sexta-feira, 20 de abril de 2018

MECANISMOS DE DEFESA CONTRA OS AGENTES INFECCIOSOS - TRABALHO COMPLETO


INSTITUTO MÉDIO PRIVADO DE SAÚDE – DAPAJAK





MICROPARASITOLOGIA





MECANISMOS DE DEFESA CONTRA OS AGENTES INFECCIOSOS




INTEGRANTES DO GRUPO 01:

1.    Elma Sumbo
2.    Josefa Luís
3.    Judith Eduardo
4.    Lucinda Alberto
5.    Luísa dos Santos
6.    Maria dos Santos
7.    Mateus Lucas
8.    Tamásia Tchuca
9.    Teresa Fernando
10. Zeferina Chitula

Curso: Farmácia
Classe: 11ª
Período: Manhã
Sala: 05
Turma: E



O Docente

____________________
Álvaro Vicente




LUANDA
2018
SUMÁRIO






No presente estudo será abordado os mecanismos de Defesas Contra Agentes Infecciosos. Entretanto, o conhecimento dos principais mecanismos de defesa imune contra os diversos agentes infecciosos permite a compreensão da patogênese das doenças Infectoparasitárias e das várias estratégias do hospedeiro e do parasita. O sistema imunológico actua numa rede de cooperação, envolvendo a participação de muitos componentes estruturais, moleculares e celulares. Nesse cenário encontra-se o delicado equilíbrio entre a saúde e a doença, em que tanto a deficiência quanto o exagero resultam em dano tecidual. Este trabalho explora esses aspectos e algumas abordagens terapêuticas que surgem desse entendimento.

A resposta imune tem papel fundamental na defesa contra agentes infecciosos e se constitui no principal impedimento para a ocorrência de infecções disseminadas, habitualmente associadas com alto índice de mortalidade. É também conhecido o fato de que, para a quase-totalidade das doenças infecciosas, o número de indivíduos expostos à infecção é bem superior ao dos que apresentam doença, indicando que a maioria das pessoas tem condições de destruir esses microorganismos e impedir a progressão da infecção. Em contraste, as deficiências imunológicas, sejam da imunidade inata (disfunções de células fagocíticas e deficiência de complemento) ou da imunidade adaptativa (deficiência de produção de anticorpos ou deficiência da função de células T), são fortemente associadas com aumento de susceptibilidade a infecções.





O desenvolvimento de uma doença infecciosa em um indivíduo envolve interacções complexas entre os patógenos e o hospedeiro. Os eventos fundamentais durante a infecção incluem a entrada do agente infeccioso, invasão e colonização dos tecidos. Os patógenos requerem respostas imunológicas diferentes e especializadas, dependendo do local onde eles se replicam (meio extracelular/intracelular) e do seu tamanho (microrganismo/parasito). Para isso, os sistemas imunes inato e adaptativo irão cooperar entre si para que o agente infeccioso seja eficientemente eliminado.

A primeira linha de defesa do nosso organismo contra agentes infecciosos é composta pelas barreiras epiteliais. Além dessas barreiras, o organismo possui outros mecanismos que dificultam a entrada do agente infeccioso e sua proliferação no interior dos tecidos, como por exemplo, a produção de diversos agentes antimicrobianos, fluxo de fluído através do epitélio, pH estomacal ácido e presença de microbiota comensal.



Os agentes infecciosos extracelulares podem se replicar na circulação, no lúmen das vias respiratória e intestinal, bem como na superfície de epitélios. Desta forma, o principal mecanismo da imunidade inata utilizada para eliminar esse tipo de patógeno é a fagocitose. As principais células fagocitárias são os macrófagos, neutrófilos e células dendríticas. Estas células reconhecem os padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs - pathogen-associated molecular patterns) através de seus receptores de reconhecimento padrão (PRRs - patterns recognition receptors). Após o reconhecimento, os patógenos são internalizados formando o fagossomo, que por sua vez funde-se ao lisossomo originando o fagolisossomo. A acção de enzimas e reactivos intermediários de oxigénio e nitrogénio presentes nesta vesícula culmina na eliminação do agente infeccioso. Apesar desses fagócitos possuírem mecanismos microbicidas de forma constitutiva, estes podem ser aumentados após activação. Esta activação ocorre através da exposição dos fagócitos a produtos microbianos ou através de citocinas derivadas de linfócitos T (p.ex IFN-γ).

A doença granulomatosa crónica é uma doença hereditária, caracterizada por uma incapacidade dos fagócitos em produzir peróxido de hidrogênio e outros oxidantes necessários para eliminar certos agentes infecciosos. Como resultado deste defeito, os pacientes tornam-se mais susceptíveis a infecções causadas por certas bactérias (Serratia marcescens, Staphylococcus, Klebsiella pneumoniae, Nocardia) e fungos (Aspergillus). Esta doença está também associada a uma acumulação excessiva de granulomas nos locais de infecção ou de inflamação.

Com relação à imunidade inata contra os helmintos, a fagocitose por macrófagos ou neutrófilos é impossibilitada pelo tamanho do parasita, sendo necessária outra estratégia do sistema imune inato na tentativa de eliminar o patógeno. Para tanto, os fagócitos liberam o conteúdo de seus grânulos para o exterior (exocitose). No entanto, este é um mecanismo ineficiente, uma vez que diversos helmintos possuem tegumento muito duro e resistente aos componentes dos grânulos.

O sistema complemento pode actuar como mecanismo da imunidade inata na resposta contra bactérias extracelulares. Este sistema pode ser activado através da via alternativa por bactérias Gram+ e Gram-, e aquelas bactérias que possuem manose na parede celular realizarão esta activação através da via das lectinas, desencadeando alguns mecanismos efetores do sistema complemento: fagocitose, lise celular e amplificação do processo inflamatório.

No caso de infecções virais, o interferon tipo I é produzido pelas células infectadas e liga-se a seus receptores presentes nas células não infectadas, promovendo a síntese de proteínas antivirais, que actuam na inibição da síntese protéica viral e degradação do mRNA, resultando na eliminação do vírus.


Com relação às respostas imunes adaptativas, a imunidade humoral é o principal mecanismo para eliminação de patógenos extracelulares, bem como para neutralização de toxinas. Os agentes infecciosos activam linfócitos B e desta forma há a produção de anticorpos específicos que poderão exercer as seguintes funções: (1) neutralização do agente infeccioso (p.ex. vírus, no seu estágio extracelular)/toxina; (2) opsonização do patógeno e fagocitose; (3) activação da via clássica do complemento (opsonização, fagocitose, lise celular e amplificação da inflamação).

A resposta imune humoral pode resultar em reacções cruzadas contra proteínas próprias do hospedeiro, como por exemplo, a febre reumática. Nesta doença, anticorpos são produzidos contra a proteína M de Streptococcus beta hemolíticos e acabam reagindo de forma cruzada com proteínas do coração, levando a uma inflamação cardíaca (cardite). Outro efeito deletério da resposta imune humoral é a formação de imunocomplexos, os quais podem ser depositados nos glomérulos, vasos e articulações resultando em glomerulonefrite, vasculite e artrite.

A agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X é uma doença decorrente de uma falha nos precursores dos linfócitos B, que não permite que se transformem em linfócitos B e por fim em plasmócitos. Os pacientes tendem a desenvolver muitas infecções devido à falta de anticorpos. As bactérias que causam infecções recorrentes são: pneumococos, estreptococos, estafilococos e Haemophilus influenzae. As infecções gastrointestinais podem também ser um problema, em especial quando provocadas pelo parasita Giardia lamblia.

Os anticorpos também actuam na eliminação de helmintos através de um mecanismo denominado citotoxicidade celular mediada por anticorpos (ADCC- antibody-dependent cell-mediated cytotoxicity). A estimulação crónica pelo helminto activa as células TH2 que auxiliam a célula B na produção de anticorpos do isotipo IgE, IgG e IgA. Estes anticorpos são capazes de se ligar aos helmintos e suas porções Fc são reconhecidas pelos mastócitos (IgE) e eosinófilos (IgG e IgA), promovendo a activação dessas células e consequente liberação do conteúdo de seus grânulos.

 Imunidade contra agentes infecciosos extracelulares. O principal mecanismo da imunidade inata contra os patógenos extracelulares é a fagocitose. No entanto, organismos como os helmintos são muito grandes para serem fagocitados, sendo a exocitose (liberação do conteúdo dos grânulos para o exterior) realizada pelos fagócitos. A via alternativa do sistema complemento pode ser activada, levando a opsonização, fagocitose, lise celular do patógeno e amplificação da inflamação. O interferon do tipo I é produzido por células infectadas e impedem a infecção de outras células via produção de proteínas antivirais. A imunidade humoral é a resposta imune adaptativa predominante contra patógenos extracelulares. Os anticorpos produzidos podem neutralizar o agente/toxina, promover opsonização, fagocitose, activação complemento e actuar na citotoxicidade celular mediada por anticorpos (ADCC).



Algumas bactérias possuem a capacidade de resistir a fagocitose e de se replicar no interior dos fagócitos, estimulando a produção de IL-12. Esta citocina activa as células NK que passam a produzir IFN-γ com a finalidade de aumentar a produção de substâncias microbicidas no interior dos fagócitos. As células NK também são capazes de identificar células infectadas por vírus (diminuição expressão de moléculas MHC-I) e promover a destruição destas através da liberação de perforina e granzima que culmina na apoptose da célula alvo e eliminação do agente infeccioso.

Existem pacientes com ausência ou deficiência na actividade de células NK. Nesses indivíduos são observadas infecções virais recorrentes por Varicella Zoster Virus, Herpes Simplex Virus, Epstein Barr Virus, Cytomegalovirus e Papilloma Virus, uma vez que a resposta de células NK contra células infectadas é de extrema importância no combate aos vírus.


Diversos patógenos são capazes de se replicar no interior dos fagócitos (p.ex. Mycobacterium tuberculosis, Legionella pneumophila, Toxoplasma gondii, Leishmania) e podem ser destruídos mediante participação das células T CD4+. Os agentes infecciosos presentes dentro de vesículas no citoplasma da célula podem entrar na via de processamento e apresentação de antígeno via molécula de MHC de classe II. As células T CD4 que reconhecem este complexo são activadas e produzem IFN-γ que irá aumentar a actividade microbicida no interior dos fagócitos.

Tendo em vista que alguns agentes infecciosos são capazes de permanecer vivos no interior dos fagócitos, muitas vezes pode haver a formação de granulomas. Esta estrutura é formada predominantemente por macrófagos e linfócitos T, e tem a finalidade de evitar a disseminação do patógeno, mas que muitas vezes pode culminar em um processo inflamatório intenso levando a fibrose tecidual.

Já os patógenos que têm a capacidade de se replicar no citoplasma da célula infectada (vírus), ou mesmo os agentes infecciosos que escapam dos fagossomos ou impedem a formação do fagolisossomos (p.ex Listeria monocytogene, Trypanosoma cruzi) podem ser eliminados pelas células T citotóxicas (T CD8). Estes patógenos podem entrar na via de processamento e apresentação de antígenos via molécula de MHC-I e activar os linfócitos T CD8, que irão produzir granzima e perforina que destruirão as células alvo infectadas.

Imunidade contra agentes infecciosos intracelulares. Algumas bactérias são resistentes à degradação no interior dos fagócitos e ativam essas células, que passam a produzir IL-12. Esta citocina ativa células NK, as quais aumentam a capacidade microbicida dos fagócitos através da produção de IFN-γ. As células infectadas por vírus também ativam células NK (diminuição expressão MHC-I) que as destroem via perforina e granzima. Patógenos presentes em vesículas no interior das células são processados, apresentados via MHC-II e ativam células T CD4 produtoras de IFN-γ. Por outro lado, agentes infecciosos que se replicam no citoplasma, são processados e apresentados via MHC-I as células T CD8 produtoras de granzima e perforina.


Os agentes infecciosos desenvolveram diversos mecanismos para evadir a resposta imune do hospedeiro. A variação antigênica é uma estratégia adoptada tanto por bactérias, quanto por vírus e parasitos, e é caracterizada por mutações genéticas que podem modificar os epítopos que eram anteriormente reconhecidos por anticorpos ou outros componentes do sistema imune dificultando, desta forma, a eliminação do agente infeccioso.


Podemos assim concluir que embora o nosso organismo seja constantemente exposto a agentes infecciosos, a doença infecciosa é relativamente rara. A resposta imune adequada é, de certo modo, garantia de integridade e resistência do organismo a infecções. É realizada pelo sistema imunológico, representado didacticamente pelos mecanismos específicos e não específicos que actuam de modo sincronizado e defendem o indivíduo contra infecções, além de promoverem vigilância contra tumores e a rejeição de enxertos não compatíveis.

Como vimos, vários factores podem interferir na resposta imune, tornando-a menos eficaz: idade, ambiente, factores genéticos, anatómicos, fisiológicos, metabólicos e microbianos. Fazem parte dos mecanismos imunes não específicos ou imunidade inata o sistema complemento e o sistema fagócito. Estes dois sistemas desenvolvem-se independentemente da presença de infecções e não são providos de especificidade para um determinado microrganismo. A defesa inespecífica é a primeira a ser activada através dos fagócitos e permite excluir o agente agressor sem que haja dano tecidual na maioria das vezes. Por outro lado, os sistemas imunológicos específicos, ou imunidade adaptativa, são compostos pelos linfócitos B, produtores de anticorpos, e pelos linfócitos T. A interacção adequada destes diferentes mecanismos de defesa leva à prevenção ou eliminação das infecções.



Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman. Imunologia Celular e Molecular. Sexta Edição. Rio de Janeiro. Elsevier.2008

Charles A. Janeway, Jr., Paul Travers, Mark Walport, Mark J. Imunobiologia. Sexta Edição. 2006.

Goulart IMB, Penna GO, Cunha G. Imunopatologia da hanseníase: a complexidade dos mecanismos da resposta imune do hospedeiro ao Mycobacterium leprae. Rev Bras Med Trop. 2002, 35:365-75.





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