SUMÁRIO
As emoções tem sido um tema de
muitas pesquisas ao longo dos últimos anos, e o seu estudo vem se tornando
importante devido à necessidade cada vez maior de compreender e controlar as actuais
patologias associadas ao aspecto emocional. Por ser um tema presente e marcante
na vida humana, esse assunto sofreu um grande avanço nos últimos anos e seu
estudo constitui um domínio particularmente interessante nas áreas Sociais e
Humanas.
A psicologia diz que o ser
humano traz ao nascer algumas emoções básicas como o medo, a tristeza, a raiva
e a alegria. Todas elas têm uma função importante em nossas vidas,
principalmente no que diz respeito à sobrevivência da espécie. O estudo das
emoções tem sido um assunto apaixonante e envolvente, apresenta diversas
reflexões, que apontam a emoção numa interacção relacional humana, ou seja, das
emoções como processo adaptativo da pessoa ao ambiente, bem como um processo
adaptativo do homem aos contextos dinâmicos sociais.
As emoções foram ignoradas por
muito tempo até mesmo por filósofos e pesquisadores das ciências em detrimento
da razão ou do pensamento lógico. Elas eram consideradas processos menos
importantes, primitivos e até mesmo indicadores patológicos.
O presente trabalho tem por objectivo
uma breve revisão sobre o estudo das Emoções, a fim de fornecer contributos
para um referencial teórico, localizando reflexões sobre as temáticas das
emoções, bem como uma revisão de conceitos das mesmas e uma sucinta análise das
principais teorias da Emoção.
De um problema genuinamente
filosófico, as relações entre corpo e mente e entre razão e emoção passaram a
ser também investigadas no âmbito teórico de outros saberes, como a psicologia,
a psicanálise e a biologia, a partir da segunda metade do século XIX e
princípios do século XX. O que marca esse período é o interesse científico
voltado para os processos cognitivos, os quais incluem as actividades mentais
relacionadas à aquisição de conhecimento e conectadas ao raciocínio e à
memória. Esse anseio elucidativo explica-se pela maior comensurabilidade da
cognição, levando ao desenvolvimento da chamada “revolução cognitiva”. A partir
de então, realizaram-se inúmeras investigações, as quais culminaram na
proposição dos mecanismos envolvidos na percepção, atenção e memória. Ademais,
os poucos autores que se voltavam às emoções, concebiam-nas de modo
“segmentado”, tratando os “circuitos emocionais” como eventos à parte e
independentes das demais actividades neurais.
Mais recentemente – a partir
do desenvolvimento de novas técnicas especializadas de pesquisa em
neurofisiologia e em neuroimagem –, vem-se ampliando o interesse pelo estudo
das bases neurais dos processos envolvidos nas emoções, a partir da
caracterização e das investigações sobre o sistema límbico (SL). Sabe-se, com
base em diferentes resultados, que há uma profunda integração entre os
processos emocionais, os cognitivos e os homeostáticos, de modo que sua
identificação será de grande valia para a melhor compreensão das respostas
fisiológicas do organismo ante as mais variadas situações enfrentadas pelo
indivíduo.
Assim, reconhece-se que as
áreas cerebrais envolvidas no controle motivacional, na cognição e na memória
fazem conexões com diversos circuitos nervosos, os quais, através de seus
neurotransmissores, promovem respostas fisiológicas que relacionam o organismo
ao meio (sistema nervoso somático) e também à inervação de estruturas viscerais
(sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa), importantes à manutenção da
constância do meio interno (homeostasia).[1]
Apesar desses avanços, muito
se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar, cientificamente, as
questões relativas à emoção. Com o desenvolvimento das neurociências,
postula-se que, como a percepção e a acção, a emoção é relacionada a circuitos
cerebrais distintos.
Ademais, as emoções estão
geralmente acompanhadas por respostas autonómicas, endócrinas e motoras
esqueléticas – que dependem de áreas subcorticais do sistema nervoso –, as
quais preparam o corpo para a acção. Com efeito, acredita-se que a ciência será
capaz de explicar os aspectos biológicos relacionados à emoção, mas não o que é
a emoção: esta permanece como uma questão prevalentemente filosófica.
Emoção Conceito
Pinto defende:
A emoção é
uma experiência subjectiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo. É uma reacção
complexa desencadeada por um estímulo ou pensamento e envolve reacções
orgânicas e sensações pessoais. É uma resposta que envolve diferentes
componentes, nomeadamente uma reacção observável, uma excitação fisiológica,
uma interpretação cognitiva e uma experiência subjectiva (2001).
Por seu lado, Goleman disse:
Quanto a
mim, interpreto emoção como referindo-se a um sentimento e aos raciocínios aí
derivados, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a acção.
Há centenas de emoções, incluindo respectivas combinações, variações, mutações
e tonalidades (1997).
Uma definição de emoção, numa
simplificação do processo neurobiológico, conforme Damásio diz que consiste
numa variação psíquica e física, desencadeada por um estímulo, subjectivamente
experimentada e automática e que coloca num estado de resposta ao estímulo, ou
seja, as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de
reagir de forma adaptativa (2000).
Emoção, numa definição mais
geral, é um impulso neural que move um organismo para a acção. Neurologia é uma
especialidade médica que estuda o sistema nervoso. Foi inicialmente observando
indivíduos com patologias neurológicas e posteriormente é através de
experimentação científica que se começa a compreender a relação entre as
diversas partes do sistema nervoso e as suas funções específicas.
A emoção diferencia-se do
sentimento, sentimentos são informações que seres biológicos são capazes de
sentir nas situações que vivenciam, porque, conforme observado, é um estado
psico-fisiológico. O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através
dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo
uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psico-fisiológica. Podemos dizer
que o sentimento é uma consequência da emoção com características mais
duráveis.
Existem algumas relações entre
sentimentos e emoções, as emoções são públicas, os sentimentos privados, a
emoção é inconsciente e o sentimento, pelo contrário, consciente.
Na classificação das emoções, António
Damásio as divide em primárias e secundárias. As primárias são inatas,
universais, evolutivas, partilhadas por todos e associadas a processos
neurobiológicos específicos. Já as secundárias são sociais e resultam de
aprendizagem, tal como a vergonha.
Para Ballone as emoções
primárias são inatas e estão ligadas à vida instintiva, à sobrevivência. Haverá
concomitante contracção generalizada dos músculos flexores, sendo possível
adoptar-se uma atitude regressiva fetal, vasoconstricção periférica, palidez da
face e esfriamento das extremidades, com brevíssima parada dos movimentos
respiratórios e dos batimentos cardíacos (2005).
De acordo com Abreu, as emoções primárias
podem ser adaptativas ou desadaptativas. Emoções Primárias Adaptativas são:
raiva, tristeza e medo. Tais emoções possuem uma relação com a sobrevivência e
ao bem-estar psicológico. São aquelas rápidas quando aparecem e mais velozes
ainda quando partem. As Emoções Primárias Desadaptativas, são as emoções das
quais as pessoas lamentam tê-las expressado de maneira tão intensa ou
equivocada e frequentemente se arrependem (2005).
A Alegria é uma das emoções
que engloba o amor, paixão, amizade, bom humor, felicidade. É a emoção mais
“procurada” pelo humano. A emoção que ajuda a ultrapassar dificuldades, ódio,
rancor, ciúme, e muitos outros sentimentos negativos.
A alegria não se manifesta
apenas num sorriso. Por exemplo, as crianças quando estão alegres adoptam um
jeito de andar diferente, pulam e saltam, não precisam mostrar um sorriso para
mostrarem a sua felicidade.
Por vezes as pessoas quando
muito felizes choram. Porquê? Choram porque se sentem extasiadas de tanta
felicidade, por exemplo a alegria do reencontro, ou mesmo da vitória num jogo
de futebol.
Uma das coisas mais
importantes para aceitar ou procurar a felicidade é a personalidade. Tomemos
como exemplo uma pessoa extrovertida. Se assim é tem uma sensibilidade maior
perante acontecimentos agradáveis e exprime a sua felicidade mais facilmente do
que uma pessoa que não seja tão aberta a este nível.
A indução de alegria –
resposta à identificação de expressões faciais de felicidade, à visualização de
imagens agradáveis e/ou à indução de recordações de felicidade, prazer sexual e
estimulação competitiva bem-sucedida – provocou a activação dos gânglios
basais, incluindo o estriado ventral e o putâmen.
Além disso, vale relembrar que
os gânglios basais recebem uma rica inervação de neurónios dopaminérgicos do
sistema mesolímbico – intimamente relacionados à geração do prazer – e do
sistema dopaminérgico do núcleo estriado ventral.
Descrições neuroanatômicas de
lesões das vias cérebro-pontocerebelares em indivíduos com riso e choro
patológicos sugerem que o cerebelo seja uma estrutura envolvida na associação
entre a execução do riso e do choro e o contexto cognitivo e situacional em
questão; de fato, quando tal estrutura está lesionada há transição incompleta
das informações, provocando um comportamento inadequado ao seu contexto.
O Medo é conhecido como a
emoção mais estudada entre os cientistas. É a emoção do perigo. Esta emoção
causa um forte impacto fisiológico, o coração começa a bater mais forte, a
respiração acelera, os músculos contraem, as mãos tremem.
Todas estas sensações derivam
do sistema nervoso simpático, adrenalina e noradrenalina que agem sobre o nosso
corpo quando temos medo.
Estas sensações vão
obrigar-nos a enfrentar o perigo ou a fugir dele. O corpo é preparado para uma
acção física, fuga ou luta.
Por vezes a expressão do medo
pode ser confundida com surpresa, ou seja quando o indivíduo se assusta também
se surpreende. O medo pode ser confundido com ansiedade mas as diferenças são
muitas. O medo é uma reacção ao perigo que acontece naquele momento, a
ansiedade é o “medo” sentido por antecipar perigos que podem ou não ocorrer. Na
emoção medo, este sentimento de medo passa em breves instantes e a ansiedade
pode tornar-se crónica. Na ansiedade, enquanto as manifestações são
psicológicas (preocupação), no medo são físicas (arrepios).
As relações entre a amígdala e
o hipotálamo estão intimamente ligadas às sensações de medo e raiva. A amígdala
é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao
medo, bem como pelo reconhecimento de expressões faciais de medo e coordenação
de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo.
A lesão da amígdala em humanos
produz redução da emocionalidade e da capacidade de reconhecer o medo. Por
outro lado, a estimulação da amígdala pode levar a um estado de vigilância ou
atenção aumentada, ansiedade e medo.
A lesão da amígdala em humanos
produz redução da emocionalidade e da capacidade de reconhecer o medo. Por
outro lado, a estimulação da amígdala pode levar a um estado de vigilância ou
atenção aumentada, ansiedade e medo.
Actualmente se reconhece que projecções
da amígdala para o córtex contribuem para o reconhecimento do vivenciamento do
medo e outros aspectos cognitivos do processo emocional.
A raiva é uma emoção humana
completamente normal, saudável, e uma determinada quantidade dela é necessária
a nossa sobrevivência. A raiva surge quando nos sentimos fracos e frustrados ao
termos de reconhecer nossos limites internos e externos. Inspira os sentimentos
e os comportamentos poderosos e agressivos, que permitem ao ser humano lutar e
defender-se quando é atacado.
A raiva pode ser causada por
factores externos e internos, e como outras emoções, ao sentirmos esta emoção,
o batimento cardíaco e a pressão sanguínea aumentam, além dos níveis das
hormonas adrenalina e noradrenalina. Apesar de a raiva se expressar mediante a
força da agressividade, ela, pelo contrário, enfraquece-nos tomando conta de
todo o nosso sistema nervoso.
Para desfazer a raiva, é
preciso saber atravessá-la. O segredo está em observar o incómodo que ela
produz em nós, sem nos deixarmos contagiar pela negatividade da autocrítica.
Como um cientista que é capaz de analisar uma essência venenosa sem se deixar
contaminar por ela.
Uma das primeiras estruturas
associadas à raiva foi o hipotálamo, em decorrência de estudos realizados na
década de 1920, nos quais se descreveram manifestações de raiva em situações
não condizentes, após a remoção total do telencéfalo. Entretanto, esse mesmo
comportamento não era observado quando a lesão se estendia até a metade
posterior do hipotálamo, levando à conclusão de que o hipotálamo posterior
estaria envolvido com a expressão de raiva e agressividade, enquanto o
telencéfalo mediaria efeitos inibitórios sobre esse comportamento.
São estados afectivos de
estrutura e conteúdos mais complexos que as primárias. Na realidade as Emoções
Secundárias, embora levem o nome de "emoções", já se constituem em
Sentimentos Sensoriais.
Abreu afirma que:
As emoções
secundárias são aquelas que, ao atingirem a amígdala e produzirem uma emoção,
sofrem a influência e o possível domínio do córtex cerebral, mudando sua
natureza primária. Neste sentido, estas emoções tornam-se respostas ou
evitações (intelectualizadas) às emoções primárias (2005).
Diz ainda Abreu:
As emoções
secundárias tornam-se então uma categoria de emoções usadas pelo indivíduo para
se proteger das primárias que muitas vezes são vergonhosas, ameaçadoras,
embaraçosas ou dolorosas por natureza. Por exemplo: uma pessoa pode estar se
sentindo deprimida, mas sua depressão pode estar encobrindo um sentimento primário
de raiva. Aparecem frequentemente quando ocorrem as tentativas (fracassadas) de
controlo ou julgamento das emoções primárias – ou seja, quando se procura evitar
ou negar aquilo que se está sentido, acaba-se por sentir-se mais mal ainda. É
assim que se tornam desadaptativas, pois levam o indivíduo a se
autodesorganizar (2005).
Para Damásio a emoção tem duas
funções biológicas: A primeira produz uma reacção específica para a situação
indutora e a segunda função é de Homeostase, regulando o estado interno do
organismo, visando essa reacção específica. Ou seja, as emoções são a forma que
a natureza encontrou para proporcionar aos organismos comportamentos rápidos e
eficazes orientados para a sua sobrevivência.
De acordo com Newen, as
emoções cumprem funções de grande importância. Podemos citar quatro delas:
Prepara-nos e motiva-nos para acções; possibilita avaliarmos os estímulos do
ambiente de maneira extremamente rápida, ajuda
no controle das relações sociais; são formas de expressão típicas que
indicam aos outros as próprias intenções (quando alguém sorri para nós,
automaticamente supomos que tem uma postura amigável) (2009).
Segundo Ballone, essas emoções
são capazes de mobilizar o Sistema Nervoso Autónomo, órgãos e sistemas.
Conclui-se que, as emoções influenciam a saúde não apenas em decorrência da
psico-neuro-fisiologia, mas também através de suas propriedades motivacionais,
através de condutas saudáveis, tais como os exercícios físicos, a dieta
equilibrada, etc (2007).
A emoção tem sido objecto de
várias teorias formuladas desde a antiguidade, cada teoria é defendida por
grupos de cientistas, que possuem grandes variações entre elas. De qualquer forma,
conhecer algumas destas teorias é importante para nos ajudar a ter uma idéia
geral das emoções. As emoções constituem um aspecto muito complexo do ser
humano e são objectos de várias interpretações que se organizam em várias
perspectivas.
Algumas formulações tiveram
início do século passado, e é interessante observarmos que a maioria delas
tinha um carácter fisiológico, e também de forma evidente, nenhuma delas foi
capaz de abordar todos os aspectos das emoções.
Depois de pesquisa feita,
chegamos à conclusão unânime que o estudo das emoções é muito importante com
relação a nossa sobrevivência enquanto seres Humanos. Se não mantivermos nossas
emoções bem estruturadas, nossas chances de sobrevivência ficam bem reduzidas.
Somos seres com uma biologia elaborada e de emoções bem refinadas como
altruísmo, solidariedade, compaixão. Mas é imprescindível que essas actividades
emocionais sejam harmonizadas e equilibradas com o uso da racionalidade e do
pensamento analítico e investigaria. Cultivando a tolerância e respeitando as
diferenças individuais, a fim de termos um convívio pacífico, teremos todas as
chances possíveis para sobreviver em épocas tão difíceis (como é o caso da
crise financeira que o nosso país enfrenta) quanto as que nos aguardam no
futuro.
ABREU, Cristiano Nabuco de
e-FILHO, Raphael Cangelli. A abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia
no tratamento da anorexia nervosa e bulimia nervosa. Rev. bras.ter. cogn.
[online]. 2005, vol.1, n.1, pp. 45-58. ISSN 1808-5687.
BALLONE, G. J. Representação
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http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?sec=47&art=258. Acesso em 19 de
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BALLONE, G. J. Da Emoção à
Lesão - in. PsiqWeb, 2007. Disponível em:
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=25. Acesso
maio de 2017.
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2002.
DAMÁSIO, António, (2000). O
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%C3%A7%C3%A3o%20Maria%20Jo%C3%A3o%20Rosa%20Silva.pdf. Acesso em 19 de maio de
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[1] Lanotte M, Lopiano L, Torre
E, Bergamasco B, Colloca L, Benedetti F. Expectation enhances autonomic
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