ÍNDICE
O homem vive, toma partido, crê numa multiplicidade de
valores, hierarquiza-os e dá assim sentido à sua existência mediante opções que
ultrapassam incessantemente as fronteiras do seu conhecimento efectivo. No
homem que pensa, esta questão só pode ser raciocinada, no sentido em que, para
fazer a síntese entre aquilo que ele crê e aquilo que ele sabe, ele só pode
utilizar uma reflexão, quer prolongando o saber, quer opondo-se a ele num
esforço crítico para determinar as suas fronteiras actuais e legitimar a
hierarquização dos valores que o ultrapassam. Esta síntese raciocinada entre as
crenças, quaisquer que elas sejam, e as condições do saber, constituí aquilo
que nós chamamos uma "sabedoria" e é este que nos parece ser o
objecto da filosofia.
2.1 Valores
Podemos
definir os valores partindo das várias dimensões em que usamos:
a)
Os valores são critérios segundo os quais valorizamos ou desvalorizamos as
coisas;
b)
Os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas acções,
tornando-as preferíveis a outras.
Os valores
reportam-se, em geral, sempre a acções, justificam-nas.
Exemplo: Participar
numa manifestação a favor do povo timorense, pode significar que atribuímos à Solidariedade
uma enorme importância. A solidariedade é neste caso o valor que justifica ou
explica a nossa acção.
Ao
contrário dos factos, os valores apenas implicam a adesão de grupos restritos.
Nem todos possuímos os mesmos valores, nem valorizamos as coisas da mesma
forma.
Os valores não são
coisas nem simples ideias que adquirimos, mas conceitos que traduzem as nossas
preferências. Existe uma enorme diversidade de valores, podemos agrupá-los
quanto à sua natureza da seguinte forma:
Valores
éticos: os que se referem às normas ou critérios de
conduta que afectam todas as áreas da nossa actividade. Exemplos:
Solidariedade, Honestidade, Verdade, Lealdade, Bondade, Altruísmo.
Valores
estéticos: os valores de expressão. Exemplo: Harmonia,
Belo, Feio, Sublime, Trágico.
Valores
religiosos: os que dizem respeito à relação do homem com
a transcendência. Exemplos: Sagrado, Pureza, Santidade, Perfeição.
Valores
políticos: Justiça, Igualdade, Imparcialidade,
Cidadania, Liberdade.
Valores
vitais: Saúde, Força.
Hierarquia é a
ordenada distribuição dos poderes com subordinação sucessiva de uns aos outros, é uma série contínua de graus ou escalões, em ordem
crescente ou decrescente, podendo-se estabelecer tanto uma hierarquia social,
uma hierarquia urbana, militar, eclesiástica etc.
A hierarquia é uma ordenação contínua de autoridades
que estabelece os níveis de poder e importância, de forma que a posição
inferior é sempre subordinada às posições superiores.
Originalmente o termo hierarquia possuía um
significado religioso, onde a organização social das igrejas levou à formação
de hierarquias cuja graduação era intangível por derivar da autoridade
transcendental de cada camada social. Esse sentido religioso perdeu-se nas
demais estruturas hierarquizadas, mas nelas sobreviveram a rigidez da graduação
e a observância estrita das atribuições de cada autoridade.
Não atribuímos
a todos os nossos valores a mesma importância. Na hora de tomar uma decisão,
cada um de nós, hierarquiza os valores de forma muito diversa. A hierarquização
é a propriedade que tem os valores de se subordinarem uns aos outros, isto é,
de serem uns mais valiosos que outros. As razões porque o fazemos são
múltiplas.
Exemplo:
A maioria da população mundial continua a passar
graves carências alimentares. Todos os anos morrem milhões de pessoas por subnutrição.
Não é de querer que hierarquia dos seus valores destas pessoas a satisfação das
suas necessidades biológicas não esteja logo em primeiro lugar.
Os valores têm a particularidade de se distinguirem
uns dos outros, de estabelecerem entre eles uma relação de polaridade que os
faz distinguir em negativos e positivos, de se distinguirem entre eles como
valores mais altos e mais baixos, encontrando-se ao mesmo tempo numa relação de
hierarquia uns com outros.
À problemática da hierarquia dos valores dedicou-se
sobretudo Max Scheler, que nos forneceu cinco critérios para determinar a
altura dos valores:
a) Em primeiro lugar, os valores são tanto mais altos quanto maior for a sua
duração. Duradouro é o valor que se prolonga no tempo. Dos valores faz parte o
fenómeno de duração e perdurabilidade. Os valores mais baixos são os mais
transitórios e de menos duração e os mais altos são os eternos.
b) Em segundo lugar, os valores são tanto mais altos quanto menos divisíveis
forem. Enquanto os bens materiais para podendo ser participado por todos, têm
de ser divididos, (tal acontece com os recursos alocados à saúde, para todos
poderem participar deles, têm de ser distribuídos), com os valores espirituais
tal não se passa, uma vez que é da sua essência serem ilimitados, não sofrendo
divisão; a contemplação do divino é algo que pode ser realizado por uma
pluralidade de sujeitos, não sofrendo por isso qualquer tipo de divisão ou
diminuição.
c) Em terceiro lugar o valor, que serve de fundamento a outros é mais alto
que os que se fundam neles.
d) Em quarto lugar, os valores são tanto mais altos quanto mais profunda é a
satisfação que a sua realização produz em nós.
e) Em quinto lugar, os valores são relativos. Existem valores que só podem
ser praticados por determinados seres. O valor saúde (valor vital) só é
relativo aos seres com vida.
Estes critérios para determinar a altura dos valores
foram alvo de algumas críticas, sobretudo da parte de Hartmann, que considerou
que originavam uma escala muito grosseira e que as distancias entre os vários
valores se encontram esboçadas ainda de uma forma muito sumária. Em todo o caso
é nossa opinião que o trabalho feito por Scheler foi muito importante, na
medida em que já permitiu com alguma objectividade determinar a altura das
diferentes classes de valores relacionando-os uns com os outros.
É evidente que não valoramos toda a acção moral da
mesma maneira, mas a nossa consciência valorativa consegue atribuir mais valor
à acção de um profissional de saúde que, com uma decisão ponderada, conseguiu
salvar a vida a um doente, do que a um acto de dar esmola a um pobre.
Depois desta breve reflexão sobre as classificações os
valores, podemos extrair os seguintes princípios gerais acerca duma escala dos
valores.
1 – Os valores espirituais prevalecem sempre sobre os valores sensíveis.
2 – Se exceptuarmos aos valores religiosos, na classe dos valores
espirituais o primado pertence aos valores éticos.
3 – Para aqueles que os admitem, os mais altos de todos os valores, são os
valores religiosos; todos os outros se fundam neles.
─
Hierarquia empresarial
A hierarquia empresarial é representada pelos
diferentes níveis de comando encontrados dentro de uma organização. Apesar de
possuírem autonomia, estão em parte, interligados entre si.
A hierarquia empresarial é geralmente estabelecida obedecendo a três diferentes
áreas: estratégica, tática e operacional.
A área estratégica, ocupada por presidentes, directores
e demais gestores da alta cúpula, decidem as políticas e as directrizes da
empresa. A área táctica, ocupada por gerentes e chefes de sessões, é
responsável pelas acções do quotidiano da empresa, como também pela motivação
dentro de cada sector. Por fim a operacional, ocupada por chefes de equipa e
supervisores, responsáveis pela execução e realização das actividades de
produção.
─
Hierarquia da Igreja católica
A hierarquia da Igreja católica é uma forma de definir
a função de cada membro da Igreja:
·
Papa – posto máximo da Igreja Católica. Resolve problemas legais da Igreja,
estabelece dioceses, elege bispos, canoniza santos etc.
·
Cardeal – escolhido pelo Papa, compõe o “colégio episcopal”, em conclave, para
eleição do papa.
·
Arcebispo – é o bispo de uma Arquidiocese, o titular da sede metropolitana, formada
pelo conjunto de diversas dioceses.
·
Bispo – é o responsável pelos ensinamentos da palavra de Deus. É obrigado a
fazer visita ao Papa, de quatro em quatro anos, para apresentar à Santa Sé um
relatório de sua diocese.
·
Padre – é o responsável por uma paróquia e pelos serviços sacerdotais. Pode
exercer a missão secular, fixo em sua paróquia, ou ser missionário.
·
Diácono – é o religioso que está no último dos sete anos de estudos que o leva à
carreira clerical. O diácono já pode realizar algumas celebrações religiosas,
como baptismo e casamento.
─ Hierarquia dos anjos
Os anjos,
mensageiros de Deus, simbolizam a mais elevada espiritualidade e estão
presentes em momentos cruciais das histórias sagradas. Dionísio, um teólogo do
século V ou VI criou uma hierarquia angélica de nove categorias que se tornou
muito influente na Igreja Católica:
·
Serafins
– são os anjos mais próximos de Deus. Cercam o trono
divino cantando “Santo, Santo, Santo”.
·
Querubins
– no Génesis, são os guardiões que impedem os homens de retornar ao Paraíso. Na
iconografia moderna ganham a forma rechonchuda de um menininho com asas.
·
Tronos
– não aparecem na Bíblia, mas são referidos em lendas de
rabinos. Sua função é obscura. Muitos teriam caído do céu, junto com Lúcifer.
·
Dominações – seriam os anjos mais
antigos. Têm papel muito pequeno na tradição religiosa.
·
Virtudes
– sua função seria fazer milagres no mundo humano. Seriam os anjos da guarda
citados por Jesus em Mateus.
·
Potestades
– seria uma espécie de polícia do céu. São Paulo fala dos
potestades com especial desconfiança.
·
Principados
– defensores da religião, geralmente associados a um país ou continente em
particular.
·
Arcanjos
– em Enoque I – livro dito apócrifo, pois não foi recolhido na Bíblia hebraica
nem na cristã. São listados sete arcanjos: Uriel, Raguel, Seraquael, Haniel,
Miguel, Gabriel e Rafael.
·
Anjos
– categoria mais baixa e mais próxima dos homens, seriam
simples portadores de mensagens de Deus para os homens.
─ Hierarquia das Leis
A
hierarquia das leis estabelece a importância que cada lei representa. A
hierarquia significa que as leis inferiores não podem ir contra o que está
escrito nas leis superiores. A hierarquia segue a seguinte ordem: Constituição,
lei complementar, lei ordinária, decreto regulamentar e ato administrativo.
Assim,
a lei em seu sentido estrito (ordinária ou complementar) tem que estar conforme
a Constituição. O decreto que regulamenta as leis tem que estar de acordo com
essas leis e directamente de acordo com a Constituição. O ato administrativo
tem que estar conforme a lei e também conforme a Constituição.
─ Hierarquia Social
Hierarquia
social são os níveis e posições de cada indivíduo dentro de uma sociedade. A
hierarquia social faz com que as pessoas sejam divididas em grupos, de acordo
com uma estrutura, entre as classes mais ricas, a classe média e as classes
mais baixas.
A
hierarquia social pode ser exemplificada com uma pirâmide, onde, a parte de
baixo concentra as camadas mais pobres da sociedade, e quanto mais perto chega
do topo da pirâmide estão concentradas as classes mais ricas, como milionários,
por exemplo. Essa classificação existe há muito tempo, desde a época do
feudalismo, que caracterizava as sociedades como escravos, artesãos, plebe,
exército e os reis.
─ Hierarquia Urbana
Hierarquia
urbana nada mais é do que a escala de subordinação entre as cidades, que
ocorrem quando as pequenas cidades se subordinam as cidades médias, e estas
cidades médias, se subordinam às cidades grandes.
Hierarquia
urbana também é a forma como é organizado o espaço nacional, em termos de
influência de certos centros urbanos sobre outros. Funciona como um indicador
da importância de uma cidade, importância que nem sempre depende do seu tamanho
e é exercida numa escala regional ou nacional.
Esta
teoria da hierarquia urbana está relacionada com o ranking de cidades, desde a
menor até à que tem maior população. Dentro da hierarquia urbana as cidades
podem mudar de posição, uma vez que existem transferências de população entre as
cidades podem fazer variar a sua posição bem como a sua posição hierárquica.
O
conceito de hierarquia urbana está baseado na noção de rede urbana, que é um
conjunto integrado de cidades que estabelecem relações económicas, sociais e
políticas entre si.
Polaridade é uma
característica dos valores que consiste em que cada valor tem um
contra-valor/oposto, o contra-valor pode ser positivo ou negativo. É possível
classificar os valores considerando a sua polaridade.
Os nossos valores
tendem a organizar-se em termos de oposições ou polaridades. Preferimos e
opomos a Verdade à Mentira, a Justiça à Injustiça, o Bem ao Mal, a beleza à
fealdade, a generosidade à mesquinheis. A palavra valor costuma apenas ser
aplicada num sentido positivo. Embora o valor seja tudo aquilo sobre o qual
recaia o acto de estima positiva ou negativamente. Valor é tanto o Bem, como o
Mal, o Justo como Injusto.
Ao
culminar com este tema posso dizer que não falei de tudo porque tudo não sei, e
tudo não encontrei, mas acredito que falei o necessário sobre o tema em
questão. Aurindo conhecimentos alheios retirando os meus formando uma ideia
única e construtiva, portanto, há, como dissemos atrás, uma forma constitutiva
dos valores, um ser dos valores que se entranha no homem e lhe dá uma
consciência de si, o ilumina e lhe mostra o sentido acerca da realidade. É
também este ser dos valores que se embrenha no homem fornecendo-lhe a
capacidade de decisão. Os valores criam no homem uma potencialidade de factos
capazes de o modificar tornando-o pessoa com uma finalidade de acção e
intenção.
MAFFESOLI, MICHEL -
Entre o Bem e o Mal. Compêndio de subversão moderna. Lisboa. Inst.Piaget.2004
BARATA-MOURA, JOSÉ,
Para uma Crítica da Filosofia dos Valores, Lisboa,
Livros Horizonte,
1982.
NEVES, M. C.,
Bioética ou Bioéticas, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 2ª edição, 2004.
VALADIER, PAUL, A
Anarquia dos Valores, Lisboa, Piaget, 1999.
KARLI,PIERRE - O
Cérebro e a Liberdade,Lisboa.1997
BACH, J. Marcos -
Consciência e Identidade Moral. São Paulo.Ed.Vozes.1985
Excelente trabalho, estou orgulhoso e aprendi muito, portanto os sinceros e grandiosos agradecimentos.
ResponderExcluirMuito bom.
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