AS CONSEQUÊNCIAS DO TRÁFICO DE
ESCRAVOS
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LUANDA, JUNHO DE 2015
SUMÁRIO
No âmbito da disciplina de História, neste
trabalho abordaremos sobre as Consequências do Tráfico de Escravos. O tráfico
de escravos era uma das formas de comércio, altamente lucrativa, já exercida
pelos mercadores fenícios. Nas sociedades mediterrâneas grega e romana, os
escravos constituíam um importante “artigo” comercial. Os indivíduos eram
capturados em incursões noutros territórios, nas guerras ou vendidos pela aristocracia
tribal. Os seres humanos, incluindo crianças, eram negociados nos mercados como
animais ou qualquer outra mercadoria. Em alguns centros de comércio havia
mercados especiais de escravos.
No início do transporte de escravos para o
Novo Mundo, eram utilizados vários tipos de embarcações, desde charruas às
caravelas, com arqueações também variáveis de 100 à 1000 tonelada. Entretanto,
com o passar do tempo, o tráfico foi empregado embarcações mais específicas.
Passando de naus de apenas uma cobertura (neste caso os escravos eram
transportados nos porões dos navios), para naus de 3 coberturas permitindo uma
distribuição dos escravos por categoria (homens, adultos, crianças, mulheres e
grávidas).
O tráfico experimenta ao princípio uma
primeira fase reveladora da situação de alguns países europeus: Portugal,
Espanha e também a Veneza. Esta última, apesar de professar a fé cristã, não
carente da agressividade dos dois primeiros, não rejeitava absolutamente o
emprego de escravos como criados, agricultores e inclusive gondoleiros.
Por outra parte, nos primeiros tempos da
invasão espanhola do Caribe, também os índios foram transportados à Espanha
como escravos, mas sucumbiram rapidamente. No entanto, este primeiro tráfico
negreiro, por deplorável que fosse, não poderia ter ganho a mesma gravidade que
a que seguiu. Mas teve como consequência que se inaugurasse a segunda onda de
tráfico por meio da deportação de escravos africanos ao Haiti e Cuba, não
partindo da África, mas de Espanha, onde eram empregados nos campos.
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A mudança de escala a partir do momento em
que as posses espanholas necessitavam mão-de-obra para as minas, traz o
extermínio dos índios do Haiti, é um elemento determinante da mudança de
relações entre os europeus, militares e traficantes estabelecidos em seus
fortes e postos do litoral, os chefes de estado africanos.
Aparentemente, estas relações não são de tipo
abertamente colonial. As potências negreiras se instalam com concessões outorgadas
pelos que detêm o poder local e sob certas condições, como se estivéssemos
falando de um aluguer, o mesmo que lhes é concedido o direito ao tráfico de
escravos em troca do que se chamam os 'costumes', uma espécie de imposto,
variável segundo os lugares e as épocas.
Este intercâmbio é já um intercâmbio
desigual, enormemente desigual. Os produtos com os que se paga o 'costume'
-contas, telas, barras de ferro, álcool, fuzis, tem para os africanos o valor
do uso, enquanto calculado em função do valor de câmbio que reinava já na
Europa, o seu valor em si é ridículo e mais ainda em relação com o valor de
câmbio dos escravos, por não falar dos produtos proporcionados pela mão-de-obra
escrava.
Nestes intercâmbios, os africanos são, de
fato, estafados sob as aparências de um mercado de igual a igual. Isso não é
ainda o mais grave.
As exigências dos negreiros, que vão
aumentando sem parar, sobretudo quando se passa da necessidade de mão nas minas
às plantações açucareiras e de outro tipo, geram uma profunda desestruturação
de toda a vida política, económica e social da maior parte do continente, pois
a caça da matéria-prima que virou o escravo (para o capitalismo europeu) vai
deixando-se sentir cada vez mais longe, nas terras do interior.
As guerras vão multiplicar-se para assegurar
o abastecimento de escravos e os postos negreiros não deixam de alimentá-las,
proporcionando armas e fomentando intrigas políticas. Uns estados vão
desintegrar-se, enquanto outros basearão o seu poder e a sua (relativa) riqueza
no controle do comércio escravista.
As estruturas de intermediários são cada vez
mais importantes para a sua vida e existência. Assinalemos que isto concerne
aos povos dotados de uma certa estrutura estatal mais ou menos desenvolvida.
Os negreiros não ignoram que existem povos
africanos sem estado, os balantes da Guiné Bissau, por exemplo, mas apenas lhes
interessam porque precisam de um poder com o que tratar, quer dizer, no qual
influir.
Para estudar as consequências do tráfico de
escravo, comecemos por um dado evidente. Enquanto os intercâmbios da África
ocidental se orientavam até então para o norte e nordeste através do Saara e os
impérios africanos estavam implantados no coração do continente, de repente,
tudo se altera: os intercâmbios se orientam para o Atlântico em vez de para o
Índico e os grandes estados do interior se decompõem.
A Europa (e junto com ela, as colónias da
América do Norte, mais tarde, os Estados Unidos da América) só está interessada
no litoral para o seu próprio desenvolvimento.
Somente ao final da época do tráfico de
escravos, quando alguns se preocupam de repente pelo despovoamento da África guiados
pelo interesse uma Europa que já entrou na revolução industrial; vai ficar interessada
pela exploração do interior do continente.
O fato de voltar-se para o mar, em função das
necessidades e exigências europeias, é já uma boa prova do fenómeno da
dependência, que submete a vida da África a interesses externos.
As consequências demográficas são talvez as
mais estudadas pelos investigadores. A matança é, obviamente, enorme. Tem-se
trabalhado no cálculo, mais ou menos aproximado, do número de africanos e
africanas, estas talvez um pouco menos numerosas todos jovens, que foram
deportados à América.
Coincide-se mais ou menos em admitir uma
cifra aproximada de 12 a 15 milhões em quatro séculos. Mas a África perdeu
muito mais, em primeiro lugar, porque esta chacina de homens e mulheres em
idade de procriar, posto que os africanos de mais idade careciam de interesse
para os negreiros, reduziu necessariamente o crescimento demográfico normal
numa proporção que sem dúvida não poderá ser estabelecida nunca com exatidão.
As consequências políticas do tráfico não
foram menos importantes. As antigas estruturas políticas do Sudão nigeriano, do
Chade e do Congo entraram em decadência ao não poder se adaptar à situação
criada pelo tráfico. O Congo, que se encontrava em seu apogeu, não logrou
resistir à pressão dos portugueses, que desde sua base de Santo Tomé vinham a
tirar escravos em seu território para sua colónia Brasil, apesar da boa
disposição de uma parte da aristocracia dirigente, que tinha-se convertido ao
catolicismo.
Para consolidar seus negócios, os portugueses
fomentaram a dissidência dos chefes de províncias e estimularam a luta das
facções que se disputavam o poder, até que o país caiu na anarquia. A mesma
sorte correu os reinos de Oyó e Benim, que tinham atingido um certo equilíbrio
institucional antes da chegada dos europeus. Não puderam resistir as guerras
constantes alimentadas pelo tráfico. Muito cedo as províncias viraram
principados independentes.
Aos finais do séc. XVIII, uma cultura
brilhante, de mais de dois séculos de vida, tinha-se transformado num vasto
campo de confrontos contínuos, que ganharam para Benim o triste apelido de
‘sangrento’. Os estados do litoral e os que estavam relativamente perto deles,
lograram uma remodelação institucional e instauraram poderes fortes. Na região
de Senegâmbia, por exemplo, as estruturas políticas tradicionais sofreram
profundas transformações.
Na África, o resultado do
sistema escravagista foi devastador. Comunidades que antes conviviam
pacificamente se militarizaram e travaram guerras infindáveis. Enquanto durou a
escravidão, os escravos, assim "produzidos", eram vendidos em feiras
e exportados. Depois, os antagonismos étnicos entre os capturados e os captores
se acentuaram, de forma que mesmo após a retirada dos últimos colonizadores, já
no final do século XX, as guerras continuaram ocorrendo.
Houve mais interferências
externas. O empresário inglês Cecil Rhodes, por exemplo, investiu largamente em
mineração, e fundou o estado da Rhodésia, depois dividido em Rhodésia do sul e
Rhodésia do norte, hoje Zâmbia e Zimbábue. Queria formar um império inglês.
Mais tarde, o problema foi
agravado, e generalizado, pelo fato de a África ter sido dividida em países
artificiais, forjados pela régua dos burocratas da Organização das Nações
Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial. Sem levar em conta a cultura local,
a ONU subjugou ao tacão de líderes não reconhecidos como tal, povos com
hábitos, idiomas e economias diversas.
Outras circunstâncias
contribuíram para que a África chegasse ao século XXI como o continente mais
pobre, injusto e desigual do planeta. Uma delas foi a introdução de mercadorias
estrangeiras, ainda no tempo colonial, que provocou a ruína do sistema de
produção local.
Em Angola, o sistema do
sobado entrou em decadência com a implantação de plantations. Outros centros
comerciais próximos ao Rio Kwanza, como o Dongo, passaram a comercializar
borracha, cera, café, amendoim e outros produtos demandados pelos europeus – em
detrimento da produção de bens de subsistência essenciais para a população.
O resultado dessa história milenar de exploração e
injustiça são as guerras civis e a extrema pobreza em que o continente chafurda
até os dias atuais.
Depois de termos feito uma pesquisa deste
trabalho com o tema acima mencionado, chegamos à conclusão que a escravidão foi
uma instituição presente na maior parte do mundo. Na África, ela surgiu antes
mesmo da era dos descobrimentos marítimos dos europeus. Desde a antiguidade
clássica, escravos negros eram vendidos para os mercados da Europa e da Ásia
através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Eles eram
vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias de
escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a
China, onde eram recebidos como mercadorias exóticas. Na própria África, os
africanos serviam como escravos em diversas funções, desde simples trabalhadores
até comandantes ou altos funcionários de Estado. Portanto, tanto a escravidão
como o comércio africano de escravos precederam à chegada dos europeus e à
abertura do comércio marítimo com o Novo Mundo.
E ainda concluímos que a escravatura foi
determinante na conformação das sociedades africanas. Na África, a exploração
da mão-de-obra escrava, primeiro pelos árabes e depois pelos europeus, provocou
uma desestruturação de enormes proporções. Nesse movimento, muitos dos povos
africanos perderam sua cultura, sua liberdade, suas riquezas. A história mostra
que há pontos de inflexão, em que as transformações se mostram inevitáveis, e
ocorrem em processos pacíficos ou por revoluções. Nos últimos momentos, com o
advento da paz, com a estabilidade e reconstrução nacional, Angola entrou
finalmente numa fase que o seu presidente já teve oportunidade de caracterizar
como a da "conquista da paz, consolidação da economia nacional e devolução
da dignidade e da esperança a todos os angolanos".
A manila e o
libambo. A África e a Escravidão de 1500
à 1700, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002,
*Cap. 9, O Benin e o delta do Níger, pp 309 – 357; *Cap. 11, Angola, pp 407–
450; *Cap. 18, Na Zambézia, pp 657–701.
História Geral da África - Volume V:
África do século XVI ao XVIII.
KI-ZERBO, Joseph.
História da África Negra, 3ª edição, ed. Universitária, 1999.
MONTEIRO e ROCHA,
Fernando Amaro ao século XIX. O
testemunho dos manuscritos, impérios subsaharianos, pp 15–50.
SALVADOR, José
Gonçalves - Os Magnatas do Tráfico
Negreiro, Ed. Pioneira/Edusp - 1981, SP.
SILVA, Alberto da
Costa. A Enxada e a Lança: A África
antes dos Portugueses, 2ª edição, ed. Nova Fronteira, 1996.
Eu gostei muito de ler e muito fácil de perceber e também muito interessante parabéns pelo vosso trabalho juceline de palma😊
ResponderExcluirAmei o vosso trabalho
ResponderExcluirAprendi muita coisa parabéns pelo vosso trabalho 😊👏
Amei ajudou-me muito nos estudos eu irei partilhar este site a todo mundo possível
ResponderExcluirEu amei muito e mim ajudou a saber mais sobre o tráfico de escravos assim como mim ensinou nos estudos, a amar e a ter gosto pela história.
ResponderExcluirEu amei muito e mim ajudou a saber mais sobre o tráfico de escravos assim como mim ensinou nos estudos, a amar e a ter gosto pela história.
ResponderExcluirAmei
ResponderExcluirAmei
ResponderExcluirAmei
ResponderExcluirGostei
ResponderExcluirMe ajudou bastante...
ResponderExcluirGostei
☠️
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