INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
BIOESTATÍSTICA
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA BIOESTATÍSTICA
MARIANA JÚLIA M. ZUNZA
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
BIOESTATÍSTICA
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA BIOESTATÍSTICA
MARIANA JÚLIA M. ZUNZA
Trabalho
de pesquisa bibliográfica apresentado ao Curso de Enfermagem na disciplina de Bioestatística
como requisito parcial para obtenção de notas.
Orientador: Arlindo de
Almeida
LUANDA
2016
SUMÁRIO
O advento da Medicina Baseada
em Evidências determinou novos padrões e exigências, o que marcou uma
importante mudança na prática médica. A obtenção de conhecimento deixou de ser
baseada apenas na sempre importante, mas limitada, experiência clínica, para
ser adquirida por meio de metodologia científica. Esta envolve, de forma
fundamental, o emprego de análise estatística. Com isso, o conhecimento em bioestatística
é habilidade fundamental para se realizar, avaliar ou interpretar adequadamente
um trabalho científico. Entretanto, tal área representa um campo de
dificuldades e preconceitos para o médico. Neste trabalho, abordamos a história
da bioestatística.
Desde séculos o homem tem,
muitas vezes, tomado notas de coisas e de pessoas, não com o único fim de
acumular números, mas com a esperança de utilizar os dados do passado para a
resolução de problemas do presente assim como para a previsão de acontecimentos
futuros. No entanto, o sucesso quanto a este objectivo só foi possível em data
muito recente: só no final do século XIX e, sobretudo, no princípio do século
XX é que, com a aplicação de probabilidades aos problemas sobre a interpretação
dos dados recolhidos, foi possível resolver alguns deles.
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A Estatística conquistou,
hoje, o seu lugar entre as ciências. O poder do seu método é, sobretudo,
afirmado nas últimas décadas e aplica-se, agora, nos domínios mais variados. Até aqui, só um pequeno número de
pessoas se preocupou com estudos estatísticos, quer pela natureza das suas
investigações, quer por causa da sua utilidade para as diferentes profissões.
O valor e a importância do método estatístico residem no esforço para melhor
compreender o nosso mundo, tão maravilhosamente complexo, tanto no ponto de
vista físico como social, levam-nos a sonhar que ele se torne objecto de um conhecimento como as
outras ciências. A vida corrente leva-nos a decisões para passar do conhecido ao desconhecido, da experiência
à previsão.
Para algumas pessoas, a Estatística não é senão um quadro de colunas
mais ou menos longas de números que dizem respeito à população, à indústria ou
ao comércio, como se vê frequentemente em revistas; para outras, ela dá
gráficos mostrando a variação no tempo de um facto económico ou social, a
produção ou os números relativos aos negócios de uma empresa, assim como se
encontra nos escritórios de empresas privadas.
Tão diferenciados se apresentam os métodos estatísticos que não é
possível estabelecer uma definição que os contenha a todos. Apesar disso,
apresentamos a seguir uma definição que, embora necessariamente incompleta como
qualquer outra, tem a vantagem de introduzir o aluno na matéria.
A Estatística tem como finalidade elaborar de uma síntese numérica que
evidencie o que de mais generalizado e significativo exista num conjunto
numeroso de observações.
O grande número de observações de que se parte reflecte uma diversidade
tal que se torna ininteligível a sua interpretação. Para que, a partir dessa
diversidade se possa começar a entender logo, torna-se necessário reduzir sucessivamente as
observações, ganhando-se
em generalidade o que se vai perdendo em individualidade.
A síntese implica, assim, que nos desprendamos do que é particular e
individual para nos atermos ao que existe de mais geral no conjunto das
observações; à medida que a síntese progride, vai-se perdendo o contacto com as
particularidades imediatas.
Deste modo, a Estatística não se ocupa do que é excepcional, mas apenas
do que é geral: não se interessa pelo indivíduo, mas por grupos de indivíduos;
não se ocupa, em suma, de uma só medição, mas de um conjunto de medições.
Acrescente-se,
ainda, que a síntese é numérica. Quer isto dizer que se prescinde inteiramente
das palavras e dos recursos literários de mais ou menos efeito que elas
possibilitam. Alcança-se
a síntese pelo recurso exclusivo dos números.
Daí o afã com que frequentemente se escolhem os números de acordo com os
argumentos. A Estatística é intrinsecamente uma disciplina não literária,
manipula exclusivamente números e alcança a síntese ordenando-os e cooperando com eles.
“Estatística”, deriva de “status” que em latim significa Estado, e que
só por si demonstra a ligação que sempre existiu entre ambos;
O primeiro levantamento estatístico remonta a 3050 a.C., no Egipto,
tendo como objectivo informar o estado sobre recursos humanos e económicos.
No séc. XVII d.C., a disciplina de Estatística era já leccionada nas
universidades alemãs, continuando com a finalidade de descrever as populações e
as riquezas do Estado.
Ainda no séc. XVII, dá-se
a expansão dos seus campos de investigação a áreas como:
─
Saúde
pública;
─
Indústria;
─
Comércio;
─
Estudos
Demográficos.
Os métodos de inferência estatística surgem com Jonh Graunt (1620‐1674), um modesto comerciante, que tira
conclusões válidas sobre uma população desconhecida por ele.
Fermat (1601‐1665)
e Pascal (1623‐1662)
permitem que o estudo do acaso tome uma expressão matemática, introduzindo o
Cálculo das Probabilidades.
O Cálculo das Probabilidades e o aparecimento do Método dos mínimos
quadrados, vêm credibilizar a Estatística conferindo-lhe a fundamentação
matemática em que ela assenta hoje.
No séc. XVIII Lambert Quetelet (1796‐1874) introduziu a Estatística em áreas
como:
─
Meteorologia;
─
Antropometria;
─
Ciências
Sociais;
─
Economia;
─
Biologia.
Francis Galton (1822‐1911),
apresenta noções de regressão e correlação;
Karl Pearson (1857‐1936)
apresenta a mais bela e acabada teoria de Estatística, ficando também conhecido
pelos seus coeficientes;
Fisher e os seus trabalhos sobre inferência Estatística deram também um
grande contributo ao desenvolvimento da Estatística.
Em 1943, dá-se
uma grande reviravolta, uma vez que o tratamento de dados deixa de ser feito
manualmente e passa a ser computadorizado.
Método Estatístico:
─
“Técnica
usada para obter, analisar e apresentar dados numéricos”;
─
“Método
científico cuja finalidade é o estudo das propriedades numéricas dos conjuntos
dos factos”.
O Método Estatístico, segundo a teoria de Cramer, pressupõe as seguintes
fases:
─
Recolha
de dados estatísticos: obtenção da amostra a partir da população, devendo
depurar e rectificar os dados estatísticos, que no seu conjunto são denominados
série estatística.
─
Descrição:
conjunto de operações, numéricas ou gráficas, efectuadas sobre os dados
estatísticos determinando a sua distribuição; procede-se à sua ordenação, codificação e
representação por meio de quadros e tabelas.
─
Análise:
consiste em tirar conclusões sobre a distribuição da população, determinar o
seu grau de confiança e ainda formular hipóteses, tentando verificá-las, quanto ao fenómeno em estudo.
─
Predição:
é uma previsão do comportamento do fenómeno em estudo, tendo em conta a
definição da distribuição estatística.
Com base no exposto, posso
concluir que a bioestatística é a aplicação da estatística ao campo biológico e
médico. Ela é essencial ao planeamento, colecta, avaliação e interpretação de
todos os dados obtidos em pesquisa na área biológica e médica. É fundamental à
epidemiologia, à ecologia, à psicologia social e à medicina baseada em
evidência.
BUSSAB, W.e MORETI'IN, P. A.
Estatística Básica. São Paulo: Saraiva. 2002.
DAWSON, B., TRAPP, R.G.
Bioestatística básica e clínica. Rio de Janeiro, McGraw, 3 ed. 1994.
VIEIRA, S. Elementos de
Estatística, São Paulo, Atlas, 5 ed. 2003.
VIEIRA, S. E HOSSNE, W. S.
Metodologia cientifica para a área de saúde. São Paulo, Rio de Janeiro,
Campus-Elsevier, 2007.
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