SUMÁRIO
Antes da
Independência, os EUA eram formados por treze colónias controladas pela
metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os
ingleses usavam estas colónias para obter lucros e recursos minerais e vegetais
não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana,
com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos. No
presente trabalho é objectivo principal a abordagem da independência dessas
colónias e de todo os Estados Unidos.
Para
entendermos melhor o processo de independência norte-americano é importante
conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses
começaram a colonizar a região no século XVII. A colónia recebeu dois tipos de
colonização com diferenças acentuadas:
─
Colónias do Norte: região colonizada por
protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições
religiosas. Chegaram na América do Norte com o objectivo de transformar a
região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de
Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as seguintes
características: mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas
propriedades e produção para o consumo do mercado interno.
─
Colónias do Sul: colónias como a Virgínia,
Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de exploração.
Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram
baseadas no latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a exportação para a
metrópole e monocultura.
Apesar das tradicionais diferenças
entre as colónias do "norte" e do "sul", a maioria da
sociedade colonial passou a defender o ideal de emancipação, uma vez que os
interesses do capitalismo inglês opunham-se frontalmente às possibilidades de
desenvolvimento colonial. Esse antagonismo era percebido principalmente nas
colónias do centro norte, onde já existia uma burguesia, que acumulava capitais
principalmente a partir do comércio triangular e que acabou comandando o
movimento de independência, contando com o apoio das demais camadas sociais,
inclusive de grande parte dos proprietários rurais do sul.
Na década anterior à Guerra de
Independência, podemos dizer que a sociedade estava dividida entre duas
correntes políticas: os Patriotas ou Whigs, favoráveis à emancipação, mesmo que
através da guerra, e os Legalistas ou Tories, fiéis ao Rei da Inglaterra,
contrários à idéia de independência.
À primeira corrente pertenciam
a maior parte da burguesia colonial, os pequenos proprietários, as camadas
intelectualizadas, os comerciantes, artesãos, trabalhadores assalariados. Na
Segunda corrente encontravam-se os altos funcionários da administração
colonial, parcela dos latifundiários do sul, alguns grupos de comerciantes e de
congregações religiosas.
Se por um
lado grande parte dos colonos estava influenciada pelas idéias iluministas, foi
a mudança da política colonial inglesa, após a Guerra dos Sete Anos (1756
--1763), a responsável pela definição política da maioria a favor da
independência.
Esta guerra
ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma
guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu
vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas
dos colonos que habitavam, principalmente, as colónias do Norte. Com o aumento
das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e
manifestações contra a Inglaterra.
A Inglaterra
resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que tiravam
a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá
(deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa), Lei
do Selo (todo produto que circulava na colónia deveria ter um selo vendido
pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das
Antilhas Inglesas).
Estas taxas e
impostos geraram muita revolta nas colónias. Um dos acontecimentos de protesto
mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party). Vários
colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de
índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reacção
da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados
ingleses cercando a cidade.
Os colonos do
Norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem medidas
diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha carácter
separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim
das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida
política da colónia.
Porém, o rei
inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário,
adoptou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis
Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que
todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e
transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita
revolta na colónia, influenciando directamente no processo de independência.
Em 1776, os
colonos se reuniram no segundo congresso com o objectivo maior de conquistar a
independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de
Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a
independência de suas colónias e declarou guerra. A Guerra de Independência,
que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da
França e da Espanha.
Em 1787,
ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características
iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a
escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e
garantias individuais do cidadão.
De acordo com
o exposto, podemos concluir que a Independência das treze colónias inglesas da
América do Norte foi um movimento de grande importância, pois foi o primeiro
movimento de emancipação que alcançou resultado efectivo, sendo considerada
como uma das Revoluções Burguesas do século XVIII. Neste século, vários
movimentos caracterizaram a ascensão da burguesia, apoiada nos ideais liberais
do Iluminismo.
O ideal
iluminista expandiu-se não só pela Europa, mas teve repercussões na América e
no caso dos "EUA", foram as idéias de John Locke que encontraram
maior eco na sociedade. Locke fora participante da Revolução Gloriosa na
Inglaterra (1688-1689), ponto de partida para o Liberalismo do século XVIII,
onde se originaram as idéias da existência de Leis naturais do contrato entre
governantes e governados, da autonomia entre os poderes de Estado, do Direito à
revolta e outras, consideradas pontos básicos da liberdade humana.
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