INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
TERAPÊUTICA
MUSICOTERAPIA
LUANDA
2016
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO
INOCÊNCIO NANGA (ISPIN)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
TERAPÊUTICA I
MUSICOTERAPIA
ELIZABETH MANUEL SEBASTIÃO
|
LUANDA
2016
SUMÁRIO
O presente trabalho
apresenta um estudo bibliográfico reflexivo sobre algumas possibilidades de
entendimento da música na Musicoterapia. A partir dos aportes filosóficos
descritos pelos autores pesquisados, o entendimento sobre música torna-se um
diferencial e um fundamento para o entendimento da Musicoterapia. Dos
pensamentos da antiga Grécia aos dias actuais manteve-se a coerência aos aspectos
complexos da música e na musicoterapia preserva-se a unicidade homem/música.
Discorre-se assim sobre música em musicoterapia como um exercício de filosofia.
De acordo com a
definição da World Federation of Music Therapy, Musicoterapia é a utilização da
música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) pelo
musicoterapeuta e pelo cliente ou grupo, em um processo estruturado para
facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização,
a expressão e a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva),
para desenvolver potenciais ou recuperar funções do indivíduo de forma que ele
possa alcançar melhor integração intra e interpessoal e consequentemente uma
melhor qualidade de vida.
Segundo
a Canadian Association for Music Therapy a musicoterapia é “a utilização da
música para auxiliar a integração física, psicológica e emocional do indivíduo
e para o tratamento de doenças ou deficiências. Ela pode ser aplicada a todos
os grupos etários em uma grande variedade de settings. A música possui a
qualidade de ser não verbal, mas oferece muitas oportunidades para a expressão
oral e verbal. Como membro de uma equipe terapêutica, o musicoterapeuta
participa da avaliação das necessidades do cliente, da formulação da abordagem
e do programa terapêutico, desenvolvendo então actividades musicais específicas
para alcançar os objectivos. A natureza da musicoterapia enfatiza uma abordagem
criativa no trabalho terapêutico, possibilitando uma abordagem humanista e
viável que reconhece e desenvolve recursos internos geralmente reprimidos do
cliente. Os musicoterapeutas desejam ajudar o indivíduo a mover-se em direcção
a uma maior autoconsciência e, em um sentido mais amplo, a levar cada ser
humano ao seu maior potencial”. (BACKES, 2003, p.39)
É importante
enfatizar que a música não é um curativo eficaz em si mesmo, mas que seus
efeitos terapêuticos resultam de uma aplicação profissional durante um processo
terapêutico.
A palavra música
tem por etimologia latina, música e grega mousikè. Com a base grega é possível
perceber que existem vários significados. Primeiro ela está relacionada com as
Musas: “deusas protectoras da educação e por extensão aos termos poesia e
cultura geral”; depois considera-se o contrário “(a-mousos, não musical)
refere-se às pessoas incultas e ignorante”; também é associado a um sentido
mais convencional, música: “se refere aos ensinos específicos da área”; pode
ser associado a um “sinónimo de filosofia”; e também pode ser associado ao
verbo “manthanein, ‘aprende’, que por
coincidência é também o verbo do qual se origina a palavra +matemática’”
(TOMÁS, 2005, p. 13-14).
A compreensão deste
termo mousikè na cultura grega
dava-se de modo complexo por estar directamente integrada a outras áreas de
conhecimento como: “a medicina, a psicologia, a ética, a religião, a filosofia,
e a vida social” (Ibid., p. 13). Como conceito compreendia: “um conjunto de actividades
bastante diferentes, as quais se integravam em uma única manifestação: estudar
música na Grécia consistia também em estudar a poesia, a dança, e a ginástica”
(Ibid., p.13). É importante esclarecer que os saberes acima descritos não eram
entendidos como áreas separadas, mas sim, eram pensadas “simultaneamente e que
seriam, assim, equivalentes. Todos esses aspectos, quando relacionados com a
música tinham uma igual importância e, portanto, não existia uma hierarquia
entre eles” (Ibid., p. 13).
Entender o conceito
de música passa pelo entendimento desta etimologia. Considerando que na
sociedade grega a música era muito importante por “suas conexões com outros
campos do saber [que] ultrapassavam em muito o sentido comum do que se entende
por música, isto é, como um fenómeno audível que pode ser percebido sensorialmente”
(Ibid., p.13). Para eles as segmentações de saberes não se faziam necessárias,
mas sim, a integração e construção destes saberes com o quotidiano, com o modo
de vida por estarem relacionados com a formação integral da pessoa.
A música assim
acontecia pela construção do conhecimento específico da área e sua integração
ao conhecimento total ao mesmo tempo. Era entendida, deste modo, tanto pelo
conceito de ‘metafísica da harmonia’ (pensamento pitagórico) e seu desdobramento
para ‘música conceitual’ (pensamento platónico) como de ‘música’, sons audíveis
(pensamentos pitagóricos, platónicos e aristotélicos integrados à formação do carácter).
O entendimento
sobre harmonia dava-se de forma diferente do que existe hoje. Esta palavra
tinha por significado ‘ajustes’ e ‘junções’ e era aplicada a muitos temas quando
se queria expressar a “união de coisas contrárias ou de elementos em conflito
organizados como um todo”. De modo metafísico música relacionava-se à prática
musical, à afinação dos instrumentos e representava “equilíbrio físico e
mental” (Ibid., p. 17). O aspecto metafísico da harmonia, ou seja, o
entendimento da música de modo não audível vem como um contra ponto ao ambiente
dualista manifestado na música entendida sensorialmente (música audível)
presente nos aspectos éticos educativos.
“Pitágoras,
por exemplo, partindo de uma ideia dos antigos egípcios, desenvolveu uma teoria
segundo a qual cada planeta, movendo-se no espaço, emitia um determinado som.
Cada som correspondia a uma nota, e todas elas, em conjunto, formariam uma
escala, constituindo a música das esferas, que reflectiria a ordem universal”
(JEANDOT, 1997, p.13).
A música e o ritmo
são espelhos das estruturas cósmicas. O ritmo é o equilíbrio que permite
expressar as emoções, é a base de todo o movimento humano no espaço, inclui a
música. Estar em equilíbrio é respeitar a dinâmica rítmica do universo.
“Nosso ritmo
interage permanentemente com o concerto cósmico de batimentos e pulsações:
estamos em sintonia com a música das esferas” (FREGTMAN, 1987, p.27).
Assim, todo o
Universo é vibração que segue uma ordem de frequência, se apresentando como
escuridão, luz, cor, som e forma.
Após essa caminhada
do início do século XIX até a segunda metade do século XX já não se usa o termo
‘terapêutica musical’ e sim ‘musicoterapia’. Os primeiros princípios na
construção da teoria da Musicoterapia foram descritos por Gaston (1968) como
sendo:
1 – O
estabelecimento ou restabelecimento das relações interpessoais: a justificativa
para este princípio baseou-se na qualidade da música como instrumento para a
inserção social. “A música dia a dia em quase todas as culturas, tem sido uma
das actividades grupais que mais satisfação deu, não só por sua atracção
sensorial única, mas porque era, e é, comunicação não verbal” (GASTON, 1968, p.
15 grifo do autor). Deste modo o trabalho da musicoterapia enfatiza a
característica da música como (re)integradora em actividades sociais.
2 – a obtenção
da autoestima mediante a autorealização: este segundo princípio está directamente
relacionado com o primeiro. Uma interacção social se faz a partir da autoestima,
pois, ela é “a confiança e a satisfação consigo mesmo” (Ibid., p 17). As
actividades musicais vêm ao encontro deste exercício de autorealização por ser
uma acção compartilhada com o musicoterapeuta e demais integrantes de um grupo.
Para tanto faz necessário certo grau de competência.
3 – o emprego do
poder singular do ritmo para dotar de energia e organizar: este elemento
musical, o ritmo permite colocar a energia em movimento ao mesmo tempo em que
organiza. “Constitui o elemento mais potente e dinâmico da música (...) faz
mover a engrenagem” (Ibid., p 17). Na musicoterapia é possível induzir e
modificar a conduta de modo suave, insistente e dinâmico em uma relação desprovida
de temor, com confiança e satisfação em si mesmo.
A importância de se
fundamentar o entendimento do fenómeno da experiência musical na prática
clínica foi intensificada por Gaston. Ele denominou de ‘fundamentos da musicoterapia’:
(...)
se quisermos apreender a música enquanto forma essencial do comportamento
humano haveremos de assegurar as bases da musicoterapia. Esta disciplina para
formar sua estrutura conceitual teórica necessita em grande medida de uma base
tal, que esteja de acordo com os conceitos biológicos e psicológicos. (...)
requer um conhecimento multidisciplinar (...) estreitamente vinculada às
ciências da conduta e todas as disciplinas científicas (...) há de ser uma
[teoria] que seja do comportamento, lógica e psicológica (GASTON, 1968, p.25).
Este pesquisador
sugere um caminho a seguir para o enriquecimento e desenvolvimento da
Musicoterapia: entender a Música para além do que os livros já haviam descrito
(tratados de harmonia, melodia, história etc.). Assim considerar que: se
quisermos apreender a música enquanto forma essencial do comportamento humano
haveremos de assegurar as bases da musicoterapia (GASTON, 1968.) era uma
hipótese viável ao mesmo tempo em que se aproxima da totalidade inerente ao
conceito de Mousikè. Um desdobramento destes fundamentos traçados está
presente em construções teóricas subsequentes descritas na musicoterapia
criativa.
A vida moderna
exige cada vez mais do homem ocidental e não só, devido aos estilos de vida em
que a ambição pessoal o torna vulnerável ao stress, tão comum em nossa sociedade.
Devido a isso, é necessário buscar o reequilíbrio pessoal. Nessa atitude de
reequilíbrio a música tem papel fundamental, através da meditação e do relaxamento
com canções melodiosas, músicas clássicas e a música meditativa, por apresentarem
ritmos lentos, suaves, relaxantes e em razão dos movimentos dos elementos
biológicos da nossa existência: respirar, correr, andar e a pulsação cardíaca.
Para que o
organismo humano adquira o reequilíbrio é interessante examinar três áreas, que
são tratadas no holismo: o corpo, a mente e o espírito.
“O
que chamamos espírito, claro, é algo de difícil definição e significa coisas
diferentes, entretanto, dentro do paradigma da saúde, representa o que muitos
terapeutas holísticos consideram o alicerce do nosso ser – a verdadeira base de
nossa existência. É caracterizado não pela linguagem da análise científica, mas
pela metáfora poética e símbolo de transcendência – motivos que apontam o
caminho para o sagrado e para o infinito” (DRURY, 1990, p.37).
Diante desses três
elementos – corpo, mente e espírito -, onde a música pode actuar é que
alcançaremos as respostas necessárias para o nosso equilíbrio e bem-estar pessoal.
Ouvimos através do
corpo. Muitas pessoas sentem-se fracas ao ouvir determinada nota tocada
isoladamente, mas no conjunto da harmonia, onde diversas notas ecoam ao mesmo
tempo, se misturam as outras e quase não a percebemos. Essa mesma postura
adquire um solista que ao tocar necessita de uma técnica apurada para que sua
interpretação não apresente ruídos desagradáveis, “sujeiras”.
De acordo com o
teste do Dr. Diamond, o músculo ficará “forte” se for tocada música “boa” para
o paciente – mesmo com seus ouvidos bloqueados com travesseiros ou material
“fono-absorvente”. Isso demonstra que o corpo pode discriminar sons benéficos
dos prejudiciais, e as vibrações musicais feitas por instrumentos ou por vozes
podem ter um efeito positivo ou negativo sobre o corpo.
“A música apresenta
um canal directo para as emoções, estimula à intuição, à imaginação, à
criatividade o que é objecto de estudo de musicólogos e terapeutas. O objectivo
da musicoterapia é cuidar de pessoas com alguns distúrbios mentais, atingir as
faculdades cognitivas, os pensamentos, a memória. Assim, a música certa pode
orientar o paciente quando mais nada lhe restar. Doenças diferentes requerem abordagem
musical diferente” (DRURY, 1990, p.35).
A Dra. Helen Bony,
do Institute For Consciousness and Music, nos EUA, utilizou a música de
diversos compositores clássicos famosos, inclusive Bach, Haydn, Vivaldi,
Debussy e Bizet, programas de redução de stress para pacientes de hospitais nas
unidades de terapia intensiva por dois períodos de seis meses, e demonstraram
que o “apaziguamento do ânimo” induzido pela música acarretava nos pacientes
uma redução mensurável da pulsação, depois de terem ouvido uma selecção
musical.
Como já foi dito no
primeiro capítulo, o planeta está carregado de energias negativas, sendo elas,
às vezes, as responsáveis pelos desequilíbrios emocionais e físicos, em
decorrência dos desarranjos ambientais, políticos, religiosos que tanto atingem
esse mundo globalizado, energias reprimidas não desaparecem, ficam presas em
nosso corpo, reaparecem no tecido muscular, provocando tensão muscular e
“doenças psicossomáticas” como: dores de cabeça, stress e outras. É preciso
deslocar essas energias com o uso de terapias e mentalização.
“O terapeuta Dr.
Steven Halpern – um dos músicos da New Age e um erudito das formas musicais – adoptou
um referencial que utiliza o conceito de Chakras. Isto representa um sistema de
níveis de energia no Yoga, mas o Dr. Halpern modificou-o para correlacionar com
as notas da escala musical e as cores do arco-íris” (WATSON, 1987, p.37).
Várias terapias,
como o Reiki e a cromoterapia se utilizam os chakras como base para
diagnosticar e cuidar dos males que atingem o corpo físico e o espiritual. Através
de gestos que podem ser incorporados do dia-a-dia é possível activar esses pontos
de energia, buscando a harmonização do corpo e da alma.
O homem
contemporâneo percebeu que era preciso fazer algo que o fizesse mais feliz. Que
o material e o espiritual precisam caminhar juntos, em sintonia, e descobriu
nas terapias uma saída para ajudá-lo espiritualmente. Seus fracassos, dificuldades,
conflitos e a relação interpessoal precisam ser restabelecidos para que sua
vida tenha realmente um sentido.
A doença ou o mal-estar
reflecte um estado de desequilíbrio no organismo; cooperamos, às vezes, para
esse desequilíbrio devido ao nosso estilo de vida ou as nossas crenças e, se
temos o poder de perturbar o nosso organismo, também, temos para corrigi-lo. O
nosso organismo é como uma máquina, um carro, em que todas as peças precisam
estar em perfeitas condições de uso; assim como na correlação de notas, cores,
chakras e glândulas descrito pelo Dr. Halpern. O ideal seria que todos esses itens
funcionassem perfeitamente, o que é muito difícil.
A música pode
influenciar o homem a entrar rapidamente em estados de relaxamento, desde o
mais leve até o mais profundo. Através da música adquire-se paz e tranquilidade
interior, proporciona descanso físico e mental. É o meio de afastar as tensões
do quotidiano. Ao permitir alterações no equilíbrio, distúrbios aparecerão e a
saúde será afectada, atingindo o sistema nervoso. Assim, o reencontro com o
“Eu” interior torna-se necessário, o ponto de equilíbrio.
A Musicoterapia
fortifica-se como a integração entre Arte, Saúde e Ciência e embaça-se em reflexões
sobre ser essa Disciplina um campo híbrido e/ou transdisciplinar (CHAGAS, 2008;
CRAVEIRO DE SÁ e LABOISSIERE ET all, 2003; PIAZZETTA, 2007). Aproximando este
pensamento complexo da actualidade com a forma integrada de compreender a
música na cultura grega, áreas tidas como opostas dialogam: Ciência e Arte, objectividade
e subjectividade, música conceitual (metafísica da harmonia) e música (a escuta
e o sensível). Um repensar a música faz-se necessário e a filosofia de Deleuze
& Gattari também ocupa um lugar com contribuições significativas.
Com base no exposto
acima, podemos dizer que A música é uma necessidade. Ouvir música, aprender uma
canção ou “fazer” ritmo não é perda de tempo e ainda, terapêutico.
O Homem deve buscar
a Música do futuro dentro de si mesmo, mediante a comunhão com o seu próprio
ser profundo ou espiritual e, por intermédio deste, com todo o universo.
Encarada deste modo, a Música, baseada na compreensão da vida, da essência dos
seres (homens, animais e plantas), mais fácil, definida e ostensivamente terá
uma função terapêutica que, pouco a pouco, se irá impondo. Ter-se-á em conta,
cada vez mais, o efeito da Música, de cada tipo de musicalidade, de cada obra
musical nas pessoas que a ouvem, e maior cuidado será posto na sua produção e
na escolha da sua audição para cada um e para cada situação, estado físico ou
psíquico.
Que possamos,
então, ouvir mais música. Ela nos eleva, nos sintoniza e nos conduz a paisagens
sublimes. Ela nos mantém saudáveis, nos permite o equilíbrio, a autocura e
consequentemente, o autoconhecimento.
CHAGAS, Marly e
PEDRO, Rosa. Musicoterapia: desafios entre as Modernidade e a Contemporaneidade
(como sofrem os híbridos e como e divertem).Rio de Janeiro: MauadX: Bapera,
2008.
CRAVEIRO DE SÁ,
Leomara. A teia do tempo e o autista: música e musicoterapia. Goiânia:Editora
UFG, 2003.
FREGTAMAN, Carlos.
O TAO da Música. São Paulo: Pensamento, 1987.
GASTON, Thayer.
Tratado de Musicoterapia. Buenos Aires: Paidós, 1968.
JEANDOT, Nicole.
Explorando o Universo da Música. São Paulo:Scipione, 1997.
PIAZZETTA, Clara
Márcia. Musicalidade Clínica em Musicoterapia: um estudo transdisciplinar sobre
o musicoterapeuta como um ser “musical-clínico”. Dissertação de Mestrado, Goiânia:
2006.
TOMÁS, Lia. Música
e filosofia: estética musical. São Paulo: Conexões musicais, Irmãos Vitale,
2005.
RUUD, Even. Música
e Saúde. São
Paulo:Summus,1990.
WATSON, Andrew; DRURY,Nevill. Musicoterapia
– Um caminho Holístico para a
Harmonia Interior.
São Paulo: Groud, 1990.
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