ÍNDICE
Etimologicamente,
pobreza é: - Estado ou qualidade de pobre. - Falta do necessário à vida;
escassez, indigência, penúria.
A
pobreza é um fenómeno multidimensional e intersectorial. Para facilitar a
análise comparativa dos diferentes perfis de pobreza mundiais, foi acordada uma
definição de pobreza com base no consumo diário. Esta definição considera pobre
qualquer pessoa que não tenha possibilidades económicas que permitam o consumo
diário no valor de 1 dólar americano.
Tendo
por base esta definição universal de 1 dólar americano como limiar da pobreza,
mais de 2.000 milhões de pessoas em todo o mundo são consideradas pobres. Na
Região Africana da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 45% da população
está inserida nesta categoria. A pobreza é mais prevalente nas áreas rurais, onde
vivem a maioria das populações africanas. Infelizmente, a incidência da pobreza
no Continente Africano está a aumentar, paralelamente com o agravamento dos
indicadores sociais e de saúde, nomeadamente a esperança de vida, a mortalidade
infantil, a mortalidade materna e a morbilidade devido ao paludismo,
tuberculose e HIV/SIDA.
A
pobreza pode ser entendida em vários sentidos, principalmente:
Carência cogonal:
tipicamente envolvendo as necessidades da vida quotidiana como alimentação,
vestuário, alojamento e cuidados de saúde. Pobreza neste sentido pode ser
entendida como a carência de bens e serviços essenciais.
Falta de recursos económicos:
nomeadamente a carência de rendimento ou riqueza (não necessariamente apenas em
termos monetários). As medições do nível económico são baseadas em níveis de
suficiência de recursos ou em "rendimento relativo". A União
Europeia, nomeadamente, identifica a pobreza em termos de "distância
económica" relativamente a 60% do rendimento mediano da sociedade.
Carência Social:
como a exclusão social, a dependência e a incapacidade de participar na
sociedade. Isto inclui a educação e a informação. As relações sociais são
elementos chave para compreender a pobreza pelas organizações internacionais,
as quais consideram o problema da pobreza para lá da economia.
A pobreza não
resulta de uma única causa mas de um conjunto de factores:
·
Factores
políticos: corrupção, inexistência ou mau
funcionamento de um sistema democrático, fraca igualdade de oportunidades.
·
Factores
económicos: falta de abrigo, sistema fiscal inadequado.
·
Factores
socioculturais: reduzida instrução,
discriminação social relativa ao género ou à raça, valores predominantes na
sociedade, exclusão social, crescimento muito rápido da população.
·
Factores
naturais: desastres naturais, climas ou relevos
extremos.
·
Problemas
de Saúde: falta de cuidados médicos, adição a
drogas ou alcoolismo, doenças mentais, doenças da pobreza como a SIDA e a
malária; deficiências físicas.
·
Factores
históricos: colonialismo, passado de autoritarismo
político.
·
Insegurança:
guerra, genocídio, crime.
Muitas das consequências da
pobreza são também causas da mesma criando o ciclo da pobreza. Algumas delas
são:
·
Fome.
·
Baixa esperança de vida.
·
Doenças.
·
Falta de oportunidades de
emprego.
·
Carência de água potável e de
saneamento.
·
Maiores riscos de instabilidade
política e violência.
·
Emigração.
·
Existência de discriminação
social contra grupos vulneráveis.
·
Existência de pessoas sem-abrigo.
·
Depressão.
África
tem sido o continente mais fustigado pela pobreza. Guest (2005, p. 15) afirma
que África é o mais pobre continente do planeta, apesar de toda a riqueza que
possui. Segundo Kankwenda et al. (2000, p. 53), a pobreza em África está associada
às seguintes causas:
(i)
medidas económicas inadequadas, (ii) falta de investimento (sobretudo
investimento estrangeiro), (iii) inoperacionalidade do sector agrícola, (iv)
falta de cooperação entre os vários países, (v) instabilidade política, (vi)
conflitos internos e externos. A conjugação destes factores juntamente com as
elevadas taxas demográficas coloca a África Subsariana como sendo o continente
que regista o número mais elevado de pessoas a viver em condições de pobreza.
Recentemente o flagelo da sida tem dificultado ainda mais a vida dos africanos,
dizimando milhares de pessoas por todo o continente. De acordo com o relatório Estratégia
Global do Sector da Saúde (2011-2015) publicado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) em 2011, 68 por cento da prevalência global do VIH se encontrava no
continente africano, no qual 60 por cento dos infectados eram mulheres (OMS,
2011, p. 10).
Em
relação a Angola, o cenário não se apresenta muito diferente daquele que caracteriza
o continente africano. A guerra civil que assolou o país durante quase três
décadas, juntamente com a adopção de políticas macroeconómicas inadequadas,
implementação de programas de ajustamento estrutural, má governação e dívidas
externas, conduziram o país a uma deterioração das condições de vida da
população em geral e ao aumento galopante da pobreza extrema.
A
“qualidade de vida em Angola é muito baixa” (Carvalho 2002, p. 115). De acordo
com os últimos resultados fornecidos pelo Inquérito de Bem-Estar à População
(IBEP) 36,6 por cento da população angolana encontra-se a viver em condições de
pobreza (INE, 2010), no qual 18,7 por cento se localiza nas zonas urbanas e 58,3
por cento nas zonas rurais (INE, 2010, p. 13). Os dados do IBEP revelam
igualmente um aumento da desigualdade entre os ricos e os pobres: os 20 por
cento mais ricos arrecadam 59 por cento das receitas e realizam 49 por cento
das despesas. Já os 20 por cento mais pobres arrecadam apenas 3 por cento das
receitas e realizam cinco por cento das despesas, isto é, o valor das despesas
é superior ao valor do rendimento (INE, 2010, p. 12).
De
acordo com dados dos relatórios do desenvolvimento humano, Angola tem
apresentado um baixo nível de desenvolvimento humano ao longo da última década.
Para o ano de 2009, Angola apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
de 0,564, ocupando a posição 143ª, com uma classificação de desenvolvimento humano
considerada pelo PNUD “média”. No entanto, esses valores alteraram-se
significativamente no ano de 2010, registando-se uma quebra para 0,403 e
passando a ocupar a 146ª posição entre 169 países do mundo. No ano de 2011, o
IDH de Angola volta a registar uma queda para a posição 148ª com um IDH de 0,486.
Esta diferença de valores é justificada pela aplicação da nova metodologia de
cálculo adoptada pelo PNUD (PNUD, 2010, p. 15). Assim, no cálculo para a
dimensão educação “é substituída a alfabetização pela média de anos de
escolaridade, bem como as matrículas brutas são reformuladas como anos de
escolaridade esperados” (PNUD, 2010, p. 15).
Os
debates em torno do conceito de pobreza intensificaram-se nos últimos anos, e
recentemente a comunidade internacional reconheceu que a pobreza afecta todas
as sociedades, independentemente do seu nível de desenvolvimento, sendo não apenas
sinónimo de carência económica ou falta de alimentação, mas igualmente de
carência material (alimentação, vestuário, alojamento, educação e cuidados de
saúde) e carência social (liberdade individual e igual tratamento perante a
lei, direito a um nível de vida aceitável e o direito de participação no
exercício do poder político).
O
estudo da pobreza, das suas dimensões, causas e consequências, permitiu a
compreensão da persistência e severidade deste fenómeno em Angola. A guerra é
directa e indirectamente a principal causa da pobreza em Angola, que apresenta
actualmente uma incidência na ordem dos 36,6 por cento, valor que, apesar de
elevado, representa uma melhoria em relação ao ano de 2001, em que mais de
metade da população angolana se encontrava em condição de pobreza.
Durante
a realização da investigação e para melhor percepção da pobreza em Angola,
procedeu-se à sua caracterização segundo alguns indicadores como as condições
de habitação, a escolarização, o acesso à água potável, o acesso ao saneamento básico,
aos serviços básicos, aos serviços básicos de saúde, às bases do poder social,
o rendimento do agregado familiar, a alimentação, a composição do agregado
familiar, assim como o
género
do chefe do agregado familiar, dados que nos permitem confirmar que Angola
continua a apresentar carências muitos graves em todos esses sectores.
É
preciso, pois, lutar contra a pobreza de modo a devolver aos mais pobres os
seus direitos. Para o efeito, torna-se necessária a elaboração de políticas sociais
de apoio aos mais carenciados, para que possam sair da condição em que se
encontram e para que tenham uma visão mais optimista de forma a contribuírem para
o desenvolvimento do seu país. Dez anos após o término da guerra civil, já se
registam algumas melhorias das condições sociais. No entanto, muito ainda há a
fazer de modo a providenciar aos angolanos mais pobres condições dignas de se
viver.
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Eu concordo achei este trabalho muito bom
ResponderExcluirmuito bom
ResponderExcluirMuito bom amei, estão todos de parabéns pelo trabalho
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