INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE KANGONJO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM
TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM
Trabalho
de pesquisa bibliográfica apresentado na disciplina de Administração em
Enfermagem como requisito parcial para obtenção de notas.
O Professor: Anacleto Francisco
INTEGRANTES DO GRUPO:
1. Ana
Kiwuntu
2. Cecília
Matias Augusto
3. Isabel
Elisa António Fula
4. João
Teca Manuel
5. Sabalo
Manuel João
Sala: 26B
Período: Tarde
Grupo: 04
Ano Académico: 3º
LUANDA
2018
SUMÁRIO
Durante toda a existência da
Enfermagem, a prática profissional pode ser explicada segundo diversos
enfoques. Por ser considerada ciência e arte, está sempre ligada aos mais
diversos ramos do conhecimento, dentre eles, a ciência da administração contribui
com uma parcela que se concretiza, principalmente, na administração do pessoal
de enfermagem. Contudo, com a evolução tecnocientífica, percebeu-se a inserção
do enfermeiro no campo da administração de recursos materiais, visando não
tornar-se um ser burocrata, mas buscar atender ao seu produto final - o
paciente - com um atendimento de qualidade.
Assim, perspectiva-se no
presente estudo a abordagem da Teoria Clássica da Administração da Enfermagem.
Enquanto a administração
científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a
teoria clássica tomava por base a ênfase na estrutura, ou seja, considerava a
organização como um todo para garantir a eficiência das partes envolvidas. A
esse respeito, Arndt; Huckabay comentam que o pressuposto principal é que a administração
é universal, tanto na teoria como na prática, sendo operativa em qualquer
lugar. O responsável por essa corrente do pensamento administrativo foi o
engenheiro de minas Henri Fayol (1841-1925), nascido em Constantinopla e
falecido em Paris, cidade onde desenvolveu todos os seus princípios
organizacionais e administrativos. Transformou-se num tratadista da matéria,
sendo cognominado de “O pai da Administração Científica”.
As funções administrativas,
para Fayol, englobam os elementos da administração, que são os seguintes:
─
Planejar ou prever: é visualizar o futuro e
traçar um programa de acção.
─
Organizar: é constituir o duplo organismo material
e social da empresa.
─
Comandar: é dirigir e orientar o pessoal.
─
Coordenar: é ligar, unir, harmonizar todos os
esforços colectivos.
─
Controlar: é verificar, de modo que tudo
transcorra de acordo com as regras estabelecidas.
Além disso, Fayol tentou também
definir os princípios gerais de administração, criados a partir de sua
experiência, nos quais resume a arte de administrar, que consubstanciou numa
lista de catorze princípios norteadores da acção dos executivos:
I.
Divisão do trabalho – consiste na especialização
das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência.
II.
Autoridade e responsabilidade – autoridade é o
direito de dar ordens e o poder de esperar obediência; a responsabilidade é uma
consequência natural da autoridade.
III.
Disciplina – aplicação, comportamento e respeito
aos acordos estabelecidos.
IV.
Unidade de comando – cada empregado deve receber
ordens de apenas um superior.
V.
Unidade de direcção – um plano para cada grupo
de actividades que tenham o mesmo objectivo.
VI.
Subordinação dos interesses individuais aos
interesses gerais – os interesses gerais devem sobrepor-se aos interesses
particulares.
VII.
Remuneração do pessoal - justiça e satisfação
para os empregados e a empresa quanto à remuneração.
VIII. Centralização
– refere-se a centralização da autoridade no alto da hierarquia.
IX.
Cadeia escalar - é a linha de autoridade que vai
do escalão mais alto ao mais baixo.
X.
Ordem – um lugar para cada coisa e cada coisa em
seu lugar.
XI.
Equidade – amabilidade e justiça para alcançar a
lealdade do pessoal.
XII.
Estabilidade do pessoal – é a permanência da
pessoa no cargo.
XIII. Iniciativa
– a capacidade de visualizar um plano e assegurar seu sucesso.
XIV. Espírito
de equipa – harmonia e união entre as pessoas.
Segundo Maximiano, a
contribuição maior de Fayol se deu no sentido de explicar as directrizes para a
estruturação da empresa, delinear os processos que definem o trabalho gerencial
e propor princípios que devem orientar o comportamento gerencial. É necessário,
ainda, considerar que, através da teoria clássica, Fayol formulou uma teoria organizacional,
na qual concebe a organização em termos de estrutura, forma e disposição das
partes.
Por sua importância, o assunto
sempre foi bastante discutido por diversos estudiosos em administração. Este
trabalho não tem a pretensão de aprofundar a questão. Todavia, conclui
afirmando que, apesar do impacto causado sobre a organização do conhecimento
administrativo e seu aproveitamento para a formação de executivos, a abordagem
clássica foi extremamente voltada para a organização formal, esquecendo-se da
organização informal. Essa visão mecanicista valeu-lhe o nome de Teoria da
Máquina. Portanto, mesmo considerada como a base para a administração moderna,
a teoria clássica revelou-se incompleta, porque visualizava a organização como
se fosse um sistema fechado. As principais críticas sobre a teoria clássica
concentram-se no seu carácter prescritivo e normativo e na ênfase à estrutura
formal da organização.
Com relação às influências da
teoria clássica sobre a enfermagem, pode-se afirmar que basicamente a
estruturação dos serviços de saúde e sua forma rigidamente hierarquizada são
reproduzidas na prática da enfermagem, através dos organogramas onde são
expressas as linhas de subordinação. Além disso, muitos dos princípios
defendidos por Fayol, por exemplo, a divisão de trabalho, disciplina,
responsabilidade, subordinação, ordem e outros, foram facilmente incorporados
no exercício profissional da enfermagem.
O raio de acção desses
princípios atinge directamente a administração do serviço de enfermagem, desde
o planeamento até a avaliação. É importante considerar os seguintes pontos:
a) Formular
planos baseados nos objectivos, na estrutura, na filosofia, nos padrões e
procedimentos de trabalho previamente aceita pela organização – planejando a
assistência e dirigindo os funcionários, a enfermagem está assumindo suas
funções gerenciais.
b) Compor
sistematicamente todo o pessoal e suas actividades, de modo que a
responsabilidade e a autoridade para funções específicas sejam definidas e
possam ser delegadas.
c) Qualificar
o pessoal para execução dos planos e alcançar os objectivos propostos pelo
serviço e pela organização.
d) Utilizar
a capacidade de cada pessoa eficazmente.
e) Promover
a cooperação como essencial para coordenar as actividades dos diversos
departamentos e de pessoal.
f) Obter
o máximo de resultados com o mínimo de tempo, esforço, suprimento e
equipamentos, através de medidas de planeamento e organização.
g) Manter
actualizados e conservados os relatórios e registos das actividades de
organização.
A enfermagem é uma profissão
que tem evoluído muito nos últimos anos, em decorrência do acompanhamento da
tecnologia e de seu aproveitamento no desenvolvimento de sua prática
profissional.
Por se constituir num conjunto
de ciências humanas e sociais, buscou na administração a utilização do método
científico capaz de tornar o trabalho operacionalmente racional, com o único
propósito de prestar assistência ao paciente, à família e à comunidade, de modo
que pudesse atender as suas necessidades.
Portanto, somente conhecendo
os princípios em que se fundamentam a administração e possuindo habilidades
para tomar decisões, é que o enfermeiro pode escolher o método para planejar,
executar e avaliar as acções na prática do serviço de enfermagem.
Convém lembrar que as teorias
da administração são universais e facilmente absorvidas em qualquer área do
conhecimento. Em particular, na enfermagem, sua influência foi relevante,
devido à própria natureza e filosofia do serviço de enfermagem que obrigatoriamente
faz uso dos princípios administrativos propostos por Taylor, Fayol, Maslow e
outros.
Dentre as inúmeras
contribuições das teorias de administração para enfermagem, podem-se destacar
as seguintes:
a) Administração
científica de Taylor: organização racional do trabalho.
b) Teoria
clássica de Fayol: princípios gerais de administração (planejar, organizar,
comandar, coordenar e controlar).
c) Teoria
das relações humanas: humanização da organização, liderança, comunicação e
dinâmica de grupo.
d) Teoria
comportamental: motivação humana, estilos de administração e o processo
decisório.
e) Teoria
sistémica: visão sistémica das organizações.
Por tudo isso, o enfermeiro
necessita, além dos conhecimentos específicos, conhecer o processo
administrativo e suas teorias, para aplicá-los nas decisões de sua competência,
com habilidade, confiança em si e eficácia.
A administração pode ser
considerada a base de todo o processo de enfermagem. Portanto, não é um
privilégio exclusivo do gerente, mas uma função de cada componente da equipe de
enfermagem distribuída gradativamente, conforme o nível de responsabilidade e
hierarquia.
Em qualquer trabalho que o
enfermeiro desenvolva, três factores estão presentes: Decisão, Organização e
Execução.
Arndt e Huckabay lembram que a
prática eficaz da administração depende de uma síntese de conhecimento das
quatro escolas de pensamento administrativo, consideradas como a base da teoria
em administração e aplicadas aos objectivos e problemas das acções de
assistência à saúde e às áreas de interesses mais amplos nos assuntos de saúde
da comunidade.
Ao longo dos anos a práxis da
enfermagem tem contribuído muito para o desenvolvimento da profissão o que faz
com que ela necessite do apoio de outras ciências como a administração para a
sua expansão, (SOUZA; SOARES, 2006).
Segundo Souza e Soares (2006),
a administração participativa no que diz respeito à democratização das tomadas
de decisões, estabelece uma melhor satisfação e aumento de produtividade no
trabalho.
A enfermagem busca na
administração uma ciência capaz de tornar a profissão operacionalmente
racional, tendo em vista que administração é defendia como um instrumento de
qualquer organização e que pode ser aplicada em qualquer área, (SOUZA; SOARES,
2006).
Ao longo deste estudo vimos
que o administrador tem como função: planejar, organizar, coordenar, executar e
avaliar os serviços de uma organização. Assim como o administrador o enfermeiro
também exerce essa função no que diz respeito aos serviços de enfermagem os
serviços de enfermagem, (ARONE; CUNHA, 2007).
É bem verdade que em algumas
ocasiões tem sido necessário que o enfermeiro resolva questões que não são de
sua responsabilidade, fazendo com que ele se sinta sobrecarregado pondo em
risco a eficácia de seu trabalho, (SOUZA; SOARES, 2006).
Visando o acúmulo de
responsabilidades entende-se que é necessário que o enfermeiro/ administrador
na resolução de problemas busque não somente soluções imediatistas, ou seja, em
curto prazo, mas também a médio e longo prazo, através de planeamento e
organização evitando assim o acúmulo de situações problemáticas e o estresse e
sobrecarga enfermeiro prejudicando assim seu desempenho.
O planeamento é uma técnica
que tem por objectivo determinar um curso de acção ou um programa, definido por
objectivos previamente traçados e prevendo as diversas etapas de execução. Ele
faz parte da ciência da administração como primeiro elemento do processo
administrativo, tornando-se a mais importante das funções.
No serviço de enfermagem, o
planeamento está presente em todas as suas dimensões e, em especial, com certa
relevância, na assistência ao paciente. O planeamento da assistência é à base
das acções de enfermagem, onde se utiliza uma metodologia científica aliada ao
conhecimento e a habilidade profissional, proporcionando meios para modificar a
situação – problema do paciente.
Os elementos da metodologia
científica utilizada no planeamento da assistência são:
a) Identificar
os problemas do paciente.
b) Determinar
prioridades, conforme evidências do desequilíbrio orgânico.
c) Seleccionar
a acção que tem maior probabilidade de resolver o problema.
Todo planeamento inicia-se com
um levantamento minucioso da situação, que se denomina diagnóstico. De acordo
com Kron; Gray, o diagnóstico de enfermagem deve ser a base para o planeamento
das intervenções de enfermagem.
No que tange às etapas do
planeamento na assistência ao paciente, os autores levam em consideração os
seguintes critérios:
─
Atribuir prioridades aos problemas já
diagnosticados.
─
Decidir os objectivos de enfermagem.
─
Seleccionar acções de enfermagem apropriadas.
─
Registar essas informações no plano de
atendimento.
O plano é um guia dinâmico,
que utiliza seus objectivos para a satisfação daqueles que necessitam dos
serviços hospitalares, com alto grau de responsabilidade, organização e senso
de realização por parte dos que fornecem o serviço.
A seguir, serão destacados os
princípios básicos do plano de cuidados de enfermagem:
─
Indicar os objectivos da intervenção de
enfermagem.
─
Individualizar a assistência de enfermagem.
─
Proporcionar uma orientação para o cuidado
centrado no paciente.
─
Dar continuidade aos cuidados de enfermagem.
─
Avaliar os cuidados de enfermagem.
─
Desenvolver o pessoal de enfermagem.
─
Facilitar a comunicação com os membros da equipe
de saúde.
─
Proporcionar uma orientação para supervisão.
─
Facilitar o planeamento da assistência de
enfermagem.
Estudar o planeamento da
assistência de enfermagem é como estudar a própria essência da enfermagem. No
entanto, essa abordagem exige um aprofundamento expressivo e uma busca de
informações inesgotáveis no campo da literatura em enfermagem, além da própria
experiência.
Este trabalho mostrou-nos que
Jules Henri Fayol foi um dos principais nomes da Teoria Clássica da
Administração. Ele definiu o ato de administrar como: planejar, organizar,
comandar, coordenar e controlar. Para Fayol, tanto directores quanto gerentes
ou supervisores desempenham actividades relacionadas às funções descritas por
ele.
Ele desenvolveu a abordagem
conhecida como gestão administrativa ou processo administrativo. Seu enfoque
funcional baseava-se na administração como um processo de tomada de decisões.
Além disso, Fayol considerava
que os gestores deveriam focar seu trabalho no estabelecimento de directrizes e
de metas para os funcionários.
KURCGANT, Coordenadora
Paulina, Administração em Enfermagem, São Paulo: EPU, 1991.
CHIAVENATO, I. Gerenciando
pessoas – o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo:
Makron Books, 1992.
MEZOMO, JC. O administrador
hospitalar. São Paulo: CEDAS, 1991.
SILVA, MJP. Comunicação tem
remédio - a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Gente, 1996.
Tem um artigo massa complementando esse tema. Dá uma olhada: https://www.admfacil.com/abordagem-classica-da-administracao/
ResponderExcluirDe repente pode servir para outras pessoas tb!! Grande abraço!
Obrigada!
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