INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ENFERMAGEM EM DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
ITS PROVOCADAS POR AGENTES ECTOPARASITAS
- PEDICULOSE PUBIANA
CRISTINA LUENO MARTINS
EDNA CORREIA FORTUNATO
GRACIETH BENTO
HENRIQUES PEDRO SERAFIM
JOÃO JOSÉ CASSULE
MADELENA FRANCISCO
REBECA MANUEL MARCOS PONTES
|
LUANDA
2016
SUMÁRIO
No presente
trabalho, no âmbito das infecções sexualmente transmissíveis (IST), vamos falar
sobre os agentes ectoparasitas, isolando assim o nosso estudo na patologia denominada
pediculose pubiana. A pediculose é uma doença dermatológica parasitária
decorrente da infestação por piolho. É desencadeada no homem por três tipos de
parasitas, sendo eles: Pediculus humanus capitis, ou piolho de cabeça; o
Pediculus humanus corporis, ou piolho do corpo; e o Phthirus pubis, piolho da
região pubiana, vulgarmente conhecido como chato. Estes parasitas alojam-se na
base dos pelos, onde depositam seus ovos.
A manifestação
clínica é variável para cada hospedeiro, podendo ser assintomática ou
polissintomática, apresentando-se inicialmente na forma de coceira e irritação,
podendo provocar lesões na pele, predispondo a infecções bacterianas
secundárias.
Infecções
sexualmente transmissíveis também conhecidas por IST, são doenças infecciosas
que se transmitem essencialmente (porém não de forma exclusiva) pelo contacto
sexual. Antigamente eram denominadas de doenças venéreas. O uso de preservativo
(camisinha) tem sido considerado como a medida mais eficiente para prevenir a
contaminação e impedir a sua disseminação.
Ectoparasita
(também chamado de exoparasita) é uma classificação de parasitas do ponto de
vista da repartição topográfica no corpo dos hospedeiros. São designados por
ectoparasitas ou parasitas externos os tipos de parasitas que se instalam fora
do corpo do hospedeiro, como no caso de piolhos, ácaro vermelho, pulgas,
carrapatos, sanguessugas e algumas espécies de lampreia. Podem também ser
causados por vírus, manifestado em uma espécie de animais.
A pediculose
pubiana, conhecida popularmente como chato, é uma doença contagiosa causada
pelo insecto parasita Phthirus pubis,
chamado também de piolho-do-púbis. A pediculose pubiana é uma infecção
semelhante a que ocorre no couro cabeludo quando infestado por piolhos.
O nome
piolho-do-púbis não surgiu à toa, pois o Phthirus pubis é um
insecto parasita da mesma família do Pediculus humanus capitis, o
famoso piolho que infesta o couro cabeludo.
O Phthirus pubis é
um ectoparasita, ou seja, um parasita que vive do lado de fora do nosso
organismo, ao contrário, por exemplo, dos vermes intestinais, que são endoparasitas,
que vivem no interior do nosso corpo.
O Phthirus pubis é
um piolho de mais ou menos 1 mm de diâmetro, com o formato parecido com um
caranguejo, daí o seu outro apelido: piolho-caranguejo. Ele é transluzente,
sendo muito difícil de ser identificado a olho nu, a não ser que tenha se alimentado
há pouco tempo, estando cheio de sangue.
O tempo de vida da
fêmea deste piolho é de 4 semanas, período em que chega a pôr cerca de 30 ovos
(lêndeas). Cada ovo demora em torno de 1 semana para eclodir e dar vida a novos
piolhos.
Os piolhos-caranguejo
são insectos parasitas que passam toda a vida nos pelos do hospedeiro
alimentando-se exclusivamente de sangue de quatro a cinco vezes por dia. O
ciclo de vida do ovo ao adulto varia de 22 a 27 dias. Os ovos eclodem,
produzindo seu primeiro estágio ninfal que após três mudas evolui para ninfa 1,
ninfa 2 e subsequentemente para fêmea ou macho adultos. O período de incubação
do ovo varia de sete a oito dias, enquanto o resto do ciclo é finalizado com o
desenvolvimento dos estágios ninfais. A vida média de uma fêmea adulta é de 17
dias, e a de um macho adulto, de 22 dias.
A pediculose
pubiana é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Como a sua
transmissão é feita através de contacto directo entre pelos pubianos durante o
ato sexual, o uso de camisinha não impede a transmissão, pois o mesmo só
recobre o pénis, deixando toda a região púbica exposta.
O chato pode ser
transmitido de outras formas que não a via sexual, mas é bem menos comum. Casos
de transmissão não sexual podem ocorrer entre pessoas que partilham objectos
contaminados, como toalhas, roupas e roupa de cama.
O Pthirus pubis não
pula e não voa. Para haver transmissão é preciso contacto intimo entre as
regiões púbicas para que o piolho consiga passar de um pelo para outro. O
piolho-do-púbis não infesta cães, gatos ou outros animais peludos, não sendo
estes, portanto, focos de transmissão da doença.
Os
piolhos-caranguejo geralmente infestam um novo hospedeiro somente com o contacto
próximo entre os indivíduos. O contacto sexual entre adultos e as interacções
pais-filhos são vias mais comuns de infestação do que a partilha de toalhas,
roupas, camas ou armários. Os adultos são infestados mais frequentemente do que
as crianças.
A pediculose
pubiana não apresenta dados populacionais em Angola.
A classificação
abaixo procura relacionar as principais ITS com o agente etiológico Ectoparasita.
·
Phthirus
pubis: pediculose do púbis.
·
Sarcoptes
scabiei: escabiose.
Os sintomas do
chato costumam surgir uma semana após o contágio. O principal sintoma é uma
intensa coceira na região púbica. Uma sensação de queimação nesta região também
é comum. Se o piolho estiver presente em outras áreas do corpo, elas também vão
coçar. A coceira é mais intensa durante a noite e o ato de coçar freneticamente
pode provocar feridas na pele. Alguns pacientes podem também ter linfonodos
aumentados na região das virilhas.
Pequenas manchas
escuras de 0,5 a 1 cm podem surgir em pessoas com intensa e prolongada
infestação. Elas ocorrem por reacção da pele à saliva do pilho, que contém
substâncias anticoagulantes. Alguns pacientes podem também ter linfonodos
aumentados na região das virilhas.
De uma forma mais
detalhada podemos ordenar o quadro clínico desta infecção da seguinte maneira:
·
Os sintomas surgem de 1 a 2 semanas
após a infestação ou em menor tempo, se o paciente apresentou infestação prévia
pelo piolho.
·
Prurido intenso é a principal queixa
do paciente.
·
O piolho adulto e as lêndeas são
encontrados fixados aos pêlos pubianos e também nas regiões pilosas do abdómen
inferior, coxas e nádegas.
·
Ocasionalmente, o piolho adulto pode
ser encontrado nas axilas, pálpebras e supercílios.
·
Lesões de urticária, vesículas e
máculas pigmentadas (azuladas) podem ocorrer após as picadas dos piolhos.
A infestação por
chatos geralmente é identificada pelo exame minucioso dos pelos púbicos a
procura de lêndeas, ninfas e adultos. Piolhos e lêndeas podem ser removidos com
o auxílio de uma pinça ou com a ajuda de uma tesoura para cortar o pelo infestado
ou remédios específicos. Uma lupa ou estereoscópio podem ser utilizados para
uma identificação precisa.
Por serem de fácil
transmissão, se os piolhos-púbicos forem detectados em um membro da família,
toda a família precisa ser verificada na teoria. A prática representa que todos
os co-habitantes de um mesmo lar em que haja infestação do insecto devem ser
examinados e tratados.
A intensa coceira no
couro cabeludo pode ocasionar feridas que são portas abertas para infecções
bacterianas, como impetigo, além do aparecimento de adenomegalias (aumento dos
gânglios) cervicais.
A pediculose púbica
pode ser tratada com medicamentos semelhantes aos usados no tratamento do
piolho de cabeça. Como o Pthirus pubis é um insecto, o seu tratamento é feito
com loções que contenham inseticidas aptos para serem usados na pele humana,
como a Permetrina ou a Piretrina.
Habitualmente, o
creme ou a loção são aplicados em áreas de pelos e enxaguados após 10 minutos.
Deve-se evitar contacto dos insecticidas com mucosas, como a glande ou vagina.
Assim como nos piolhos da cabeça, o piolho-do-púbis e suas lêndeas podem ser
removidos manualmente.
Ivermectina por via
oral pode ser uma alternativa de tratamento, caso as loções não surtam o efeito
desejado.
Roupas e toalhas
devem ser lavadas com água quente, para evitar a transmissão para outras
pessoas ou recontaminação do paciente.
IST em uma
população onde exista prevalência de monogamia e religiões que priorizam o
matrimônio. Discutir sobre uso de preservativos e doenças sexualmente transmissíveis
ainda apresenta barreiras, especialmente para mulheres grávidas, que revogam o
uso do preservativo por considerarem desnecessário durante a gestação. O profissional
enfermeiro deve utilizar intervenções educativas que promovam o conforto e
liberdade para discussão do tema entre a população-alvo, alertando sobre
práticas sexuais seguras inclusive no período gestacional motivando o interesse
e aplicação do conhecimento adquirido pelos pacientes atendidos para que estes
utilizem o novo aprendizado.
Um estudo realizado
em duas universidades demonstrou que uma supremacia das mulheres ainda sentem bloqueios
em solicitar ao parceiro que utilize preservativo e a maioria relatou outrora,
histórico de alguma IST. Actualizar o conhecimento, adianta questões as quais
as respostas não são exactamente claras ao momento. O enfermeiro que educa
sobre as IST, impulsiona relações de confiança com os pacientes e atenua
eventuais preocupações.
O paciente deve
conhecer as opções de tratamento e ter as informações necessárias sobre as
infecções transmitidas sexualmente. É preciso que tanto a paciente quanto o(s)
parceiros sexuais reúnam o conhecimento empírico com o recém-adquirido para que
o profissional de saúde articule meios para um tratamento apropriado para casos
específicos e generalizados de forma eficaz e compatível como normatiza a
secretaria de saúde de cada município.
A implantação de
unidades básicas da família em áreas carentes e rurais por enfermeiros coopera
para a monitoração e acompanhamentos dos pacientes sujeitos a tricomoníase,
aumentando a disponibilidade do exame Papanicolau, interferindo no ciclo do
parasito e aumentado a cobertura de usuárias beneficiadas. Mesmo com a
Estratégia Saúde da Família, a adesão de usuárias em fase sexual activa é
baixa, fato que pode ser explicado devido aos mitos relacionados à monogamia e
baixo conhecimento sobre a tricomoníase.
O tratamento da
parasitose deve ser acompanhado pela equipe de enfermagem, que deve atentar-se
aos factores carcinogênicos que podem ser instalados devido ao uso do fármaco
metronidazol, bem como o surgimento de cepas resistentes (LIMA, 2013).
A única forma de
evitar a pediculose pubiana é impedir o contacto com os piolhos e a fixação das
lêndeas. Podemos também nos prevenir da pediculose pubiana se adoptarmos os
seguintes hábitos:
·
Trocar de roupas diariamente. Fazer o
mesmo com a roupa de cama e de banho todos os dias;
·
Lavar as roupas em água quente ou
mandar lavá-las a seco se não puderem ser imersas em água;
·
Procurar certificar-se de que todas as
pessoas da família estão tomando os mesmos cuidados;
·
Não se esquecer de repetir a aplicação
do remédio sete dias depois da primeira aplicação, em caso de diagnóstico
positivo da pediculose pubiana.
Este trabalho nos
mostrou que a maioria das infecções sexualmente transmissíveis, como é o caso
da pediculose, é uma infecção que pode ser facilmente evitada com hábitos
simples, considerados acima. De uma forma geral, o acompanhamento regular nos
serviços de saúde reduzem o risco de IST, incluindo a pediculose pubiana, e
suas complicações. Portanto, a adesão é fundamental para a efectividade do
tratamento.
3.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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S. ; GRYSCHEK, R. C. ; TUON FF . Parasitologia - Uma abordagem clínica. 1. ed.
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LIMA, GERALDO
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Editora de Projetos Médicos. São Paulo-SP.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Protocolo Clínico e Directrizes Terapêuticas,
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MINISTÉRIO DA
SAÚDE, Protocolo Clínico e Directrizes Terapêuticas para Atenção Integral às
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, Orientações para o
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