quarta-feira, 27 de junho de 2018

MENINGITE - Trabalho Completo



INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO KANGONJO DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DE SAÚDE
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS










FISIOPATOLOGIA HUMANA







MENINGITE





MORAIS BULA CANGA











LUANDA
2018
MORAIS BULA CANGA












FISIOPATOLOGIA HUMANA








MENINGITE





Trabalho de pesquisa bibliográfica apresentado ao curso de ciências farmacêuticas como requisito parcial para obtenção de notas.

O Docente: Serafim José Ferreira








LUANDA
2018

SUMÁRIO


1.    INTRODUÇÃO.. 3
2.    REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.. 4
2.1      MENINGITE.. 4
2.1.1      CONCEITO.. 4
2.1.2      CLASSIFICAÇÃO.. 4
2.1.3      ETIOLOGIA.. 7
2.1.4      DIAGNÓSTICO.. 7
2.1.5      ABORDAGEM TERAPÊUTICA.. 10
2.1.6      EPIDEMIOLOGIA.. 11
2.1.7      PREVENÇÃO.. 12
3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS.. 13
4.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.. 14







1.     INTRODUÇÃO

As meningites são as infecções agudas mais temidas, por serem responsáveis por grande número de mortes e sequelas neurológicas. Algumas bactérias como a Neisseria meningitidis possuem grande importância epidemiológica, pelos riscos constantes de epidemias e elevados índices de morbimortalidade. No entanto, os avanços terapêuticos e as medidas de suporte avançado reduziram a letalidade, que varia hoje de 5 a 20%. Para isso, é de fundamental importância o diagnóstico e o tratamento precoces.

Meningite é um processo inflamatório do espaço subaracnóideo e das leptomeninges (pia-aracnóide), que envolvem o encéfalo e a medula espinal.

A meningite é a inflamação das meninges, que são comprometidas por microrganismos patogénicos. Dentre as infecções do sistema nervoso central, a meningite apresenta as mais altas taxas de morbidade e mortalidade.

No passado, esta doença levava a maioria dos pacientes a óbito, deixando sequelas neurológicas nos pacientes que sobreviviam. Com o conhecimento mais profundo da patologia, a evolução das técnicas de diagnóstico e o desenvolvimento dos antibióticos e vacinas, a taxa de mortalidade e as sequelas diminuíram, permitindo aos pacientes melhor qualidade de vida.




2.     REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1  MENINGITE

2.1.1    CONCEITO

Meningite é uma inflamação aguda das membranas protectoras que revestem o cérebro e a medula espinal, denominadas colectivamente por meninges. Os sintomas mais comuns são febre súbita e elevada, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço.

A doença pode ser viral, fúngica ou bacteriana e atinge principalmente crianças entre 0 a 5 anos, as bacterianas e virais são as mais rigorosas e podem causar paralisia. Para cada um dos tipos de meningite há sintomas e tratamento específico, ela é uma doença não contagiosa e tem vacina.

Ela pode ser causada tanto por vírus ou bactérias, a taxa de mortalidade aqui em Angola e no mundo é bem alta, muitas vezes até pode deixar sequelas causadas pela bactéria no cérebro e medula espinhal. (1)

2.1.2    CLASSIFICAÇÃO

       Meningite por Vírus

São meningites de carácter mais benigno, com boa evolução. O diagnóstico é feito baseando-se no achado de linfócitos (um tipo de glóbulo branco) no líquido cefalorraquidiano. Um dos principais vírus causador deste tipo de meningite é Enterovírus. A transmissão é semelhante ao vírus da gripe mas pode ocorrer também por água ou alimento contaminado. O período de encubação até o aparecimento dos sintomas varia de 7 a 14 dias. É mais frequente no fim do verão e começo do Outono. Outros vírus que podem causar meningite: Paramixovírus, Flavivírus, Herpesvírus, Togavírus, Adenovírus, Rabdovírus.

       Meningite por Fungos

Causam meningites de evolução subaguda (ou seja, pode permanecer por vários meses). No diagnóstico, a sua diferenciação com a meningite causada por vírus se baseia no isolamento do agente e no achado de baixas taxas de glicose na análise do líquido cefalorraquidiano . Na meningite por fungos não há transmissão entre pessoas.

O fungo mais comum deste tipo de meningite é o Cryptococcus neoformans, encontrado em fezes de pássaros, principalmente pombos, apesar de também poder estar presente no solo, frutas ou vegetais. Este fungo quando inalado pode ir para o sistema nervoso central e inflamar as meninges. Pessoas com doenças que diminuem a defesa do organismo como portadores de AIDS, câncer, diabetes, doença renal crónica e doenças auto-imunes são as mais atingidas por este tipo de meningite. Como prevenção é fundamental lavar muito bem as mãos após mexer no solo ou em animais.

       Meningite por Protozoários

Este tipo de meningite é muito raro. Existem pouquíssimos relatos de meningite por amebas de vida livre e quando ocorre, costuma ser fatal. Este tipo de amebas são encontradas em lagos e rios de água quente. A contaminação é possível quando a pessoa entra nesses lagos contaminados e engole sua água.

       Meningite por Helmintos

Existe uma enorme incidência em nosso meio da cisticercose (parasitose por cisticercos, a forma larval de um verme intestinal- teníase) que atinge as meninges provocando a meningite. A cisticercose é adquirida através da carne de porco ou por água/alimentos contaminados pelo cisticerco. Este tipo de meningite ocorre com mais frequência na zona rural.

       Meningite por Bactérias

Causadas por bactérias. Sejam de carácter agudo (meningite meningocócica, meningite pneumocócica) ou subagudo (tuberculose), são meningites graves e que, se não forem rapidamente detectadas e tratadas rapidamente pode levar ao óbito. Atualmente é possível a prevenção para alguns tipos de meningite bacteriana por meio de vacina. São elas:meningococos, pneumococos e Haemophilus.

A meningococos é que tem transmissão mais fácil conforme descreveremos abaixo. Apesar de existir a vacina contra meningococos, existe treze grupos dessa bactéria e não são para todos que a vacina consegue a imunidade. Já para a pneumococos e a Haemophilus a vacina é muito eficiente.Do grupo de meningites meningocócicas, as causadas pela bactéria neisseria meningitidis é um dos tipos mais grave. Costuma deixar sequelas, além de ter grande capacidade de causar infecções endémicas e epidémicas. Pode causar convulsões e confusão mental e as sequelas vão desde perda da linguagem até falta de memória.

A meningite também pode ser contraída por contaminação através de orifícios ocorridos nos envoltórios do sistema nervoso central (meningites pós-operatórias, meningites pós-traumáticas) ou através da circulação dos germes a partir de um outro foco infeccioso no organismo (infecção urinária não tratada, endocardite infecciosa etc). Conheça abaixo um pouco mais sobre a meningite meningocócica e a Haemophilus que são os tipos mais comuns de meningite bacteriana. (2)

       Meningite Meningocócica

Características: doença meningocócica de carácter infectocontagioso que acomete predominantemente crianças acima de 6 meses de idade. Possui carácter endémico e ocorre em todo o mundo.

Sintomas: febre alta, vómitos, rigidez dos músculos da nuca. Na pele provoca lesões tipo petéquias (pequenos vasos que sangram próximos a pele deixando pequenas marcas parecendo sangue pisado) e equimoses (manchas na pele, de cor roxa/vinho, que indicam sangramento).
Incubação: varia de 2 a 10 dias.

Transmissão: contacto directo, através de secreções nasofaríngeas de pessoas sem sintomas da bactéria e de doentes. Após 24 horas de tratamento eficaz, a doença não é mais transmissível.

       Haemophilus influenzae tipo b (Hib)

Características: é uma bactéria importante na causa de meningite, epiglotite, entre outras manifestações. Ocorre predominantemente na infância, em crianças menores de 5 anos. Antes da vacinação rotineira, o pico da doença ocorria entre 6 e 18 meses de vida. Com o advento da vacinação, praticamente não vemos mais casos de meningite causada pelo Hib.

Incubação: desconhecido.

Sintomas: pneumonia, bacteremia (infecção generalizada), meningite, infecção da garganta (epiglotite), com febre, calafrios, anorexia, mal-estar, cefaleia, dor de garganta. Pode também causar artrite e infecção no osso (osteomielite).

Contágio: as crianças funcionam como um “reservatório” carregando a bactéria no trato respiratório. Transmitem a doença pelo contacto directo ou por secreções respiratórias (tosse, espirro).

Transmissão: contacto directo por gotículas expelidas do trato respiratório superior de indivíduos infectados. Transmissão pessoa a pessoa.




2.1.3    ETIOLOGIA

Quanto à etiologia, a meningite vírica é a mais comum e tem, regra geral, uma evolução benigna, sendo os enterovírus os agentes responsáveis em mais de 60% dos casos. Das bactérias, em Portugal, a Neisseria meningitidis é responsável por cerca de 50% dos casos, seguida do Streptococcus pneumoniae (30%) e do Haemophilus influenzae (7%). (3)

A infecção a Haemophilus decresceu significativamente desde a utilização da respectiva vacina. No Serviço de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier, 80% dos internamentos por meningite são de etiologia viral e 20% bacteriana.

Portugal é um país de elevada prevalência de tuberculose, pelo que se impõe uma referência particular à meningite a Mycobacterium iuberculosis, actualmente rara devido à vacinação pelo BCG efectuada no período neonatal. Esta vacina, embora não erradique a doença, diminui a incidência de formas clínicas graves.

Assim, podemos dizer que as a causa da meningite varia de acordo com o tipo. A mais comum das meningites é aquela causada por vírus, mas há casos também da doença provocada por bactérias. Menos comum, a meningite causada por fungos também pode surgir.

A meningite viral pode ser causada por diversos tipos de vírus e é a forma mais comum e menos perigosa de meningite, pois muitas vezes nem exige tratamento. Os vírus causadores da meningite podem ser transmitidos via alimentos, água e objectos contaminados e são mais comuns entre o fim do verão e o começo do Outono.

Meningite bacteriana é a mais grave de todas. Ela ocorre geralmente quando a bactéria entra na corrente sanguínea e migra até o cérebro. Pode acontecer, também, de a doença ser desencadeada após uma infecção no ouvido, fractura ou, mais raramente, após alguma cirurgia.

2.1.4    DIAGNÓSTICO

As manifestações clínicas relevantes na história de uma criança com meningite são: febre, prostração, cefaleias e vómitos. Contudo, as queixas podem ser muito inespecíficas, particularmente nos lactentes que, em 30% dos casos, podem mesmo não ter febre. A mãe também pode trazer a criança à urgência por febre alta que cede mal ao antipirético e por achar que a criança não está bem, devendo o médico suspeitar do diagnóstico. (4)

A actividade normal da criança é um aspecto relevante. São dados a reter, a criança estar irritada ou prostrada, não se interessar por brinquedos que habitualmente a atraem, não ligar a pequenas brincadeiras ou não ver televisão. Também pode existir gemido, irritabilidade, convulsões ou alterações do estado de consciência, traduzi das por letargia ou coma.

O modo como a criança se alimenta durante a doença, é também um ponto essencial, pois uma criança com uma doença importante manifesta sempre recusa alimentar. Os vómitos são uma manifestação usual, que traduzem algum grau de hipertensão intracraniana, mas que habitualmente não é suficiente para provocar vómitos em jacto.

Na criança mais velha, as cefaleias são uma queixa frequente. São constantes, intensas, podem aliviar com os vómitos e acompanham-se de náuseas e fotofobia.

Na pele, a mãe pode alertar o médico para a presença de um exantema, petéquias ou equimoses. O exantema é geralmente maculopapular e tanto pode ser manifestação inicial e fruste da infecção a Meningococcus, precedendo de perto as manifestações de diátese hemorrágica, como pode acompanhar uma infecção vírica, nomeadamente, por Enterovirus. Deste modo, compreende-se que as lesões cutâneas sejam um sinal de alarme. Quando a meningite cursa com petéquias e/ou equimoses e sufusões, isto é, com diátese hemorrágica, diz-se que há sépsis com meningite. No entanto, também podem existir quadros de sépsis sem meningite. Neste caso, o clínico orienta-se pela febre, aparecimento de petéquias e mau estado geral associado a alterações hemodinâmicas. (5)

As manifestações clínicas da meningite vírica e bacteriana são basicamente as mesmas, contudo, a sua intensidade é, regra geral, diferente. Na infecção bacteriana as queixas são mais abruptas e severas, enquanto a clínica da meningite vírica pode não distinguir-se da síndrome gripal.

De um modo geral, o diagnóstico da meningite é feito através da observação clínica dos sintomas da doença e confirmado por meio de um exame chamado punção lombar, que consiste na retirada de uma pequena quantidade de licor do canal vertebral. Este exame consegue mostrar se há inflamação nas meninges e qual o agente causador sendo essencial para o diagnóstico e para direccionar o tratamento da doença.

Os testes e exames que devem ser realizados são:

       Teste do copo

É um dos primeiros a ser realizado quando existe suspeita de meningite meningocócica, que é um tipo de meningite bacteriana que gera pintinhas avermelhadas na pele. O teste consiste em pressionar um copo de vidro transparente no braço da pessoa para verificar se as pintinhas vermelhas se mantém, e podem ser vistas através do copo, o que caracteriza essa doença.

       Exame de sangue, urina e fezes

O diagnóstico das meningites virais também pode ser realizado através dos exames de sangue, urina e fezes. O exame de sangue deve ser a hemocultura, látex e contraimunoeletroforese cruzada (CIE). Existe grandes chances de ser meningite bacteriana quando os resultados apontam:

·         Glicose < 34mg/dl ou Glicose licor/ séria <0,23
·         Proteína > 220 mg/dl
·         Leucócito >2000 ou Neutrófilos > 1180

No entanto, somente neutrófilos no licor não indica meningite bacteriana.

       Licor - Líquido cefalorraquidiano

O médico retira uma amostra do líquido que está presente em volta do sistema nervoso central, fazendo uma punção na coluna lombar. Este exame é desconfortável e geralmente causa dor de cabeça e tontura a seguir o procedimento, mas em alguns casos traz alívio dos sintomas por diminuir a pressão craniana.

A aparência deste líquido já pode indicar se a pessoa tem meningite bacteriana porque neste caso, o líquido pode ficar turvo e no caso da meningite tuberculose pode ficar ligeiramente turvo, nos outros tipos a aparência pode continuar sendo limpa e transparente como a água.

       Bacterioscopia

Este exame pode ser feito através do licor e é importante para poder identificar se o tipo de meningite que a pessoa possui: viral, bacteriana ou fúngica para descobrir o antibiótico mais indicado. No entanto, antes do resultado desse exame, o médico deve indicar a toma de antibióticos gerais para controlar os sintomas e evitar o agravamento da doença.

       Tomografia de crânio

A tomografia computadorizada e a ressonância magnética só são indicadas quando há suspeita de lesão cerebral ou de sequelas deixadas pela meningite. Existem sinais suspeitos quando a pessoa apresenta convulsões, alteração no tamanho das pupilas dos olhos e se houver suspeita de meningite tuberculosa.

Ao diagnosticar a doença o paciente deve permanecer internado no hospital por alguns dias para que o tratamento seja iniciado, à base de antibióticos em caso de meningite bacteriana ou medicamentos para baixar a febre e diminuir o desconforto em caso de meningite viral.

2.1.5    ABORDAGEM TERAPÊUTICA

Até o advento dos antibióticos no início do século passado, a meningite era uma doença com mortalidade próxima dos 100%. Ainda hoje, com todos os avanços, pelo menos 15-20% das meningites bacterianas evoluem para óbito. Trata-se, portanto, de uma doença muito séria.

A meningite bacteriana é uma emergência médica e o tratamento com antibióticos intravenosos deve ser iniciado o mais rápido possível, de preferência logo após a realização da punção lombar. A demora de apenas algumas horas pode ter influência no prognóstico. Se há suspeita de meningite, o paciente deve ser encaminhado imediatamente para um sector de emergência. (6)

Na meningite viral, antibióticos não são necessários e muitas vezes o paciente nem sequer precisa ser internado. O tratamento é apenas com sintomáticos. O quadro só é preocupante em recém-nascidos. Porém, a distinção com a meningite bacteriana não possível de ser feita apenas pelo quadro clínico, sendo a avaliação médica indispensável e urgente. O diagnóstico diferencial costuma ser feito através dos resultados da aspiração do licor pela punção lombar. (7)

Como já explicado, a meningite pode ser causada por mais de um tipo de bactéria, por isso, não existe uma vacina única que previna todos os casos. Todavia, há vacinas individuais contra as principais bactérias. A vacina contra Haemophilus influenzae já faz parte do calendário básico de vacinação. Também já existe vacina para o Streptococcus pneumoniae, bactéria muito associada à pneumonia, otites e sinusites, mas que frequentemente é causa de meningite.

Neisseria meningitidis, a bactéria causadora da famosa meningite meningocócica, que costuma ser a forma mais grave de meningite bacteriana, apresenta uma particularidade. Esta bactéria possui 13 sorogrupos diferentes. 8 destes sorogrupos são responsáveis por quase todas as epidemias de meningite meningocócica: A, B, C, X, Y, Z, W135 e L, sendo B e C os mais comuns.

Atualmente existe vacina individual apenas contra o meningococo C e uma vacina conjugada que actua contra os meningococos A, C, Y e W135.
Recentemente, entrou no mercado a vacina contra o meningococo B. Na maioria dos países, essa vacina ainda não faz parte do calendário oficial, só estando disponível para compra nas farmácias.

2.1.6    EPIDEMIOLOGIA

As meningites têm distribuição mundial e sua expressão epidemiológica depende de diferentes factores, como o agente infeccioso, a existência de aglomerados populacionais, características socioeconómicas dos grupos populacionais e do meio ambiente (clima). De modo geral, a sazonalidade da doença caracteriza-se pelo predomínio das meningites bacterianas no inverno e das meningites virais no verão. (5)

A N. meningitidis é a principal bactéria causadora de meningite. Tem distribuição mundial e potencial de ocasionar epidemias. Acomete indivíduos de todas as faixas etárias, porém apresenta uma maior incidência em crianças menores de 5 anos, especialmente em lactentes entre 3 e 12 meses. Durante epidemia, observam-se mudanças nas faixas etárias afectadas, com aumento de casos entre adolescentes e adultos jovens.

O “cinturão africano” – região ao norte da África – é frequentemente acometido por epidemias causadas por esse agente. No Brasil, nas décadas de 70 e 80, ocorreram epidemias em várias cidades do país devido aos sorogrupos A e C e, posteriormente, ao B. A partir da década de 90, houve uma diminuição proporcional do sorogrupo B e aumento progressivo do sorogrupo C. Desde então, surtos isolados do sorogrupo C têm sido identificados e controlados no país.

As meningites causadas pelo H. influenzae do tipo b (Hib) representavam a segunda causa de meningite bacteriana depois da Doença Meningocócica, até o ano de 1999. A partir do ano 2000, após a introdução da vacina conjugada contra a Hib, houve uma queda de 90% na incidência de meningites por esse agente, que era, antes, responsável por 95% das doenças invasivas (meningite, septicemia, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite) e a segunda maior causa de meningites bacterianas passou a ser representada pelo S. pneumoniae.

A meningite tuberculosa não sofre variações sazonais e sua distribuição não é igual em todos os continentes. A doença guarda íntima relação com as características socioeconómicas, principalmente naqueles países onde a população está sujeita à desnutrição e às condições precárias de habitação. Com relação à faixa etária, o risco de adoecimento é elevado nos primeiros anos de vida, muito baixo na idade escolar, voltando a se elevar na adolescência e no início da idade adulta. Os indivíduos HIV (+) também têm um maior risco de adoecimento. (1)

A meningite viral também tem distribuição universal e potencial de ocasionar epidemias, principalmente relacionadas a Enterovírus. O aumento de casos pode estar relacionado a epidemias de varicela, sarampo, caxumba e a eventos adversos pós-vacinais.

2.1.7    PREVENÇÃO

Todos aqueles que tiveram contacto prolongado ou íntimo com um paciente com meningite bacteriana devem iniciar tratamento profilático com antibióticos nas primeiras 24 horas após a identificação do primeiro caso. Os contactantes devem ficar em observação por 10 dias (não é necessário internamento) e devem procurar atendimento médico ao surgimento de qualquer sintoma.

A profilaxia reduz em 95% a chance de infecção, além de eliminar o estado de portador assintomático da bactéria, reduzindo, assim, a cadeia de transmissão.


3.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

As meningites infecciosas estão no grupo de notificação compulsória, pois constituem um problema de saúde pública nacional e mundial. Neste cenário, o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) é importante base de dados para realizar a vigilância epidemiológica activa e avaliar a assistência aos agravos desta doença, propondo acções preventivas e correctivas.

A expressão epidemiológica depende de factores como o agente etiológico, aglomerados populacionais, características socioeconómicas dos grupos populacionais e do clima. Geralmente, as meningites bacterianas predominam no inverno e as meningites virais no verão.




4.     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1. PALMINHA, J. M. e CARRILHO, E. M. Orientação Diagnóstica em Pediatria dos Sinais e Sintomas ao Diagnóstico Diferencial. Lisboa : Lidel, 2001.
2. MACHADO, L. R. e GOMES, H. R. Processos infecciosos do sistema nervoso. In: NITRINI, R.;BACHESCHI, L. A. A neurologia que todo médico deve saber. . São Paulo : Atheneu, 2003.
3. Mayefsky, JA. Meningismus and Meningitis in Kliegman RMPraetieal Strategies in Pediatric Diagnosis and Therapy. s.l. : WBSaunders, 1996. pp. 877-893.
4. ALMEIDA, S. M. Meningites bacterianas agudas. In: TEIVE, H. A. G., NOVAK. Condutas em emergências neurológicas: Um guia prático de orientação terapêutica. São Paulo : Lemos Editorial, 2001. pp. 169 - 180.
5. CAMARGO, L.F.A. e MARRA, A. R. Infecções do sistema nervoso central. In: KNOBEL, E. Terapia intensiva neurológica. São Paulo : Atheneu, 2002. pp. 137 - 146.
6. GILBERT, D. N., MOELLERING, R. C. e SANDE, M. A. The Sanford - guide to antimicrobial therapy. Hyde Park  : Antimicrobial Therapy, 2004.
7. TUNKEL AR, HARTMAN BJ, KAPLAN SL, KAUFMAN BA, ROOS KL, SCHELD WM, WHITLEY RJ. Practice guidelines for the management of bacterial meningitis. s.l. : Clin Infect Dis, 2004.







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