ÍNDICE
A avaliação é um processo de fundamental importância no
contexto educacional, uma vez que toda a prática pedagógica exige uma acção
avaliativa, pois é necessário saber a qualidade dos conteúdos trabalhados, bem
como se os objectivos propostos foram ou não alcançados no decorrer de um determinado
período. Existem vários tipos de avaliação, mas todos eles têm sua importância
no sentido de estar viabilizando a acção do educador junto aos educandos e,
destes frente ao educador, tendo em vista que a avaliação é uma “faca de dois
gumes”, avaliando o educando também avalia o trabalho do educador.
A avaliação escolar integra o processo didáctico, e,
portanto, não pode se resumir a conceitos formais e estatísticos – atribuição
de “notas” que servirão para definir o avanço ou a retenção em determinadas
disciplinas. Neste caso, por se formar um guia limitando a acção do professor.
Não deve tão pouco adquirir carácter disciplinador, como cita Freitas (1995):
A avaliação não se restringe a instrumentos de medição,
mas acaba sendo configurada como instrumento de controlo disciplinar, de
aferição de atitudes e valores dos alunos (1995, p.63).
A função da avaliação escolar no interior do processo
didáctico deve ser a de contribuir para que os objectivos escolares sejam
alcançados, diagnosticando as dificuldades e subsidiando novos formatos
avaliativos. A avaliação oferece suporte para a tomada de decisão, visando à
melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem por meio da análise das acções
em desenvolvimento.
A avaliação é um processo de fundamental importância no
contexto educacional, por isso é preciso entender que a acção de avaliar
demanda uma atitude política de analisar a realidade, estabelecendo juízo de
valor. Temos então, por base, a avaliação diagnóstica, formativa e somativa e,
a partir dessa análise projectar novas decisões. Avaliação é, dessa maneira,
uma prática de interrogar e interrogar-se. Entendida dessa forma, a avaliação
permite, por meio de pistas e indícios produzidos pelos sujeitos escolares,
evidenciar os processos construídos, em construção e ainda não construídos,
oferecendo elementos para projectar outras possibilidades pedagógicas. Nessa
perspectiva, a avaliação é entendida como acção essencial do processo de
construção de conhecimento e deve estar pautada nos demais elementos que compõe
a prática pedagógica, que nos permite analisar todas as acções realizadas no
processo de ensino aprendizado, como destaca Freitas (2002 p. 88-89).
No interior da educação, a avaliação por ser uma
categoria independente; ao contrário, sua significação depende de outras. O par
dialéctico mais significativo, entre as categorias do processo didáctico é
constituído pela junção objectivo/avaliação. De fato, a avaliação não poderia
ser levada a cabo se não estivesse associada a objectivos. Tais objectivos, no
caso da educação, atendem a determinações não apenas de um conteúdo específico,
mas a determinações próprias funções sociais atribuídas a escola pela trama
social.
O sistema de avaliação na escola existe, mas não tem
acompanhado o processo ensino-aprendizagem e, consequentemente, não atinge à
sua finalidade que é a de avaliar o rendimento escolar dos alunos a fim de
propiciar um feedback ao processo avaliativo. Agora, como futuros educadores,
como moldar a avaliação escolar para que esta cumpra a sua finalidade
proporcionando o rendimento escolar e o pleno desenvolvimento do aluno no processo
ensino-aprendizagem?
·
Objectivo Geral
·
Entender
e valorizar a avaliação educacional como metodologia de ensino/aprendizagem.
·
Objectivo Específico
·
Conhecer
e conceituar os diferentes tipos de avaliação;
·
Analisar
a avaliação educacional dentro do processo ensino/aprendizagem;
·
Experimentar
novas metodologias acerca da avaliação educacional;
·
Compartilhar
conceitos e respeitar limitações dentro da avaliação educacional.
Comummente, observamos a vinculação da avaliação à
atribuição de notas e medidas. Abordada por este viés, a avaliação é entendida
como mera atribuição de métodos que focalizam o produto final, com intuito de
servir como dispositivo permanente de controle dos alunos. A própria etimologia
da palavra subverte esta lógica, ou seja, avaliar no latim - a-valere - que
quer dizer “dar valor a...”.
Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi, a avaliação
é uma apreciação qualitativa sobre dados do processo ensino e aprendizagem que
auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Os dados relevantes
se referem às várias manifestações das situações didácticas, nas quais o professor
e os alunos estão empenhados em atingir os objectivos do ensino. Apreciação
qualitativa desses dados, através das análises das provas e exercícios,
respostas dos alunos, realização de tarefas, etc., permite uma tomada de decisão.
Podemos, então, definir a avaliação escolar como um
componente do processo de ensino que visa, através da verificação e
qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os
objectivos propostos, e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às actividades
didácticas.
A avaliação escolar é um dos elementos da didáctica, que
e como tal, deve contribuir para que a escola desempenhe bem seu papel. É
pensando no aluno, no seu direito a um ensino de qualidade que a escola deve se
estruturar e se organizar.
A avaliação faz parte do processo didáctico de ensino e
aprendizagem, por isso não deve ser deixada para etapas finais do processo. Ela
deve anteceder, acompanhar e suceder o trabalho pedagógico. Nesse caminho
fornecerá subsídios para tomadas de decisão que direccionaram os rumos do
trabalho pedagógico. No processo ensino e aprendizagem, a avaliação pode ter a
função diagnóstica, formativa ou somativa.
A função diagnóstica antecede a elaboração de um projecto,
de mais uma unidade ou de uma aula. Ela fornecerá dados sobre o contexto em que
o trabalho pedagógico irá se realizar, bem como sobre os sujeitos que participarão
desse trabalho.
A função formativa ajuda a captar os avanços e as
dificuldades que forem se manifestando ao longo do processo educacional, ainda
em tempo de tomar providências para afastar as dificuldades. Pode informar
constantemente o que está acontecendo. Os resultados dessa função podem mostrar
a necessidade de rever nossos planos e fazer mudanças em decisões tomadas anteriormente.
A função somativa acontece ao final de um trabalho
desenvolvido (unidade, bimestre, semestre...). Aqui se preocupa com o resultado
final, o produto alcançado.
Na realidade quotidiana é comum usarmos as três funções,
pois, “pesquisamos” os alunos, o nível do seu conhecimento escolar (função
diagnóstica); acompanhamos o processo para evitar e corrigir falhas que
prejudiquem o sucesso do trabalho (função formativa); e verificamos o resultado
final obtido após a realização do trabalho por meio de notas e/ou outros
conceitos atribuídos aos alunos (função somativa).
As três funções da avaliação são interdependentes, porém
cada uma é usada no momento específico do processo educacional, com menor ou
maior ênfase de acordo com a necessidade. Ao observarmos que a avaliação deve
estar no ponto de partida e o ponto de chegada do trabalho pedagógico, também
concluímos que ela mede o caminho a ser percorrido. Reafirmamos que não há como
nos prendermos apenas a uma função da avaliação.
Tem-se verificado que o fracasso na nossa realidade
escolar está também relacionado com o sistema de avaliação usualmente adoptado.
Não se percebe o valor que têm aqueles aspectos formativos da personalidade do
aluno quando sua promoção é decidida apenas por pontos adquiridos em provas que
examinam somente a aprendizagem cognitiva. Desta forma, o sistema de avaliação
provoca no aluno, sentimentos de fracasso, de tal modo que a evasão emocional
do processo de aprendizagem se instale antes de ocorrer a evasão física, pelo
abandono da escola.
O sistema de avaliação na escola existe, mas não tem
acompanhado o processo ensino-aprendizagem e, consequentemente, nem tem
atendido à sua finalidade que é a de avaliar o rendimento escolar dos alunos a
fim de propiciar um feedback ao processo avaliativo. Em muitas práticas
educacionais a avaliação tem sido um instrumento de controlo e dominação. Um património
exclusivo do professor que, muitas vezes, não percebe as raízes sociais do
fracasso escolar. A escola deve lutar por um sistema de avaliação que seja sinónimo
de valorização e cujas técnicas sirvam para promover informações que beneficiem
tanto a aprendizagem como o ensino, promovendo, desse modo, o progresso do
aluno em todos os sentidos, a fim de que possa sobressair no espaço globalizado
tão difundido na sociedade actual. O que se pretende com a avaliação é
proporcionar meios para todos os alunos alcançarem os objectivos educacionais,
não seleccionando os “bem dotados”, e, eliminando os demais.
É necessário que se perceba que o termo testar não é
aplicável ao ser humano, quando testamos uma máquina, suas condições físicas
não se alteram em momento algum, independente do momento em que se decidir por
tal testagem, porém no contexto educacional o elemento a ser testado é o educando,
ser que possui emoções, anseios, aptidões e, por ser um vivente e possuidor de
emoções, sofre as influências do meio que o cerca. Dessa forma nem sempre o
aluno dará uma resposta de forma “correta”, ou seja, de acordo com o que se
espera dele. Logo o teste, se não for compreendido pelo educador, poderá
contribuir para o fracasso do educando no contexto educacional.
Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou
grau de alguma coisa, tendo por base um sistema de unidades convencionais. O
resultado de uma medida é expresso em números, daí sua objectividade e exactidão.
A medida se refere sempre ao aspecto quantitativo do fenómeno a ser descrito. O
teste é apenas um entre os diversos instrumentos de mensuração existentes.
(HAYDT, 2004, p.9)
Concorda-se com Melchior quando afirma que:
“A avaliação atingirá sua função didático-pedagógica de
auxiliar o aprendiz e o professor a obterem eficácia no processo ensino e
aprendizagem quando for conduzida de acordo com seu verdadeiro significado”
(MELCHIOR, 1994, p.17).
Sendo a avaliação um processo que não envolve apenas
elementos quantitativos, mas também qualitativos. Não pode ser vista como mera
medida, pois tal fato levará ao educador e ao educando a um tipo de educação
bancária, onde o educando seria nada mais do que um depósito de informações e a
avaliação como uma forma de perceber se este depósito estava cheio ou vazio.
A avaliação se encontra pautada, definida e regulamentada
como processo necessário ao contexto educacional na Lei maior _ Constituição
Federal Do Brasil, bem como na Lei De Diretrizes E Bases Da Educação Nacional
_9394/96. A avaliação deve ser encarada como uma das etapas da busca de novos
conhecimentos, uma vez que a avaliação é uma maneira de se descobrir se os
objectivos propostos pelo educador e pelo educando frente a uma actividade
foram ou não alcançados.
Do ponto de vista educacional, quando se fala, apenas,
testar e medir, a ênfase recai na aquisição de conhecimentos ou em aptidões
específicas. Quando se usa o termo avaliar, se refere, não apenas, aos aspectos
quantitativos, mas também qualitativos da aprendizagem, abrangendo tanto a
aquisição de conhecimentos decorrentes dos conteúdos curriculares, quanto as
habilidades, os interesses, as atitudes, os hábitos de estudo e o ajustamento
pessoal e social.
Haydt refere-se ao processo de avaliação dizendo: “cada
definição é o reflexo de uma postura filosófica adoptada”.
A avaliação é um elemento que deve permear todo o
processo pedagógico, pois o mesmo é de suma importância para o professor, pois
seu principal objectivo é identificar o crescimento de ambos, a validade das actividades
desenvolvidas, bem como o que será necessário ser modificado, caso a os objectivos
previamente propostos não sejam alcançados.
Sabe-se que a avaliação é importante tanto para o
professor como para o aluno:
“Para o aluno, é importante conhecer os resultados de seu
empenho e esforço, não só pela satisfação da aprendizagem, mas, especialmente,
pelo significado que tem o conhecimento de suas capacidades para futuras aprendizagens.
As actividades avaliativas contribuem para o desenvolvimento intelectual,
social e moral dos alunos. Através da análise dos resultados, o aluno tem mais
uma oportunidade de aprendizagem. Estes momentos, muitas vezes, são os mais
significativos para o aluno, pois ao enfrentar o desafio de ter que resolver
determinados problemas sozinho e verificar que não consegue, ele sente a
necessidade de saber e buscar as soluções. (MELCHIOR, 1994, p.15)
Diante desta colocação de Melchior, percebe-se que é de
fundamental importância que o educando tenha conhecimento de seu desempenho, do
que conseguiu resolver em uma actividade avaliativa e do que não conseguiu,
pois a partir daí ele buscará o aperfeiçoamento no que não conseguiu e terá sua
auto-estima elevada considerando o que conseguiu aprender. Dessa forma a
avaliação é tida como um termómetro para impulsionar o educando a novas
aprendizagens ou com uma forma de despertá-lo para a busca do conhecimento,
tendo o professor como um auxiliador nesse processo de busca.
“Para o professor, a avaliação é importante, pois os
resultados dos seus alunos poderão contribuir para uma análise reflexiva, no
sentido de avaliar a eficácia de seu desempenho. A partir desses resultados, o
professor tem a possibilidade de melhorar sua compreensão das formas de
aprendizagem dos alunos e do processo de ensino e aprendizagem. (SANT’ ANNA ET.
ALL, 1993, p.23).
A avaliação deve servir para mostrar ao professor o que
ele necessita mudar ou fazer permanecer em sua prática pedagógica, pois os
resultados obtidos pelos alunos é o reflexo do trabalho por ele desenvolvido ao
longo de um determinado período. Logo se avaliação ocorrer constantemente,
melhor será para o professor e também para o aluno, pois, na medida em que o professor
busca o aperfeiçoamento de sua prática, o educando também sai beneficiado, uma
vez que o professor e o aluno se encontram intimamente ligados em uma relação
de reciprocidade do “aprender a aprender”, tendo em vista que o professor ao
ensinar aprende e o aluno ao aprender ensina.
A avaliação, conforme foi apresentada ao longo deste
trabalho, é um processo abrangente, que implica uma reflexão crítica sobre a
prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências e dificuldades a
fim de possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os
obstáculos que impedem a aprendizagem dos alunos. A avaliação contínua e
progressiva é necessária para acompanhar o desenvolvimento dos educandos e
ajudá-los em suas eventuais dificuldades.
As provas e exames não devem ser unicamente empregados
como forma de avaliação, tendo em vista que o professor precisa colher diversas
informações sobre o aluno para que, desta forma, possa avaliá-lo mais coerentemente,
buscando diagnosticar onde está ou estão às principais dificuldades do aluno,
melhorando assim, o processo ensino-aprendizagem. Portanto, cabe ao profissional
da docência, que também se encontra inserido no processo ensino-aprendizagem,
manter-se preocupado com o ensino, de modo a deixá-lo voltado para a
aprendizagem e não para a avaliação. Sendo esta uma ferramenta para melhorar o
processo.
Conclui-se, portanto que a prática avaliativa precisa ser
melhorada, para que não se transforme definitivamente em uma prática
discriminativa e exclusiva. Tal mudança se faz necessária afim de que a
avaliação deixe de ser vista como um fim e passe a ser encarada como um meio
para a educação.
É por meio das metodologias e dos processos avaliativos
utilizados que o professor irá participar da reprodução ou transformação da
sociedade na qual estamos inseridos, podendo formar, ou não, sujeitos críticos
e emancipados para que possam nela conviver com equidade.
ENRICONE,
Délcia, SANT' ANNA, Flávia Maria, ANDRÉ, Lenir Cancella e TURRA, Clódia Maria
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Lúcia M. Teixeira. Autoridade do Professor: Meta, mito ou nada disso? 5.ed. São
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Jussara. Avaliação Mito & Desafio._ uma perspectiva construtivista.. Porto
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LIBÂNEO,
José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1999.
MELCHIOR,
Maria Celina. Avaliação Pedagógica: função e necessidade. Porto Alegre: Mercado
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Ilza Martins. Por que Avaliar? Como Avaliar? 3ª. Ed. São Paulo: Vozes, 1993.
TYLER,
Ralph W. Princípios básicos de currículo e ensino. Porto Alegre: Globo, 1977
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