SUMÁRIO
O termo
“estrutura” se tornou a noção central de várias correntes do pensamento. Ele
passou a ser empregado na biologia, quando Fontenelle o usou ao se referir
sobre a disposição dos órgãos; na linguística, por Vaugelas, sobre a
distribuição das palavras na oração. Mas é Ferdinand Saussure que elaborou a
essência da concepção estrutural com a noção de “sistema”. Para ele, a língua é
um sistema no qual o valor de um termo resulta da presença simultânea de
outros. Além disso, as partes do sistema devem ser consideradas em sua
solidariedade sincrónica, isto é, em um dado momento do tempo, não em sua evolução
histórica. A partir daí, o estruturalismo estendeu-se a todos os domínios das
ciências humanas. Papel importante nesse sentido teve Claude Lévi-Strauss,
nascido na Bélgica em 1908, que passa assim a ser o objectivo do presente
estudo a análise da vida e obra de Claude Lévi-Strauss.
Claude
Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, a 28 de Novembro de 1908. Antropólogo e
etnólogo, fundador do estruturalismo, linha que revolucionou a abordagem sobre
as relações sociais e cujos estudos tiveram bases no Brasil. Filho de pais
judeus e franceses.
Em 1927
Estudou Direito na Faculdade de Paris, até ser admitido na Sorbonne, onde se
graduou em Filosofia, em 1931. Em 1948 concluiu o doutorado com a tese “As
Estruturas do Parentesco”. Durante dois anos leccionou Filosofia no Lycée Victor-Duruy
de Mont-deMarsan. Nessa época fazia parte do círculo intelectual do filósofo
Jean-Paul-Sartre.
Em 1934,
recebeu o convite do director da Escola Normal Superior de Paris, para integrar
a missão universitária francesa no Brasil, como professor visitante de Sociologia,
na recém-criada Universidade de São Paulo. De 1935 a 1939 leccionou na
Universidade de São Paulo. Durante essa época realizou pesquisas de campo com
os índios no Estado de Mato Grosso e na Amazônia, período decisivo para
despertar sua vocação etnográfica.
De volta a
Paris, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, foi convocado em 1939, obtendo
dispensa no ano seguinte por conta de sua ascendência judaica. Depois da guerra
e de um breve período como refugiado nos Estados Unidos, Lévi-Strauss defendeu
na Sorbonne, em 1948, a tese ‘As Estruturas Fundamentais de Parentesco’,
publicada um ano depois e responsável por modificar de maneira definitiva o
estudo das Ciências Humanas.
Em 1949, foi
nomeado subdirector do Museu do Homem e, em 1950, como diretor de estudos na
Escola Prática de Altos Estudos.
Depois, foi
nomeado professor no Collège de France, onde exerceu como catedrático de
antropologia social, cátedra que ocupou de 1959 e até aposentadoria, em 1982.
Lévi-Strauss
transformou a etnologia contemporânea e elaborou um método original, reunindo o
método estrutural e a contribuição da psicanálise para interpretar os mitos,
descobrir os grandes sistemas de pensamento e explicar o funcionamento social.
Este foi o
método usado para estudar a organização social dos indígenas no Brasil e do
norte e sul da América. Foi vital seu encontro em 1941 com o linguista
americano Roman Jakobson, após o que decidiu aplicar o estruturalismo aos fenómenos
humanos, começando pelo parentesco.
A partir das
observações feitas no Brasil, Lévi-Strauss, propôs as relações de filiação e
residência como novos eixos para analisar o homem em sua esfera social. Levou
em conta mitos, organização familiar e hábitos alimentares, entre outros
aspectos. Pelo estudo, as diferentes culturas não se criariam por obra do
acaso, mas, sim, obedeceriam a uma ordem. As contribuições mais decisivas do
seu trabalho podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas
elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a
estrutura dos mitos.
Em 1955, com
a publicação de ‘Tristes Trópicos’, Lévi-Strauss ampliou seu pensamento para
além dos círculos académicos. O livro é considerado sua autobiografia
intelectual. "Sua obra é indissociável de uma reflexão sobre nossa
sociedade e seu funcionamento. Tem um enfoque ecológico, antecipado, do mundo e
dos indivíduos", escreve seu biógrafo, Denis Bertholet. Suas reflexões
influenciaram várias gerações de intelectuais: como funciona uma sociedade, o
que é uma cultura, como trabalha o espírito humano, são algumas das questões
que tentou responder a partir das suas experiências de etnólogo. Suas respostas
apaixonaram as ciências sociais e humanas durante o período áureo do
estruturalismo, do qual ele é o principal representante.
Em 1973, foi
eleito para a Academia Francesa. Entre suas obras destacam-se ‘Tristes
Trópicos’, ‘Estruturas Elementares do Parentesco’, ‘Antropologia Estrutural’ I
e II, e ‘O Pensamento Selvagem’. No Brasil, a Professora Beatriz Perrone Moisés
fez a tradução, para o português, de alguns livros importantes do antropólogo,
como ‘Olhar, Escutar, Ler’, ‘Antropologia Estrutural’, ‘A Origem dos Modos à
Mesa’ e ‘O Cru e o Cozido’. Claude Lévi-Strauss continua vivo. Sua obra é
imperecível.
Recebeu
diversas premiações, foi eleito Doutor Honoris Causa das universidades de
Bruxelas, Oxford, Chicago, Montreal, México, Havard, entre outras. Foi
considerado o mestre da Antropologia Moderna. Em 1982 se aposentou do Collège
de France, época em que dirigia o Laboratório de Antropologia Social.
O
estruturalismo opõe-se ao empirismo, para quem o objecto tem significado por si
só. Para o estruturalismo, um fato isolado não possui significado. Lévi-Strauss
exemplifica com os vocábulos fromage, cheese, queijo que, a princípio, se
referem à mesma realidade. Mas para o francês, fromage indica um gosto picante;
para o inglês, cheese quase não tem gosto e para o brasileiro queijo dá a ideia
de um gosto salgado. Esse é o carácter relativo dos elementos da estrutura.
Para
Lévi-Strauss, a estrutura é um sistema de relações que compõe a sociedade. A
noção de estrutura social se refere aos modelos construídos a partir da
realidade. Esses modelos podem ser conscientes ou inconscientes. Essa diferença
influi na hora de apreender a estrutura profunda. Quanto mais nítida é a
estrutura aparente, mais difícil é apreender a estrutura profunda, por causa
dos modelos conscientes que estabelecem uma distância entre observador e
objecto em uma investigação etnológica. Essa distância garante a objectividade
ao impedir que preconcepções reduzam o objecto e, ao mesmo tempo, permite uma
comunicação, pois, se a estranheza entre o observador e seu objecto é total,
então objecto se torna refratário à investigação. Assim, a objectividade não é
apenas distância, mas também uma reciprocidade entre observador e observado.
Lévi-Strauss
encontrou uma identidade entre as leis do mundo e as do pensamento. Com os
mitos ocorreria o mesmo que com a linguagem: o sujeito que aplicasse
conscientemente as leis fonológicas e gramaticais no discurso acabaria perdendo
o fio as ideias. Do mesmo modo, o exercício do pensamento mítico exige que suas
propriedades permaneçam escondidas. A análise dos mitos, assim, não pretende
mostrar como os homens pensam, mas como os mitos se pensam nos homens.
O carácter
abstracto das pesquisas estruturais e o carácter individualizado da observação
etnográfica correspondem a duas etapas da pesquisa. No nível da observação, a
regra diz que todos os fatos devem ser descritos e estruturados em si mesmos.
Já a análise estrutural vai descrever redes de relações que terão prioridade em
relação aos termos.
O modelo é
essencial para a compreensão da realidade etnográfica. Lévi-Strauss introduz
uma distinção entre os modelos que se dá em função do valor que é dado a cada
elemento da estrutura. Nesse sentido, a estrutura é apenas um sistema de
relações, não um conjunto de elementos. Por isso a investigação antropológica
se apoia na relação recíproca dos elementos, pois os elementos podem variar,
mas a relação é constante. A estrutura apresenta um carácter abstracto e, por
isso, o modelo torna-se aplicável a qualquer ordem de fenómenos e passa a se
caracterizar por sua transponibilidade (ou tradutibilidade) de fenómenos para
outra. Do ponto de vista metodológico, é assim, possível uma relação
interdisciplinar entre as ciências.
Ao examinar
grupos culturais da América Tropical, Lévi-Strauss busca elucidar a proibição
do incesto. A proibição torna possível a coexistência ao levar um indivíduo a
reivindicar uma mulher de outra família – relação exogâmica, que seria o núcleo
originário de todas as formas de intercâmbio. Por ser universal, a proibição do
incesto está ligada à natureza, e, por ser uma regra, liga-se à cultura. A
origem da proibição não está nem na natureza nem na cultura; a origem é a
passagem da natureza à cultura.
Lévi-Strauss
distingue três níveis da comunicação social: comunicação de mensagens (como a
linguagem); comunicação de mulheres (formas de organização de parentesco e de
intercâmbio matrimonial); e comunicação de bens (a economia). Esses sistemas
são regidos por regras inconscientes. Elas pertencem a um nível onde a
subjectividade passa a ser activa em função do seu relacionamento com o outro.
O objectivo da Etnologia é trazer à luz as leis universais que ligam o sujeito
com sujeito e sociedade com sociedade. Por exemplo, a fonologia ressaltou a
necessidade de se passar de estudo dos fenómenos conscientes da linguagem ao
dos inconscientes e a necessidade de descobrir o conjunto de leis universais da
comunicação linguística.
TRISTES
TRÓPICOS: Mais que um livro de viagem, é um clássico da etnologia (1955). Além
de trazer detalhes pitorescos das sociedades indígenas do Brasil, o livro
discute as relações entre Velho e Novo Mundo e o significado da civilização e
do progresso. Lévi-Strauss desloca parâmetros consagrados e questiona viajantes
e cientistas. O mundo dos cadiuéus, bororos, nhambiquaras e dos tupi-cavaíbas
revelam seus próprios estilos e linguagens.
ANTROPOLOGIA
ESTRUTURAL: Publicada em 1958, a obra reúne artigos que propõem um empréstimo
das teorias estruturalistas de Roman Jakobson, linguista que Lévi-Strauss
conheceu nos EUA, para renovar o método antropológico. Ela se divide em cinco
partes: Linguagem e parentesco; Organização social; Magia e religião; Arte; e
Problemas de método e de ensino. A obra será lançada pela Cosac Naify no dia
11.
O SUPLÍCIO DO
PAPAI NOEL: Um obra lançada pela editora Cosac Naify em 1952. Lévi-Strauss
parte da queima de um boneco de Papai Noel em Dijon, França, em 1951, para
analisar, por meio da antropologia estrutural, o significado das festas de fim
de ano, a comercialização das datas tradicionais e a influência norte-americana
nesse processo.
MITOLÓGICAS:
Composta por quatro obras - O Cru e o Cozido (1964), Do Mel às Cinzas (1967), A
Origem dos Modos à Mesa (1968) e O Homem Nu (1971) - a série analisa 813 mitos
de diferentes povos indígenas do continente americano.
DE PERTO E DE
LONGE: Em entrevista para o filósofo Didier Eribon em 1988, o antropólogo faz
um balanço sobre sua história pessoal, formação intelectual e conceitos-chave
de sua teoria.
HISTÓRIA DE
LINCE: Segundo Lévi-Strauss, essa obra (1991) é a última incursão pela
mitologia americana. Questões presentes em sua produção de mitólogo são
retomadas e esclarecidas.
SAUDADES DO BRASIL:
Obra de 1994 reúne fotografias feitas entre 1935 e 1939. Lévi-Strauss se deu conta
que poderia descrevê-las, localizando-as no tempo e no espaço, com auxílio da
memória afetiva. SAUDADES DE SÃO PAULO, de 1996, também tem um depoimento em
que se revisitam imagens de uma cidade onde o gado convivia com carros e
bondes.
OLHAR,
ESCUTAR, LER: De 1993, é escrita em tom de conversa, inteiramente dedicada à
arte.
O PENSAMENTO
SELVAGEM: No livro, de 1962, ele focaliza um traço universal do espírito humano
- o pensamento selvagem que se desenvolve tanto no homem antigo como no
contemporâneo.
O antropólogo
Claude Levi-Strauss deixou diversas obras, conforme citado acima, dedicou sua
vida a elaboração de modelos baseados na linguística estrutural, na teoria da
informação e na cibernética para interpretar as culturas, que considerava como
sistemas de comunicação, deixando contribuições fundamentais para o progresso
da Antropologia Social, morreu na noite de sábado, 31 de Outubro de 2009.
De acordo com
o estudo feito, concluímos que as pesquisas de Claude Lévi-Strauss iniciadas a
partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de
como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural
enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objectos etc. Nessa passagem,
o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do
cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma
razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.
Lévi-Strauss não vê o ser humano como um habitante privilegiado do universo,
mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua
existência quando estiver extinta.
CUNHA, Tito Cardoso.
Antropologia e filosofia: ensaios em torno de Lévi-Strauss / Tito Cardoso e
Cunha. Coimbra: Almedina, 2002.
LEACH, Edmund. Lévi-Strauss,
antropólogo y filósofo: l oso y el barbero / Claude Lévi-Strauss. Barcelona:
Editorial Anagrama,[1970]
LEACH, Edmund. Levi-Strauss.
[Paris] : Seghers, 1970.
LÉVI-STRAUSS, Claude. A oleira
ciumenta / Claude Lévi-Strauss ; trad. José António Braga Fernandes Dias.
Lisboa : Edições 70, 1987.
LÉVI-STRAUSS, Claude. A via
das máscaras / Claude Lévi-Strauss ; trad. Manuel Ruas; rev. Wanda Ramos. Ed.
revista e aumentada e acompanhada de três Excursões. Lisboa: Editorial
Presença, imp. 1981.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes
tropiques / par C. Levi-Strauss. Paris: Librairie Plon, 1955.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Vida e obra. São
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MAUSS, Marcel. Sociologie et
Anthropologie / par Marcel Mauss ; précédé d'une introd. a l'oeuvre de Marcel
Mauss par Claude Lévi-Strauss. Paris : Presses Universitaires de France, 1950.
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