INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO KANGONJO DE
ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DE SAÚDE
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
FISIOPATOLOGIA
HUMANA
MENINGITE
MORAIS BULA CANGA
LUANDA
2018
MORAIS BULA CANGA
FISIOPATOLOGIA
HUMANA
MENINGITE
Trabalho de
pesquisa bibliográfica apresentado ao curso de ciências farmacêuticas como
requisito parcial para obtenção de notas.
O Docente: Serafim
José Ferreira
LUANDA
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 MENINGITE
2.1.1 CONCEITO
2.1.2 CLASSIFICAÇÃO
2.1.3 ETIOLOGIA
2.1.4 DIAGNÓSTICO
2.1.5 ABORDAGEM TERAPÊUTICA
2.1.6 EPIDEMIOLOGIA
2.1.7 PREVENÇÃO
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
INTRODUÇÃO
As meningites
são as infecções agudas mais temidas, por serem responsáveis por grande número
de mortes e sequelas neurológicas. Algumas bactérias como a Neisseria
meningitidis possuem grande importância epidemiológica, pelos riscos constantes
de epidemias e elevados índices de morbimortalidade. No entanto, os avanços
terapêuticos e as medidas de suporte avançado reduziram a letalidade, que varia
hoje de 5 a 20%. Para isso, é de fundamental importância o diagnóstico e o
tratamento precoces.
Meningite é
um processo inflamatório do espaço subaracnóideo e das leptomeninges
(pia-aracnóide), que envolvem o encéfalo e a medula espinal.
A meningite é
a inflamação das meninges, que são comprometidas por microrganismos patogénicos.
Dentre as infecções do sistema nervoso central, a meningite apresenta as mais
altas taxas de morbidade e mortalidade.
No passado,
esta doença levava a maioria dos pacientes a óbito, deixando sequelas
neurológicas nos pacientes que sobreviviam. Com o conhecimento mais profundo da
patologia, a evolução das técnicas de diagnóstico e o desenvolvimento dos
antibióticos e vacinas, a taxa de mortalidade e as sequelas diminuíram,
permitindo aos pacientes melhor qualidade de vida.
2.
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
2.1 MENINGITE
2.1.1
CONCEITO
Meningite é
uma inflamação aguda das membranas protectoras que revestem o cérebro e a
medula espinal, denominadas colectivamente por meninges. Os sintomas mais
comuns são febre súbita e elevada, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço.
A doença pode
ser viral, fúngica ou bacteriana e atinge principalmente crianças entre 0 a 5
anos, as bacterianas e virais são as mais rigorosas e podem causar paralisia.
Para cada um dos tipos de meningite há sintomas e tratamento específico, ela é
uma doença não contagiosa e tem vacina.
Ela pode ser
causada tanto por vírus ou bactérias, a taxa de mortalidade aqui em Angola e no
mundo é bem alta, muitas vezes até pode deixar sequelas causadas pela bactéria
no cérebro e medula espinhal. (1)
2.1.2
CLASSIFICAÇÃO
─
Meningite
por Vírus
São
meningites de carácter mais benigno, com boa evolução. O diagnóstico é feito
baseando-se no achado de linfócitos (um tipo de glóbulo branco) no líquido
cefalorraquidiano. Um dos principais vírus causador deste tipo de meningite é
Enterovírus. A transmissão é semelhante ao vírus da gripe mas pode ocorrer
também por água ou alimento contaminado. O período de encubação até o
aparecimento dos sintomas varia de 7 a 14 dias. É mais frequente no fim do
verão e começo do Outono. Outros vírus que podem causar meningite:
Paramixovírus, Flavivírus, Herpesvírus, Togavírus, Adenovírus, Rabdovírus.
─
Meningite
por Fungos
Causam
meningites de evolução subaguda (ou seja, pode permanecer por vários meses). No
diagnóstico, a sua diferenciação com a meningite causada por vírus se baseia no
isolamento do agente e no achado de baixas taxas de glicose na análise do
líquido cefalorraquidiano . Na meningite por fungos não há transmissão entre
pessoas.
O fungo mais
comum deste tipo de meningite é o Cryptococcus neoformans, encontrado em fezes
de pássaros, principalmente pombos, apesar de também poder estar presente no
solo, frutas ou vegetais. Este fungo quando inalado pode ir para o sistema
nervoso central e inflamar as meninges. Pessoas com doenças que diminuem a
defesa do organismo como portadores de AIDS, câncer, diabetes, doença renal crónica
e doenças auto-imunes são as mais atingidas por este tipo de meningite. Como
prevenção é fundamental lavar muito bem as mãos após mexer no solo ou em
animais.
─
Meningite
por Protozoários
Este tipo de
meningite é muito raro. Existem pouquíssimos relatos de meningite por amebas de
vida livre e quando ocorre, costuma ser fatal. Este tipo de amebas são
encontradas em lagos e rios de água quente. A contaminação é possível quando a
pessoa entra nesses lagos contaminados e engole sua água.
─
Meningite
por Helmintos
Existe uma
enorme incidência em nosso meio da cisticercose (parasitose por cisticercos, a
forma larval de um verme intestinal- teníase) que atinge as meninges provocando
a meningite. A cisticercose é adquirida através da carne de porco ou por
água/alimentos contaminados pelo cisticerco. Este tipo de meningite ocorre com
mais frequência na zona rural.
─
Meningite
por Bactérias
Causadas por
bactérias. Sejam de carácter agudo (meningite meningocócica, meningite pneumocócica)
ou subagudo (tuberculose), são meningites graves e que, se não forem
rapidamente detectadas e tratadas rapidamente pode levar ao óbito. Atualmente é
possível a prevenção para alguns tipos de meningite bacteriana por meio de
vacina. São elas:meningococos, pneumococos e Haemophilus.
A
meningococos é que tem transmissão mais fácil conforme descreveremos abaixo.
Apesar de existir a vacina contra meningococos, existe treze grupos dessa
bactéria e não são para todos que a vacina consegue a imunidade. Já para a
pneumococos e a Haemophilus a vacina é muito eficiente.Do grupo de meningites
meningocócicas, as causadas pela bactéria neisseria meningitidis é um dos tipos
mais grave. Costuma deixar sequelas, além de ter grande capacidade de causar
infecções endémicas e epidémicas. Pode causar convulsões e confusão mental e as
sequelas vão desde perda da linguagem até falta de memória.
A meningite
também pode ser contraída por contaminação através de orifícios ocorridos nos
envoltórios do sistema nervoso central (meningites pós-operatórias, meningites
pós-traumáticas) ou através da circulação dos germes a partir de um outro foco
infeccioso no organismo (infecção urinária não tratada, endocardite infecciosa
etc). Conheça abaixo um pouco mais sobre a meningite meningocócica e a
Haemophilus que são os tipos mais comuns de meningite bacteriana. (2)
─
Meningite
Meningocócica
Características:
doença meningocócica de carácter infectocontagioso que acomete
predominantemente crianças acima de 6 meses de idade. Possui carácter endémico
e ocorre em todo o mundo.
Sintomas:
febre alta, vómitos, rigidez dos músculos da nuca. Na pele provoca lesões tipo
petéquias (pequenos vasos que sangram próximos a pele deixando pequenas marcas
parecendo sangue pisado) e equimoses (manchas na pele, de cor roxa/vinho, que
indicam sangramento).
Incubação:
varia de 2 a 10 dias.
Transmissão: contacto
directo, através de secreções nasofaríngeas de pessoas sem sintomas da bactéria
e de doentes. Após 24 horas de tratamento eficaz, a doença não é mais
transmissível.
─
Haemophilus
influenzae tipo b (Hib)
Características:
é uma bactéria importante na causa de meningite, epiglotite, entre outras
manifestações. Ocorre predominantemente na infância, em crianças menores de 5 anos.
Antes da vacinação rotineira, o pico da doença ocorria entre 6 e 18 meses de
vida. Com o advento da vacinação, praticamente não vemos mais casos de
meningite causada pelo Hib.
Incubação:
desconhecido.
Sintomas:
pneumonia, bacteremia (infecção generalizada), meningite, infecção da garganta
(epiglotite), com febre, calafrios, anorexia, mal-estar, cefaleia, dor de garganta.
Pode também causar artrite e infecção no osso (osteomielite).
Contágio: as
crianças funcionam como um “reservatório” carregando a bactéria no trato
respiratório. Transmitem a doença pelo contacto directo ou por secreções respiratórias
(tosse, espirro).
Transmissão: contacto
directo por gotículas expelidas do trato respiratório superior de indivíduos
infectados. Transmissão pessoa a pessoa.
2.1.3
ETIOLOGIA
Quanto à
etiologia, a meningite vírica é a mais comum e tem, regra geral, uma evolução benigna,
sendo os enterovírus os agentes responsáveis em mais de 60% dos casos. Das bactérias,
em Portugal, a Neisseria meningitidis é responsável por cerca de 50% dos
casos, seguida do Streptococcus pneumoniae (30%) e do Haemophilus
influenzae (7%). (3)
A infecção a Haemophilus
decresceu significativamente desde a utilização da respectiva vacina. No
Serviço de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier, 80% dos internamentos
por meningite são de etiologia viral e 20% bacteriana.
Portugal é um
país de elevada prevalência de tuberculose, pelo que se impõe uma referência particular
à meningite a Mycobacterium iuberculosis, actualmente rara devido à
vacinação pelo BCG efectuada no período neonatal. Esta vacina, embora não
erradique a doença, diminui a incidência de formas clínicas graves.
Assim, podemos
dizer que as a causa da meningite varia de acordo com o tipo. A mais comum das
meningites é aquela causada por vírus, mas há casos também da doença provocada
por bactérias. Menos comum, a meningite causada por fungos também pode surgir.
A meningite
viral pode ser causada por diversos tipos de vírus e é a forma mais comum e
menos perigosa de meningite, pois muitas vezes nem exige tratamento. Os vírus
causadores da meningite podem ser transmitidos via alimentos, água e objectos
contaminados e são mais comuns entre o fim do verão e o começo do Outono.
Meningite
bacteriana é a mais grave de todas. Ela ocorre geralmente quando a bactéria
entra na corrente sanguínea e migra até o cérebro. Pode acontecer, também, de a
doença ser desencadeada após uma infecção no ouvido, fractura ou, mais
raramente, após alguma cirurgia.
2.1.4
DIAGNÓSTICO
As
manifestações clínicas relevantes na história de uma criança com meningite são:
febre, prostração, cefaleias e vómitos. Contudo, as queixas podem ser muito
inespecíficas, particularmente nos lactentes que, em 30% dos casos, podem mesmo
não ter febre. A mãe também pode trazer a criança à urgência por febre alta que
cede mal ao antipirético e por achar que a criança não está bem, devendo o
médico suspeitar do diagnóstico. (4)
A actividade
normal da criança é um aspecto relevante. São dados a reter, a criança estar
irritada ou prostrada, não se interessar por brinquedos que habitualmente a
atraem, não ligar a pequenas brincadeiras ou não ver televisão. Também pode existir
gemido, irritabilidade, convulsões ou alterações do estado de consciência,
traduzi das por letargia ou coma.
O modo como a
criança se alimenta durante a doença, é também um ponto essencial, pois uma
criança com uma doença importante manifesta sempre recusa alimentar. Os vómitos
são uma manifestação usual, que traduzem algum grau de hipertensão
intracraniana, mas que habitualmente não é suficiente para provocar vómitos em
jacto.
Na criança
mais velha, as cefaleias são uma queixa frequente. São constantes, intensas,
podem aliviar com os vómitos e acompanham-se de náuseas e fotofobia.
Na pele, a
mãe pode alertar o médico para a presença de um exantema, petéquias ou
equimoses. O exantema é geralmente maculopapular e tanto pode ser manifestação
inicial e fruste da infecção a Meningococcus, precedendo de perto as manifestações
de diátese hemorrágica, como pode acompanhar uma infecção vírica, nomeadamente,
por Enterovirus. Deste modo, compreende-se que as lesões cutâneas sejam um
sinal de alarme. Quando a meningite cursa com petéquias e/ou equimoses e
sufusões, isto é, com diátese hemorrágica, diz-se que há sépsis com meningite.
No entanto, também podem existir quadros de sépsis sem meningite. Neste caso, o
clínico orienta-se pela febre, aparecimento de petéquias e mau estado geral
associado a alterações hemodinâmicas. (5)
As
manifestações clínicas da meningite vírica e bacteriana são basicamente as
mesmas, contudo, a sua intensidade é, regra geral, diferente. Na infecção
bacteriana as queixas são mais abruptas e severas, enquanto a clínica da
meningite vírica pode não distinguir-se da síndrome gripal.
De um modo
geral, o diagnóstico da meningite é feito através da observação clínica dos
sintomas da doença e confirmado por meio de um exame chamado punção lombar, que
consiste na retirada de uma pequena quantidade de licor do canal vertebral.
Este exame consegue mostrar se há inflamação nas meninges e qual o agente
causador sendo essencial para o diagnóstico e para direccionar o tratamento da
doença.
Os testes e
exames que devem ser realizados são:
─
Teste do
copo
É um dos
primeiros a ser realizado quando existe suspeita de meningite meningocócica,
que é um tipo de meningite bacteriana que gera pintinhas avermelhadas na pele.
O teste consiste em pressionar um copo de vidro transparente no braço da pessoa
para verificar se as pintinhas vermelhas se mantém, e podem ser vistas através
do copo, o que caracteriza essa doença.
─
Exame de
sangue, urina e fezes
O diagnóstico
das meningites virais também pode ser realizado através dos exames de sangue,
urina e fezes. O exame de sangue deve ser a hemocultura, látex e contraimunoeletroforese
cruzada (CIE). Existe grandes chances de ser meningite bacteriana quando os resultados
apontam:
·
Glicose < 34mg/dl ou Glicose licor/ séria
<0,23
·
Proteína > 220 mg/dl
·
Leucócito >2000 ou Neutrófilos > 1180
No entanto,
somente neutrófilos no licor não indica meningite bacteriana.
─
Licor -
Líquido cefalorraquidiano
O médico
retira uma amostra do líquido que está presente em volta do sistema nervoso
central, fazendo uma punção na coluna lombar. Este exame é desconfortável e
geralmente causa dor de cabeça e tontura a seguir o procedimento, mas em alguns
casos traz alívio dos sintomas por diminuir a pressão craniana.
A aparência
deste líquido já pode indicar se a pessoa tem meningite bacteriana porque neste
caso, o líquido pode ficar turvo e no caso da meningite tuberculose pode ficar
ligeiramente turvo, nos outros tipos a aparência pode continuar sendo limpa e
transparente como a água.
─
Bacterioscopia
Este exame
pode ser feito através do licor e é importante para poder identificar se o tipo
de meningite que a pessoa possui: viral, bacteriana ou fúngica para descobrir o
antibiótico mais indicado. No entanto, antes do resultado desse exame, o médico
deve indicar a toma de antibióticos gerais para controlar os sintomas e evitar
o agravamento da doença.
─
Tomografia
de crânio
A tomografia
computadorizada e a ressonância magnética só são indicadas quando há suspeita
de lesão cerebral ou de sequelas deixadas pela meningite. Existem sinais
suspeitos quando a pessoa apresenta convulsões, alteração no tamanho das
pupilas dos olhos e se houver suspeita de meningite tuberculosa.
Ao
diagnosticar a doença o paciente deve permanecer internado no hospital por
alguns dias para que o tratamento seja iniciado, à base de antibióticos em caso
de meningite bacteriana ou medicamentos para baixar a febre e diminuir o
desconforto em caso de meningite viral.
2.1.5
ABORDAGEM
TERAPÊUTICA
Até o advento
dos antibióticos no início do século passado, a meningite era uma doença com
mortalidade próxima dos 100%. Ainda hoje, com todos os avanços, pelo menos
15-20% das meningites bacterianas evoluem para óbito. Trata-se, portanto, de
uma doença muito séria.
A meningite
bacteriana é uma emergência médica e o tratamento com antibióticos intravenosos
deve ser iniciado o mais rápido possível, de preferência logo após a realização
da punção lombar. A demora de apenas algumas horas pode ter influência no
prognóstico. Se há suspeita de meningite, o paciente deve ser encaminhado
imediatamente para um sector de emergência. (6)
Na meningite
viral, antibióticos não são necessários e muitas vezes o paciente nem sequer
precisa ser internado. O tratamento é apenas com sintomáticos. O quadro só é
preocupante em recém-nascidos. Porém, a distinção com a meningite bacteriana
não possível de ser feita apenas pelo quadro clínico, sendo a avaliação médica
indispensável e urgente. O diagnóstico diferencial costuma ser feito através
dos resultados da aspiração do licor pela punção lombar. (7)
Como já
explicado, a meningite pode ser causada por mais de um tipo de bactéria, por
isso, não existe uma vacina única que previna todos os casos. Todavia, há vacinas
individuais contra as principais bactérias. A vacina contra Haemophilus
influenzae já faz parte do calendário básico de vacinação. Também já
existe vacina para o Streptococcus pneumoniae, bactéria muito
associada à pneumonia, otites e sinusites, mas que frequentemente é causa de
meningite.
A Neisseria
meningitidis, a bactéria causadora da famosa meningite meningocócica, que
costuma ser a forma mais grave de meningite bacteriana, apresenta uma particularidade.
Esta bactéria possui 13 sorogrupos diferentes. 8 destes sorogrupos são
responsáveis por quase todas as epidemias de meningite meningocócica: A, B, C,
X, Y, Z, W135 e L, sendo B e C os mais comuns.
Atualmente
existe vacina individual apenas contra o meningococo C e uma vacina conjugada
que actua contra os meningococos A, C, Y e W135.
Recentemente,
entrou no mercado a vacina contra o meningococo B. Na maioria dos países,
essa vacina ainda não faz parte do calendário oficial, só estando disponível
para compra nas farmácias.
2.1.6
EPIDEMIOLOGIA
As meningites
têm distribuição mundial e sua expressão epidemiológica depende de diferentes factores,
como o agente infeccioso, a existência de aglomerados populacionais,
características socioeconómicas dos grupos populacionais e do meio ambiente
(clima). De modo geral, a sazonalidade da doença caracteriza-se pelo predomínio
das meningites bacterianas no inverno e das meningites virais no verão. (5)
A N.
meningitidis é a principal bactéria causadora de meningite. Tem distribuição
mundial e potencial de ocasionar epidemias. Acomete indivíduos de todas as
faixas etárias, porém apresenta uma maior incidência em crianças menores de 5
anos, especialmente em lactentes entre 3 e 12 meses. Durante epidemia,
observam-se mudanças nas faixas etárias afectadas, com aumento de casos entre
adolescentes e adultos jovens.
O “cinturão
africano” – região ao norte da África – é frequentemente acometido por
epidemias causadas por esse agente. No Brasil, nas décadas de 70 e 80,
ocorreram epidemias em várias cidades do país devido aos sorogrupos A e C e,
posteriormente, ao B. A partir da década de 90, houve uma diminuição proporcional
do sorogrupo B e aumento progressivo do sorogrupo C. Desde então, surtos
isolados do sorogrupo C têm sido identificados e controlados no país.
As meningites
causadas pelo H. influenzae do tipo b (Hib) representavam a segunda causa de
meningite bacteriana depois da Doença Meningocócica, até o ano de 1999. A
partir do ano 2000, após a introdução da vacina conjugada contra a Hib, houve
uma queda de 90% na incidência de meningites por esse agente, que era, antes,
responsável por 95% das doenças invasivas (meningite, septicemia, pneumonia,
epiglotite, celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite) e a segunda
maior causa de meningites bacterianas passou a ser representada pelo S.
pneumoniae.
A meningite
tuberculosa não sofre variações sazonais e sua distribuição não é igual em
todos os continentes. A doença guarda íntima relação com as características socioeconómicas,
principalmente naqueles países onde a população está sujeita à desnutrição e às
condições precárias de habitação. Com relação à faixa etária, o risco de
adoecimento é elevado nos primeiros anos de vida, muito baixo na idade escolar,
voltando a se elevar na adolescência e no início da idade adulta. Os indivíduos
HIV (+) também têm um maior risco de adoecimento. (1)
A meningite
viral também tem distribuição universal e potencial de ocasionar epidemias,
principalmente relacionadas a Enterovírus. O aumento de casos pode estar
relacionado a epidemias de varicela, sarampo, caxumba e a eventos adversos
pós-vacinais.
2.1.7
PREVENÇÃO
Todos aqueles
que tiveram contacto prolongado ou íntimo com um paciente com meningite
bacteriana devem iniciar tratamento profilático com antibióticos nas primeiras
24 horas após a identificação do primeiro caso. Os contactantes devem ficar em
observação por 10 dias (não é necessário internamento) e devem procurar atendimento
médico ao surgimento de qualquer sintoma.
A profilaxia
reduz em 95% a chance de infecção, além de eliminar o estado de portador
assintomático da bactéria, reduzindo, assim, a cadeia de transmissão.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As meningites infecciosas
estão no grupo de notificação compulsória, pois constituem um problema de saúde
pública nacional e mundial. Neste cenário, o SINAN (Sistema de Informação de
Agravos de Notificação) é importante base de dados para realizar a vigilância
epidemiológica activa e avaliar a assistência aos agravos desta doença,
propondo acções preventivas e correctivas.
A expressão epidemiológica
depende de factores como o agente etiológico, aglomerados populacionais,
características socioeconómicas dos grupos populacionais e do clima.
Geralmente, as meningites bacterianas predominam no inverno e as meningites
virais no verão.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PALMINHA, J. M. e CARRILHO, E. M. Orientação Diagnóstica em Pediatria dos
Sinais e Sintomas ao Diagnóstico Diferencial. Lisboa : Lidel,
2001.
2. MACHADO, L. R. e
GOMES, H. R. Processos
infecciosos do sistema nervoso. In: NITRINI, R.;BACHESCHI, L. A. A neurologia
que todo médico deve saber. . São Paulo : Atheneu,
2003.
3. Mayefsky, JA. Meningismus and Meningitis in Kliegman RMPraetieal Strategies in
Pediatric Diagnosis and Therapy. s.l. : WBSaunders, 1996. pp.
877-893.
4. ALMEIDA, S. M. Meningites bacterianas agudas. In: TEIVE, H. A. G., NOVAK. Condutas em emergências neurológicas: Um guia
prático de orientação terapêutica. São
Paulo : Lemos Editorial, 2001. pp. 169 - 180.
5. CAMARGO, L.F.A. e
MARRA, A. R. Infecções do
sistema nervoso central. In: KNOBEL, E. Terapia intensiva neurológica. São
Paulo : Atheneu, 2002. pp. 137 - 146.
6. GILBERT, D. N., MOELLERING, R. C. e SANDE, M. A. The Sanford - guide to antimicrobial
therapy. Hyde Park : Antimicrobial Therapy, 2004.
7. TUNKEL AR, HARTMAN BJ, KAPLAN SL, KAUFMAN BA, ROOS KL,
SCHELD WM, WHITLEY RJ. Practice
guidelines for the management of bacterial meningitis. s.l. :
Clin Infect Dis, 2004.
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