INSTITUTO SUPERIOR
POLITÉCNICO DE INOCÊNCIO NANGA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ENFERMAGEM EM DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICO EM PACIENTES
PORTADORES DO HIV E SIDA
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR
POLITÉCNICO DE INOCÊNCIO NANGA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ENFERMAGEM EM DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICO EM PACIENTES
PORTADORES DO HIV E SIDA
ENGRÁCIA LANDO CANDA XONA
LUÍSA RODRIGUES DE SOUSA
Trabalho
apresentado ao Curso de Enfermagem na disciplina de Enfermagem em Doenças
Transmissíveis como requisito parcial para obtenção de notas.
Orientadora:
Guilhermina Guilherme
LUANDA
2016
SUMÁRIO
Desde seu
reconhecimento, no início dos anos 80, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(AIDS) se disseminou pelo mundo tornando-se um dos maiores desafios de saúde pública
das três últimas décadas.
Essa doença
caracteriza-se por um transtorno da imunidade celular, resultando em uma maior susceptibilidade
a infecções oportunistas e neoplasias. No presente trabalho pretendemos
identificar os transtornos psiquiátricos e os comportamentos físicos, social
emocional dos indivíduos portadores do vírus HIV e/ou AIDS.
O HIV-aids é uma
doença que, sem dúvidas, marca profundamente a pessoa acometida, pois, afecta o
seu bem-estar físico, mental e social e envolve sentimentos negativos como
depressão, angústia e medo da morte, interferindo em sua identidade e auto-estima.
O estigma que há em torno da doença torna-se um destruidor invencível e produz
atitudes refractárias à busca do diagnóstico, retardando essa descoberta.
O surgimento da Acquired Immunological Deficiency Syndrome
(AIDS) foi um fenómeno social e histórico, o qual trouxe diversas dúvidas,
mobilizando sentimentos e preconceitos que influenciaram o imaginário social,
nascendo assim concepções negativas acerca da doença que a estigmatizaram, o
que pode afectar a qualidade de vida dos infectados pelo vírus HIV.
A revelação da seropositividade
é um evento crucial tanto na vida do portador, quanto na vida família e dos
amigos. A percepção negativa, a discriminação e a falta de conhecimento semeiam
o sofrimento. O medo do abandono e de julgamento, a revelação da identidade
social, a quebra no padrão de vida, a ‘culpabilização’ individual por ter se
infectado, a impotência diante da nova realidade, o isolamento, a não-adesão ao
tratamento, a revolta e o consumo exagerado de bebida alcoólica são alguns dos
aspectos relacionados a uma doença estigmatizada, oriunda de concepções de uma
sociedade preconceituosa.
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A estigmatização
social causa, entre vários aspectos, impactos na saúde física e mental dos
portadores de HIV/AIDS, uma vez que o estresse tende a baixar a imunidade,
tornando o indivíduo mais sujeito à infecção pelo vírus e ao aparecimento de
doenças oportunistas.
.
Portanto,
percebe-se que a saúde colectiva desempenha um papel fundamental no cuidar
desse cliente, desenvolvendo acções que objectivam a quebra do estigma social,
orientando sobre a doença e o tratamento, explicando o aumento da sobrevida e
oferecendo uma assistência de qualidade ao indivíduo como um todo, respeitando
a sua singularidade numa dimensão biopsicossocial-cultural.
O HIV é o vírus da
imunodeficiência humana, um retro vírus que causa no organismo disfunção
imunológica crónica e progressiva devido ao declínio dos níveis de linfócitos
TCD4+, ou seja, quanto mais baixo for este índice, o indivíduo tem maior chance
de desenvolver a AIDS, que é considerada o avanço da infecção pelo vírus.
.
A AIDS é
considerada a pandemia da actualidade, e sua rápida disseminação levou pânico a
uma série de problemas sociais e psicológicos graves, não somente para a
população geral, como também para aqueles que se infectaram com o HIV. Desde o
surgimento, na década de 1980, vêm-se observando os fenómenos de heterossexualização,
feminização, interiorização e pauperização da epidemia. Tal fato demonstra que
a infecção não está mais restrita ao que antes considerava-se grupo de risco,
como homossexuais, usuários de drogas injectáveis (UDI), profissionais do sexo
e hemofílicos.
A Organização
Mundial de Saúde (OMS) estima que, no mundo, aproximadamente 33,2 milhões de
pessoas estão infectadas pelo vírus HIV ou apresentam a doença e que em 2007
ocorreram 2,1 milhões de mortes e cerca de 2,5 milhões de novos casos. Ao nível
nacional há uma estabilidade na prevalência do VIH em Angola com 1,98% em 2010
comparado com uma prevalência de 5,2% (IC 4,9- 5,4%) na África subsaariana. Estima-se
que aproximadamente 593 mil pessoas vivam actualmente com HIV ou AIDS e,
segundo parâmetros da OMS, a prevalência da infecção pelo HIV é de 0,61% entre
a população de 15 a 49 anos, sendo 0,42% entre as mulheres e 0,80% entre os
homens.
A AIDS tem se
tornado objecto de interesse por parte de psiquiatras, psicólogos e outros
profissionais de saúde mental essencialmente por duas razões: o tropismo do HIV
pelo sistema nervoso central (SNC) e o impacto psicológico do diagnóstico e da
evolução da infecção nos indivíduos afectados. Diante disso, desenvolveram-se
duas grandes áreas de interesse. A primeira situa-se nos limites da psiquiatria
e da neurologia e tem como foco de interesse as consequências clínicas da acção
do HIV e de outras patologias associadas no cérebro. A segunda situa-se nos
limites entre a psiquiatria, a psicologia e as ciências sociais e estuda as reacções
psicológicas, as complicações psiquiátricas da infecção e as repercussões
sociais.
Ao lado do sistema
linfoide, o Sistema Nervoso Central (SNC) é um importante alvo para o HIV e o
vírus tem sido frequentemente detectado no líquido cefalorraquidiano (LCR) e
tecido cerebral desde o início da infecção e em toda a sua evolução, independentemente
de apresentar sintomas neurológicos. O vírus infecta e replica-se em
macrófagos, micróglia e células multinucleadas da glia, mas está,
principalmente, livre e presente no líquido cefalorraquidiano.
As manifestações
neurológicas acometem 40% a 70% dos pacientes portadores do HIV no curso da sua
infecção.
Entre os
transtornos psiquiátricos mais comummente observados em indivíduos HIV
positivos, a depressão é o mais prevalente. A depressão maior em indivíduos
infectados pelo HIV parece estar associada a factores como estigma da doença,
efeitos directos do vírus e infecções oportunistas no sistema nervoso central
(SNC), além do desencadeamento de episódio depressivo em populações vulneráveis
como usuários de drogas injectáveis e homossexuais.
Os quadros de mania
(em que a pessoa fica agitada, tem ideias de grandeza, fala rápido e de maneira
excessiva, pode gastar muito dinheiro em compras desnecessárias) são mais comum
que surja com as afecções do sistema nervoso central secundárias à infecção e à
imunodeficiência, como a toxoplasmose, a sífilis e a tuberculose, além do uso
de medicações como o AZT ou corticoides.
Os transtornos de
ansiedade também são muito frequentes em indivíduos com HIV/AIDS. Ocorrem desde
crises de pânico, fobias, TOC, estresse pós-traumático e ansiedade
generalizada. Sem dúvida, os sintomas ansiosos também têm um forte componente
ambiental, não apenas orgânico. Os pacientes infectados são discriminados,
sentem medo do isolamento, do abandono e da morte, ou do definhamento, com a
progressão da doença.
Os quadros
psicóticos também podem ocorrer, associados a vários factores, como acção do
vírus, manifestação do processo demencial provocado pelo vírus ou efeitos
adversos das medicações.
Temos também o
abuso e a dependência de substâncias, que pode já existir antes da infecção e
ser um factor importante para a aquisição da doença.
É importante falar
também sobre o suicídio. É frequente que o portador do HIV/AIDS tenha
pensamentos de morte. Os maiores factores de risco para o suicídio são as tentativas
prévias de cometê-lo, os quadros de depressão moderados a graves, história
familiar de depressão, solidão e apoio social insatisfatório, experiências
negativas associadas à infecção (como história de violência), história de homo
ou bissexualismo e de uso de drogas.
A infecção pelo
HIV/Aids é frequentemente associada a transtornos psiquiátricos. Dentre eles, a
depressão é o mais comum. O diagnóstico e o tratamento dos transtornos
depressivos são fundamentais para melhorar a qualidade de vida desses
pacientes. Esta revisão tem como objectivo sintetizar e discutir os resultados
mais importantes da literatura a respeito das particularidades do tratamento
dos transtornos depressivos em indivíduos infectados pelo HIV.
São discutidos a
epidemiologia, o quadro clínico, a influência da depressão na evolução da
infecção, o tratamento farmacológico com antidepressivos, testosterona e psicoestimulantes
e a interacção farmacológica entre os antidepressivos e benzodiazepínicos e as
drogas antivirais. Conclui-se que o tratamento antidepressivo nessa população é
eficaz, seguro e não promove imunossupressão nos indivíduos afectados.
A Aids tem se
tornado objecto de interesse por parte de psiquiatras, psicólogos e outros
profissionais de saúde mental essencialmente por duas razões: o tropismo do HIV
pelo sistema nervoso central (SNC) e o impacto psicológico do diagnóstico e da
evolução da infecção nos indivíduos afectados.
Diante disso,
desenvolveram-se duas grandes áreas de interesse. A primeira situa-se nos
limites da psiquiatria e da neurologia e tem como foco de interesse as consequências
clínicas da acção do HIV e de outras patologias associadas como por exemplo:
neurotoxoplasmose eneurocriptococose) no cérebro.
A segunda situa-se
nos limites entre a psiquiatria, a psicologia e as ciências sociais e estuda as
reacções psicológicas, as complicações psiquiátricas da infecção e as repercussões
sociais.
Dentre os
transtornos psiquiátricos mais comummente observados em indivíduos infectados
pelo HIV, a depressão é a mais prevalente, merecendo investigação sistemática
de sintomas depressivos nessa população. Essa investigação é fundamental, já
que a depressão é uma patologia com alto índice de melhora quando tratada,
inclusive em indivíduos infectados pelo HIV.
Essas diferenças e
contradições, observadas nos resultados dos estudos acima descritos, revelam a
dificuldade de generalização dos achados ao se estudar as alterações
psicopatológicas em pacientes com comportamento de risco ou infectados pelo
HIV. Além do estágio da infecção em que se encontra a casuística, a
heterogeneidade dos indivíduos que apresentam comportamento de risco para a
infecção pelo HIV têm sempre de ser levada em conta. O indivíduo infectado pelo
HIV pode ser usuário de drogas injectáveis, homossexual ou bissexual masculino,
homem ou mulher heterossexual que não utiliza preservativos em suas relações
sexuais, mulher monogâmica infectada pelo seu parceiro, além de receptor de
sangue ou hemoderivados. As prevalências de transtornos depressivos nessas
populações são diferentes, independentemente dos indivíduos estarem infectados
ou não.
Com este trabalho
podemos concluir que os pacientes HIV positivos (assim como muitos com doenças crónicas)
tem maior probabilidade de sofrerem com distúrbios psiquiátricos, pois se
sentem excluídos e discriminados pela sociedade.
Além disso existe o
fato do vírus do HIV atingir directamente o sistema nervoso central, lesando o
mesmo, causando também, sintomas psiquiátricos.
Ou seja, a fonte
dos sintomas pode ter tanto origem psicológica, bem como relacionadas com a
neurotransmissão e fisiológica, e ambas devem ser tratadas adequadamente e separadamente.
ALMEIDA MRCB,
Labronici ML. A trajetória silenciosa de pessoas portadoras do HIV contada pela
história oral. Cad Saúde Col. 2007;12(1):263-74.
CANINI SRM, Reis
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Ministério da Saúde
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Política nacional de promoção da saúde. Luanda 2010 c; p. 8.
Relatório Nacional
da Vigilância Epidemiológica de VIH e Sífilis, Angola 2009
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