________
ORIENTADOR:
___________________________________________________________
SECRETÁRIA:
___________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço
inicialmente a Jeová, meu Deus, por me habilitar na realização deste trabalho,
agradeço também ao querido professor Lando Marcelo por me passar conhecimento
necessário até agora a cerca da Introdução ao Direito.
Agradeço aos meus
colegas pelo apoio incondicional que tem me dado e também à minha família que tem
sido um suporte nos momentos crucias que tenho passado.
A todos que directa
ou indirectamente tem contribuído para tornar o estudo o que sou, o meu muito
obrigado!
EPÍGRAFE
A prostituição é a
mais antiga das profissões. Mas, como o humorismo, ninguém tem orgulha dela.
Ediel
A presente pesquisa
tem como objetivo geral perceber as causas da prostituição A prostituição sendo
caracterizada pelo modo como sua prática é exercida nas mais variadas formas,
desde tempos antigos, perpassando até os dias actuais. Nesse sentido, a
prostituição configura-se sendo tarjada como “profissão mais antiga do mundo”,
logo, em relação a essa assertiva, convém analisar suas partes, seu contexto
sócio-histórico e suas principais categorias e modalidades. Desse modo, nosso
estudo buscou responder aos seguintes questionamentos: Quais os fatores que
ocasionam essas mulheres a ingressarem na prostituição? Quais suas perspectivas
de vida actuais e futuras? Nessa perspectiva, para alcançar os objetivos
propostos pela pesquisa foram utilizadas técnicas que se adequassem melhor à
análise. Deste modo, a presente pesquisa possui uma abordagem qualitativa,
estudo bibliográfico e emprego da técnica de entrevista semiestruturada. A pesquisa
revelou que a maioria as mulheres se prostituem em sua maior parte pela
condição financeira, ou seja, pela falta de condições para suprir suas necessidades,
outro dado revelado que se destaca é a ausência de oportunidade em conseguir um
novo emprego em decorrência da atuação como prostitutas, uma vez que muitos ao
saber da sua condição de vida não aceitam empregá-las. Outro dado relevante é o
de que muitas não possuem sequer o ensino fundamental completo, fato que
dificulta ainda mais a procura de um novo emprego, dado que a maioria das
mulheres pesquisadas afirmaram que trabalhavam como empregada doméstica antes
de entrar na prostituição, mas que ainda realizam algumas atividades
relacionadas para complementar a renda.
PALAVRAS-CHAVE: Prostituição.
Trajetória de vida. Estigma. Preconceito.
SUMÁRIO
Prostituição é a
troca consciente de favores sexuais por dinheiro. Uma pessoa que trabalha neste
campo é chamado de prostituta, e é um tipo de profissional do sexo. A
prostituição é um dos ramos da indústria do sexo. O estatuto legal da
prostituição varia de país para país, a ser permitida, mas não regulamentado, a
um crime Forçado ou Não-Forçado ou a uma profissão regulamentada.
A prostituição é
praticada mais comumente por mulheres, mas há um grande número de casos de
prostituição masculina em diversos locais ao redor do mundo.
Popularmente
chamada de “profissão mais antiga do mundo”, a prostituição é moralmente
reprovada em quase todas as sociedades, dada a degradação que representa para
as pessoas que a praticam.
Prostituição é a
atividade que consiste em oferecer satisfação sexual em troca de remuneração,
de maneira habitual e promíscua. A definição de prostituição baseia-se em
valores culturais que diferem em várias sociedades e circunstâncias, mas geralmente
se refere ao comércio sexual de mulheres para satisfação de clientes masculinos.
Também há formas masculinas de prostituição homossexual e, em menor proporção,
entre homens que alugam seus serviços para mulheres. Em sociedades muito
permissivas, a prática da prostituição se torna desnecessária; em culturas
demasiado rígidas, é perseguida e punida como delito.
A prostituição é
uma profissão não lícita porque leva a pessoa à muitos riscos tais como drogas,
doenças sexualmente transmissíveis (DST) e danos neurológicos. Assim sendo,
como problemática desta pesquisa temos a seguinte questão:
O que leva as
pessoas a se prostituírem?
A prostituição pode
ser ocasionada por vários motivos, como desqualificação profissional,
analfabetismo, inoportunidade de emprego, problemas familiares e outros.
A prostituição é um
grave problema social, consequente de uma política governamental que não dá
oportunidades para todos e obrigam alguns a ganharem dinheiro da forma mais
cruel que existe, vendendo a única coisa que realmente possuem: seu corpo.
Paralelo à
prostituição, encontramos outros problemas, como: AIDS, Aborto, Drogas, etc.,
alastrando ainda mais a situação de degradação na sociedade. Podemos ver que
falar da prostituição, apesar de ser um tema sobre uma profissão antiga, ainda
é de suma importância nos nossos dias, pois como todos nós sabemos o índice de
problema tem-se propagado cada vez mais e particularmente aqui em Angola o
aumento tem se notado nas duas modalidades de prostituição o de luxo e a
prostituição de rua e nos últimos dias tem se relatado ainda casos de
estrangeiras aqui em Angola particularmente em Luanda que tem influenciado no
aumento de prostituição de luxo de acordo com uma reportagem da Televisão
Pública de Angola (TPA).
1.4.1 Objetivo Geral
·
Discutir as principais causas que
levam as mulheres a se prostituírem.
1.4.2 Objetivos Específicos
·
Compreender os fatores que ocasionam as
mulheres a ingressarem na prostituição;
·
Analisar as perspectivas de vida actuais
e futuras de mulheres prostitutas.
·
A prostituição,
seus significados e suas formas ao longo do tempo foram perpassando por
mudanças, estigmas e estereótipos que a representam e que vão ganhando novas
roupagens, dessa forma, “O significado social da prostituição não é imutável ou
trans-histórico. Ao contrário, ele se modifica e de acordo com o contexto
sócio-histórico, cultural, político e econômico, os quais mediam e dão
significado à prostituição (RODRIGUES, 2009, p. 44).
De acordo com
leituras de autores como Guimarães e Bruns (2010), Rodrigues (2009) entre
demais que referenciam a prostituição como uma das profissões mais antigas do
mundo, a partir desse entrelace pude perceber que ela é considerada dessa forma
e vem se adaptando de acordo com as mudanças ocorridas na sociedade.
Nesse sentido, a
prostituição pode ser compreendida a partir de seu histórico desde épocas
remotas, nas antigas sociedades como a Grécia, Roma dentre outras, ressaltando
que a mesma deve ser sempre pensada em seu contexto sócio-histórico.
De acordo com
Guimarães e Bruns (2010), durante o período da Idade do Bronze (referência ao
período da civilização em que ficou caracterizada pela criação do bronze
resultante da mistura de cobre com estanho), na sociedade matriarcal as
prostitutas eram consideradas mulheres sagradas, devido à crença de serem a
encarnação de uma deusa. Não eram vistas com um olhar preconceituoso diante da
sociedade, pelo contrário desenvolviam um papel importante.
Porém, de acordo
com Guimarães e Bruns (2010), essa fase estava com seus dias contados, devido
às tribos de homens guerreiros da Mesopotâmia, que invadiram essas sociedades
matriarcais e fizeram com que essas mulheres consideradas sagradas fossem
dominadas por eles. Agora deviam se subjugar às regras que lhes eram impostas,
passando assim a perderem os seus plenos poderes.
A Igreja começa a
entrar nesse ponto, reprimindo qualquer questão que fosse relacionada ao culto
à Deusa[1], e
defendia totalmente o casamento e a monogamia, por outro lado aceitava a
prostituição na forma em que era vista como algo necessário.
A partir de então,
começa a se fragmentar o poder feminino, as mulheres estavam submetidas aos
poderes dos homens, ao qual a sociedade passou a ser mais centrada no comércio
nas guerras e conquistas. Para eles, esses fatores eram essenciais, enfatizando
que as atividades masculinas estavam ganhando o seu lugar e as atividades
femininas, porém sem nenhuma importância, passaram a ser submersas pelo poder
masculino. Nesse ponto, chega a uma total “dominação masculina”[2]
sobre a mulher, o homem passa a ter o real controle com medidas preventivas,
como o casamento e a monogamia.
Logo, de acordo com
Brasil (2012), na Grécia as prostitutas viviam em estados dependentes
consideradas escravas e possuíam o nome de porné,
eram incessantemente usadas pelos industriais que possuíam o nome de
pornoboskoi. E eram convocadas pelas comunidades antigas como objeto, ou seja,
ser para todos.
De acordo com o
tempo, com as mudanças na civilização grega, passaram a permitir que os homens
possuíssem três mulheres, sendo uma para fins sexuais, outra para cuidar da
casa e, por fim, uma para ter filhos. Possuíam a função de procriar. Vale destacar
que o Estado também começa a se aproveitar da ocasião e passa a ver o sexo como
um negócio (BRASIL, 2012).
Nesse sentido, a
prostituição feminina passa a ser aderida como um trabalho visando apenas ao
lucro, deixando de lado suas emoções, passando assim a ser vista pelos homens
como um objeto que se transformou em uma mercadoria que estava sendo colocada a
venda.
Segundo Torres et
a. (1999):
A
prostituição [...] na Idade Média, ela foi oficializada como profissão pelas
autoridades, constituindo, assim, uma fonte de renda para o Estado. Durante a
Revolução Industrial, a prostituição aumentou em toda a Europa devido ao êxodo
rural, às condições de pobreza e a promiscuidade das aglomerações urbanas.
Com o tempo, a
prostituição vai se moldando de acordo com as estratégias que lhes são
lançadas, desse modo percebemos que na atualidade ela passa a ser segregada
pelo preconceito e horror ao exercício dessa atividade, são totalmente
desrespeitadas pelo poder público e também pela sociedade sendo até
consideradas invisíveis pela sociedade.
Se épocas atrás, a
prostituição era vista na forma de um culto a uma Deusa, nos dias de hoje é
considerada uma mulher profana ancorada pelo estigma de que são tratadas
(GUIMARÃES E BRUNS, 2010).
Nessa perspectiva,
“[...] podemos perceber que essas mulheres não eram estigmatizadas como são
hoje, desempenhavam um papel importante na sociedade [...]” (GUIMARÃES E BRUNS,
2010, p. 23).
Dessa forma, as
prostitutas dos dias de hoje são consideradas de baixo meretrício[3],
sentem vergonha de exercer suas atividades, principalmente as de rua. Contudo,
observa-se que as prostitutas consideradas com um poder aquisitivo maior não se
preocupam com essa condição, pois as mesmas não se enquadram nesse perfil.
Para Pinheiro
(2006), na modernidade, “[...] a prostituição ocupou novos espaços, antes
inviáveis, por meio da utilização de recursos tecnológicos, tais como a
internet e o telefone celular [...]” (p. 14). Fato que ampliou ainda mais o
mercado da prostituição, sua renda, maiores números de pessoas em busca de uma
melhor condição de vida.
Portanto, de acordo
com as palavras de Guimarães e Bruns (2010), a prostituição de hoje é a mesma
desde a antiguidade, porém se readapta à atualidade, dessa forma como uma nova
embalagem, mas com o mesmo produto.
De acordo com
Vilela (2011),
O
surgimento dos movimentos sociais para a defesa dos direitos das prostitutas e
a reavaliação da sua nomenclatura, deixando de ser um “trabalho sexual” para
tornar-se um “trabalho como qualquer outro”, fez inovar também quanto ao termo
“prostitutas” para “profissionais do sexo” ou “trabalhadoras do sexo”, para se
referirem àquelas mulheres que fazem do sexo sua profissão (p. 3).
Importante
mencionarmos que o ano de 1975 é considerado um marco na história da
prostituição, estimado como uma de suas primeiras lutas para com a categoria,
esse fato ocorreu no dia 2 de junho de 1975, 150 prostitutas se reuniram na
Igreja de Saint-Nizier, em Lyon, na França.
As prostitutas
reivindicavam contra o preconceito existente e as altas taxas de impostos que
lhes eram cobradas. Sendo assim, esse ato se tornou universal passando a ser
aderido em vários locais, como em Paris, Marselha, Montpellier, Genoble e no
Brasil, as prostitutas percorriam as ruas distribuindo folhetos explicativos,
informando a respeito das inúmeras opressões que sofriam e também pelas
insistências policiais em persegui-las. Entretanto, no dia 10 de junho do ano
de 1975, as mulheres que estavam na Igreja Saint-Nizier foram banidas pela polícia,
mas deixaram o seu legado vivo permanecendo até nos dias de hoje, gerando assim
uma independência às prostitutas, porém independência que não era totalmente
formada devido aos nós que se prendia a sociedade, como o preconceito, o
estigma e outros valores.
As prostitutas em
sua história política e organizativa davam seu pontapé inicial por volta dos
anos 80, sendo cerceada pelos sanitaristas e policiais. De acordo com a
cartilha Manual do Multiplicador, difundida pelo Ministério da Saúde (1996):
As
primeiras organizações políticas de mulheres prostitutas surgem na Alemanha
Ocidental HYDRA, de Berlim considerada a primeira organização pelos direitos
das prostitutas. Fundada em 1980, seguindo-se a fundação, logo depois da HWG em
Frankfurt e posteriormente outras em Munique, Nuremberg, Hamburgo, Colonia e
Bremem (p. 12).
Na época, para
muitas autoridades a regulamentação ou legalização era vista como uma medida
que seria imprescindível para o mal necessário da prostituição, destacando que
essa medida serviria apenas para bordéis, sendo proibido para atividades públicas.
As medidas tomadas
em relação à mulher prostituta se davam de uma forma severa que chegavam a
processar proprietários de pensões caso as alugasse quartos para as mesmas.
De acordo com
Roberts (1998), em 1864 surge primeiro Ato das Doenças Contagiosas, formado por
“higienistas”, dizia respeito, porém, a soluções para as doenças sexualmente
transmissíveis, na época, principalmente, a sífilis, caracterizada como a
“doença da imoralidade”.
Como afirma Roberts
(1998), o que existia mais era a questão do medo, e acabavam exagerando,
deixando assim de lado assuntos mais importantes como a fome e a miséria.
Na época, os
médicos dificilmente conseguiam diagnosticar doenças sexualmente
transmissíveis, na verdade eram as próprias prostitutas que se
autodiagnosticavam e conseguiam detectar as doenças sexualmente transmissíveis.
Elas tinham suas regras, no sentido de que antes de realizarem sexo com seus
respectivos clientes deviam examiná-los para assim estarem cientes de que
possuíam ou não alguma doença que as transmitissem. Caso contrário, poderiam
ser infectadas por eles no ato sexual, quando isso acontecia recorriam a
remédios e ervas caseiras.
As primeiras
menções referentes a uma regulamentação da prostituição se dão de acordo com
Ceccarelli (2008), nos últimos anos com:
Alguns
países europeus, como Alemanha, Países Baixos, Dinamarca e Noruega legalizaram
a prostituição; em outros, como no Reino Unido, é tolerada. Em Portugal, a
prostituição não é ilegal, desde que não haja incentivo para essa atividade. Na
França, não é legal nem proibida, embora o proxenetismo seja uma infração.
Outros países ainda a penalizam, como a Suécia, onde vender sexo é tão ilegal
quanto comprá-lo. Resultado: prostituta e clientes são punidos com até seis
meses de prisão. Nos Estados Unidos, a prostituição é ilegal em praticamente
todo o território (p. 4 - 5).
Em 1870, nos
Estados Unidos, médicos e demais autoridades propuseram uma regulamentação da
prostituição, esse fato se dava devido ao abastamento das doenças prolíferas.
Baseavam-se em algumas cidades nas quais já havia a regulamentação, como na Europa
Continental, em que as prostitutas possuíam seus direitos trabalhistas; outro
país é a Holanda, no qual as profissionais do sexo ficam em mostruários como
mercadorias à venda para os seus clientes.
É importante
mencionarmos que, com todo esse ensejo de regulamentar a prostituição, por trás
existiam os reais motivos para essas medidas serem tomadas, que seria o de
lucrar com o dinheiro com as prostitutas, sendo área muito investida pela elite
nos negócios masculinos.
De acordo com Swain
(2004), “a prostituição sendo legalmente convertida como uma profissão a mesma
estaria legalizando a própria violência da mulher”. Contudo, Tavares (s. d.)
afirma que “[...] impulsionado pelas feministas, que consideravam a prática da
prostituição uma escravatura humana, nos finais do século XIX, inicia-se na
Europa um movimento contra o regulamentarismo [...]” (p. 2).
O movimento era
liderado por Josefine Butler. Seguindo a ideia do autor, o abolicionismo sendo
um sistema contra a exploração sexual da mulher, as prostitutas são, dessa
forma, consideradas vítimas desse sistema de exploração, e consequentemente desaprova
quem dela vive, ou seja, o proxenetismo.
Muitas mulheres
entram para a prostituição muito cedo, às vezes ainda criança. Essa prática
pode ser incentivada pela própria família que busca recursos financeiros para
sobreviver e por isso, explora a criança e a coloca em uma situação de
violência.
Para entender a
prostituição é preciso analisar a organização social. Ou seja, quais motivos
levam as mulheres para essa atividade, para o comércio do corpo. Entre os
fatores estão as desigualdades sociais no País, ou seja, a existência de um
sistema econômico falho, onde poucos têm muito dinheiro e muitos mal conseguem
sobreviver.
Outro fator que
estimula essa prática é a busca por uma boa condição financeira que permita uma
maior possibilidade de consumo, independente das regras estipuladas pela
sociedade. Ou seja, não importa se a atividade é imoral ou ilegal, o que vale é
o dinheiro que vai ser adquirido e que pode ser usado para sustentar uma
família.
Factores
económicos: falta de emprego; migração para os grandes centros urbanos; jovens
do campo, passando a viver na cidade; mães solteiras com dificuldade na manutenção
do filho. Moradias em condições sub-humanas: barracos, cortiços, porões, muitas
vezes abrigam a promiscuidade, que é um caminho aberto para a prostituição.
Factores
psicológicos: carências afectivas e traumas que marcam a infância e a adolescência
das pessoas.
Aspectos fundamentais a serem considerados
1. Identidade – origem – identidade sexual: A identidade
sexual é um indicador chave no caso de jovens homossexuais cuja identidade real
não aceita; ou para jovens imigrantes mesclados entre duas culturas e identidades
paralelas. Quando a verdadeira identidade não foi reconhecida ela pode ser
procurada na prostituição.
2. Violência, protecção de si mesmo: violências
sofridas na infância ou na adolescência são o fio condutor de novas violências.
Estas, quase sempre, foram silenciadas, e esse silêncio continua na
prostituição.
3. Baixa Auto-Estima: Desvalorização,
depreciação, sentimento de nulidade ou inutilidade.
4. Recursos financeiros e sua relação com o dinheiro: A
relação com o dinheiro fica alterada – excesso ou falta – é uma questão
importante, falta de visão entre o patamar da vida e realidade financeira
oficial. Situações de graves dívidas ou dívidas sucessivas, que podem esconder
maus tratos – máfia, pessoas abusadas, tráfico, etc. Ou uma tendência da mulher
a se deixar explorar financeiramente para parecer boa pessoa.
5. O Meio de Vida: Mulheres
que não têm relações com outras pessoas fora da prostituição, estão em situação
vulnerável, elas foram levadas a isso ou escolheram essa situação, – jovens em
situação conflituosa com a família, marginalizadas, precariedade social e
afectiva e tendo um medo do confronto com a realidade e suas exigências –
casamentos desequilibrados, amizades complicadas.
6. Contexto profissional: Desempregadas,
mudanças profissionais infindáveis, precariedade económica são factores que
fragilizam as mulheres. Alguns empregos facilitam a chegada à prostituição.
7. Valores éticos: É
bom questionar as referências das mulheres, o sentido de mundo pessoal delas,
da vida, da prostituição, seus desejos e a questão familiar.
Em Angola, ainda
não há qualquer lei que regule a actividade, pelo que as mulheres dizem-se
livres de exercer o negócio onde quiserem, desde que não pratiquem actos
sexuais em lugares públicos.
Apesar de estarem
no mesmo negócio, estas mulheres trazem consigo histórias de vida completamente
diferentes. Júlia Sacaita contou que pratica a actividade devido ao
comportamento do marido, que a abandonou com dois filhos.
“Saímos do Kuíto
para Luanda com a intenção de ganharmos a vida. Mas uma vez cá, ele começou a
trabalhar e decidiu abandonar-me com as crianças, sem apoio. Como não conheço
ninguém por cá, a única saída foi mesmo me prostituir, ou então os meus filhos
morreriam de fome”, explicou. Júlia chegou a trabalhar como babá, mas ganhava
apenas kz 20 mil por mês. (Rede Angola, 2014)
A jovem revelou
ainda que trabalha todos os dias da semana, das 20 h à meia-noite. Nos
“melhores dias” atende uma média de dez clientes, e o valor cobrado oscila
entre os kz 1,5 mil e os 2 mil. Em meses de maior movimento, o valor pode
chegar a mais de kz 300 mil por mês. “Com os valores que ganho já consigo
sustentar os miúdos e pagar a casa onde vivemos. Tenho esperança, sim, de um
dia vir a largar este negócio, mas preciso de algo que dê para sustentar a
família”. (Rede Angola, 2014)
Por seu turno, Paula
Mateus contou que entrou no negócio depois de perder o emprego. Com o marido
desempregado e uma filha para sustentar, a mesma frisou ter-se sentido esgotada
e a única alternativa que lhe apareceu foi a prostituição. A questão da
segurança é outro aspecto que a mesma revela ter sempre em conta. “O meu marido
sabe que me prostituo, mas ele entende porque faço isso para sobrevivermos. Por
isso tento arduamente cuidar-me, usando o preservativo. Aliás, todas nós o
tentamos fazer. (Rede Angola, 2014)
O sociólogo José
Garcia Lencastre disse que “na nossa sociedade a prostituição tem uma imagem
negativa” e uma das consequências para quem pratica este estilo de vida é
dificilmente verem-se livres do passado, quando abandonam a prostituição.
A prostituição em
Angola tem causas económicas, assegura o sociólogo, apontando que devido à
guerra, muitas mulheres perderam os maridos e não conseguem, com o salário que
auferem, sustentar a família.
A prostituição em
Angola não consta das profissões reconhecidas legalmente. A sua prática é
ilegal, disse José Garcia Lencastre. Por isso, as mulheres que assim procedem
não têm acompanhamento médico.
“Estamos a entrar
nas consequências que esta prática pode trazer porque elas não sabem com quem
se estão a prostituir e correm o risco de se infectarem com o VIH/Sida. Muitas
não usam métodos de prevenção contra inúmeras doenças venéreas, seja nas ruas
de Luanda ou no mercado Roque Santeiro”. (Rede Angola, 2014)
Segundo Araújo
(2006, p. 17),
A
definição das várias modalidades de prostituição envolvendo não só a ocupação
espacial, mas também o conjunto de práticas matérias e simbólicas inerentes à
atividade, tais, como: formas de exposição, relações com os clientes, tabelas
de serviços, negociação de pagamentos.
Uma das modalidades
que o autor ressalta é o trottoir, para o ele “[...] é a modalidade mais
visível em razão do reconhecimento imediato que possibilita e de sua nítida
configuração espacial” (p. 17).
Nota-se que a
prostituição de rua é a que mais a mulher se expõem como afirma acima, ficam
até altas horas à espera de um cliente. Neste sentido, iniciaremos com a
prostituição de mulheres:
A prostituição é
concebida como uma derivação (deturpação do sentido) do ato sexual legitimado
pelos costumes ou pelo casamento, transformando-o em fonte de renda. Para que
haja prostituição há necessidade de participação da mulher – a que vende a sua
força de trabalho, no caso, a capacidade sexual -, e do homem, que compra o direito
de usá-la por determinado momento. Dessa associação, resulta a compra e a venda
do desempenho sexual da mulher (ESPINHEIRA, 1984).
Devemos observar
que muitas dessas mulheres vendem seus corpos para sobreviver, ser uma renda a
mais na família e até ajudar a criar o próprio filho, porque, às vezes, apenas
um salário mínimo não dá condições mínimas de suprir o seu sustento e de demais.
Outra modalidade é
a exercida em boates e casas de shows, para o autor,
[...]
É comum a apresentação de strip-tease [...]. O perfil da clientela e mulheres
que se prostituem é mais elevado nessas casas. [...] nesse tipo de estabelecimento
a profissional do sexo é obrigada a fazer o cliente beber muito, preferencialmente
bebidas caras. [...] às mulheres que frequentam tais boates é facultada a
práticas de programa com os clientes, se bem que não no local (p. 19).
Ou seja, nas casas
de shows as prostitutas realizam
papel de entreter o cliente, no sentido de que eles não percebam que estão
sendo explorados, para consumir algo no estabelecimento.
Nesses locais,
existem as prostitutas de “alto padrão” e as de “baixo padrão”. As prostitutas
de alto padrão estão localizadas em casas elegantes, seus frequentadores são
homens de posse que possuem bens financeiros. Já as de baixo padrão são referendadas
em bordéis ou zonas de prostituição frequentadas geralmente por operários e
homens de nível financeiramente mais baixo. Essa modalidade se dá também em
anúncios e classificados de jornais da cidade, são as chamadas “acompanhantes.
Geralmente são
conhecidas como acompanhantes de luxo, muitas optam por clientes que paguem
suas despesas, como financiamento de um automóvel, aluguel de apartamento e que
financiem seus estudos. As mesmas optam por clientes da alta sociedade, como
políticos, empresários, médicos e outros.
Existe também a
ciber-prostituição,
[...]
vem se tornando bastante comum nas cidades [...] a oferta de profissionais do
sexo se dá via internet [...] podem-se encontrar em anúncios de profissionais
do sexo mulheres, homens ou travestis, com suas características é quase sempre
fotos. [...] outra forma de exposição se dá por chat, ou sala de bate-papo na
internet, em que o (a) profissional oferece seus serviços ao interagir com os
participantes da sala (p. 21).
E importante
destacar que essa modalidade está aumentando nos dias actuais, trata-se de uma
prostituição diferente, pois o cliente não tem necessidade de ter o contato inicial
físico com a prostituta, travesti ou homem.
Vale destacar que
existem aquelas prostitutas que não se encontram em nenhuma das descrições
acima, são as que exercem a modalidade de se prostituírem em vários lugares das
cidades, ou seja, não possuem um local fixo, às vezes, ficam em um bairro rua
ou cidade.
Outra modalidade a
mencionar refere-se às mulheres que trabalhavam durante o dia normalmente em
seus respectivos trabalhos, mas que se prostituem para terem melhores
condições, são discretas realizando assim seus encontros em seus próprios apartamentos
e hotéis. Podemos presumir que são reservadas em seus ambientes, não gostando
assim de descreverem suas atividades noturnas.
Diante da notória
discussão a respeito de algumas modalidades da prostituição, convém para a
nossa pesquisa apresentar as categorias dos profissionais do sexo. Para tanto,
iremos embasar-nos nos conceitos de alguns autores.
As consequências
são muito ruins. Entre elas ficam as marcas internas, baixa auto estima, a
perca da infância, supressão forçada da inocência, distúrbio de comportamento,
a gravidez precoce, abandono dos estudos, infecção por doenças transmissíveis (DST),
uso de drogas, condutas anti-social, aumento da geração de crianças de rua e
mortes.
Para solucionar o
problema da prostituição é preciso sensibilizar a população através da
comunicação social, mostrando as consequências que ela acarreta; reduzir o
nível de desemprego e dando educação gratuita de qualidade para todos afim de
minimizar a prostituição, os familiares das vítimas devem dar carinho, amor e
mostrar o quanto elas valem como seres humanos, ao passo que as prostitutas,
para se afastarem dessa vida, devem cultivar auto-estima, amor à Deus e
respeito a si mesmas.
Com o objetivo de
descrever a prostituição, vimos que tal atividade é praticada desde os tempos
antigos, sendo compreendida da mesma forma. Nesse âmbito, seus princípios são
fundados desde os seus primórdios. A prostituição, na atualidade, é segregada
pela descriminação e vergonha que a profissão adquiriu para com a categoria
mais vulnerável - que são as mulheres que exercem o meretrício nas ruas, passam
a atuar dessa forma com uma nova roupagem, aderindo assim a práticas que atuem
contra essa discriminação e a favor da valorização. Nesse sentido, ganham o
caráter de profissionais do sexo, passam a se organizar politicamente como vêm
demonstrando as associações existentes.
É importante frisar
que a banalização da prostituição leva a problemas psicológicos irreversíveis,
como hiperatividade sexual, estupros, pedofilia e a mais sutil e perigosa
banalização da mulher na sociedade.
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Teixeira. Polícia e prostituição feminina em Brasília - um estudo de caso.
2003. 369 f. Tese (Doutorado em Sociologia)-Universidade de Brasília, Brasília,
2003.
Disponível em: <
http://repositorio.unb.br/handle/10482/1585?mode=full>. Acesso em: 11 out.
2014.
SILVA, Rogério
Araújo da. Prostituição: artes e manhas do ofício, Goiânia: Cânone Editorial,
Ed. UCG, 2006.
TORRES, G. de V.;
DAVIM, R. M. B.; COSTA, T. N. A. da. Prostituição: causas e perspectivas de
futuro em um grupo de jovens. Rev. latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto,
v. 7, n. 3, p. 9-15, julho 1999.
[1]
Segundo
dados da Revista Galileu, na sociedade matriarcal, período que teve início no
ano 35.000 A.C teria existido na Europa e na Ásia a compreensão de que as
mulheres ocupavam cargos de lideranças e possuíam culto à deusa que simbolizava
a natureza, esse suposto período era descrito como uma época tranquila e
criativa.
[2]
De
acordo com Bourdieu (2002), a dominação masculina não é vista como uma forma de
violência propriamente dita, mas que perpassa futilmente pelos olhos de suas
próprias vítimas. Esse fato pode ser comprovado até pelo desconhecimento de
suas vítimas em não reconhecer acontecimento como uma forma de violência.
[3]
Essa terminologia se refere às prostitutas consideradas de um baixo nível de
padrão socioeconômico.
Gostei da sua investigação cara,
ResponderExcluirPRETENDO COPIAR COMO FAÇO
ResponderExcluirCOMO POSSO COPIAR O TRABALHO ?
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