terça-feira, 19 de abril de 2016

DOENÇAS CUTÂNEAS - Trabalho de Administração de Enfermagem

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM


                                            




ADMINISTRAÇÃO DE ENFERMAGEM





DOENÇAS CUTÂNEAS























LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM









ADMINISTRAÇÃO DE ENFERMAGEM



DOENÇAS CUTÂNEAS




MARIANA JÚLIA M. ZUNZA
WILSON SAMUEL TCHIMBUANGULO
SUZANA FUAFUA
FREDERICO COSTA
REBECA MANUEL PONTES






Trabalho apresentado ao Curso de Enfermagem na disciplina de Administração de Enfermagem como requisito parcial para obtenção de notas.

Orientador: Dulce Rodriguez
 
 













LUANDA
2016
SUMÁRIO






 




As doenças cutâneas são uma série de problemas em que as manifestações são exclusiva ou predominantemente cutâneas. Embora algumas destas doenças possam ser pontuais ou banais, existem outras que podem ser graves repercussões em todo o organismo.

A pele é, por várias razões, um dos sectores do corpo mais afectado por lesões, problemas e doenças. Em primeiro lugar, é o órgão mais extenso do organismo humano. Em segundo lugar, como constitui uma barreira protectora contra vários elementos e factores ambientais, como é o caso dos microrganismos, das alterações climatéricas e dos raios solares, encontra-se naturalmente exposta aos seus efeitos nocivos. Em terceiro lugar, porque muitas das doenças gerais que afectam os órgãos internos podem igualmente originar manifestações cutâneas.

No entanto, para além de ser o órgão mais extenso e se encontrar exposto ao meio ambiente, a pele é o órgão mais facilmente observado, apresentando igualmente uma grande sensibilidade, o que faz com que as suas alterações e lesões não passem despercebidas.

Neste trabalho serão abordadas sobre doenças profissionais mas especificamente a as doenças cutâneas causadas por produtos industriais, medicamentos, produtos químicos e biológicos bem como as causadas por fungos.












Dermatose é um conjunto de doenças da pele, caracterizada por manifestações alérgicas persistentes, cujos sintomas de uma forma geral são formação de bolhas, coceira, inflamações e escamação da pele.

Para diminuir a ocorrência das crises deve-se identificar e evitar os agentes que causam irritação, hidratar a pele com frequência, evitar transpiração excessiva, tomar banho com água morna, reduzir situações de estresse, usar luvas de algodão para trabalhos domésticos e evitar vestir roupas de tecidos sintéticos.


Dermatose e dermatite não são necessariamente a mesma coisa, apesar de serem frequentemente confundidos.

A Dermatose é um termo mais amplo utilizado para designar as doenças de pele que são classificadas em Psoríase, Eczema, Acne, Urticária, dentre outras.

A dermatite, significa exclusivamente inflamação da pele e pode ser atópica, seborreica ou herpetiforme.


De acordo com o Regime Jurídico dos Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais Angolano, no Decreto n.º 53/05 de 15 de Agosto no artigo 6, são consideradas doenças profissionais a alteração da saúde patologicamente definida, gerada por razões da actividade laboral nos trabalhadores que de forma habitual se expõem a factores que produzem doenças e que estão presentes no meio ambiente de trabalho ou em determinadas profissões ou ocupações.


As dermatoses ocupacionais representam parcela ponderável das doenças profissionais. Sua prevalência é de avaliação difícil e complexa, sendo que grande número delas não chega às estatísticas e sequer ao conhecimento dos especialistas. Muitas dessas doenças são auto-tratadas, outras são atendidas no próprio ambulatório da empresa. Algumas chegam até o clínico e o especialista nos consórcios médicos que prestam assistência em regime de convénio com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Apenas uma pequena parcela destas dermatoses chega até os serviços especializados.

Atentando para esta situação, de fato torna-se extraordinariamente difícil avaliar, em toda a sua extensão, o número global de trabalhadores afectados. Tendo em vista este aspecto assaz complexo de avaliação quanto ao número real das dermatoses de causa profissional, podemos, mesmo assim, tomando dados estatísticos dos países industrializados, afirmar ser esta uma das causas mais comuns de doença profissional. Adams
(1981); Emmett (1983).

De salientar que é considerada, como já vimos na introdução, doenças cutâneas toda alteração de mucosas, pele e seus anexos que seja directa ou indirectamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na actividade profissional ou no ambiente de trabalho. (Ali, 1997).

A pele é a maior estrutura do nosso organismo e tem funções importantes na protecção
e na termorregulação do nosso corpo.

Estrutura e funções da pele e possíveis alterações de origem ocupacional:

ESTRUTURA
FUNÇÃO
ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

Camada córnea
Barreira contra agentes biológicos, físico e químicos
Descamação, fissuras, coloração, absorção percutânea
Epiderme: camada espinhosa e basal
Síntese de camada córnea, regeneração tecidual. absorção da luz solar
Dermatites de contacto, infecções, queimaduras, câncer cutâneo
Melanócitos
Absorção da radiação UV
Híper e hipo pigmentação, vitiligo, melanoma
Tecido conjuntivo
Protecção, reparo tecidual
Traumas, infecções, granuloma,
escarra, elastose, escleroderma
Células sensoriais e de Merkel
Percepção táctil
Neuropatias tóxicas
Células de Langerhans
Imunorregulação
Dermatite alérgica de contacto,
micose fungóide
Vasos e mastócitos
Nutrição e termorregulação
Choque térmico, urticária, eritema, dedos brancos
Glândulas sebáceas
Síntese lipídica, formação do manto lipídico, pH cutâneo
Erupções acneiformes cloracne,
furúnculos
Pêlos, ósteo folicular
Protecção, sensorial, estética
Foliculites, alopecia tóxica
Unhas
Função de garra e preensão de pequenos objectos
Distrofias, paroníquias, onicólises
Fonte: National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH).


Dois grandes grupos de factores podem ser enumerados como condicionadores de dermatoses ocupacionais:

·         Causas indirectas ou factores predisponentes;
·         Causas directas, constituídas por agentes biológicos, físicos, químicos existentes no meio ambiente e que actuariam directamente sobre o tegumento, quer causando a dermatose, quer agravando uma preexistente. Birmingham (1998).

Idade: trabalhadores jovens são menos experientes e costumam ser mais afectados por agirem com menor cautela na manipulação de agentes químicos, potencialmente perigosos para a pele. Por outro lado, o tegumento ainda não se adaptou ao contratante para produzir espessamento da camada córnea (Hardening), tolerância ou adaptação ao agente. Lammintausta e Maibach (1991).
Sexo: homens e mulheres são igualmente afectados. Contudo, as mulheres apresentam maior comprometimento nas mãos e podem apresentar quadros menos graves e de remissão mais rápida. Patil e Maibach (1994); Meding (2000). As mulheres, de um modo geral, apresentam melhor prognóstico em sua dermatose. Nethercott e Holness (1993).

Etnia: pessoas das raças amarela e negra são mais protegidas contra a acção da luz solar que pessoas da raça branca; negros apresentam respostas queloideanas com maior frequência que brancos. Existem diferenças raciais na penetração de agentes químicos e outras substâncias na pele. Trabalhadores da raça negra apresentam penetração de agentes menor que na raça caucasiana. A camada córnea da raça negra apresenta um maior número de camadas e a descamação espontânea desta camada é duas vezes e meio maior que nas raças branca e amarela. Weigand et al. (1974); Berardesca e Maibach (1996).

Clima: temperatura e humidade influenciam o aparecimento de dermatoses como piodermites, miliária e infecções fúngicas. Hosoi et al. (2000). O trabalho ao ar livre é frequentemente sujeito à acção da luz solar, picadas de insectos, contacto com vegetais, exposição à chuva e ao vento, bem como a agentes diversos potencialmente perigosos para a pele.

Antecedentes mórbidos e dermatoses concomitantes: portadores de dermatite atópica ou com diátese atópica são mais susceptíveis à acção de agentes irritantes, principalmente os alcalinos, e podem desenvolver dermatite de contacto por irritação. Toleram mal a humidade e os ambientes com temperatura elevada; portadores de dermatoses em actividade (eczema numular, eczema irritativo, dermatofitose, psoríase, líquen plano etc.) são mais propensos a desenvolver dermatose ocupacional ou terem sua dermatose agravada no ambiente de trabalho caso medidas protectoras específicas sejam negligenciadas.

Portadores de acne e eczema seborréico podem agravar sua dermatose quando expostos a solventes clorados, óleos, ceras e graxas. O seborréico poderá ter ainda sua dermatose agravada por poeiras resultantes do desgaste de material plástico e outros. O atópico deve evitar o trabalho em ambientes quente, húmido ou o contacto com óleos, graxas, ceras e outras substâncias químicas potencialmente irritantes. Portadores de eritema pérnio e de fenómeno de Raynaud não devem trabalhar manualmente com equipamentos que vibram em alta frequência, em ambientes frios ou em contacto com substâncias frias.

Condições de trabalho: o trabalho em posição ortostática, em trabalhadores predispostos, pode levar ao aparecimento da dermatite de estase, de veias varicosas, ou agravar as já existentes. Presença de vapores, gases e poeiras acima dos limites de tolerância pode ser factor predisponente, bem como a ausência de iluminação, ventilação apropriada e de sanitários e chuveiros adequados e limpos próximos aos locais de trabalho.

A não utilização de protecção adequada, ou sua utilização incorrecta, ou ainda o uso de Equipamento de Protecção Individual (EPI) de má qualidade e a não observância, pelo trabalhador, das normas de higiene e segurança padronizadas para a actividade que executa podem ter papel importante no aparecimento de dermatoses ocupacionais.







Factores de Risco:

Todos os trabalhos que exponham ao contacto com cimentos, como, por exemplo:

·         Fabrico, ensacagem e transporte de cimento às costas do homem;
·         Fabrico de aglomerados e pré-fabricados de cimento;
·         Emprego de cimento nos trabalhos de construção civil e obras públicas e congéneres.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Ulcerações cutâneas
·         Dermites eczematiformes de contacto ou traumáticas
·         Blefarite e conjuntivite


Factores de Risco:

Todos os trabalhos em que se obtêm, se utilizam ou se manipulam os cloronaftalenos ou haja libertação de vapores contendo cloronaftalenos, como, por exemplo:

·         Fabrico de vernizes;
·         Fabrico de massas para polimentos;
·         Fabrico de isolantes eléctricos;
·         Fabrico de matérias corantes;
·         Plastificação de resinas sintéticas.
·         Preparação de fluidos hidráulicos.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Acne
·         Hepatite tóxica


Factores de Risco:

Todos os trabalhos em que se obtém ou utiliza o crómio e seus compostos tóxicos, como, por exemplo:

·         Fabrico de pigmentos corantes por meio de cromatos ou bicromatos alcalinos;
·         Cromagem electrolítica de metais;
·         Fabrico de aços inoxidáveis;
·         Tanagem ao crómio;
·         Fotogravura;
·         Curtimento ao crómio de peles;
·         Emprego de cromatos ou bicromatos alcalinos como mordentes em tinturaria;
·         Envernizamento (em trabalhos de marcenaria) à base de crómio.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Ulcerações ou perfurações do septo nasal
·         Ulcerações cutâneas
·         Dermites eczematiformes de ontacto ou traumáticas


Factores de Risco:

Todos os trabalhos que impliquem manipulação de madeiras exóticas, designadamente na sua obtenção, transporte, preparação e utilização.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Dermites eczematiformes de contacto ou traumáticas
·         Urticária
·         Conjuntivites



Doenças ou outras manifestações clínicas:

Todos os trabalhos que exponham ao contacto com a estreptomicina ou seus sais, como, por exemplo, produção, acondicionamento e aplicação dos mesmos produtos.

Factores de Risco:

·         Dermites de contacto


Factores de Risco:

Todos os trabalhos que exponham ao contacto com a penicilina ou seus sais, como, por exemplo, produção, acondicionamento e aplicação dos mesmos produtos.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Dermites de contacto
·         Urticária






Factores de Risco:

Preparação, emprego e manipulação de alérgenos cutâneos ou de produtos que os contenham.
Preparação, emprego e manipulação de irritantes cutâneos ou de produtos que os contenham.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Dermites de contacto
·         Ulcerações cutâneas
·         Dermites traumáticas


Podem causar dermatoses ocupacionais ou funcionar como factores desencadeantes, concorrentes ou agravantes. Os agentes biológicos mais comuns são bactérias, fungos, leveduras, vírus e insectos.

As más condições de higiene pessoal, associadas aos traumatismos e ferimentos de origem ocupacional, podem ser factores agravantes, causando complicações bacterianas como foliculites, impetigo etc. Como dermatoses ocupacionais propriamente ditas, mencionam-se o erisipelóide de Rosenbach, nos manipuladores de carne animal, e o antraz, nos manipuladores de couros de animais, pêlos de gato, de camelo. Health and Safety Executive (1979); Meneguini (1987).

Vírus: várias actividades podem causar infecções ocupacionais, dentre elas dentistas, profissionais da área da saúde, veterinários, ordenhadores, (nódulo dos ordenhadores), açougueiros e outros que estão em contacto directo e frequente com animais e carne de animais infectados. Merchant (1982); Vandermissen et al. (2000); Sartori-Barraviera et al. (1997).

Insectos: Picadas por vespas e abelhas em pessoas que trabalham em ambientes externos. Mariposas do género Hylesia (Lepidóptera: Hemileucidae) aparecem em grande quantidade em determinadas épocas do ano e à noite sobrevoam locais iluminados e liberam material (“flexas”) que penetram na pele exposta de trabalhadores e outros causando lesões eritêmato-pápulo pruriginosas que evoluem no período de uma a duas semanas. Glasser et al. (1993).



Factores de Risco:

Trabalhos executados em matadouros, estábulos, aviários, lojas e exposições de animais, canis, hospitais veterinários, laboratórios, biotérios ou quaisquer outros que impliquem contacto com animais domésticos ou selvagens, com as respectivas peles, penas ou outro material infectado a partir daqueles.

Trabalhos efectuados em estabelecimentos de barbeiro e cabeleireiro, escolas, infantários, hospitais, dispensários, fábricas, piscinas ou quaisquer outros que impliquem contacto com doentes de dermatofitias (tinhas) ou objectos como pentes, escovas, tesouras, roupas, louças, estrados de chuveiros, etc., por eles contaminados, ou ainda trabalhos executados em ambiente quente e húmido ou que impliquem o uso de vestuário ou calçado que provoquem sudação excessiva e consequente maceração cutânea.

Trabalhos executados por trabalhadores rurais, jardineiros, cantoneiros ou outros indivíduos que manuseiem a terra.

Doenças ou outras manifestações clínicas:

·         Dermatofitias cutâneas da barba, do courto cabeludo e das unhas.












Após a apresentação dos argumentos propostos defende-se que o acidente do trabalho gera consequências de ordem material para o trabalhador, todavia a avaliação dos prejuízos sofridos pelo obreiro deve ir além da esfera material, recaindo também sobre as consequências sociais que este passou a sofrer após a ocorrência do acidente.

O trabalho conclui que a organização do ambiente laboral, bem como o acesso aos meios de protecção e prevenção de doenças deverão ser observados por ambos, empregados e empregadores, sendo deste a responsabilidade por danos oriundos de infortúnios laborais, quando não observadas às determinações legais para a garantia de um meio ambiente do trabalho seguro e sadio.








ADAMS RM. High-risk dermatoses. J Occup Med.1981;23:829-34.

ALI, Salim Amed. Dermatoses ocupacionais. 2ª Edição, Fundacentro, São Paulo, 2009

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LAMMINTAUSTA K, Maibach HI. Contact dermatitis due to irritation. In: Adams, RM. Occupational skin disease. 2ª ed. Philadelphia: WB Saunders Co.; 1990. p. 11.

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NETHERCOTT JR, Holness DL. Disease outcome in workers with occupational skin disease. J Am Acad Dermatol. 1993;30(4):569-74.

REPÚBLICA DE ANGOLA, Regime Jurídico dos Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, EAL, Edições de Angola, Luanda. 2012.

PATIL S, Maicbach HI. Effect of age and sex on the elicitation of irritant contact dermatitis. Contact Dermatitis. 1994;30:257-64.

VIEIRA, S. I. Acidentes do trabalho e em serviço, doenças profissional e do trabalho. Florianópolis, 1997.



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