REPÚBLICA DE
ANGOLA
MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO
COLÉGIO HORIZONTE VISUAL
TRABALHO DE FORMAÇÃO DE ATITUDES INTEGRADORA (FAI)
HÁBITOS E
COSTUMES DO POVO AMBUNDU
LUANDA
2018
COLÉGIO HORIZONTE VISUAL
TRABALHO DE FORMAÇÃO DE ATITUDES
INTEGRADORA (FAI)
HÁBITOS E COSTUMES DO POVO AMBUNDU
Trabalho de
pesquisa bibliográfica apresentado na disciplina de FAI como requisito parcial
para obtenção de notas.
Integrantes do Grupo:
1. Fátima
Gonçalves Conceição
2. Fernandes
Manuel
3. Francisca
Alberto Armando
4. Inês
Fernando Diogo
5. Manuel
Gomes Muginga
6. Nazaré
Domingos Alfredo
Grupo nº: 01
Classe: 10ª
Sala: 06
Período: Manhã
O Professor
_________________
Martinho Gunga
LUANDA
2018
SUMÁRIO
Falar de hábitos e cultura do povo Ambundo ou Mbundo é o principal
objectivo do presente trabalho. Entretanto, Angola é um país onde existe uma
variedade de hábitos e costumes culturas oriundo de povos de várias etnias,
desde as danças, a música, a língua, gastronomia, vestimentas etc.
É de se destacar que a esmagadora maioria dos angolanos, perto de 90%, é
de origem bantu. O principal grupo étnico bantu é o dos ovimbundos que se
concentra no centro-sul de Angola e se expressa tradicionalmente em umbundo, a
língua nacional com maior número de falantes em Angola.
Por seu lado, os ambundos, falando kimbundu, a segunda língua nacional
com mais falantes, estabelecem-se maioritariamente na zona centro-norte, no
eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. O Kimbundo é uma língua com grande
relevância, por ser a língua tradicional da capital e do antigo reino dos
N'gola. Legou muitas palavras à língua portuguesa e importou desta, também,
muitos vocábulos.
Os Mbundu (também conhecidos por Ambundos ou Quimbundos) são um grupo
étnico banto que vive em Angola, na região da sua capital Luanda e em grande
parte do centro do país. São o segundo maior grupo étnico angolano.
Os Mbundu falam kimbundu ou mbundu e são um povo dominante na região da
capital angolana e do interior de Angola, mais precisamente nas províncias do
Bengo, Kwanza Norte, Malange e nordeste do Kwanza Sul.
Apesar de os portugueses terem travado relações comerciais com os Mbundu,
logo após a sua chegada ao reino do Kongo, a partir da altura em que
estabeleceram uma colónia permanente em Luanda, no ano de 1576, como base para
o comércio de escravos, houve revoltas constantes contra a ocupação dos
portugueses na região, sendo a mais famosa a encabeçada pela Rainha N'Ginga.
A grande maioria dos mais de 4 milhões de escravos traficados para o
estrangeiro entre os séculos XVI e XIX era mbundu, já que este foi o único grupo
étnico a ser controlado na sua totalidade pelos portugueses.
O desenvolvimento da cidade de Luanda como capital e principal centro
industrial levou a que grandes migrações de mbundu se deslocassem para a
capital, terminando na construção de imensos musseques nos arredores da cidade
e levando a que, por causa da pesada presença dos portugueses e do grande
número de mestiços lusófonos, o português se sobrepusesse à língua nativa,
levando a que ainda hoje, muitos mbundu só saibam falar o português.
O primeiro antepassado dos Mbundu, Ngola Mussuri, vivia em Tandjimi
Milumbu, região próxima do alto Zambeze. O povo de Ngola era caçador e
guerreiro que fundia o ferro para as suas flechas, e só usavam armas de madeira
e pedra. Um dia Ngola decidiu deixar a sua terra. Destruiu o acampamento e
partiu em direcção ao mar para o oeste. Ao longo do caminho deixou grupos que
se fixaram e fundaram aldeias.
Quando atingiu o Kuanza seguiu o seu curso até à costa de Luanda. Durante
muito tempo Ngola fixou-se na planície de Luanda. Enquanto aí esteve, encontrou
o povo de Bembo Calamba, um ferreiro, que viera para Luanda com seus homens e
gados. Ngola Mussuri aprendeu como se fundia e forjava o ferro, e como se
faziam panelas e se tecia. A mulher de Bembo Calamba, Ngombe-dia-Nganda,
ensinou ao povo de Ngola a agricultura e a criação de Gado.
Os homens de Ngola casaram com as filhas de Ngombe, que foram as mães dos
clãs mbundo. Ngola Mussuri começou a trocar os instrumentos de metal por
comida. Quando uma grande fome atingiu os Mbundu ele compartilhou a sua
riqueza, e em agradecimento o povo tornou-o rei. Mussuri casou com uma mulher
Ngana Inene, que não teve filhos mas teve filhas, Nzunda-dia-Ngola, Tumba-dia-Ngola
e uma terceira cujo o nome se ignora.
Quando Mussuri envelheceu, foi morto por um escravo ambicioso que se
apoderou do seu reino. Mas tarde, contudo, a filha de Mussuri, Nzunda, retornou
os seus direitos e governou os Mbundu. Quando ela morreu sem filhos o poder
passou para o marido da sua irmã. Ele era um grande caçador e guerreiro chamado
Ngola Kiluanji Kia Samba. O filho deste caçador, também chamado Ngola Kiluanji,
fundou a dinastia dos Ngola, que governou o nascente reino do Ndongo no século
XVI.
Os
resultados da guerra foram prejudiciais a todos os tipos de comércio, todo
mundo corria perigo e nos primeiros anos do século XVII, os portugueses foram
obrigados a abrirem uma conversa sobre a paz em Luanda, com os Kimbundos dos
Ndongo. Ai apareceu à figura de Nzinga pela primeira vez na vida dos lusitanos,
Nzinga – rainha Ginga dos documentos da época – embaixadora plenipotenciária de
seu tio, o ngola. A Africana mostrou-se esperta na arte da diplomacia e mais
tarde nas artimanhas da guerra.
Ela com
habilidade conquistou na mesa de negociação quase tudo que o Ndongo havia
perdido na guerra. Morrendo o ngola, ela quebrou as regras de sucessão e subiu
ao poder. Exigiu então dos portugueses os que haviam sido acordados no tratado.
Os
portugueses preocupados com a possível aliança entre holandeses e o manikongo,
não deram importância às exigências de Nzinga, que de imediato, rearticulou uma
poderosa frente de batalha composta de yagas, quimbares, cativos fugidos,
kongos e até holandeses. Ocupou o reino de Mtamba e reforçou suas tropas. Os
portugueses desesperaram. Os holandeses abandonaram Luanda. Portugal voltou às
negociações.
Inúmeros
historiadores apresentam Nzinga como um exemplo de mulher combatente, no
entanto é bom frisar que ela foi sempre um expoente de uma elite senhorial
envolvida no tráfico escravista. Sua resistência visava manter o monopólio das
rotas escravistas.
Estabelecida à paz, Nzinga estreitou seus contatos com os negreiros
portugueses. Convertida à monogamia (era casada com inúmeros esposos) e ao
catolicismo como nome de Ana de Souza, guardou até a morte o poder e o
prestígio que o comércio negreiro lhe assegurou.
A região à volta da Capital (A-ngoleme) do Ndongo foi descrita como sendo
fértil e populosa. Numerosas palmeiras forneciam vinho, óleo, e frutos, bem
como materiais de construção para casas e acampamentos. Enquanto os homens
estavam na guerra, as mulheres ocupavam-se no cultivo de terra e pastando gado,
porcos, cabras, carneiros, cãs e galinhas. As principais colheitas eram milho-miúdo,
feijão, inhame, rábanos e eventualmente bananas. Eram muito apreciados ovos e o
mel mas o leite não era usado.
Caçavam pássaros, lebres, ratos, cobras, hipopótamos e crocodilos para a
sua alimentação, mas a pesca parece ter pouca importância. Realizavam em todo
país mercados diário para a troca de produtos alimentares. A moeda aceite no
Ndongo era o Sal-gema. Este sal era trazido das minas de Kisama em quadrado de
três palmos de largura. Com três deles comprava-se uma cabra e 14 ou 15 eram o
preço de um boi ou vaca. Seis galinhas ou três galos, eram vendidos por um
bloco de sal.
O acampamento onde Ngola vivia era grande e complexo com uma paliçada
exterior de árvores e palmeiras plantadas com pequenos intervalos e ligados por
ramos. O primeiro pátio era usado quando rei recebia os seus súbditos ou quando
ou quando aplicava sentenças judiciais aos criminosos. Atrás deste pátio havia
outros pátios e passagens, até ao centro do complexo onde vivia o rei e recebia
os seus conselheiros e nobres mais próximos.
Ngola costumava estar sentado entre os seus cortesãos bebendo vinho de
palmeira por um chifre que ele enchia com que retirava de uma cabaça grande.
Ser convidado a beber vinho com o rei era a maior honra.
De acordo com a pesquisa feita, chegamos conclusão unânime de que Ambundo
ou Mbundo é o único grupo angolano que, ao longo dos trezentos anos de presença
portuguesa, nesta zona do continente, se deixou assimilar à cultura europeia,
desempenhando um papel preponderante na penetração do interior do país. Os
Kimbundu eram essencialmente comerciantes, sobretudo, em consequência, da sua
participação no comércio de escravos e como intermediários de outras
actividades comerciais.
CAVAZZI DE MONTECUCCOLO, Pe.
João António (1622-1692). Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba
e Angola (2 vols.). Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965.
DIAS, Gastão Sousa. Heroismo e
lealdade: quadros e figuras da Restauração em Angola. Lisboa: Agência Geral das
Colónias, 1943. 95 p.
GONÇALVES, Domingos. Notícia
Memorável da vida e acçoens da Rainha Ginga Amena, natural do Reyno de Angola.
Lisboa: Oficina de Domingos Gonçalves, 1749.
MELLO, António Brandão de.
Breve história da rainha Zinga Mbandi, D. Ana de Sousa. in: Boletim da
Sociedade de Geografia de Lisboa, série 63, nº 3 e 4 (1945), p. 134-146.
MILLER, Joseph C., Kings and kinsmen: early
Mbundu states in Angola, Oxford, England: Clarendon Press, 1976
PARREIRA, Adriano. Economia e
sociedade em Angola na época da rainha Jinga: século XVII. Lisboa: Editorial
Estampa, 1997. 247 p. ISBN 972-33-1260-3
Muito interessante
ResponderExcluirValeu apena
ResponderExcluirDe que forma os Ambudu se vestiam,transportavam ?
ResponderExcluirFoi muito proveitoso ,para o meu trabalho investigativo sobre os povos Ambundo.
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