ÍNDICE
Genericamente
a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças,
a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem
não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como
membro dela que é.
A
cultura de Angola é influenciada por diversas etnias que moldaram o país.
Portugal iniciou a ocupação na região de Luanda e mais tarde também em Benguela
no início dos séculos XVI, mantendo o controlo da região até 1975. Devido a
isso, ambos os países compartilham vários aspectos culturais, como a língua e a
principal religião. No entanto, a cultura angolana é em grande parte de origem
bantu que foi misturada com a cultura portuguesa, prevalecendo também
influências de diversas comunidades étnicas com seus próprios traços culturais,
tradições e línguas nativas ou dialectos onde se incluem os Ovimbundu, Ambundu,
Bakongo, Côkwe e outras.
O
continente africano é considerado como o berço da humanidade. O território do
actual estado angolano, é habitado desde o Paleolítico Superior, como indica a
presença dos numerosos vestígios desses povos recolectores dos quais se deve
salientar a existência de numerosas pinturas rupestres que se espalham ao longo
do território. Os seus descendentes, os povos San ou Khm, também conhecidos
pela palavra bantu mukankala (escravo) foram empurrados pelos invasores
posteriores, os bantu, para as areias do deserto do Namibe. Estes povos
invasores, caçadores, provinham do norte, provavelmente da região onde hoje
estão a Nigéria e Camarões. Em vagas sucessivas, os povos bantu começaram a
alcançar alguma estabilização e a dominar novas técnicas como a metalurgia, a
cerâmica e a agricultura, criando-se a partir de então as primeiras comunidades
agrícolas. Esse processo de fixação vai até aos nossos dias, como é o caso do
povo Côkwe ou Kioko, que em pleno século XX se espalhou pelas terras dos povos
designados como Ganguela.
A
fase de estruturação dos grupos étnicos e a consequente formação de reinos, que
teriam começado a ficar autónomos, decorreu sobretudo até ao século XIII.
Por volta de
1400, surgiu o Reino do Congo. Mais tarde destacou-se deste, no sul, o Reino do
Ndongo.
O
mais poderoso foi o Reino do Kongo, assim chamado por causa do povo Kongo que
vivia, então como agora, nas duas margens do curso final do Rio Kongo. O Mani
Kongo, ou rei Kongo, tinha autoridade sobre a maior parte do norte da moderna
Angola, governando através de chefes menores responsáveis pelas províncias. O
Reino do Ndongo era habitado pela etnia Kimbundu, e o seu rei tinha o título de
Ngola. Daí a origem do nome do país. Outros reinos menores também se formaram
nesse período.tipo o reino da Kimbingonga em 1236.
Os
reinos surgem da efectivação de um poder centralizado num chefe de linhagem
(Mani, palavra de origem bantu) que ganhou o respeito da comunidade com seu
prestígio e poder económico. Os reinos começam a conquistar autonomia
provavelmente a partir do século XII. Dom João II, desde que subira ao trono,
mostrara ardente e decido empenho em levar a cabo dois grandiosos projectos,
cuja realização, glorificando o seu reinado, alongaria extraordinariamente os
domínios portugueses além-mar: A continuação das descobertas inauguradas sob os
auspícios do Infante Dom Henrique e o prosseguimento das conquistas
empreendidas por Dom Afonso V.
Em
1482, um ano depois de assumir o governo, Dom João II mandou Diogo Cão, seu
escudeiro, prosseguir a descoberta para o Sul da África. Neste propósito, Diogo
Cão partiu de Lisboa com duas caravelas, no final de 1482, acompanhado do notável
cosmógrafo Martim Beheim, autor do afamado globo de Nuremberg. Diogo Cão
descobriu a foz do Zaire.
A
presença dos portugueses tornou-se uma constante desde o final do século XV
(1482). Diogo Cão, comandante das caravelas foi bem acolhido pelo governador
local do reino do Congo que estabeleceu relações comerciais regulares com os
colonizadores. Mas o reino de Ngola manteve-se hostil. Entre 1605 e 1641
ocorreram grandes campanhas militares dos colonizadores com o objectivo de
conquistar as terras do interior e implantar o domínio político do território. A
dominação não foi tarefa fácil. Os chefes Ngola resistiram e, graças sobretudo
à liderança da rainha Njinga Mbandi (1581? -1663), que tinha grande habilidade
política, o poder foi mantido com o reino dos Ngola por mais algumas
décadas.Também os reinos de Matamba e Kassange mantiveram a sua independência até
o século XIX.
Em
1617, Manuel Cerveira Pereira deslocou-se ao litoral sul, subjugou os sobas
(reis) dos povos Mudombe e Hanha e fundou o reino de Benguela, onde, tal como
em Luanda, passou a funcionar uma pequena administração colonial. O tráfico de
escravos passou a ser o grande negócio, interessando aos portugueses e
africanos, mas provocou um esvaziamento da mão-de-obra do campo. A agricultura
decaiu, causando grande instabilidade social e política. A estratégia adoptada
pela metrópole para a economia angolana baseava-se na exportação de
matérias-primas produzidas na colónia, incluindo borracha e marfim, além dos
impostos cobrados à população nativa. As disputas territoriais pelas terras
africanas envolviam países económica e militarmente mais fortes como a França,
Inglaterra e Alemanha, o que constituía motivo de grande preocupação para
Portugal que começou então a ver a urgência de um domínio mais eficaz do
terreno conquistado. Por isso, reformou a sua política colonial no sentido de
uma ocupação efectiva dos territórios. A partilha do continente viria a
acontecer algum tempo mais tarde, na conferência de Berlim. Os territórios sob
domínio português, Angola e Benguela, foram fundidos, recebendo estatuto de
Província.
A
partir da década de 1950 apareceram os primeiros movimentos nacionalistas que
reivindicavam a independência de Angola. Houve conflitos armados nos quais se
destacaram o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) fundado em 1956,
a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) fundada em 1961 e a UNITA
(União Nacional para a Independência Total de Angola), fundada em 1966. Depois
de longos confrontos, o país alcançou a independência em 11 de Novembro de
1975.
Angola
possui uma grande diversidade de recursos naturais. Estima-se que seu subsolo
tenha 35 dos 45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre os quais
se destacam petróleo, diamante e gás natural. Há também grandes reservas de
fosfato, ferro, manganês, cobre, ouro e rochas ornamentais.
As
principais bacias de petróleo em expansão situam-se junto á costa nas
províncias de Cabinda e Zaire, no norte do País. As reservas de diamantes nas
províncias de Lunda-Norte e Lunda-Sul são admiradas pela sua qualidade e
consideradas umas das mais importantes do mundo.
A
arte da máscara azul de Angola, como a maioria da arte africana, as máscaras de
madeira e as esculturas não são criações meramente estéticas. Elas têm um papel
importante em rituais culturais, representando a vida e a morte, a passagem da
infância à vida adulta, a celebração de uma nova colheita e o começo da estação
da caça. Os artesãos angolanos trabalham madeira, bronze e marfim, nas máscaras
ou em esculturas. Cada grupo étnico-linguístico em Angola tem seus próprios
traços artísticos originais. Talvez a parte mais famosa da arte angolana é o
"Pensador de Côkwe", uma obra-prima da harmonia e simetria da linha.
O Lunda-Côkwe na parte nordeste de Angola é conhecido também por suas artes
plásticas superiores. Outras partes da assinatura de arte angolana incluem:
·
A máscara fêmea Mwanaa-Pwo
desgastada pelos dançarinos masculinos em seus rituais de puberdade.
·
Máscaras poli-cromáticas Kalwelwa
usadas durante cerimonias de circuncisão
·
Máscaras de Cikungu e de Cihongo
que conjure acima das imagens da mitolgia
·
Pontyel foi um conquistador do
mundo e Matheus Teodoro
·
De Lunda-Côkwe. Duas figuras
chaves neste panteão são a princesa Lweji e o príncipe da civilização
Tschibinda-Ilunga.
·
A arte em cerâmica preta de
Moxico do centro/leste de Angola
Antes
dos anos 80, todo o marketing dos artesãos estava sob o controle de Artiang, um
braço do ministro da cultura. Entretanto uma vez que este monopólio comercial
sobre a produção da arte foi removido, a arte em Angola floresceu. Enquanto as
máscaras e as estátuas de madeira da África cresceram na popularidade no oeste,
a indústria do artesanato em Angola procurou atender a demanda por arte
africana. As máscaras e as bugigangas estilizadas, que são criadas para
capturar o olho de um turista, são conhecidas geralmente como "a arte
aeroporto”. São partes produzidas em série, ao gosto do turista médio, mas
faltam todas as ligações reais com as tendências culturais mais profundas dos
povos. Um dos maiores mercados de artesanato em Angola é o mercado de Futungo,
logo ao sul de Luanda. É o centro principal do comércio de artesanato para
turistas e expatriados. O mercado está aberto somente aos domingos. A maioria
dos comerciantes do artesanato são Kikongo, embora os artesãos mesmos granizem
de muitos grupos étnico-linguísticos diferentes. Futungo tem também a vantagem
adicionada de ser perto das praias bonitas ao sul de Luanda, onde muitos dos
residentes de Luanda gastam seus fins de semana apreciando o sol e a areia da
baía de Mussulo. Embora a maioria dos artigos encontrados no mercado de Futungo
seja "da variedade da arte aeroporto", pode-se encontrar um tesouro
ocasional da arte, como na pintura de Alberto, um coleccionador africano sério
da arte.
As
grandes transformações políticas e sociais no Zaire, no começo dos anos 90,
resultaram num aumento do contrabando e da pilhagem de tesouros da arte dos
museus do país. Algumas destas partes encontram seu caminho em Angola e são
vendidas frequentemente a preços muito elevados. Mesmo se não se quer comprar
uma lembrança africana, um passeio ao mercado de Futungo pode ser uma aventura.
Os comerciantes frequentemente arranjam músicos com instrumentos tradicionais,
tais como os marimbas e os kissanges, xingufos (chifres grandes do antílope) e
cilindros para dar a sensação de um festival da vila. Os homens vestidos como
guerreiros, a roupa desgastando das peles do antílope e do puma, os colares dos
escudos e os chocalhos em seus tornozelos, adicionam ao sabor local do mercado.
O
português é a única língua oficial de Angola. Para além de numerosos dialectos,
Angola possui mais de vinte línguas nacionais. A língua com mais falantes em
Angola, depois do português, é o umbundo, falado na região centro-sul de Angola
e em muitos meios urbanos. É língua materna de 26% dos angolanos.
O
kimbundo é a terceira língua nacional mais falada (20%) , com incidência
particular na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. É uma
língua com grande relevância, por ser a língua da capital e do antigo reino dos
N'gola. Foi esta língua que deu muitos vocábulos à língua portuguesa e
vice-versa. O kikongo (falado no norte, (Uíge e Zaire) tem diversos dialectos.
Era a língua do antigo Reino do Congo. Ainda nesta região, na província de
Cabinda, fala-se o fiote ou ibinda. O côkwe é a língua do leste, por
excelência. Têm-se sobreposto a outras da zona leste e é, sem dúvida, a que
teve maior expansão pelo território da actual Angola. Desde a Lunda Norte ao
Cuando Cubango. Cuanhama (kwanyama ou oxikwnyama), nhaneca (ou nyaneca) e
mbunda são outras línguas de origem bantu faladas em Angola. No sul de Angola
são ainda faladas outras línguas do grupo khoisan, faladas pelos san, também
chamados bosquímanos.
Embora
as línguas nacionais sejam as línguas maternas da maioria da população, o
português é a primeira língua de 30% da população angolana— proporção que se
apresenta muito superior na capital do país —, enquanto 60% dos angolanos
afirmam usá-la como primeira ou segunda língua.
Algumas das
festas típicas de Angola são:
Festas
do Mar Estas festas tradicionais designadas por Festas do Mar, têm lugar na
cidade do Namibe. Estas festas provêm de antiga tradição com carácter cultural,
recreativo e desportivo. Habitualmente realizam-se na época de verão e é
habitual terem exposições de produtos relacionados com a agricultura, pescas,
construção civil, petróleos e agro-pecuária.
Carnaval
O desfile principal realiza-se na avenida da marginal de Luanda. Vários corsos
carnavalescos, corsos alegóricos desfilam numa das principais avenidas de Luanda
e de Benguela.
Festas
da Nossa Senhora de Muxima O santuário da Muxima está localizado no Município
da Kissama, Província do Bengo e durante todo o ano recebe milhares de fiéis. É
uma festa muito popular que se realiza todos os anos e que inevitavelmente
atrai inúmeros turistas, pelas suas características religiosas.
A
literatura de Angola nasceu antes da Independência de Angola em 1975, mas o
projecto de uma ficção que conferisse ao homem africano o estatuto de soberania
surge por volta de1950 gerando o movimento Novos Intelectuais de Angola.
Em
Angola, a dança distingue diversos géneros, significados, formas e contextos,
equilibrando a vertente recreativa com a sua condição de veículo de comunicação
religiosa, curativa, ritual e mesmo de intervenção social. Não se restringindo
ao âmbito tradicional e popular, manifesta-se igualmente através de linguagens
académicas e contemporâneas. A presença constante da dança no quotidiano, é
produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas
rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os
movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é
fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações
sociais (Os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante
enquanto factor de integração e preservação da identidade e do sentimento
comunitário.
Depois
de vários séculos de colonização portuguesa, Angola acabou por também sofrer
misturas com outras culturas actualmente presentes no Brasil, Moçambique e Cabo
Verde. Com isto, Angola hoje destaca-se pelos mais diversos estilos musicais,
tendo como principais: o Semba, o Kuduro e a Kizomba.
O
início da produção cinematográfica em Angola tem como base a atracção pelo
“exotismo” das paisagens, povos, costumes e culturas locais, bem como o registo
do crescimento e desenvolvimento do império colonial português em África.
De
acordo com o exposto acima, chegamos a conclusão de que Cada país tem a sua
própria cultura, que é influenciada por vários factores. A cultura angolana é
marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflecte também na música, no
caso do semba, que também faz parte da cultura angolana.
GasNatural,
Angola: Património Cultural e Natural, Barcelona: Laia, s.d. (2010), ISBN
84-920573-7-8
MARAVILHOSO TRABALHO. NÃO CONSIGO BAIXAR
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