SUMÁRIO
O presente trabalho visa fazer
uma abordagem referente à semiologia da cabeça e pescoço, veremos os principais
fundamentos propedêuticos do exame da cabeça e pescoço através da sequência de
avaliação estabelecida por observação, tacto, percussão e escuta. O objectivo
deste material de estudo é fornecer ao aluno os subsídios necessários para que
ele possa, baseado na história clínica e no exame físico, estabelecer os
diagnósticos diferenciais dos diferentes problemas que acometem as orelhas,
nariz, seios da face, garganta (faringe e laringe) e os olhos, bem como a tireóide.
Um exame da cabeça e do
pescoço funciona como revisão da integridade das estruturas anatómicas, que
inclui a cabeça, olhos, orelhas, nariz, boca, faringe e pescoço (linfonodos,
artérias carótidas, glândula tireóide e traqueia). As artérias carótidas também
podem ser avaliadas durante o exame das artérias. O profissional precisa ter boa
compreensão de cada área anatómica e de sua respectiva função fisiológica
normal. Para a avaliação da cabeça e pescoço utilizam-se os métodos de inspecção,
palpação e auscultação, sendo que inspecção e palpação são, com frequência, executadas
simultaneamente.
O profissional deve inspeccionar
a cabeça do paciente observando tamanho, forma e contornos. O crânio e
geralmente arredondado, com proeminências na região frontal anteriormente na
área occipital posteriormente. As deformidades cranianas locais são tipicamente
provocadas por traumas. Em crianças, uma cabeça muito grande pode ser resultado
de anomalias congénitas ou acumulo de líquido cérebro-espinhal nos ventrículos
(hidrocefalia). Os adultos podem apresentar cabeça com dimensões maiores devido
a secreção excessiva do hormónio de crescimento (acromegalia).
Um bom programa preventivo de
saúde exige que os pacientes com menos de 40 anos de idade façam um exame
completo de visão a cada três ou cinco anos. Após essa idade, o exame devera
ser feito a cada dois anos particularmente com o objectivo de pesquisa para a
existência de glaucoma. É importante que o profissional ensine ao paciente os
sintomas mais comuns de distúrbios oculares, incluindo dor, fotofobia
(sensibilidade a luz), queimação, prurido, lacrimejamento em excesso, oscilações,
diplopia (visão dupla), embaçamento de visão e aureolas ao redor de focos de
luz. A constelação prematura de doenças oculares e de vital importância.
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O exame de olho inclui a
avaliação da acuidade visual, do campo de visão, dos movimentos extra-oculares
e de suas estruturas interna e externa.
A forma mais fácil de iniciar
a avaliação da acuidade visual de um paciente é pedir a ele que leia qualquer
material impresso disponível. Deve haver iluminação adequada. Se o paciente
normalmente usa óculos, estes devem ser mantidos durante a leitura. O
profissional deve saber se o paciente e alfabetizado e pode ler.
Um paciente com qualquer
prejuízo da visão necessitará da ajuda do profissional na execução de actividades
quotidianas.
Para uma avaliação mais exacta
da acuidade visual, utiliza-se a tabela ocular de Selem. O paciente devera usar
os óculos, a menos que estes tenham sido prescritos para leitura.
Posiciona-se o paciente a uma distância
de 6m da tabela e pede-se a ele que tente ler a menor linha impressa possível
por três vezes: uma com ambos os olhos, depois com cada olho em separado,
enquanto o olho oposto e coberto com um cartão opaco.
A tabela de Selem tem números
padronizados ao final de cada linha impressa. O numerador e o número 20 ou a distância
padrão do paciente em relação a tabela. O denominador e a distancia a partir da
qual o olho normal pode ler a tabela. A visão normal é 20/20. Quanto maior o
denominador, menor será a acuidade visual desse paciente. Por exemplo, um valor
de 20/200 significa que o paciente, permanecendo a uma distância de 20 pés
(aproximadamente 6m), poderá ler uma linha que uma pessoa com visão normal pode
ler a 200 pés de distância (aproximadamente 60m).
Quando uma pessoa olha para
frente, todos os objectos na periferia podem normalmente ser visualizados. Para
a avaliação dos campos visuais, o profissional coloca o paciente em pé ou
sentado a uma distância de 60cm, ao nível dos olhos do examinador. O paciente
fecha ou cobre suavemente o olho e olha nos olhos do profissional que esta em
posição directamente oposta. Ele fecha seu olho oposto de modo que o campo de
visão fique sobreposto ao campo de visão do paciente. O enfermeiro move um dedo
para fora do campo de visão e o traz de volta vagarosamente, e então pergunta
ao paciente quando ele vê o dedo se aproximar. Se o profissional perceber o
dedo antes do paciente, isso revela que uma parte do campo de visão do paciente
esta reduzida. O procedimento é repetido para cada campo visual.
O movimento de cada olho é
dirigido por um conjunto de seis pequenos músculos. Os olhos se movem em
paralelo um ao outro, em cada direcção do olhar. Quando o paciente olha para
frente directamente para o profissional, ele segue o movimento do dedo do
examinador através dos oito olhares cardeais. O dedo e mantido a uma distância
confortável (15 a 30 cm) do paciente. Este olha para a direita, para a
esquerda, para cima, para baixo e diagonalmente para cima e para baixo, para
esquerda e para direita. O dedo do examinador fica dentro do campo normal de
visão. O paciente não deverá mover ou virar a cabeça. A medida que ele olha em
cada uma dessas direcções, o examinador move o dedo vagarosamente e suavemente.
O profissional observa então o
movimento paralelo do olho, a posição da pálpebra superior em relação a íris e
a presença de movimentos anormais como, por exemplo, nistagmo, que é uma
pequena oscilação rítmica dos olhos. O profissional pode provocar esta
oscilação em um paciente com movimentos normais dos olhos, simplesmente fazendo
com que ele olhe o mais longe possível a esquerda ou a direita. Quando os olhos
se movem em cada direcção do olhar, a pálpebra superior só cobre discretamente
a íris.
Distúrbios no movimento ocular
reflectem lesões locais nos músculos e estruturas de suporte do olho ou, ainda,
a existência de um distúrbio dos nervos cranianos que enervam estes músculos.
Para inspeccionar a posição e
o alinhamento dos olhos, o profissional fica de pé, directamente em frente ao
paciente, ao nível dos olhos e pede a ele que olhe para seu rosto. Em primeiro
lugar, ele observa a posição e o alinhamento dos olhos. Estes são normalmente
paralelos um ao outro. A saliência dos olhos, a exoftalmia, é normalmente
provocada por um distúrbio da tireóide. Se os olhos assumem posições cruzadas
ou dirigidos para diferentes direcções, é estrabismo, uma condição que envolve
alterações neuromusculares ou um defeito hereditário na posição do olho.
As sobrancelhas são inspeccionadas
quanto a quantidade de pelos e movimentos. Elas são normalmente simétricas. A
perda ou ausência de pelos indica distúrbios hormonais. Se for observada a
presença de pele descamativa ao redor das sobrancelhas, pergunta-se ao paciente
se ele apresenta irritação crónica do olho. As sobrancelhas são frequentemente afectadas
por uma forma de seborreia, cujas partículas penetram nas pálpebras, provocando
irritação. Se o paciente não for capaz de mover as sobrancelhas, deve-se
suspeitar da ocorrência de paralisia do nervo facial.
Quando os olhos estão em
posição normal, as pálpebras não cobrem a pupila e a esclerótica não pode ser
visualizada acima da íris. A queda anormal da pálpebra sobre a pupila é chamada
de etos; esta anomalia é provocada por edema ou lesão do terceiro nervo
craniano. Pode-se também observar a existência de posicionamento irregular das
pálpebras e uma lesão neste local pode provocar uma irritação na membrana
conjuntiva.
As pálpebras também deverão
ser inspeccionadas quanto a coloração, edemas e a eventual presença de lesões.
Normalmente, as pálpebras têm a mesma cor da pele do paciente.
Deprimia palpebral indica
inflamação ou infecção da região. Insuficiência renal e cardíaca ou alergias
podem provocar a formação de edema das pálpebras, impedindo-as de se fecharem.
Caso existam lesões, estas
devem ser inspeccionadas quanto a suas características típicas, alem da
presença de desconforto ou drenagem.
A superfície anterior do olho,
composta da córnea sensitiva e da conjuntiva, e humedecida ou lubrificada pelas
lágrimas produzidas pela glândula lacrimal. Esta glândula está localizada na
parede superior externa da região anterior da órbita. As lágrimas escorrem da
glândula pela superfície do olho ate o ducto lacrimal, localizado no canto
nasal ou canto interno do olho. Essa glândula pode ser num local de aparecimento
de tumores ou infecções. Assim a região da glândula deve ser inspeccionada
quanto a presença de edema ou deprimia e palpada suavemente para a verificação
da sensibilidade. Em condições normais essa glândula não e percebida. O ducto
nasolacrimal pode ficar obstruído, bloqueando o fluxo lacrimal. O profissional
deve verificar a existência de lacrimejamento excessivo ou edema no canto
interno. Uma leve palpação desse ducto na pálpebra inferior, por dentro da
borda orbital, poderá provocar a regurgitação das lágrimas.
A conjuntiva bulbar cobre a
superfície exposta do globo ocular ate o limite superior da córnea.
A conjuntiva da pálpebra e a
membrana delicada que contorna as pálpebras. Essa conjuntiva e normalmente
transparente permitindo que o examinador observe os delgados vasos sanguíneas
subjacentes que lhe dão uma coloração rosada. A esclerótica pode ser vista sob
a conjuntiva bulbar e apresenta uma coloração de porcelana branca.
Para que a exposição seja
adequada as pálpebras deverão estar retraídas sem que se faca pressão sobre o
globo ocular. A pálpebra inferior e pressionada suavemente com o polegar
colocado contra a órbita e o paciente e solicitado a olhar para cima. Muitos
pacientes começam a piscar, dificultando o exame. Geralmente o próprio paciente
pode pressionar a pálpebra para facilitar o trabalho do examinador. A coloração
da conjuntiva e a presença de edema devem ser observadas. Uma conjuntiva pálida
e resultado de anemia, enquanto uma aparência bastante avermelhada e sinal de
inflamação.
Utiliza-se uma técnica
especial para a inspecção da conjuntiva da pálpebra superior. Pede-se ao
paciente para olhar para baixo e relaxar os olhos e evitar qualquer movimento
súbito. A pálpebra superior e suavemente segura e os cílios são puxados para
baixo e para frente.
Coloca-se um cotonete com a
extremidade a 1cm acima da pálpebra. O profissional puxa a pálpebra superior
para baixo fazendo a reversão. Apreensão suave dos cílios superiores manche a
pálpebra invertida. Após a inspecção, os cílios são suavemente puxados para
frente e pede-se ao paciente que olhe para cima. A pálpebra voltara a sua
posição normal.
Ao se direccionar um foco de
luz através da pupila e na retina, estimula-se o terceiro nervo craniano que
enerva os músculos da íris provocando uma constrição. Qualquer anormalidade que
exista no caminho desde a retina, e através dos nervos ate a íris provocara
alteração na habilidade das pupilas em reagir a luz.
O profissional deve observar as pupilas quanto
ao formato, tamanho, uniformidade, acomodação e reacção a luz. Estas são
geralmente arredondadas e iguais em tamanho.
Pupilas dilatadas ou
contraídas podem ser o resultado de distúrbios neurológicos ou efeitos de
medicamentos oculares. A íris ao redor da pupila deve ser inspeccionada para
verificar a existência de defeitos ao longo de suas margens. Os reflexos papilares
incluem reacções a luz e acomodação e deverão ser testados em uma sala suavemente
escurecida. Quando o paciente estiver olhando directamente para frente o
examinador trará a lanterna a partir do campo lateral ao rosto do paciente,
dirigindo o foco de luz directamente para a pupila. Se o paciente olhar para a
luz, haverá uma falsa reacção a acomodação. A pupila iluminada directamente se
contrai, provocando uma contracção consensual da pupila oposta. O profissional
deve observar a rapidez do reflexo.
Para testar a acomodação, o
examinador manchem um dedo aproximadamente 10 a 15cm afastado do nariz do
paciente. Este e solicitado a olhar para o dedo e em seguida para a parede mais
distante. As pupilas normalmente se contraem ao olhar para o dedo do examinador
e se dilatam ao olhar para a parede.
Visando a inspecção completa
das estruturas internas do olho, o profissional deve aprender a utilizar um
oftalmoscópico. Esta habilidade exige muita pratica e geralmente só e
desenvolvida por especialistas em enfermagem ou clínicos. O oftalmoscópico
composse de um tubo movido a pilha provido de uma fonte de luz, dois discos ou
mostradores e um orifício de observação.
Os mostradores controlam a
quantidade de emissão de luz, enquanto os discos ajustam as lentes do
equipamento. Em uma sala levemente escurecida, com o paciente e o examinador
sentados, esse focaliza a luz na pupila do paciente. A luz passa através da
pupila para iluminar o fundo do olho que inclui a retina, a coróide, o disco do
nervo óptico, a mácula, a fóvea central e os vasos da retina. Para o sucesso do
exame e muito importante que o profissional esteja relaxado e com os olhos
abertos ao olhar através do aparelho. Girando as lentes, as estruturas internas
serão melhor focalizadas. O examinador inspecciona a região quanto ao tamanho,
coloração e claridade do disco óptico, integridade dos vasos, presença de
lesões da retina e aparência da mácula e da fóvea. Em condições normais,
observam-se os seguintes aspectos: um disco do nervo óptico claro e amarelado;
retina roseo-avermelhada; artérias em verme lho e veias em vermelho-escuro; uma
razão de 3:2 de veias para artérias, em relação ao tamanho; a mácula avascular.
O profissional deve inspeccionar
as estruturas da orelha média e externa, palpar as estruturas externas e
avaliar a acuidade auditiva do paciente. Durante a avaliação, o profissional
deve perguntar ao paciente se ele tem sentido dor, prurido, secreção, tinido
(zumbido) ou alterações na capacidade de audição. Cada sintoma ajuda a
determinar a natureza do problema do paciente.
O profissional examina a
localização dos pavilhões, seu tamanho e simetria. Normalmente ficam nivelados
um em relação ao outro. O ponto superior de ligação com a cabeça fica em uma
linha recta com o canto lateral do olho. Orelhas de implantação baixa são um
sinal de anormalidade congénita. O pavilhão auricular deve ser suavemente
palpado para verificar a presença de lesões. Se o paciente manifestar dor ou se
o ouvido tiver o aspecto de inflamação, o pavilhão e tracionado e pressiona-se
o trago. Se a dor aumentar com a palpação, provavelmente esta presente uma
infecção no ouvido externo. O profissional deve examinar mais cuidadosamente a
presença de secreção na orelha e o tamanho do meato auditivo externo também
deve ser observado. Uma secreção amarelada ou esverdeada e um sinal de infecção.
O meato não deve estar edemaciado ou obstruído.
As estruturas mais profundas
da orelha média e externa só podem ser observadas com o uso de um otoscópio. Um
especulo auditivo especial e acoplado ao tubo de bateria do oftalmoscópio.
Os especulas estão disponíveis
em diferentes tamanhos para se adaptarem ao tamanho do conduto auditivo dos
pacientes. Para melhor visualização deve ser usado o maior especulo que puder
ser confortavelmente adaptado ao conduto auditivo.
Antes de inserir o especulo, o
examinador devera verificar a existência de corpos estranhos na abertura do
conduto auditivo. E muito importante que o paciente evite movimentos de cabeça
durante o exame, para prevenir quaisquer lesões do conduto auditivo e da
membrana timpânica. Crianças e bebes precisam ser controlados. Os bebes devem
ficar em posição de superação, com a cabeça voltada para um lado, com os braços
seguros firmemente nas laterais do corpo. Crianças maiores poderão ficar
sentadas no colo dos pais, com as pernas seguras entre os joelhos dos pais.
Para a inserção correcta do
especulo, o profissional pede ao paciente que incline a cabeça suavemente sobre
o ombro oposto. Nos adultos, o trabalho e facilitado accionado o pavilhão para
cima ou para trás, para rectificar o conduto auditivo. Nos bebes, o pavilhão
auricular e tracionado para trás e para baixo e em crianças maiores, para trás
e para cima. O profissional insere o especulo, cuidando para não lesar o
revestimento do conduto. A pele nesse revestimento e muito fina e sensível a
qualquer pequeno trauma.
O profissional identifica a
presença de cerume (cera do ouvido) e verifica a existência de lesões, corpos
estranhos ou secreção no conduto. Um conduto avermelhado indica inflamação.
Durante o processo o
examinador pergunta ao paciente sobre o modo como o conduto auditivo e
normalmente limpo, prevenindo-o sobre o perigo da inserção de objectos
pontiagudos nessa região. Deve-se evitar o uso de cotonete para a limpeza dos
ouvidos, pois estes dispositivos provocam a sedimentação do cerume no fundo do
conduto auditivo.
A luz do otoscópio permite a
visualização da membrana timpânica. O profissional precisa estar familiarizado
com as referências anatómicas mais comuns e sua respectiva aparência. Move-se o
otoscópio vagarosamente para a visualização total da membrana timpânica e da
sua periferia. Em condições normais, a membrana timpânica e translúcida ou
cinza-perolado. Em virtude do seu posicionamento que fica em ângulo afastado ao
conduto auditivo, a luz do otoscópio aparece mais em forma de cone do que de círculo.
O ombro fica próximo ao centro da membrana timpânica, atrás da qual se encontra
a inserção do martelo. Na posição superior da membrana timpânica encontra-se
uma estrutura semelhante a uma saliência arredondada, formada por uma pequena
protuberância subjacente do martelo. O examinador deve proceder cuidadosamente
para assegurar-se da existência de rupturas ou lacerações na membrana
timpânica.
Existem três tipos de perda
auditiva: condução, neurossensorial e mista. Uma perda auditiva por condução
envolve a interrupção das ondas sonoras enquanto são transmitidas da orelha
externa para a cóclea da orelha interna, uma vez que essas ondas não são
transmitidas através das estruturas das orelhas externas e médias. Uma perda
neurossensorial envolve a orelha interna, o nervo auditivo ou o centro auditivo
do cérebro. O som e conduzido através das estruturas das orelhas externa e média,
mas a continuidade da transmissão sonora e interrompida em algum ponto alem dos
ossículos. Uma perda mista envolve a combinação dos dois tipos de perda
auditiva já discutidos (condução e neurossensorial). Os pacientes sob maior
risco de perda auditiva são aqueles que trabalham em ambientes nos quais os
ruídos são muito intensos.
Um teste simples de avaliação
de perda auditiva, consiste em solicitar ao paciente que tape uma das orelhas
durante certo tempo com um dos dedos. O profissional deve permanecer a uma distância
de aproximadamente 30 cm, expirar totalmente e murmurar suavemente alguns
números no ouvido livre. Ele deve cobrir a boca ou pedir ao paciente para
fechar os olhos, impedindo a leitura labial. Se necessário o profissional pode
elevar gradualmente a intensidade da voz ate que o paciente possa repetir correctamente
os números murmurados.
O uso de um diapasão e um
teste mais refinado para a determinação da natureza de uma perda auditiva.
Batendo-se o diapasão contra a palma da mão, o examinador cria uma coluna
vibratória que emite ondas sonoras. Para testar a acuidade auditiva do paciente
nos ouvidos, o profissional coloca o diapasão em vibração firmemente contra a
área central da testa do paciente pedindo a ele que indique onde o som e
percebido. Em condições normais o som pode ser percebido igualmente pelas orelhas.
Um segundo teste, envolve a colocação do diapasão em vibração, primeiro sobre o
osso mastóide. Quando o paciente deixa de ouvir o som, o examinador coloca o diapasão
em frente ao pavilhão auricular. Em condições normais o paciente voltara a
ouvir o som, pois a condução pelo ar e mais duradoura que aquela efectuada através
da estrutura óssea.
Caso a acuidade auditiva
esteja alterada, o profissional devera encaminhar o paciente a um médico. Ele
devera tomar todo o cuidado para assegurar uma comunicação efectiva com o
paciente. Permanecer em pé, no mesmo lado em que a audição está intacta, falar
com ele em um tom de voz normal e claro e olhar para ele de frente de modo que
ele possa ver os lábios e o rosto, são métodos simples aplicados para ajudar o
paciente ao ouvir melhor a conversa.
Avalia-se a integridade do
nariz e dos seios nasais pela inspecção e palpação. Será útil saber se a história
de enfermagem do paciente indica alergias, obstrução nasal, estase
(sangramentos nasais), secreções, resfriados frequentes ou corrimentos pós-nasal.
Enquanto inspecciona o nariz
do paciente, o profissional observa a existência de assimetrias, inflamações ou
deformidades. Traumas recentes podem provocar edema e descoloração. Se
existirem edema ou deformidades, o nariz deve ser palpado suavemente para
verificação de sensibilidade, edema e desvios subjacente. A mucosa nasal e o
septo devem ser posteriormente examinados. Estas regiões podem ser
superficialmente examinadas iluminando-se cada narina com uma lanterna em forma
de caneta. Um especulo nasal e utilizado para uma inspecção mais delicada e
para a visualização das conchas nasais mais profundas.
A extremidade anterior do
nariz e examinada em primeiro lugar. O exame da mucosa verifica sua coloração,
presença de lesões, secreções, edema e evidência de sangramento. A mucosa
normal e rósea. A secreção resultante de irritações nos seios e geralmente
transparente e aquoso. Uma infecção nos seios provoca uma secreção amarelada ou
esverdeada. Mucosa pálida com secreção transparente e sinal de processo alérgico.
Quando o paciente esta com a sonda nasogástrica, o profissional deve verificar
rotineiramente o local para detectar a existência de escoriações das narinas,
caracterizadas por deprimia e crostas na pele.
O paciente deve inclinar a
cabeça suavemente para trás oferecendo ao examinador uma visão mais adequada do
septo e das conchas nasais. O septo e inspeccionado quanto a desvios, lesões e
vasos sanguíneos superficiais. Um desvio de septo pode obstruir a respiração e
interferir a passagem de uma sonda nasogástrica.
O exame dos seios nasais e
limitado a palpação. Nos casos de alergias ou infecção, o interior dos seios
nasais se torna inflamado e edemaciado. O método mais efectivo para avaliação
da sensibilidade e a palpação externa das áreas frontal e maxilar da face. Uma
suave pressão para cima detecta facilmente a sensibilidade e revela a gravidade
da irritação. A pressão não deve ser aplicada aos olhos.
Para proceder a avaliação da
cavidade oral, o profissional se utiliza de uma lanterna em forma de caneta e
um afastador de língua ou uma simples atadura de gaze. De vez em quando,
utiliza-se uma luva para a palpação das lesões. O examinador deve se posicionar
sentado em frente ao paciente, ao nível dos olhos.
Solicita-se ao paciente que
remova próteses, se for o caso. Esta e uma boa ocasião para perguntar se ele
sente dor na boca ou gengivas.
Deve-se inspeccionar os lábios
quanto a coloração, textura, hidratação, contorno e presença ou não de lesões.
Quando o paciente abre a boca, o profissional visualiza os lábios de uma
extremidade a outra. Em condições normais, os lábios são rosados, húmidos, simétricos
e lisos.
Para examinar a mucosa oral
interna, o profissional pede ao paciente para abrir a boca levemente e colocar
o lábio inferior afastado dos dentes. Repete-se o processo com lábio superior. Inspecciona-se
a mucosa quanto a coloração, hidratação, textura e presença de lesões, tais
como ulcera, escoriações e cistos.
Para a visualização da mucosa
oral, utiliza-se um afastador, ou atadura de gaze para retrair os lábios. A
lanterna ilumina a porção mais profunda da mucosa. O paciente devera abrir a
boca o máximo possível, de modo a permitir que o profissional observe a
coloração da mucosa, sua textura e hidratação. Em condições normais a mucosa
tem uma cor rosa brilhante. Para pacientes com pigmentação normal, a mucosa
oral e um bom local para a verificação de icterícia ou palidez. Em fumantes crónicos
e alcoólatras pode-se verificar a presença de manchas densas e esbranquiçadas.
As gengivas devem ser
examinadas quanto a coloração, edema, retracção, sangramento e lesões. Se o
paciente usa próteses qualquer irregularidade ou lesão das gengivas pode
provocar desconforto e prejudicar significativamente a mastigação.
A língua deve ser observada
cuidadosamente em todos os lados e assoalho da boca deve ser verificada. O
paciente deve relaxar a boca e colocar a língua para fora, não completamente.
Utilizando a lanterna para
iluminação da região, o profissional examina a língua quanto a coloração,
tamanho, posição, textura, existência de massas ou lesões. Em condições normais
a língua deve possuir coloração um pouco avermelhada com margens laterais lisas
e móveis. Quando e projectada para fora, deve permanecer na linha media. O
dorso da língua não deve ser excessivamente liso.
Este órgão e altamente
vascular. Assim, deve-se tomar um cuidado extra ao se examinar esta área que
constitui um local comum de origem de lesões cancerosas orais. O paciente deve
erguer a língua para permitir a inspecção adequada. Observada a presença de nódulos
ou cistos o profissional devera palpa-los para verificar o tamanho,
sensibilidade, consistência e mobilidade. A região sobre a língua e também um
local onde aparecem lesões cancerosas.
Varicosidades podem ser
observadas. Estas varicosidades, raramente causam problemas.
O paciente devera estender a
cabeça para trás, mantendo a boca aberta para que o profissional possa examinar
os palatos, duro e mole. O palato duro ou céu-da-boca localiza-se na parte
anterior e o palato mole fica na parte posterior, estendendo-se ate a faringe.
Os palatos são examinados quanto a coloração, formato e existência de
proeminências ósseas ou defeitos adicionais. E comum observar-se uma protuberância
óssea ou exostose entre os dois palatos.
O exame das estruturas da
faringe e executado inicialmente com o objectivo de detectar infecções,
inflamações ou lesões. O paciente abaixa a cabeça suavemente para trás, abre
bem a boca e diz a. O profissional coloca a ponta do afastador de língua no terço
médio da língua, com cuidado para não pressionar o lábio inferior contra os
dentes. Se o afastador for colocado muito para o terço anterior, a parte
posterior da língua se eleva formando uma protuberância que impede a visão. Se
o afastador de língua for colocado na porção posterior, o reflexo de vómito
será estimulado.
Com a ajuda de uma lanterna, o
profissional examina primeiramente a uvula e o palato mole.
Ambas as estruturas, enervadas
pelo decimo nervo craniano (vago), deverão surgir na área central quando o
paciente disser a. Examinam-se os pilares, anterior e posteriores,
verificando-se a existência de tecido tonsilar (amígdalas). A faringe posterior
e a última estrutura a ser examinada. Em condições normais, as estruturas da
faringe são róseas e bem hidratadas.
Qualquer edema, petequias
(pequenas hemorragias), lesões ou exsudação deverão ser registados. Pacientes
com problemas crónicos nos seios nasais geralmente apresentam uma exsudação
transparente que escorre pela parede posterior da faringe. Qualquer exsudação
amarelada ou esverdeada indica a presença de infecção. Um paciente com uma
garganta tipicamente inflamada apresenta a uvula avermelhada e edematosa, e os
pilares das amígdalas com a possível presença de exsudação amarelada.
Os nódulos linfáticos da
cabeça, as artérias carótidas, veias jugulares, glândula tiróide e traquéia
estão localizados no pescoço. As diferentes estruturas do pescoço devem ser inspeccionadas
e palpadas. Utiliza-se também, para o exame, o método de ausculta.
Deve-se proceder ao exame com
o paciente sentado. Ele ergue o queixo e inclina a cabeça para trás. O pescoço
e inspeccionado quanto a assimetria, edema massas ou cicatrizes.
Observada a existência de
massas, estas devem ser palpadas para determinar tamanho, forma, sensibilidade,
consistência e mobilidade.
Um extenso sistema de nódulos linfáticos
recebe a linfa da cabeça, orelhas, nariz, bochechas e lábios. Utiliza-se uma
abordagem metódica para o exame dos nódulos linfáticos, para evitar que um
simples nódulo ou cadeia passem despercebidos. Ambos os lados do pescoço devem
ser inspeccionados e comparados. Durante a palpação, o examinador fica em pé,
atrás ou ao lado do paciente, para facilitar o acesso a todos os nódulos. Com a
ponta dos três dedos médios de cada mão, o profissional palpa suavemente os nódulos,
em movimentos circulares.
Se houver pressão excessiva,
os nódulos menores escapam ao exame e os palpáveis são obliterados.
Os nódulos linfáticos, como
locais de colecta de drenagem do liquido linfático e aumentam de tamanho devido
a infecções sistémicas e localizadas. Normalmente, um nódulo linfático fica
permanentemente aumentado após uma infecção grave; tais nódulos aumentados são
geralmente indolores. Os nódulos linfáticos podem se transformar em locais de
formação de tumores malignos. Essa malignidade pode ser caracterizada por um
nódulo endurecido, imóvel de formação irregular e geralmente indolor.
A glândula tireóide fica na porção
inferior frontal do pescoço, na frente e em ambos os lados da traquéia, na qual
e conectada através do istmo da traquéia e une os dois lóbulos irregulares, em
forma de cone. A avaliação desta glândula e feita pela inspecção e palpação.
O examinador fica em pé, na
frente do paciente, e inspecciona a área inferior do pescoço que recobre a
glândula tireóide, verificando a existência de massas visíveis e a simetria. O
paciente devera estender o pescoço e engolir, enquanto o profissional observa
se essas manobras provocam um abaulamento da glândula. Em condições normais, a
glândula não e visualizada.
Para palpar a glândula, o
examinador permanece na frente ou atrás do paciente. Para uma abordagem da
região posterior, o paciente deve abaixar o queixo e relaxar.
Diante do exposto podemos
concluir que, no exame físico da cabeça e do pescoço adoptam-se a sequência de
avaliação constituída por inspecção, palpação, percussão e ausculta. Esperamos que
com este trabalho estejamos preparados e habilitados a, no que tange a história
clínica e exame físico, estabelecer os diagnósticos diferenciais dos diferentes
problemas que acometem as orelhas, nariz, seios da face, garganta (faringe e
laringe) e os olhos, bem como a tireóide.
BATES, B. Propedêutica Médica. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2004.
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