Elaborado por Vieira Miguel Manuel
ÍNDICE
A língua portuguesa por
muitos é considerada a língua mais difícil de ser aprendida. A língua
portuguesa originou-se do latim vulgar falado no noroeste da Península Ibérica.
Na Idade Média, ela formou uma única língua, conjuntamente com o galego, hoje
conhecida nos meios científicos como galaico-português. No reinado de D. Dinis
a língua portuguesa, então designada como língua comum, foi tornada oficial em
todos os documentos régios, em detrimento do latim. A língua portuguesa, tal
como o francês, tem uma herança céltica, visivelmente ouvida através da
utilização das vogais nasais.
O Português está classificado na seguinte hierarquia de
famílias:
Indo-europeia
Itálica
Românica
Ítalo-ocidental
Românica
ocidental
Galo-ibérica
Ibero-românica
Ibero-ocidental
Galaico-portuguesa
Português
Actualmente, ela é falada em
todos os continentes, sendo oficial em Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Cabo
Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Timor-Leste e em Macau, hoje
uma região autónoma chinesa. Existem comunidades falantes de português em todo
o Mundo - em territórios que pertenceram a Portugal como por exemplo Goa,
Damão, Diu (Índia) e Malaca (Malásia) - e comunidades emigrantes do Brasil,
Portugal, Cabo Verde, Angola e Moçambique que se estabeleceram em outros
países. A língua portuguesa tem duas variantes: o português europeu e o
português brasileiro. No futuro espera-se que o português falado em Angola e em
Timor-Leste sejam promovidos a novas variantes do português. Actualmente, o
Brasil, pela sua influência económica, tem desenvolvido um esforço notável na
promoção da língua portuguesa.
"Fala, para que eu te escute", diz Sócrates.
Assim enaltecemos claramente
o porquê do estudo gramatical, a intrínseca relação do homem e a comunicação. O
conhecimento da própria língua não se inclui na categoria de saberes inúteis, o
saber independente de utilidade prática. Lembremos que a língua não é morta,
parada no tempo; a sociedade está em constante produção desta identidade
cultural: a língua portuguesa.
A palavra língua tem várias
acepções, por um lado, refere-se ao órgão muscular que se situa na cavidade
bucal dos animais vertebrados e que permite degustar, deglutir, mastigar e
articular os sons que lhes são próprios. Trata-se do órgão mais forte do corpo
humano, com uma musculatura de origem hipobranquial como a epiglote. Tem uma
face superior, também conhecida como o dorso da língua, a qual apresenta a
forma de V (o sulco terminal, aberto para a frente e formado pelas papilas
caliciformes). Na face inferior (a parte ventral), encontra-se o freio (ou o
filete), que limita os movimentos da língua e que é bastante resistente.
Por outro lado, o conceito de
língua pode fazer referência ao idioma, que é um sistema de comunicação verbal
ou gestual próprio de uma comunidade humana.
O termo língua natural
permite referir-se a uma variedade linguística ou forma de linguagem humana com
fins comunicativos que é dotado de uma sintaxe e que é suposto obedecer aos
princípios da economia e da optimalidade. Embora as línguas naturais usem
símbolos sonoros, também podem usar sinais.
No que diz respeito à língua
materna, igualmente conhecida como língua popular, idioma materno, língua
nativa ou primeira língua, é o primeiro idioma que aprende um ser humano.
No caso das aves, dá-se o
nome de língua à hipofaringe. Também se refere à parte da armadura bucal de
alguns insectos. Finalmente, a língua (ou língua-de-vaca) pode designar a solha
que é típica nas costas marítimas do Sul de Portugal.
A língua nacional é a língua
falada num determinado território que, por reflectir uma determinada herança
étnico-cultural, representa um elemento caracterizador de uma consciência
nacional e, nos casos mais evoluídos, é também suporte de uma expressão literária
autónoma.
Há línguas nacionais que
coincidem com as línguas oficiais, e esse é o caso do português em Portugal. Mas
há casos em que tal não acontece, uma vez que existem comunidades
infraestaduais que também falam, ou só falam, outra língua, diferente da
oficial. É o caso, por exemplo, do galego na Galiza, do basco no País Basco ou
do catalão na Catalunha, Baleares e Comunidade Valenciana, em relação ao
castelhano (vulgo espanhol), língua oficial de Espanha. O mesmo se passa com
grande parte das línguas autóctones no espaço político-geográfico em que se
expandiu a Lusofonia.
Daí que a protecção, promoção
e valorização das línguas nacionais seja, em muitos casos, promovida
explicitamente nas próprias constituições nacionais. É o caso de Moçambique
que, na Constituição, expressa claramente: "o Estado valoriza as línguas
nacionais e promove o seu desenvolvimento". Também a Constituição de
Timor-Leste estabelece que "o tétum e as outras línguas nacionais são
valorizadas e desenvolvidas pelo Estado".
Actualmente, as línguas
nacionais vêm sendo objecto de protecção internacional, uma vez que, sendo
normalmente faladas por minorias étnicas ou culturais (minorias nacionais), a
sua preservação é uma forma de evitar tendências hegemónicas da maioria ou de
discriminação daquelas minorias. No fundo, a utilização da língua nacional
corresponde a um direito fundamental das pessoas que integram uma qualquer
comunidade nacional.
A língua portuguesa era uma
língua falada pela população de assimilados que estava situada próxima à costa
atlântica, especialmente em Luanda. Sendo a língua materna e nacional para
muitos daqueles que estiveram à frente do processo independentista e constituíram
o MPLA na década de 1950. E que ao terem saído de Angola na juventude para estudarem
em Portugal não tiveram a oportunidade de conhecerem os amplos e complexos rincões
culturais, sociais, políticos e filosóficos tradicionais presentes nas diversas
etnias do país. Eles foram formados a partir da ideologia e da literatura
marxista-leninista e procuraram efectiva-la no momento posterior a
independência em 1975, sem, contudo, estabelecerem uma relação crítica e de
oposição a língua portuguesa, posto que a viam como a língua que patrocinava o
intercâmbio entre todos os angolanos e, ainda, não gerava a valorização de uma
língua em detrimento de outra nativa. A língua portuguesa foi apropriada pelos
líderes independentistas angolanos como a língua oficial do novo Estado em
1975. Daí que se constata que esta língua convive com as demais línguas
nacionais em nítida concorrência. Ela se afirma quotidianamente nos altos
escalões do governo e da burocracia, mas também na literatura e na música. Ela
hierarquiza grupos e indivíduos que estão em particular na cidade de Luanda. O
português organiza e estrutura o grande mercado de bens materiais e simbólicos
em Luanda e no restante do país, mas não é a língua que monopoliza o mercado
das ruas, pois não é a língua do candongueiro e das zungueiras.
Definição: Utilização
fluente de uma só língua, por um indivíduo ou uma comunidade.
O termo bilinguismo, aplicado
ao indivíduo, pode significar simplesmente a capacidade de expressar-se em duas
línguas. Numa comunidade, pode ser definido como a coexistência de dois
sistemas linguísticos diferentes (língua, dialecto, etc.), que os falantes utilizam
alternadamente, a depender das circunstâncias, com igual fluência ou com a
proeminência de um deles.
O bilinguismo pode ocorrer em diversas situações, tais
como:
·
Uma segunda língua é aprendida na escola:
·
Emigrantes estrangeiros falam a língua do país
hospedeiro (mesmo que com alguma dificuldade),
·
Em países nos quais há mais de uma língua
oficial,
·
Crianças cujos pais são de diferentes
nacionalidades,
·
Pessoas surdas que, além da língua de sinais,
utilizam alguma língua oral, na tentativa de se comunicar com a comunidade
ouvinte (observando-se que o bilinguismo dos surdos é um caso especial).
Estes grupos de pessoas têm
necessidades distintas e desenvolvem, por isso, capacidades distintas nas
línguas que falam, dependendo das necessidades e dos diferentes contextos.
Tipos:
Existem dois tipo de
bilinguismos, conforme a idade de aquisição das línguas, o bilingue precoce (ou
primário) é, a criança que, até três anos de idade, aprende a falar duas
línguas ao mesmo tempo; e o bilingue tardio (ou secundário, ou diglota,), é a
criança já que tem aprendida a primeira língua e, depois de quatro anos de
idade, começa a estudar uma ou mais de uma língua.
Se considerarmos que, segundo
a ONU, há 191 países independentes, e que o mundo tem hoje algo entre 3.00 e
10.000 línguas (dependendo do conceito de língua adoptado), podemos perceber
que o bilinguismo é um fenómeno muito comum. Na verdade, mais da metade da
população mundial é bilingue ou multilingue.
O conceito de bilinguismo
sofreu profundas mudanças no último século, passando de uma visão excludente e
fechada para uma definição mais socialmente situada e próxima das situações
reais de uso das línguas. Se em 1935 Bloomfield definia bilinguismo como o
"controle nativo de duas línguas", Macnamara, em 1967, admitia
"uma competência mínima em pelo menos uma das quatro habilidades de
compreensão, fala, leitura e escrita". Wiliams e Sniper, em 1990, vêem o
bilíngue como um sujeito capaz de processar duas línguas nas habilidades de
compreensão da mensagem e na produção de uma resposta adequada à situação em
ambas as línguas, enquanto Grosjean, em 1985, alerta ao fato de que o bilingue
é mais que a soma de dois monolingues, pois apresenta características
específicas.
O Bilinguismo é um fenómeno
multidimensional, e como afirmam Hamers & Blanc (2001), "cada nível de
análise requer abordagens disciplinares específicas: psicológica a nível
individual, sócio-psicológica no nível interpessoal e sociológica a nível intergrupal".
Ao estudar o bilinguismo individual pesquisadores como Mackey (1968) propõe
considerar 4 dimensões: Proficiência; função e uso; Alternância de código
(code-switiching) e Interferência. Valdês e Figueroa (1994) propõem que o
bilinguismo seja visto como um contínuo, e os sujeitos bilingues se colocando
em pontos diferentes deste contínuo, dependendo dos pontos fortes e das
características cognitivas de suas línguas".
O bilinguismo não é sinónimo
de educação bilingue, já que pode ocorrer fora se situações formais de ensino.
Quando o bilinguismo é parte de um programa planejando e estruturado
pedagogicamente, constitui-se em educação bilingue.
Definição: E a
utilização de varias línguas; Vem da palavra plurilingue, que é referente a
várias línguas. Pessoa que fala diversos idiomas; Poliglota.
─ Tradição Oral
Desde o início dos tempos e
até a descoberta da escrita a transmissão da história, mitos, lendas, contos,
provérbios, enigmas e poemas era passado de geração em geração através de
relatos orais.
─ Nascimento da Literatura Angolana
O início da literatura que se
escreve em Angola ocorreu durante a fase de colonização, período durante o qual
a nossa literatura nasceu e desenvolveu-se como extensão da Portuguesa. Até
meados do século 20 não há períodos claros e definidos de uma literatura
própria Angolana.
1901 Marca o ano da
publicação do primeiro órgão indígena de carácter inteiramente literário, o
Almanach - Ensaios Literários. O almanaque era impresso em Luanda na 'Tipografia
do Povo'. Da primeira edição fez parte o volume Voz de Angola Clamando no
Deserto — Oferecida aos Amigos da Verdade pelos Naturais, obra fruto da
colaboração de vários jornalistas indígenas e Africanos que influenciaram a
imprensa de Luanda no século 19. Há a realçar que esta foi a primeira
manifestação colectiva de protesto da sociedade indígena contra a colonização
Portuguesa.
Em 1934 foi publicado o livro
O segredo da Morta de António de Assis Júnior. Anos mais tarde, este livro haveria
de considerado a obra iniciadora da prosa de ficção Angolana.
─ O período de afirmação: 1944-1974
A partir de 1945 começa a
nascer uma consciência cultural, ligada a nacionalização, que busca adicionar
um novo valor ao conto popular. Em 1948 lançou-se em Luanda um movimento
denominado "Vamos conhecer Angola" que incentivava a jovem geração da
elite literária Angolana à descobrir o país em todos os seus aspectos.
Em 1949 foi publicado no
Brasil o romance Terra Morta de Castro Soromenho. Esta obra relata os efeitos
da colonização Portuguesa sobre Angola.
A década de 1950 define a
clara existência de uma elite literária indígena composta de ensaístas, poetas
e escritores. Estes contornaram a repressão exercida sobre a imprensa e
definiram a futura literatura nacional. Com algumas excepções, este período
marca também o cultivo da poesia em detrimento da prosa e da narração e ainda a
expansão da indústria editorial.
Em 1951 começam a ser
publicados revistas e jornais de liceu nos quais se podem ler os primeiros
ensaios de escritores e poetas Angolanos. Sobre os autores nacionais se denotam
fortes influências de correntes neo-realistas da literatura, cinema e pintura
em voga a seguir a 2ª guerra mundial.
─ Clássicos da Literatura Angolana
·
A Geraçăo da Utopia - romance de Pepetela.
·
Havemos de Voltar - poema de A. Agostinho Neto.
·
Jaime Bunda, agente secreto - policial de
Pepetela.
·
Mayombe - romance de Pepetela.
·
O Ano do Căo - romance de Roderick Nehone.
·
Quem Me Dera Ser Onda - prosa de Manuel Rui
Monteiro.
·
Sobreviver em Tarrafal de Santiago - poesia de
António Jacinto.
·
Terra Morta - romance de Castro Soromenho.
·
Adriano Botelho de Vasconcelos (1955)
·
Agostinho Neto (1922—1979)
·
Ana Paula Ribeiro Tavares (1952)
·
António Jacinto (1924—1991)
·
Arlindo Barbeitos (1940)
·
Henrique Abranches (1932—2002)
·
Isabel Ferreira (1958)
·
João Melo (1955)
·
José Eduardo Agualusa (1960)
·
José Luandino Vieira (1935)
·
Kardo Bestilo (1976)
·
Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga (1948—1998)
·
Ondjaki (1977)
·
Paulo de Carvalho (1960)
·
Pepetela ou Artur Carlos Maurício Pestana dos
Santos (1941)
·
Ribeiro Tenguna (1979)
·
Uanhenga Xitu (1924)
·
Víctor Kajibanga (1964)
·
Viriato Clemente da Cruz (1928—1973)
─ Autores Premiados Internacionalmente
·
Agostinho Neto (1922 - 1979): Prémio Lotus da
Associaçăo dos Escritores Afro-Asiáticos (1970).
·
António Jacinto (1924 - 1991): Prémio Noma,
Prémio Lotus da Associaçăo dos Escritores Afro-Asiáticos (1979).
·
José E. Agualusa (1960 - ): Grande Prémio
Gulbenkian de Literatura para Crianças (2002).
·
Óscar Ribas (1909 - 2004): Prémio Margaret Wrong
(1952), Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964).
·
Pepetela (1941 - ): Prémio Camões (1997).
Escritor, poeta, jornalista e
ensaísta angolano, Óscar Ribas nasceu no dia 17 de Agosto de 1909, na cidade de
Luanda, e faleceu a 19 de Junho de 2004, em Cascais. Fez uma breve passagem por
Lisboa onde estudou aritmética comercial. Regressou, depois, a Luanda,
empregando-se na Direcção de Serviços de Fazenda e Contabilidade. Aquando da
sua estadia em Benguela, com apenas catorze anos de idade, começou a sentir os
primeiros sintomas da cegueira que o viria a afectar total e definitivamente
vinte e dois anos mais tarde. Considerado como o fundador da ficção literária
angolana moderna, no seguimento de Assis Júnior, o autor deu os primeiros
passos da sua actividade no campo das letras, publicando, em 1927, Nuvens que
passam e, dois anos mais tarde, em 1929, Resgate de uma falta.
Depois de vinte anos sem editar,
Óscar Ribas surpreendeu os seus leitores com o livro Flores e Espinhos,
publicado em 1948, o qual, juntamente com dois novos títulos publicados em
1950, Uanga, e em 1952, Ecos da Minha Terra, constituem, de acordo com alguns
estudiosos da área das Literaturas Africanas, a segunda fase de publicações do
autor. O romance Uanga constituiu-se como um relato da sociedade luandense da
época (finais do século XIX), onde se apercebem os traços caracterizadores do
seu folclore, das suas superstições, da sua oralidade, da sua gastronomia e das
suas formas de relacionamento.
Denotando uma preocupação
extrema com a pesquisa, conservação e registo das tradições do seu país, o
autor debruçou-se sobre temas de literatura oral, filologia, religião
tradicional e filosofia dos povos de língua Kimbundu. Estas temáticas iriam,
então, alicerçar e enformar o conjunto da sua obra, constituída pelos seguintes
títulos:
Foi também homenageado com os
seguintes títulos: Membro titular da Sociedade Brasileira de Folk-lore (1954);
Oficial da Ordem do Infante, título concedido pelo governo português (1962);
Medalha Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968);
Diploma de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura (1989).
Considerado fundador da ficção literária, Óscar Ribas
iniciou a sua actividade literária ainda estudante do Liceu.
·
Nuvens que passam, (1927), (novela)
·
Resgate de uma falta, (1929), (novela)
·
Flores e espinhos Uanga, (1950)
·
Ecos da minha terra, (1952)
Em toda a produção literária
posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma propensão pouco comum entre os
escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores. Revela-se
profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião
tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu. Destas preocupações
resultam a sua bibliografia dos anos 60:
·
Uanga - Feitiço (Romance Folclórico)
·
Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975)
·
Missosso 3 volumes (1961,1962,1964)
·
Alimentação regional angolana (1965)
·
Izomba - Associativismo e recreio (1965)
·
Sunguilando - Contos tradicionais angolanos
(1967, 1989)
·
Kilandukilu - Contos e instantâneos (1973)
·
Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico
(1975)
·
Cultuando as musas - poesia (1992)
Agostinho Neto nasceu na aldeia
de Kaxicane, região de Icolo e Bengo, a cerca de 60 km de Luanda. O pai era
pastor e professor da Igreja Metodista e, a sua mãe, era igualmente professora.
Após ter concluído o curso
liceal em Luanda, trabalhou nos serviços de saúde e viria a tornar-se
rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que,
durante os anos quarenta, conheceu uma fase de vigorosa expansão em Angola.
Decidido a formar-se em
Medicina, embarca para Portugal em 1947
e matricula-se na Faculdade de Medicina de Coimbra, e posteriormente na de
Lisboa. Dois anos depois da sua chegada à Portugal, foi-lhe concedida uma bolsa
de estudos pelos Metodistas Americanos.
Envolve-se desde muito cedo em actividades políticas sendo preso em
1951, quando reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo.
Após a sua libertação, retoma as actividades politicas e torna-se representante
da Juventude das colónias portuguesas junto do Movimento da Juventude
Portuguesa, o MUD juvenil.
E foi no decurso de um comício
de estudantes a que assistiam operários e camponeses que a PIDE o prendeu pela
segunda vez, em Fevereiro de 1955 só vindo a ser posto em liberdade em Junho de
1957.
Por altura da sua prisão em 1955
veio ao lume um opúsculo com poemas seus, que
denunciavam as amargas condições de vida do Povo angolano.
A sua prisão desencadeou uma
vaga de protestos em grande escala. Realizaram-se encontros; escreveram-se
cartas e enviaram-se petições assinadas por intelectuais franceses de primeiro
plano, como Jean-Paul Sart, André Mauriac, Aragon e Simone de Beauvoir, pelo
poeta cubano Nicolás Gullén e pelo pintor mexicano Diogo Rivera, e em 1957,
Agostinho Neto, foi eleito Prisioneiro Político do Ano pela Amnistia
Internacional.
Em 1958, Agostinho Neto
licenciou-se em Medicina e, casou com Maria Eugénia, no próprio dia em que
concluiu o curso. Neste mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino
Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas
colónias portuguesas.
Em 30 de Dezembro de 1959. Neto
voltou ao seu País, com a mulher, Maria Eugénia, e o filho de tenra idade, e
passou a exercer a medicina entre os seus compatriotas. Em 8 de Junho de 1960,
o director da PIDE veio pessoalmente prender Neto no seu Consultório em Luanda.
Uma manifestação pacífica
realizada na aldeia natal de Neto em protesto contra a sua prisão foi recebida
pelas balas da polícia. Trinta mortos e duzentos feridos foi o balanço do que
passou a designar-se pelo Massacre de Icolo e Bengo.
Receando as consequências que
podiam advir da sua presença em Angola, mesmo encontrando-se preso, os
colonialistas transferiram Neto para uma prisão de Lisboa e, mais tarde
enviaram-no para Cabo Verde, para Santo Antão e, depois para Santiago, onde
continuou a exercer a medicina sob constante vigilância política. Foi durante
este período, eleito Presidente Honorário do MPLA.
Por mostrar a alguns amigos em
Santiago (Cabo Verde) uma fotografia, em que um grupo de jovens soldados
portugueses sorriam para a câmara, segurando um deles uma estaca em que foi
espetada a cabeça de um angolano e inserta em diversos jornais (por exemplo, no
Afrique Action, semanário que se publica em Tunes) Agostinho Neto foi preso na
cidade da Praia em 17 de Outubro de 1961 e transferido depois para a prisão de
Aljube em Lisboa.
Sob forte pressão, interna e
externa, as autoridades fascistas viram-se obrigadas a libertar Neto em 1962,
fixando-lhe residência em Portugal. Todavia, pouco tempo depois da saída da prisão, Agostinho Neto, em Julho de
1962, saiu clandestinamente de Portugal com a mulher e os filhos pequenos,
chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha ao tempo a sua sede
exterior.
Em Dezembro desse ano, foi
eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento. Em 1970
foi-lhe atribuído o Prémio Lótus, pela Conferência dos Escritores
Afro-Asiáticos com a "Revolução dos Cravos" em Portugal e a derrocada
do regime fascista de Salazar, continuado por Marcelo Caetano, em 25 de Abril
de 1974.
O MPLA considerou reunidas as
condições mínimas indispensáveis, quer a nível interno, quer a nível externo,
para assinar um acordo de cessar-fogo com o Governo Português, o que veio a
acontecer em Outubro do mesmo ano.
Agostinho Neto regressa a Luanda
no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo da mais grandiosa manifestação
popular de que há memória em Angola
Agostinho Neto que na África de
expressão portuguesa é comparável à Léopold Senghor na África de expressão
francesa. Foi um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações
culturais tinham de ser, antes de mais, a expressão viva das aspirações dos
oprimidos, armas para a denúncia de situações injustas, instrumento para a
reconstrução da nova vida.
Membro fundador da União dos
Escritores Angolanos, foi eleito pelos seus pares o seu primeiro Presidente.
─
Poesia
·
1957 Quatro Poemas de Agostinho Neto, Póvoa do
Varzim, e.a.
·
1961 Poemas, Lisboa, Casa dos Estudantes do
Império
·
1974 Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da Costa
(inclui os poemas dos dois primeiros livros)
·
1982 A Renúncia Impossível, Luanda, INALD
(edição póstuma)
─
Política
·
1974 - Quem é o inimigo… qual é o nosso
objectivo?
·
1976 - Destruir o velho para construir o novo
·
1980 - Ainda o meu sonho
A língua Portuguesa vem do
Latim vulgar, e uniformizou-se a partir do século XVI e adquiriu as
características do português actual. Em razão das navegações portuguesas nos
séculos XV e XVI, tornou-se um dos poucos idiomas presentes na África, América,
Ásia e Europa, sendo falado por mais de 200 milhões de pessoas.
Quanto à literatura, A
literatura angolana apresenta uma complexidade e riqueza na sua história,
temáticas e estrutura, consistindo num dos casos mais bem-sucedidos da CPLP. Na
última década e graças essencialmente a uma maior estabilidade a nível político
e social foi possível o desenvolvimento da mesma e o despoletar de uma
criatividade cultural e artística, que lentamente é reconhecida
internacionalmente.
De modo a contribuir para um
maior valor além-fronteiras, é essencial iniciar o processo
de dentro, com os cidadãos,
dotando-os de conhecimento sobre os textos nacionais. Os estudantes surgem como
principal target ou alvo, tendo em conta a fragilidade das suas bases,
provenientes de um sistema educativo deficiente e de uma mentalidade que não
estimula hábitos de leitura, tanto na escola, como na família.
Neste seguimento, deve ser
construída uma estratégia de comunicação de input com o objectivo de cultivar
os cidadãos de uma forma consistente e duradoura, através das ferramentas atrás
citadas, onde a escola tem um papel fundamental desde o primeiro ano de escolaridade.
Valores primordiais devem ser tidos em conta: mudança; acesso; informação;
divulgação. Só o sucesso desta fase permite acelerar uma estratégia de output
para a esfera internacional, permitindo a divulgação da riqueza artística e
cultural angolana, bem como do país, da sua gente e tradições de uma forma
coerente e documentada, criativa e original.
─ GARCIA,
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