INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE
INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ADMINISTRAÇÃO DE ENFERMAGEM
OS TUMORES
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE
INTEGRAÇÃO NACIONAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ADMINISTRAÇÃO DE ENFERMAGEM
OS TUMORES
ORLANDO ESTÊVÃO ANDRÉ PANZO
LEANDRO TEIXEIRA PAULO
ALBERTINA MASSI MASSIMUANGA
SABALO MANUEL JOÃO
MARIA LUÍSA TEIXEIRA
|
LUANDA
2016
SUMÁRIO
No presente
trabalho buscamos, com base em pesquisa bibliográfica, falar sobre a neoplasia um
termo referente à proliferação anormal de células, excessiva e descoordenada,
que não cessa após o término do estímulo inicial. Essa massa recebe o nome de
“neoplasma” e é o equivalente exacto de “tumor”, não havendo distinção entre os
termos, nesse trabalho será usado o termo neoplasia com mais frequência duque
tumor. A origem desse fenómeno é multifatorial, podendo pender mais para os factores
genéticos ou para os ambientais. Invariavelmente, o que ocorre é uma perda da
capacidade celular de controlar adequadamente sua proliferação e diferenciação.
Entretanto, detalhes acerca disso fogem do escopo desse trabalho por envolverem
complexos mecanismos celulares. (JONES et al., 2000).
Para fins tanto didácticos
quanto clínicos, os tumores podem ser vistos como órgãos: possuem um
parênquima, que contêm as células tumorais propriamente ditas, e um estroma,
formado por vasos sanguíneos, tecido conjuntivo vário e até mesmo macrófagos e
linfócitos. Enquanto o parênquima dita as consequências patológicas e o comportamento
tumoral, seu estroma é que possibilita e determina o seu crescimento. As muitas
combinações entre os dois caracterizam os tipos de tumores, abordados adiante.
Cancro é a denominação
genérica usada somente para tumores malignos, e originou-se devido a capacidade
de invadirem os tecidos vizinhos. O estudo das neoplasias é conhecido como
oncologia (onco= massa).
2.1
Neoplasia, conforme
já referimos acima, é um crescimento de células que proliferam automaticamente
sem controlo, se assemelham em grau variável, às células normais das quais se
originou, não possuem padrão ordenado de crescimento, não tem função útil ao
hospedeiro e decorre de diversas causas (JONES et al., 2000).
A maioria dos
tumores desenvolvem a partir de uma única célula transformada e portanto, são
clones da original (FRAGOSO, 2001).
Cancro pode ser
causado por macro e micro influências ambiental. Influências macros somente são
extrínsecas enquanto influências micro são intrínsecas. Influências macro ambientais
são: luz ultravioleta, radiação, química carcinogênica. As influências micro ambientais
incluem: dieta, alguns efeitos hormonais, factores genéticos e idade (WALLACE, 2002)
Cancro não é uma
doença única, mas uma colecção de doenças com a característica comuns de
crescimento descontrolado do tecido canceroso (CAMACHO, 2011)
Todas as neoplasias
são compostas de dois elementos básicos: um parênquima, de origem epitelial ou
mesenquimatosa, constituído pelas células neoplásicas e de um estroma não
neoplásico, de natureza fibrovascular, que proporciona a estrutura de sustentação
para o crescimento, o sangue e os nutrientes necessários para o sustento da
célula neoplásica (JONES et al., 2000).
As propriedades
genotípicas e fenotípicas de um tipo de uma neoplasia são características de
cada tecido em particular (FRAGOSO, 2001).
Os tumores são
nomeados de acordo com sua célula e tecido de origem, padrão de crescimento e
comportamento biológico, que é deduzido das relações histológicas conhecidas entre
certas características morfológicas e desfechos clínicos (JONES et al., 2000)
A divisão celular
rápida é uma característica de malignidade e o crescimento ocorre porque o
aparelho de regulamentação normal das células esta defeituosa em outras
palavras, há uma ruptura na homeostasia a nível molecular. As células tumorais
são ainda caracterizadas pela sua independência em estímulos externos
mitogênicos permitindo o crescimento acelerado e pela sua capacidade para
evitar parada no crescimento. Mecanicamente isso depende na activação de
oncogenes celulares (BANKS, 2009).
Os nomes da maioria
dos tumores terminam com o sufixo “oma”, que simplesmente significa tumor. Se
ao invés, “oma” está combinado o qualificador “carcino”, o termo significa
respectivamente uma neoplasia maligna podendo ser de células epiteliais ou mesenquimatosas
(JONES et al., 2000).
As células tumorais
que se espalharam a partir do tumor primário, mas não foi detectado pelos
métodos de diagnósticos actualmente disponíveis, são referidas como metástases
ocultas. As células cancerosas que sobrevivem à terapia anti-neoplasica são conhecidas
como cancro residual. Ambos podem permanecer dormentes por anos e de repente,
tornarem-se uma metástase clinicamente aparente (CAMACHO, 2011).
Uma observação a
ser feita é o teratoma, que é uma neoplasia que contém uma mistura aleatória de
elementos teciduais derivados de todas as três camadas germinativas (endoderma,
mesoderma e ectoderma) (JONES et al., 2000).
Os tumores benignos
e malignos têm dois componentes básicos: parênquima que é constituído por
células neoplásicas e estroma que é composto por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos.
A nomenclatura dos tumores é baseada na origem das células do parênquima.
Nas neoplasias
benignas acrescenta-se o sufixo ‘oma’ à célula de origem. Os tumores benignos
de células mesenquimais geralmente seguem esta regra. Por exemplo: neoplasia
benigna de fibroblasto é chamada de fibroma. Como toda regra há excepções,
linfoma, melanoma e mieloma múltiplo referem-se a neoplasias malignas.
A nomenclatura dos
tumores epiteliais benignos é baseada nas células de origem, arquitectura microscópica
ou padrão macroscópico. As neoplasias benignas com estruturas glandulares são chamadas
de adenomas e, papilomas são tumores epiteliais benignos que produzem projecções
epiteliais.
As neoplasias
malignas de origem mesenquimal recebem o sufixo SARCOMA (sarco =
carne) às células
de origem. Os tumores malignos de fibroblastos são chamados de fibrossarcomas. As
neoplasias malignas de origem epitelial recebem a denominação carcinomas. Os
tumores malignos com padrão glandular são chamados de adenocarcinomas.
Quadro 1: Nomenclatura dos
principais tumores benignos e malignos
ORIGEM
|
BENIGNO
|
MALIGNO
|
MESENQUIMAL
|
|
|
Fibroblasto
|
Fibroma
|
Fibrossarcoma
|
Tecido adiposo
|
Lipoma
|
Lipossarcoma
|
Osso
|
Osteoma
|
Osteossarcoma
|
Cartilagem
|
Condroma
|
Condrossarcoma
|
Vasos sanguíneos
|
Hemangioma
|
Hemangiossarcoma
|
Vasos linfáticos
|
Linfangioma
|
Linfangiossarcoma
|
Músculo liso
|
Leiomioma
|
Leiomiossarcoma
|
Músculo estriado
|
Rabdomioma
|
Rabdomiossarcoma
|
EPITELIAL
|
|
|
Projecções epiteliais
|
Papiloma
|
Carcinoma
|
Padrão glandular
|
Adenoma
|
Adenocarcinoma
|
O termo
diferenciação refere-se ao grau em que as células neoplásicas assemelham-se às
células normais. As neoplasias benignas apresentam células bem diferenciadas ou
seja, semelhantes às células do tecido de origem. As neoplasias malignas apresentam
células com grau variável de diferenciação. As células indiferenciadas são
também chamadas de anaplásicas.
As células
anaplásicas apresentam variação de tamanho e forma. As principais características
das células anaplásicas são:
a) Pleomorfismo;
b) Núcleo
hipercromático;
c) Relação
núcleo-citoplasma aumentada;
d) Aumento no
tamanho e número dos nucléolos;
e) Mitoses
atípicas.
Genericamente a
maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem
rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento
mais rápido que tumores malignos.
O ritmo de crescimento depende do tipo de
tumor e de alguns factores como suprimento sanguíneo e hormonal.
As neoplasias
benignas crescem por expansão, permanecendo no local de origem, sem infiltrar
ou invadir tecidos vizinhos ou provocar metástase para outros locais. As
neoplasias benignas são geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido
fibroso que delimita as margens do tumor.
Devido à cápsula,
os tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e móveis, passíveis de
enucleação cirúrgica. Entretanto, alguns tumores benignos são localmente
invasivos e recidivantes, como os ameloblastomas e mixomas.
As neoplasias
malignas são invasivas provocando destruição dos tecidos adjacentes e podendo
desenvolver metástase regional e à distância. Devido a essa característica
invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido
aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical. É preciso ressaltar que
alguns tipos de cancro evoluem de uma lesão inicial conhecida como carcinoma in
situ. Neste estágio as células tumorais estão restritas ao epitélio e não
romperam a membrana basal com consequente invasão do conjuntivo. As ressecções
cirúrgicas nesta fase são menores com um maior índice de cura.
Metástase é a
presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam
continuidade com o tumor primário. É a principal característica das neoplasias
malignas e a disseminação das células tumorais ocorre através dos vasos sanguíneos,
linfáticos ou cavidades corporais.
Todos os tipos de cancro
podem provocar metástases, com poucas excepções como o carcinoma basocelular de
pele e os gliomas (neoplasias de células gliais do SNC). O desenvolvimento de
metástase diminui de maneira acentuada a possibilidade de cura dos pacientes. As
principais vias de disseminação são:
Disseminação
através de cavidades e superfícies corporais:
Esse tipo de
disseminação ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavidade
natural, como a peritonial. Em casos de carcinomas de ovário não é raro que as
superfícies peritoniais fiquem revestidas por células neoplásicas. Outras
cavidades corporais podem estar envolvidas como a pleural, pericardial e
subaracnóide.
Disseminação
linfática:
As células tumorais
são transportadas pelos vasos linfáticos. É a via preferencial dos carcinomas,
e a menos frequente nos sarcomas.
Os gânglios
linfáticos regionais funcionam como barreiras contra a disseminação generalizada
do tumor, pelo menos por algum tempo.
Disseminação
hematogênica:
É a via de
disseminação mais utilizada pelos sarcomas, porém também pode ocorrer nos
carcinomas. As artérias são mais resistentes que as veias a invasão tumoral. Os
órgãos mais acometidos por essa disseminação são o fígado e o pulmão.
Quadro 2: Diferenças entre tumores benignos e
malignos
CARACTERÍSTICAS
|
BENIGNOS
|
MALIGNOS
|
Diferenciação
|
Bem-diferenciados
|
Indiferenciados
|
Ritmo de crescimento
|
Lento
|
Rápido
|
Invasão
|
Não invadem
|
Invadem
|
Mitoses
|
Raras e normais
|
Frequentes e atípicas
|
Metástase
|
Ausente
|
Presente
|
Com base no exposto
acima, concluímos que a actividade normal da célula depende da perfeita
integração entre as várias vias metabólicas. Grande parte desse metabolismo é
controlada pelos harmónios, lançados no sangue até os órgãos alvo.
Como as
necessidades de um determinado harmónio variam continuamente, torna-se
necessário que suas concentrações estejam sujeitas à regulação (GUYTON, 1991).
Quando há
descontrole da secreção hormonal, ocorre perda da homeostasia celular advindo
várias alterações, dentre elas o cancro. Os harmónios estão dentre os vários factores
indutores ou promotores da carcinogênese. Sejam endógenos ou exógenos, eles estimulam
a proliferação celular predispondo às alterações genéticas (HENDERSON &
FEIGELSON, 2000).
Os genes controlam
a hereditariedade e as actividades celulares dia-a-dia. O cancro é causado, na maioria
dos casos, por mutação ou activação anormal dos genes que controlam o
crescimento celular (LOURO, 2000), resultando em modificações progressivas da
biologia celular caracterizadas por alterações na proliferação, diferenciação e
na interacção das células com o meio extracelular (COTRAN et al., 2000).
BANKS, NORTH Introduction to small animals oncology 1
ed China Saunders Elservier
2009. pp. 65-71 e pp.144-159
COTRAN, R.S.;
KUMAR, V.; ROBBINS, S.L. Patologia estrutural e funcional. 6.ed. Rio de Janeiro
: Guanabara Koogan, 2000. 1400p.
EAST, L. M.;
SAVAGE, C. J. Abdominal neoplasia (excluding urogenital tract).: Equine
Practice, vol. 14: 3, p. 475-493, 1998.
FRAGOSO, F. S.
Abordagem do paciente com cancro e Síndrome Paraneoplásica. México. Agosto,
2001. pp.05-31.
GUYTON, A.C.
Tratado de fisiologia médica. 8.ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1991.
864p.
HENDERSON, B.E.;
FEIGELSON, H.S. Hormonal carcinogenesis. Carcinogenesis, v.21, n.3, p.427-433, 2000.
LOURO, I.D.
Oncogenética. Rev Soc Bras Canc, n.11, p.36-42, 2000.
WALLACE B. MORRISON Cancer – Medical and Surgical management
2.ed Hong-Kong Tetonnm 2002. pp. 31-37e 185
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